História Blood Sweat and Tears - Taegi - Os mortos pedem vingança

— Taehyung! — Yoongi usou seu tom de voz mais autoritário. — Abra essa porta, agora!

— Me deixa em paz! — Tae exclamou de dentro do seu quarto. — Me deixa em paz... — Sua voz saiu mais fraca e falhando por causa do choro.

— Eu exijo uma explicação! — Yoongi bateu mais na porta. — Abre essa merda logo!

Tae estava cansado daquilo tudo, cansado de Hoseok o importunando e cansado de Yoongi exigindo respostas que ele não podia dar. Ele queria paz, queria deixar de ouvir os gritos de Yoongi lhe tirando do sério, foi quando ele se decidiu, pegou quantas bolsas de sangue pôde e abriu a cortina, se jogou da janela e correu para o único lugar onde Yoongi não o encontraria.

[...]

Assim que recebeu as mensagens do amigo, Jackson correu e se apressou para ir o ajudar no que ele precisasse.

Em menos de um minuto ele estava batendo na porta do apartamento de Yoongi com tanta força que achou que fosse quebrar a porta, tudo por conta da enorme preocupação que ele estava sentindo, ele sabia que Tae podia ser muito inconsequente, imprevisível e impulsivo na maioria das vezes.

— Yoongi! — Jackson chamou enquanto batia na porta.

Só uma chamada foi o suficiente para Yoongi aparecer e abrir a porta, sem ter tempo de falar nem um A, já que Jackson invadiu o lugar e se dirigiu até o quarto de Tae.

— Ei! — Yoongi fechou a porta e foi atrás dele. — Você não pode entrar assim na minha casa.

— A partir do momento que meu amigo mora aqui eu tenho o direito de entrar quando eu quiser. — Ele disse, sem olhar para Yoongi e batendo na porta do quarto de Tae. — Taehyung, eu cheguei. Abre a porta.

— Eu já tentei e ele não abre de jeito nenhum. — Yoongi disse. 

— Você não tem cópia das chaves?

— Não, ele queria privacidade então deixei as chaves com ele. — Yoongi deu de ombros. — Eu tenho minhas regras e ele tem as dele.

— Imbecil. — Jackson reclamou, se jogando contra a porta que, imediatamente, abriu em um estrondo, deixando Yoongi boquiaberto. Jackson entrou no quarto e não viu Tae, então ele foi até a janela aberta e olhou para a rua. — Porcaria.

— O que foi? — Yoongi entrou lá também, fazendo uma expressão confusa ao ver uma marca de soco na parede, mas resolveu ignorar já que Tae era mais importante.

— Tae saiu pela janela. — Jackson foi até as coisas de Tae e procurou a caixinha com a terra do túmulo de Tae. Quando a achou, segurou ela na mão com firmeza, pensando se era uma boa hora para usar.

— O que é isso? — Yoongi perguntou curioso, tirando Jackson do transe.

— Nada demais. — Jackson guardou a caixinha novamente, não podia invocar Tae na frente do Yoongi, era perigoso. — Vou atrás do Tae.

Jackson saiu e estava virando no corredor do prédio quando ouviu a voz de Yoongi atrás de si.

— Eu vou com você! — Yoongi falou alto e correu para alcançar Jackson, que revirou os olhos. Yoongi não tinha a velocidade dele e com certeza iria o atrasar.

— Está bem, mas é melhor andar rápido. — Foi a única coisa que Jackson disse antes de os dois saírem juntos sem rumo em busca de Tae.

[...]

Tae estava deitado no chão sujo de terra e com sangue na gola da camisa, já que ele estava chorando e usava a roupa pra limpar o sangue.

— Eu odeio ele. — Tae dizia enquanto virava na boca o sangue das bolsas. — Por que ele acha que tem o direito de atrapalhar a minha vida se eu já disse que estou com outro? — Ele fez uma pausa, olhando o túmulo de sua omma. — Eu sei que era mentira, mas ele poderia muito bem acreditar e me deixar em paz. Eu já cansei de sofrer por causa dele.

Ele secou o sangue dos olhos de novo e ouviu uma voz o chamando, a mesma voz que ele ouviu quando tinha ido lá com Jackson, aquela voz que, estranhamente, fazia um frio percorrer sua espinha.

— TaeTae...

Tae sentiu medo, encolheu seu corpo ao lado do túmulo de sua omma e olhou ao redor, apenas para ter a certeza de que estava sozinho.

— TaeTae...

De novo ele olhou, ele não queria acreditar que estava ficando louco, não podia ser aquilo, porém, nada o impedia de tentar.

