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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter nine


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


GENTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE, VOLTAMOS HSUHAUSAHSUHASUHAHSUSA
Tô exaltada? Claramente. Se eu ligo pra tá parecendo louca? Pff, não!
Meus amores, vcs não sabe o quanto a titia Unicornio tá feliz pra voltar a dar atenção pra essa coisa linda e maravilhosa que é BM
Os cap's tão vindo relativamente "curtos" (nem tanto, mas enfim), mas o importante é já vamos voltar a repor o nosso ritmo
E antes que eu me esqueça: 62 FUCKING FAVS HUSHAUHSUHAUSUAHUSUAHSA GRITO ATÉ HÁ ALGUNS DIAS EU TAVA SURTANDO PELOS 50 E POUCO E AGORA BATEMOS OS 60!!!!
Muito, muito obrigado mesmo por acompanharem nosso bebê, e esperamos que gostem do cap'

Capítulo 10 - Chapter nine


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter nine

Os dias estavam passando rápido demais para o gosto de Wonho.

No primeiro momento, o loiro achava ser um incômodo Changkyun e ele terem aparecido na casa de Jooheon do nada, mas serem tão bem recebidos pelas figuras simpáticas que eram o senhor e a senhora Lee o fez mudar de ideia. Mesmo com todo aquele poder e riqueza, os pais de seu irmão eram sujeitos gentis com espírito humilde e o Shin pode respirar aliviado ao notar isso, saber que as pessoas que adotaram Jooheon eram de tão bom caráter era gratificante.

Shownu passou a visitar a mansão dos Lee durante esses dias, propiciando uma certa aproximação com as visitas do amigo. Hoseok, ainda que receoso, estava dando uma chance ao alfa e acabou percebendo que Hyunwoo não assumia aquele papel de babaca o tempo inteiro e chegava a ter uma personalidade suportável quando perto de Jooheon. Não era como se não o odiasse mais, mas já lidava bem com fato de estarem respirando o mesmo oxigênio.

Changkyun ficou mais colado a si por dois dias seguidos. O Shin, obviamente, não reclamou embora estivesse intrigado com o quanto o Yoo mais novo parecia estar se esforçando para ficar longe do Lee. Seu irmão também esteve estranho por um tempo e dava bastante espaço para o pequeno ômega. Ele apenas observava confuso, perguntando-se o que diabos estava acontecendo com aqueles dois.

O clima agradável, por outro lado, não desapareceu apesar disso.

A tensão entre Jooheon e Changkyun foi sumindo aos poucos até que enfim desaparecesse graças as constantes saídas sugeridas pelo Son e logo estavam de volta ao normal. Hyunwoo e Hoseok já começavam a tentar conversar entre si, não era nada muito animado, contudo já parecia mais natural. Os quatro se divertiam indo aos lugares favoritos dos alfas, fazendo-os se esquecerem de qualquer tipo de problema que cada um deles possa ter, aproveitando assim de cada momento juntos.

Wonho não ligava se estava sendo egoísta ou não, só implorava todas as noites para que aquela semana durasse para sempre.

 

(...)

 

Exaustão. Essa palavra definiu Lee Minhyuk naquele momento.

Quando o ômega abriu os olhos, descobriu que não conseguiria levantar da cama nem se quisesse. Sentia-se literalmente arrebentado, como se um caminhão houvesse passado por cima de si. Todos os seus músculos, sem exceção, fraquejavam pela moleza caso tentasse fazer o mínimo de movimento. Tinha preguiça até de respirar de tão moído que estava, além do cansaço estar pesando em suas pálpebras que imploravam por mais algumas horas (quem sabe, um dia inteiro) de sono.

Minhyuk resmungou sonolento ajeitando-se de bruços no colchão. Não fazia ideia de qual dia da semana era hoje, muito menos sabia que horas eram, a única coisa que passava em sua mente era a possibilidade de faltar a escola uma vez que sua disposição para levantar era zero. Então, com isso em mente, virou o rosto no travesseiro, acomodando-se melhor para voltar a dormir.

O platinado, no entanto, não esperava encontrar alguém do seu lado.

