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História Blue Flames - Sobre "coisa dos Kim"


Escrita por: KwonGee

Notas do Autor


ATENÇÃO: Leia os avisos e não continue a leitura caso for sensível em relação à algum.

Esse capítulo vai ser narrado pelo Taehyung, para mostrar um pouco da personalidade dele e também para marcar o começo do final da fic.

Capítulo 28 - Sobre "coisa dos Kim"


Kim Taehyung


1 ano atrás


Peguei o uniforme escolar dentro do guarda roupa e o coloquei no corpo de qualquer maneira, o tecido “mastigado” revelaria para qualquer um o desleixo que tive ao me vestir. Justo porque aquele imbecil estava fazendo os meus nervos queimarem. O celular grudado entre meu ombro e orelha chamou mais uma vez para cair na caixa postal e eu tive que respirar fundo para não surtar pela vigésima vez, pois foi com toda essa neurose que passei a madrugada, sem conseguir pregar os olhos por um minuto sequer.

“Eu vou te matar”

Era o que se passava por minha cabeça enquanto eu dirigia em alta velocidade, sem rumo. Porque eu não poderia saber onde aquele ser com a cabeça imprudente tinha se enfiado. Quando notei que minha busca não me levaria a lugar algum e que eu ia me atrasar caso continuasse, acelerei em rumo à escola.

Já poderia ouvir o esporro que levaria da minha mãe, eu estava completamente fodido.

Pelo menos eu encontraria meu porto seguro em meio ao caos da minha vida que era protagonizado por aqueles que dividiam o teto comigo. Estacionei o veículo e virei para pegar a bolsa no banco do passageiro.

- Você tinha que ver a cara do imbecil...

Essa voz. Sai do carro bufando, eu não podia acreditar que ele estava aqui esse tempo todo e não fez nem questão de atender minha ligação. Em vez disso sumiu por 48 horas me deixando enlouquecido de preocupação. Ele provavelmente não tinha tomado seus remédios e sabe Deus os lugares que se enfiou e o que fez em todo esse tempo.

- Jin! – gritei ao me aproximar, chamando atenção das várias pessoas que o rodeavam. – Qual a porra do seu problema?

Eu não devia me descontrolar dessa maneira, eu sabia muito bem qual era o problema. E eu nem de longe era assim, muito pelo contrário, Kim Taehyung é controlado, calmo e é alguém que nunca grita. Mas perdi a noção de quem eu era.

Ele pulou do capuz do carro que estava sentado e apontou o dedo na minha cara. Ele também não tinha controle, as veias do seu pescoço estavam saltadas.

- Talvez meu problema seja você sempre pegando no meu pé.

Revirei os olhos.

- Talvez porque eu precise fazer isso, já que você tem a noção de uma criança de cinco anos!

E foi ai que tudo girou.

Demorou um pouco para eu perceber que estava no chão, o baque nas costas só veio depois junto com a dor latente no rosto. Eu estava sendo socado pelo meu irmão que estava descontrolado em cima de mim.

Tudo que acontecia parecia estar muito longe de mim, o tumulto, os gritos, o rosto de Jin...

Em meio a todo o caos de pessoas que tentavam o puxar sem muito sucesso eu sussurrei – Para! Jin, esse não é você.

Naquele dia, quando olhei meu rosto ensanguentado no espelho tomei uma decisão. Eu concordaria com a ideia do meu pai de interna-lo, não tinha mais capacidade de cuidar dele.


Dias atuais


- Taehyung! – batidas fortes foram desferidas na porta.

A essa altura da nossa relação eu tinha conhecimento de que Jimin era uma pessoa que se irritava muito fácil, ele só não era mais estressado do que certa pessoa que conheço...

Isso fazia as coisas ficarem conturbadas entre nós de vez em quando, não que eu retribuísse todo o ódio que ele jogava em cima de mim, na maioria das vezes Jimin gritava sozinho enquanto eu meditava por dentro, pois aquela situação era muito rotineira para que despertasse algum tipo de sentimento em mim. E os meus sentimentos são dessa maneira, tão amenos que na maioria das vezes não parecem me causar nada.