— Omma? — A voz dele estava fraca de medo. — É a senhora?

— TaeTae...

Ele estava se sentindo estúpido e idiota por achar que mortos falariam consigo, mas ele não estava se sentindo sozinho, ele ainda sentia os carinhos nos cabelos que recebia de sua omma quando estava viva, e a única pessoa que o chamava de TaeTae era ela. Além do mais, por que Tae sentiria medo de um morto? Afinal, ele também estava morto.

— Omma, eu estou com tanto medo. — Ele voltou a chorar e a beber o sangue. Por um instante ele sentiu como se ainda tivesse quinze anos, chorando e comendo enquanto recebia os carinhos e cuidados de sua omma. — Eu não quero que o Hoseok continue me importunando, eu quero que ele me deixe em paz.

De repente, Tae sentiu um vulto percorrer por si e um vento frio, aquele frio da morte que era o único que ele sentia, o único que ele conhecia bem. 

— Omma? — Ele chamou, tendo certeza que ela havia saído dali. — Aonde a senhora foi? Por favor, não me deixe sozinho. — Mais sangue tomou conta do rosto de Tae e ele abraçou os joelhos chorando, odiava se sentir sozinho.

[...]

— ... E aí do nada começou a sair sangue dos olhos dele. — Yoongi falava enquanto caminhava atrás de Jackson, que a todo momento pedia para que um raio caísse sobre a cabeça dele, apenas para que ele calasse a boca. — Por que saiu sangue dos olhos dele? Isso é impossível!

— Ele é doente. — Jackson disse com seu tom de voz mais irritadiço.

— Que doença é essa que faz ele sangrar pelos olhos? Anemia é que não é.

— Hemolacria, que faz ele chorar sangue junto com as lágrimas. Agora, por favor, cala a boca e vamos continuar procurando, porque bater papo não vai trazer o Tae de volta.

— Está bem.

Jackson já tinha ido em todos os lugares onde ele sabia que Tae podia estar, mas o vampiro não se encontrava em nenhum deles. A única coisa que deixava Jackson com medo era o fato de que se eles demorassem muito para o encontrar, logo ficaria de dia e eles iam ter um problema muito grande.

— A gente rodou por vários lugares diferentes dessa cidade. — Yoongi parou e se escorou na parede de uma loja para recuperar o fôlego depois de muito andar. — E você parece que andou só da sala até o quarto. Não fica sem fôlego?

— Não. — Jackson disse curto e grosso. — E se continuar parado vou deixar você pra trás.

— Desculpa, desculpa. Já estou indo. — Yoongi respirou fundo e correu atrás de Jackson.

O único lugar que faltava para procurar Tae era o cemitério onde sua omma estava enterrada, e foi pra lá que Jackson caminhou.

Chegando no portão velho e enferrujado do lugar, ele conseguiu ouvir o choro de Tae e o som do sangue descendo pela garganta dele na medida que ele engolia. “Ótimo”, pensou ele, “Tae está bebendo sangue com o idiota do Yoongi aqui”.

— Por que viemos aqui? — Yoongi perguntou enquanto balançava o portão do lugar e puxava a corrente que prendia o cadeado. 

— É aqui que está enterrada a omma do Tae, se tem um lugar onde ele pode ter se escondido, esse lugar é aqui. — Jackson disse, começando a escalar o muro alto do lugar.

— E por que não viemos pra cá antes?

— Porque você ficou falando na minha cabeça o caminho inteiro e eu me esqueci. — Jackson se jogou do outro lado do muro e foi até o portão. — Fique aqui e não saia, eu vou voltar agora com o Tae.

— Certo.

Jackson começou a andar por entre os túmulos, seguindo o choro de Tae que ficava cada vez mais alto e mais audível.

— Taehyung! — Jackson exclamou quando viu o amigo, correndo até ele e ajudando o amigo a se levantar. — Temos que sair daqui logo, e você não pode levar o sangue.

— Não. — Tae se soltou. — Quero ficar aqui até morrer no sol.

— Para de ser estúpido e vem comigo. Yoongi está esperando a gente lá fora.

— Você trouxe ele? — Tae perguntou indignado. — Eu não aguento mais ele fazendo perguntas.

— Eu também não, mas não podemos fazer nada. — Jackson puxou o amigo pelo braço. — Vamos.

— Meu sangue, eu só tenho aquele. — Tae quis voltar para pegar o seu único alimento, mas Jackson o impediu.

— Deixa aí, temos que ir.