Ele tapou a boca a tempo de não deixar um gritinho surpreso escapar. O desconhecido, de costas para si, dormia profundamente e, assim como o ômega, estava coberto pelo lençol da cintura para baixo. O Lee mordeu o lábio, entrando em pânico por não saber o que estava acontecendo. O dorso do alfa estava repleto de arranhados vermelhos, marcas de unhas, e dava para ver um chupão enorme em destaque no pescoço dele, contrastando na pele alva. O ômega estava em estado de choque que sequer teve tempo para reagir quando o outro ficou de peito para cima.

O pânico do platinado piorou vendo o rosto dele tombar em direção ao seu.

Minhyuk conhece o alfa.

Aquele era Yoo Kihyun.

O coração disparou dentro do peito do ômega. Queria correr, queria se esconder, porque aquilo não podia ser verdade. Isso é um sonho, não é? Essa pergunta rondava a cabeça de Minhyuk enquanto passava os olhos pelo corpo do Yoo mais velho. O tronco dele tinha uma linha de mordidas em sua extensão, mais vergões no pescoço ficaram evidentes, e o Lee quase teve um mini infarto quando ele se mexeu e o lençol escorregou um pouco, revelando que estava nu.

“Eu vou cuidar de você essa semana, Hyuk. Você nunca mais vai querer outro alfa depois disso”

O rosto do ômega pegou fogo com um fragmento de lembrança que veio como um lampejo em sua mente.

E-eu... eu... eu dormi com o Kihyun?!

— Hmm... — o Lee fechou os olhos imediatamente, fingindo dormir quando Kihyun esfregou o rosto ao despertar. Mantinha as pálpebras fortemente cerradas sem coragem de abri-las, esforçando-se para fazer um ressonar de sono calmo, enquanto sentia o Yoo se movimentando ao seu lado. Ficou estático ao sentir o alfa aproximar-se subitamente de seu pescoço e inalar fundo. — O cheiro continua forte, mas o cio acabou. — a voz dele arrepiou sua pele, conseguia sentir a respiração de Kihyun sobre sua epiderme de tão perto que ele estava. — Ainda dá tempo de me arrumar pra escola... — ouviu o alfa falar para si mesmo e, após ter o corpo inteiramente coberto pelo lençol, sentiu o outro se levantar.

O ômega entreabriu os olhos com cuidado logo ao ouvir barulho de porta, espiando para ver se o alfa ainda estava ali. Um suspiro escapou de sua boca ao constatar que estava sozinho, mas não relaxou assim que notou o som de chuveiro vindo da porta, dentro do quarto, que julgava ser o banheiro. Um bufo soou pelo cômodo em seguida. Estava puto consigo mesmo, afinal cometera a estupidez de se deixar levar pela febre do cio e não lembrava do que aconteceu no decorrer dessa semana, fora que se sentia extremamente satisfeito graças a esse tamanho deslize! E agora? Como encararia Kihyun depois de provavelmente ter pedido e feito coisas que não diria/faria a ele se estivesse são?! Ah, o Lee só queria sumir naquele momento.

Minhyuk não viu quando pegou no sono novamente, mas estava agarrado ao travesseiro com o cheiro do alfa quando despertou. Sentado na cama, alguém mexia em seu cabelo e falava consigo embora ainda não entendesse nada por estar grogue de sono. Ele piscou algumas vezes e encontrou Kihyun, já devidamente uniformizado, o encarando.

— Desculpa ter te acordado, — o Yoo falou baixo, com medo de assustar o ômega sonolento, e, ainda assim, não parou o cafuné por um segundo. — mas você precisa comer, Hyuk. Não comeu quase nada nesses cinco dias.

O platinado assentiu com suas palavras. Kihyun ajudou o ômega a sentar já que sabe o quão esgotado ele deve estar, ajeitou os travesseiros na cabeceira da cama para fazê-lo encostar-se ali e colocou a bandeja cheia de comida sobre o colo dele. Minhyuk se alimentava quieto, ocupava a boca para com certeza não proferir uma palavra a si. Sabia que aquele clima de estranheza poderia surgir entre eles, estava cem por cento ciente da possibilidade do Lee o evitar no momento que acordasse, e, mesmo assim, não se arrependeu de ajudá-lo no cio.

— Então... — Kihyun pigarreou para quebrar aquele silêncio constrangedor. Minhyuk, que já havia terminado de comer mais da metade dos alimentos, encarava a bandeja como se fosse a coisa mais interessante ali, não ousando lhe olhar. — É remédio — engoliu em seco. — anticoncepcional. — entregou a cartela de pílula e um copo de suco de laranja.