Porém eu também tentava domar a fera ás vezes, porque eu queria que as pessoas a minha volta se envolvessem no mesmo ritmo que o meu. Era o que meu pai sempre dizia: Você pode tudo porque é um Kim.

E não é que tinha um fundo de verdade nisso.

Pois sempre que eu colocava as mãos entre os fios sedosos de Jimin ele acabava se derretendo um pouco, até esquecia o motivo da briga se eu tivesse sorte. Para o meu azar esse não seria um dos dias.

- Tira essas mãos imundas de mim! Essas mãos que tocaram aquele nojento do Jungkook – ele gritava em plenos pulmões. Provavelmente a casa inteira estava escutando aquela discussão ridícula.

Eu andava despreocupadamente enquanto ele vinha atrás de mim, apontando o dedo e continuando o escândalo. Aquela atitude, apesar de eu já ter visto várias vezes, era muito anormal para mim e para minha família, dificilmente um de nós nos encontraríamos em tal situação gritando descontrolados, falar baixo era um costume muito prezado por nós, então eu resolvi ignorar porque é o que diz o ditado: com doido não se discute só bate palma.

Eu sempre ria internamente de Jimin quando ele fazia essas coisas, ele era muito bobo. Sabia que eu não o largaria por nada, fizemos a promessa quando crianças e eu não a descumpriria por nada nem por ninguém. Porque quando eu estava mal ele foi tudo que eu tinha, até hoje não gosto de imaginar o que seria de mim se ele não estivesse ao meu lado naquela época.

- Jimin – virei do nada e segurei seu rosto – Você sabe o quanto eu te amo, por favor não crie paranoias na sua cabeça – então eu o beijei com todo o fôlego que tinha.

Nós conhecíamos tão bem a boca um do outro assim como qualquer parte de nossos corpos. E era sempre bom, parecia sempre causar muitas coisas nele porque as vezes eu ainda o sentia tremer em meus braços enquanto nossas línguas se enroscavam.

- Tudo bem, desculpe – ele abaixou a cabeça depois me abraçou.

Pronto. Nossas desculpas estavam seladas.

- Que bom que se acalmou, se não nem ia poder ir visitar o Jin hoje.

Jimin não gostava muito de Jin, e o sentimento era recíproco. Mas gostava de me acompanhar porque dizia que estava me dando força, só que ele não sabia que não havia a menor necessidade disso. De qualquer maneira, eu resolvia não o contrariar devido ao fato de não gostar de fazer isso com as pessoas, afinal perder tempo com ladainhas também não era um costume dos Kim.

Fui até o meu closet e tirei de lá a sacola com uma caixa que estampava a marca preferida de Jin. Ele costumava ser muito vaidoso e tinha uma paixão especial pelos sapatos, ainda me lembro do quanto eu chorei quando meu pai decidiu doar a enorme coleção.

“Será que ele vai gostar?”

Questionei em pensamento, isso porque sempre fui ensinado a não demonstrar incertezas, eu tinha que ser focado e ter minha própria opinião. Eu também sabia a resposta para aquela pergunta, talvez ele até se animasse um pouco com os detalhes de algo novo, porém nada iria se comparar ao que ele sentia antes quando estava livre.

- Vamos, Jimin.


(...)


Jin não estava muito animado hoje. Era um daqueles dias que ele queria ficar sozinho em silêncio. Mesmo assim ele forçou um sorriso e agradeceu pelo presente.

- Eu já tenho ideias para ele – falou em relação ao sapato.

Eu quase já não me incomodava mais com ele ali naquele estado. Ele estava bem mais magro, abatido e infeliz, porém medicado.

Eu conseguia ver uma parte de seu cabelo da nuca faltando. Puxar os cabelos durante os episódios maníacos sempre foi um costume dele.

Eu ainda sentia vontade de o tirar dali, eu o amava tanto. Mas infelizmente não podia fazer nada.

Eu nunca fiz nada, e sempre soube de tudo. Todas as noites ainda tenho pesadelos com o que aconteceu quando ainda éramos apenas crianças.

- Taehyung, você pode falar para o seu amorzinho vir me visitar? Eu estou com saudades.