O Lee pegou a cártula sem relutar, tirou um comprimido e o colocou na língua, engolindo-o com auxílio do suco. Devolveu os objetos a Kihyun, que estava tirando a bandeja de seu colo, e voltou a ficar cabisbaixo.

— Os meus pais... — a voz de Minhyuk veio baixa, como se medisse suas palavras.

— Ah, isso... eles te ligaram e eu atendi. — os olhares dos dois finalmente se encontraram. — Eu expliquei o que tava acontecendo e, bom, eles não aceitaram tão bem de primeira. Eu fiquei ouvindo eles me xingando por um tempo, mas acho que te ouviram chorando de dor, então mudaram de ideia. — coçou a cabeça, não entendia porque estava um tanto sem graça por estar contando isso a ele.

— Entendo.

O Yoo crispou os lábios com toda a frieza que estava sendo tratado.

— Acho melhor dormir mais, você precisa descansar. — disse para as paredes. A vontade de bufar era imensa (odiava ser ignorado como estava sendo agora), mas não queria parecer rude já que o ômega ainda estava sensível. — Bem, é... eu tô indo pra escola. — disse compassadamente e o outro apenas assentiu. — Meus pais estão no trabalho, então, se sentir-se mal, me liga que volto pra casa na hora, sim? — ouviu um “Ok” baixinho como resposta. Ele deixou o celular de Minhyuk ao lado do mesmo, pegou a mochila ao se levantar e caminhou em direção a porta. — Tem uma toalha encima da cadeira, pode usar ela. As tuas roupas foram lavadas e estão encima da mesa. Até mais tarde, Hyuk. — despediu-se e fechou a porta, suspirando por não obter resposta como já esperava.

Se o alfa estava confortável quanto a isso? Francamente, não. Estava fora de cogitação deixar Minhyuk sozinho em casa, mas não era como se tivesse opção. O ômega havia apresentado sinais claros de desconforto e Kihyun soube que precisava dar um tempo para o platinado se conformar com a ideia de tê-lo ajudado no cio por mais que, no momento, deva estar parecendo o contrário para o Lee. Minhyuk estava claramente numa batalha interna devido à situação, provavelmente martirizando-se por ter cedido a euforia do período do cio, e Kihyun só queria abraçá-lo forte, dizer que estava tudo bem e que não era culpa dele. Mais do que a possibilidade do platinado se distanciar dele, a chance de que Minhyuk esteja jogando toda a carga de culpa para cima de si mesmo não só o aborrecia de certa forma, como também fazia com que uma estranha sensação obrigasse o Yoo mais velho a tirar aquele pensamento sem sentindo (afinal, passar um cio com alguém sem compromissos é bem comum) de um jeito ou de outro da cabeça do Lee, querendo assumir toda a responsabilidade do ocorrido para quem sabe fazer o ômega se sentir um pouco melhor.

O alfa grunhiu bagunçando o cabelo, estava com tantos pensamentos confusos importunando sua mente que nem percebeu quando adentrou a escola. Parecia que não andava por aqueles corredores há milênios, era quase como se fosse um novato outra vez. Era estranho caminhar por ali sem a companhia do irmão ou do Shin e, de repente, perguntou-se como foi aquela semana em que esteve ausente. Hoseok estava se alimentando direito? Changkyun se comportou na casa dos Lee? Jooheon estava cuidando bem daqueles dois? Ah, não encontrar nenhum dos três por ali só fazia o Yoo mais velho ficar com as palavras “E se” e “Será” rondando em seus pensamentos.

Mas, então, uma dúvida surgiu.

E o Hyungwon?

Kihyun não se esqueceu por um segundo dos olhos marejados, a feição tristonha e o sorriso forçado durante esses últimos dias. Céus, aquilo só o deixava cada vez mais culpado! Minhyuk e agora Hyungwon, por que tudo estava sendo tão complicado?

— Licença. — Kihyun piscou e olhou para quem falou com ele.

— Ah, sim. Desculpe. — o alfa saiu da frente ao perceber que bloqueava a porta da sala e deixou a garota passar.

Kihyun ergueu o olhar para verificar a numeração da sala e percebeu que era a sua classe. Ele entrou ainda um pouco absorto nos próprios pensamentos, encontrando apenas uma pessoa ali. Seu coração acelerou num súbito nervosismo ao ver Hyungwon sentado na última carteira da fileira mais próxima da janela, observando distraidamente a paisagem através do vidro sem notar a sua presença. O ômega apoiava o rosto inclinado sobre a destra enquanto os dedos da canhota tamborilavam na mesa, a franja caindo preguiçosamente sobre um dos olhos e a feição de quem acordou há pouco sendo delineada pela luminosidade atravessando o vidro.

Se era ironia ou azar, isso ele não sabia dizer, mas, quando o Chae olhou para onde Kihyun estava plantado ocupado demais o fitando, o alfa travou. Droga, acalme-se, Kihyun pediu internamente para seu coração que disparou. No entanto, o Yoo mais velho se esqueceu de tudo ao notar as olheiras marcadas e as pálpebras pesadas de Hyungwon.

— Você tá bem, Hyunginie? — a fala saiu impensada e seu corpo se moveu sozinho. Quando notou, já estava do lado dele. — Parece cansado.

— E-eu... — o moreno engoliu em seco. — É só sono. Eu não dormi direito ontem. — encolheu os ombros e ficou cabisbaixo, não sabendo como agir com Kihyun tão perto. — Onde... tá o Min hyung? — perguntou baixinho.

Hyungwon ergueu o olhar cautelosamente, observando-o por baixo da franja. Os olhos curiosos pararam no pescoço do alfa, onde uma marca saltava para fora da gola do uniforme. Chupões. O estomago do Chae revirou ao perceber aquilo.

Nossa... o hyung deixou ele todo marcado. Quando ômegas fazem isso, é porque não querem ninguém próximo do seu alfa. O Min tá mesmo apaixonado por ele, tá escancarado na cara dele. Mas...

O ômega suspirou pesadamente.

Tudo bem, Hyungwon. Esse dia tinha que chegar, Minhyuk não vai ficar aqui pra sempre. Você não pode atrapalhar a vida deles... Parece que meu pai acertou de novo...

— Ele ainda precisa descansar. Deixei remédio pra ele e comida e avisei que vinha pra escola. — o alfa explicou.

Kihyun viu Hyungwon abaixar a cabeça novamente e começar a brincar com os dedos. Aquela atitude estranha soava como se ele estivesse evitando ao máximo seus olhos e inusitadamente o incomodou, tanto que seu lobo foi afetado e ficou abalado. Seus instintos queiram trazê-lo para perto de si e aconchegá-lo em seus braços, mas, assim como Minhyuk, o desconforto estava presente, impedindo-o de fazer o que queria.

— HYUNG! — Kihyun se apoiou na mesa antes que caísse encima de Hyungwon quando sentiu um peso nas costas. — EU TAVA MORRENDO DE SAUDADES!

— Kyunnie. — ele sorriu apesar de um pouco sufocado com o abraço forte do irmão. — Também senti tua falta, dongsaeng. — depositou um beijo no rosto do mais novo e afagou sua cabeça.

— Kkukkung, você quase derruba ele encima do Hyungwon desse jeito. — após colocar Changkyun no chão, o alfa olhou em direção a voz e encontrou Hoseok vindo até eles com Jooheon a sua cola.

— Faz quase uma semana que não vejo o Kihyun hyung, me deixa! — o ômega Yoo mostrou a língua para o Shin e ficou atracado no pescoço de Kihyun que retribuiu o abraço.

Changkyun prolongou o abraço por mais um tempo e soltou o irmão, sabendo que Hoseok estava esperando para também abraçá-lo. O loiro se aproximou e apertou o mais novo em seus braços. Céus, ele fez tanta falta esses dias, o Shin pensou consigo mesmo enquanto se aconchegava mais. No ato, notou o estado do pescoço do menor e, quase como se fosse automático, olhou para Hyungwon, percebendo assim a tensão entre os dois.

— Ki, — aproximou discretamente a boca do ouvido dele e sussurrou, avisando-o: — teu pescoço tá todo marcado. — ele se afastou para não gerar suspeitas. — Tava com saudades. — sorriu minimamente.

— Eu também, Seok. Eu também. — falou sincero. Encarou Jooheon, que apenas observava tudo, atrás do loiro. — Heon. — ofereceu um sorriso a ele.