Ri e revirei os olhos para Jin. Mas talvez eu falasse para Jungkook, eu gostava de como Jin ficava mais feliz com as visitas dele, talvez porque eles se compreendessem, porque estava na cara que Jungkook também precisava de uma internação, e eu não falo apenas do descontrole emocional.

- Quem é esse? – Jimin falou alguma coisa pela primeira vez desde que entramos no quarto – Que amorzinho Taehyung?

E lá vamos nós novamente.

Dei um abraço em Jin e sussurrei em seu ouvido – Eu te odeio.

Ele deu uma gargalhada e disse abusado – Até a próxima, irmãozinho.


(...)


- Eu sabia, eu sabia, eu sabia!

Acho que Jimin também precisava de uma internação. Será que ele não sabia que não podia desconcentrar o motorista? Uma vez levei um tapa na cara por isso.

“-Olha papai o que eu fiz”

“- Cala a boca Taehyung – e uma bofetada tão grande que fez meu nariz sangrar”

- Você é um mentiroso... – e continuou a falar sem parar, listando as coisas que me faziam ser um ser humano desprezível.

- Cala a boca, caralho! – gritei em plenos pulmões. Jimin parou de falar na hora, se encolheu, arregalou os olhos e abaixou a cabeça.

- Jin disse aquilo apenas para te provocar, ele e Jungkook são amigos – disse calmo agora, como eu odiava gritar e descer no nível das pessoas malucas – Agora esquece esse assunto.

Ele começou a chorar baixinho.

- Tudo bem, mas fique longe do Jungkook.


(...)


Jungkook

Esta mensagem foi apagada

Esta mensagem foi apagada


Eu já poderia imaginar mais ou menos o que tinha ali, então não fiquei muito chateado. Se ele sabe o que me causou também sabe como prosseguiremos. Continuei a rolar as mensagens até ver as de meu pai, ele me chamava para aqueles negócios que nós sempre fazíamos juntos. Respirei bem fundo e fui até o closet pegar o meu terno.

Andei devagar pela casa, sem pressa para chegar até o meu destino. Quando passei pelo quarto de Namjoon vi que ele tinha companhia pelo que escutei, ri um pouco ao pensar em como ele fazia aquilo todo dia com uma pessoa diferente. Na sala se encontrava a minha mãe, no outro mundo que ela ficava oitenta por cento do tempo, ela exagerava nas drogas para dormir.

Meu pai sempre dizia que Jin tinha herdado a loucura dela, mas eu sabia que era mentira.

Então, por último, havia aquele corredor que levava para o escritório de meu pai. Quando Jin morava aqui ele nunca colocava os pés nele devido as lembranças ruins que isso causava. E a mesma coisa acontecia comigo toda vez que meus pés grudavam nesse chão. Minha boca secava e meu coração se apertava tanto que eu sentia que iria morrer. “É a culpa” gritava minha cabeça; “Não faça nada que piore a situação” era o que suplicava minha razão.

Faço de tudo para esquecer o que aconteceu naquela noite em que éramos apenas crianças. Mesmo com treze anos de idade eu sentia quando algo de ruim acontecia com ele, “coisa de gêmeo” era o que as pessoas diziam. Pois então, esse instinto me levou justamente para esse corredor depois de eu acordar suado e tremendo.

Nosso pai tinha um amigo íntimo, quase fazia parte da família. Sempre estava aqui conosco em nos momentos especiais, ele era o maior parceiro de negócios de Kim Taehee, tio Soo era como nós o chamávamos.

Ainda me lembro de como Jin correu até os meus braços naquele corredor escuro, lembro do pânico e da dor no seu rosto, lembro de suas calças abertas...

Lembro de como ele sussurrou apavorado: “Corre! Ele é mau!”

E acima de tudo, me recordo daquele sorriso que Soo nos lançou quando passou por nós. Nesse dia eu corri para casa de Jimin, que era meu melhor amigo na época, ele me consolou e nós nos beijamos pela primeira vez. Foi lá que prometemos ficar juntos para sempre.

E eu nunca fiz nada. Eu e Jin nunca tivemos coragem, e hoje eu dia eu duvido que ele tenha psicológico para isso.

Limpei a lágrima que escorreu por minha bochecha e abri a porta do escritório do meu pai. Ele sorriu para mim e eu retribui. Então nós seguimos para mais um jantar em que ele me usava para seduzir homens de negócios com um gosto para jovens garotos bonitos.