— Kihyun. — e o Lee retribuiu o gesto.

— Credo! Vocês precisam parar de ser tão estranhos um com o outro. — Changkyun reclamou, arrancando uma risada leve de ambos os alfas.

O costumeiro sinal estridente soou do lado de fora da sala, alertando-os do início das aulas.

— A gente se vê no almoço. — Wonho falou olhando para a professora que acabou de entrar e depois para Hyungwon. — Até mais tarde. — e saiu da sala, acompanhado do irmão e do Yoo mais novo.

Hyungwon viu Kihyun sentar-se na carteira em frente à sua. Tentava todo custo a prestar atenção na aula, esforçando-se para não olhar para ele ou pensar em Minhyuk, algo muito difícil já que sua mente fazia uma espécie de autotortura, dizendo-o para encarar o alfa. Não aguentando mais, o ômega fitou as costas do mesmo e o analisou, encontrando vergões que saltavam em destaque na nuca de Kihyun. O coração falhou e, como forma de aumentar sua angustia, seus olhos injustamente não conseguiam se desgrudar das marcas vermelhas na pele alva.

— Droga, Hyungwon! — murmurou para si mesmo.

O Chae, no entanto, não sabia que isso chegou aos ouvidos de Kihyun.

A imagem de Hyungwon no domingo se projetou maldosamente na mente do alfa, fazendo-o martirizar-se cada vez mais. Estava afastando cada vez os dois ômegas desse jeito, as coisas não eram para estar assim, não era isso que o Yoo mais velho queria e seu lobo rosnava aflito no fundo de seu íntimo, implorando para reverter essa situação. Sentia-se um verdadeiro filho da puta e todo aquele remorso pesava em seus ombros. Ele cobriu a nuca com a mão sabendo que não adiantava de nada e ficou cabisbaixo, pedindo mentalmente:

Me desculpa, Hyungwon.

 

(...)

 

O refeitório estava uma bagunça de vozes.

O mar de alunos que se esbarravam uns nos outros deixava o ambiente bastante agitado naquela quinta feira. Hyungwon olhou ao redor um tanto perdido, deixando-se seguir Kihyun. Este último também estava tão aéreo quanto ele, provavelmente pensando em Minhyuk. Ele sorriu amarelo, sentindo-se um intruso outra vez. Parecia tão errado ficar se lembrando disso a cada segundo, mas era tão involuntário quanto o ato de respirar e criava um machucado mais dolorido do que qualquer tipo de agressão que já recebeu de seu pai em toda a sua vida.

— Hyungwon. — o ômega ergueu o olhar em direção a voz. Kihyun o encarava preocupado, mas não parecia saber ao certo o que falar. Ele também estava desconfortável, era algo nítido. — Não... fique muito pra trás. — passou a mão no rosto e pegou a bandeja com comida.

O moreno meneou a cabeça sem saber o que responder. Ele tratou de pegar o almoço e saiu da fila, vendo que o alfa o esperava. Desviou o olhar do dele numa atitude evasiva e procurou a mesa onde Wonho e outros estavam, apertou o passo rumando até ela ao encontrá-la e tentando fugir de Kihyun, que, apesar de tudo, o seguia. Hyungwon cumprimentou todos ali e sentou ao lado de Hoseok. Kihyun ficou encarando os demais na mesa por um instante até decidir sentar ao lado do irmão e Jooheon, num ponto mais afastado do Chae, com finalidade de dar espaço ao ômega.

Changkyun conseguiu distrair o irmão por um momento, contando a ele de alguma das várias coisas que aconteceram naquela semana. Jooheon e Hoseok também participavam da conversa, complementando vez ou outra os relatos do mais novo, mas deixando que o pequeno falasse tudo. Kihyun fingiu ouvir tudo atentamente, sua mente o fazia encarar para Hyungwon quase o tempo inteiro pelo canto dos olhos disfarçadamente, mas desistiu de tentar fazer o mínimo de contato visual com ele, que estava concentrado demais almoçando, e tocou pela primeira vez em sua comida.

— Licença. — um tom diferente soou quando Kihyun estava para beber seu suco intocado e ele olhou intrigado.

O copo não chegou a boca do Yoo mais velho no momento que descobriu quem era o dono da voz.

Shownu juntou-se à mesa como se fosse a coisa mais normal do mundo, sentando perto do Chae e do Shin, que não aparentaram se importar com isso, mais especificamente ao lado de Hyungwon. Uma súbita raiva estourou no interior de Kihyun ao ver o alfa cumprimentar educadamente Hyungwon, que respondeu tímido, e os demais, fazendo pouco caso de sua presença ali. O rosnado do alfa Yoo fez todos olharem em direção ao mesmo.

— Yoo Kihyun! — Wonho bateu na mesa com ambas as mãos, conseguindo chamar a atenção do amigo. — Dá pra parar de rosnar?! — Kihyun ficou boquiaberto com o olhar repreensivo direcionado a si.

— Mas o que... — confusão e raiva definiram o semblante dele.

Por que caralhos o Seok hyung tá defendendo ele?!

Hyunwoo riu da situação e Hoseok girou o pescoço no mesmo instante, encarando-o mortalmente.

— Tá rindo do que, caralho? — o Shin falou autoritariamente.

— Nada. — ainda em meio a risada, o Son colocou as mãos para cima como se estivesse se rendendo.

— Neném, tenha calma. Ele só tá com ciúmes do ômega porque provavelmente foi ignorado. — disse Jooheon, não se poupando do seu passatempo favorito que era provocar Kihyun.

O Lee resmungou de dor com Changkyun dando uma tapa na parte traseira de sua cabeça. Os demais riram da reação do ômega mais novo, exceto Kihyun, segurando-se para não fazer o mesmo que o irmão, e Hyungwon, comendo quieto.

— Quando a gente sair, eu tenho que pegar minhas coisas na casa do Honey. — o Yoo mais novo falou ao mais velho, tentando mudar foco do irmão naquele instante.

— Que coisas? — perguntou desconfiado. Até onde se lembrava, eles haviam saído de casa sem levar nada.

— Ah, o Seok hyung foi em casa durante essa semana e pegou algumas roupas pra mim. — confessou. — Não dava pra eu ficar usando as roupas do Honey hyung. — Changkyun abaixou a cabeça, lembrando-se de como as roupas de Jooheon ficaram largas em si. Mesmo a diferença de tamanho não sendo muita, o alfa usava roupas largas. Não que tivesse reclamado; muito pelo contrário: as peças com cheiro do Lee tinham a capacidade incrível de o acalmar.  

Os olhos de Kihyun arregalaram com essa nova informação.

— Por mim, não tinha problema nenhum. — o Lee disse sincero, alheio (ou não) sobre o efeito de suas palavras. — Você tava lindo e confortável nelas.

— Só espero que você não tenha encostado no meu irmão. — Kihyun não se deu o trabalho de olhar para o alfa ruivo ao falar friamente.

— Ah, minha omma e o Wonho hyung se garantiram nisso. Pode ficar tranquilo, o mundo é contra mim mesmo. — brincou embora fosse verdade. — Aliás... — voltou-se para Wonho. — Neném, a omma quer que você vá nos visitar mais vezes. Ela adorou tua comida. — o loiro sorriu ao ouvir o elogio e somente concordou com a cabeça, concentrado em comer.

— Pelo menos, você tem uma mãe e não um diabo em forma de gente. — Shownu comentou do nada, arrancando um riso soprado de Jooheon.

— Essa mulher é escrota. — Hoseok sussurrou, mas obviamente os alfas ouviram. Ele olhou pra cara de todos na mesa, que pareciam surpresos com o comentário. — O que?  A semana toda, ele ficou fazendo esse tipo de comentário sobre a própria mãe. O que querem que eu pense?

Foi a vez de Hyunwoo rir.

— A cada dia, eu sinto menos raiva de você. — o Son se inclinou para encarar o ômega.

— Isso foi um elogio? — o Shin arqueou as sobrancelhas.

O almoço prosseguiu sem maiores imprevistos apesar de ainda haver um clima levemente hostil. Cada um foi para sua respectiva sala assim o tempo do intervalo encerrou. Kihyun e Hyungwon caminhavam lado a lado sem trocar palavras ou olhares, os dois absortos nos próprios devaneios. Nenhum deles tinha coragem de buscar a respostas de suas dúvidas, até porque isso poderia propiciar um estranhamento ainda maior. Ambos sentiam-se verdadeiros covardes por sequer tentarem dar o primeiro passo.