(...)


Namjoon era sempre tão sorridente e extrovertido.

Ele era mesmo bem diferente de todos nós, de longe dava para ver que não era um Kim legítimo. Claro que tinha algo de nós, afinal ele era fora adotado quando era apenas uma criança, então dava para ver um pouco da maldade do meu pai e um pouco das consequências de ter crescido sem o amor da mãe por ela estar sempre dopada, por ela sempre fingir que não via nada.

Todavia, eu nunca deixava de achar ele sempre mais feliz. Provavelmente quando ele realizar o seu desejo de ir viajar em busca de grandes ondas, ele se livre do traço de frieza típico dos Kim. Isso nunca aconteceria comigo é claro, mas eu tinha esperança para ele.

- Estou atrapalhando você estudar? – ele questionou quando parou de contar uma história engraçada, algo que tinha acontecido com ele. Admito que não prestei muita atenção.

Olhei para as questões de matemática.

- Não – soltei um meio sorriso. Talvez um pouco incapaz de não demonstrar o desespero.

- Eu posso te ajudar com isso, sou ótimo em matemática – claro, ele era muito inteligente.

- Não preciso – disse e me levantei o deixando sozinho na biblioteca.

Eu era um Kim e ninguém saberia das minhas dúvidas. Era difícil manter as notas boas com a dificuldade enorme que eu tinha em matemática, mas eu devia me virar sozinho e resolver meu problema, como sempre fiz. Pedir ajuda não era uma opção. Eu vou fazer isso dar certo, mesmo que tenha que me trancar no quarto e só sair de lá quando essa maldita matéria entrar na minha cabeça.

Busquei um medicamento em minha mochila que apurava as habilidades na hora de aprender. O tomei e me senti pronto para iniciar a longa jornada de estudos. Quando fui voltar para a biblioteca com a intenção de reservar uma sala só para mim, uma cena no corredor me chamou atenção, ou melhor, uma certa pessoa.

- Hoseok? – parei na beira dele e de Jungkook, o último citado nem olhou na minha cara.

- Taehyung! – exclamou com seu jeito caloroso e me abraçou. Reparei que ele e Jungkook estavam com as mãos entrelaçadas.

- Não sabia que tinha voltado.

- Não voltei, só vim visitar minha avó. De qualquer maneira, desculpe por não avisar.

Sorri demonstrando que estava tudo bem. Eu estava protestando mais atenção em Jungkook do que nele, o falso desprezo dele me divertia. Resolvi brincar e mentir um pouco, só para ver a reação dele.

- Não adiantou ter apagado as mensagens, eu já tinha lido pela barra de notificações – sorri presunçoso. Ele continuou a me ignorar, mas eu vi a raiva passar pelo seus olhos. Só que eu sabia o que ele realmente sentia, por isso o puxei descaradamente e beijei o canto dos seus lábios. Ele não teve tempo de me empurrar, só fez uma cara de quem não estava acreditando. E eu vi muito bem como Jungkook se arrepiou todo.

- Quando você vai embora, Hoseok?

O Jung não parecia nada feliz com o que presenciou. Eu conhecia Hoseok, ele estava muito apaixonado por Jungkook. Eu não gostava nem um pouco da ideia.

- Eu não sei – ele respondeu meio a contragosto.

- Tomara que não demore muito.

Disse e dei as costas para os dois, ainda tinha muito o que fazer hoje. Jungkook ainda não era um problema. E eu tinha experiência em domar feras.


Notas Finais


Eu escrevi esse capítulo, assim como disse no início, para mostrar um pouco do Taehyung e também para mostrar um pouco do Jin e da família deles. Prestem atenção na personalidade do Tae.
E me desculpem pelo tema forte que abordei, mas infelizmente ele sempre fez parte do que planejei.

Eu não quis mostrar muito como estão os sentimentos do Taehyung em relação ao Jungkook pq gosto de um personagem mais misterioso mesmo, por isso a narração em primeira pessoa.

Enfim, espero que estejam gostando da fic, e por favor me digam o que estão achando. Isso me inspira e me incentiva muito.


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