Os dois entraram pouco tempo antes do professor entrar. Kihyun não sabia a vida estava tirando uma com sua cara quando o docente solicitou que formassem pares para fazer uma tarefa, mas virou-se para Hyungwon e perguntou a ele se não tinha problema em ser a dupla dele. O moreno ficou o encarando por instante, como se estivesse ponderando sobre isso, e sinalizou, ainda que receoso, para o Yoo juntar a carteira do lado da sua. Faziam o trabalho quietos, só falavam quando realmente necessário e não invadiam o espaço um do outro, deixando qualquer ato o mais constrangedor desse jeito.

O alfa tirou sua atenção da tarefa quando o celular vibrou no bolso da calça. Com cuidado para o professor não notar, ele pegou o aparelho e desbloqueou, vendo uma mensagem de Minhyuk estava em destaque na barra de notificações. Verificou se o professor não estava prestando atenção e abriu clicou no ícone da mensagem.

 

Tô indo pra casa agora

Não se preocupa, eu tô bem

Avisa pro Hyungie que eu ligo mais tarde

Até amanhã

 

— Aconteceu alguma coisa? — a voz sussurrada de Hyungwon fez Kihyun encará-lo.

— É o Minhyuk. — mostrou a mensagem a ele, percebendo a sombra de um sorriso sobre os lábios dele.

Kihyun balançou a cabeça, desistindo de tentar entender a reação do Chae, e voltou a focar na tarefa. Só mais algumas horas, pensou consigo mesmo.

 

(...)

 

Hyungwon abriu e fechou a porta do quarto do mesmo modo como entrou em casa: cabisbaixo, a feição abatida e os pés se arrastando no piso. A mochila pendura na mão deslizou pelos dedos magros e caiu num baque surdo, sendo deixada ali mesmo no chão. Ele parou no centro do quarto e olhou ao redor num gesto automático. Estava saturado, triste e confuso após chegar da escola. Por que havia ficado tão chocado e chateado ao ver as marcas no pescoço de Kihyun? Não fazia o menor sentido. A angústia estava a machucar seu coração, o turbilhão de sensações o importunava e não saber lidar com elas o fazia querer chorar, gritar, sumir e até mesmo morrer para talvez, só talvez, cessar essa maçante amargura repentina que dominava seu ser.

— Hyungwon, se arrume e não demore. — a voz vinda detrás de si o tirou de seus devaneios. Hyungwon voltou-se para a porta, onde seu pai estava parado esbanjando o semblante indiferente de sempre. — Vamos à igreja. — completou enquanto amarrava impecavelmente a gravata que complementava um de seus ternos costumeiros.

— Não, appa. Eu não estou me sentindo bem. — a voz do ômega soou baixa devido ao tom choroso e cansado. Contestar as ordens do alfa era o mesmo que assinar o próprio tratado de morte, porém realmente não estava em condições de sair. Precisava tomar um banho e dormir, sua cabeça latejando implorava por sossego. — Me deixe ficar em casa hoje, por favor.

— O que você disse? — O Chae mais velho empregava a voz de comando, o que fez o filho se encolher. — Você está me desobedecendo? — o olhar frio já comum naquele momento parecia estar mais intenso.

Calafrios percorreram a coluna de Hyungwon quando seu pai entrou no cômodo. A cada passo dado pelo alfa, ele recuava. O medo era mais do que óbvio ali, o mais novo estava fatigado, o choro preso queimava em sua garganta e tudo piorou ao ver seu genitor desafivelar o cinto.

— N-não, por favor... — disse a um fio de voz. Mas de que adiantava implorar? Era inútil, sabia disso.

Os passos às cegas pararam quando suas pernas esbarraram na beira da cama, fazendo-o cair de costas sobre o colchão. As mãos protegeram o rosto por instinto, uma tentativa falha de evitar o inevitável, e o moreno fechou os olhos em seguida ao sentir o ardor do primeiro golpe. Lágrimas involuntárias banhavam sua face, os braços (que ficarão marcados por, no mínimo, dois dias) sendo açoitados pelo coro do cinto, o restante de seus músculos se contraindo com a surra vinda de todos os lados, mas, apesar de tudo, não se permitia em vocalizar a dor, segurando todos os gritos de agonia com severas mordidas nos lábios.

As cinturadas se sucederam por longos dez minutos (que, aos olhos de Hyungwon, foram quase uma eternidade), tempo o suficiente para deixar marcas por todo o corpo.

O ômega abaixou os braços ao ouvir o barulho do cinto indo de encontro ao chão, entretanto os levantou novamente devido a aura potente envolvendo seu pai. Tudo aquilo o sufocava, o choro não parava por um segundo e, sem saber o que fazer e exausto demais para se defender, encolheu-se na cama, ficando sob a mira do olhar duro do senhor Chae.

— Você não tem jeito. — o Chae mais velho proferiu ríspido, dirigindo-se para a porta do quarto. — Eu vou viajar amanhã. Tenho assuntos a tratar na China, vou passar um mês fora graças a isso. — informou antes de deixar o filho jogado na cama daquele jeito.

 O som da porta sendo fechada nunca soou tão reconfortante para o ômega. O moreno esforçava-se para impedir em vão o choro constante, a dor não o permitia pensar em nada que não fossem os machucados, seus braços, que foram os maiores receptores da ira de seu pai, formigavam e estavam vermelhos e até mesmo o uniforme foi danificado pela surra. Ele cobriu a bochecha direita com a mão devido a ardência local, onde um pequeno corte (provavelmente feito pela fivela em algum momento em que baixou a guarda) sangrava minimamente contra sua palma.

Como esconderia aquilo dos amigos? Sentia vergonha do estado deplorável com o qual se encontrava e o choro aumentou. A cabeça, o corpo, o coração: tudo doía, todos em escalas diferentes, sendo o último o que mais estava sofrendo com tudo aquilo.

Não soube quanto tempo ficou ali, seu quarto já estava num completo breu e num silêncio absoluto. Um som abafado soou de dentro da cômoda e se levantou bruscamente, fazendo todos seus músculos latejaram. Era Minhyuk, ele havia prometido ligar, e, com isso, supôs ser mais de meia noite pois era o horário que ambos consideravam seguro. Afobado, abriu a gaveta e tirou o fundo falso, pegando o celular. Ao ver a foto na tela, seu coração apertou. Há quanto tempo não falava com o platinado? Ele engoliu o choro, que já queria voltar, e atendeu a ligação.

— Alô. — disse baixo enquanto se sentava no meio da cama.

— Oi, Hyunginie! Que saudades! — o tom animado do platinado veio do outro lado da linha. Ah, era tão bom ouvi-lo novamente.

— Eu também senti saudades. Como você está? — esforçou-se ao máximo para controlar a voz que já começava a soar chorosa outra vez.

— Eu estou bem, meu amor. — Hyungwon sentiu-se corar ao ser chamado daquela maneira pelo amigo. Deve ser efeito pós cio, pensou negativista como sempre. — Mas e você? — Minhyuk mudou seu tom para a preocupação. Depois de anos, qualquer oscilação na voz do moreno já o deixava preocupado.

— E-eu? — o Chae amaldiçoa-se por ter gaguejado. Por que estava fazendo isso? Não conseguia mais esconder esse tipo de coisa dele. — O de sempre. — suspirou pesadamente.

— O que houve? — a raiva era evidente nas palavras do Lee.

— Nada. — tentou tranquilizar o amigo. Conseguia ouvir a respiração pesada na chamada e podia imaginá-lo com o maxilar trincado. — Min... ele cuidou bem de você? — falou apesar de muito envergonhado por estar perguntando aquilo. Céus, a ideia de falar sobre um cio era extremamente constrangedora e estranha. — Digo... você tá com dor?

— Wow, quem é você e o que fez com o meu Hyungie tímido? — Hyungwon não precisava vê-lo para saber que o outro estava sorrindo por ter arrancando uma risada sua. — Não, Hyungie, eu não tô com dor. Não sei se fui cuidado porque não lembro de nada, mas acho que sim.

Os dois riram juntos.

— Você vai mesmo amanhã? — precisava confirmar. Não aguentava mais ficar longe dele por um segundo.

— Claro que vou! — Minhyuk falou como se fosse óbvio. — Preciso acabar com toda essa saudade, então não vou te largar pra nada. Já tá avisado.

— Ok, hyung. — respondeu compassadamente.

— Hyungie... — o moreno estranhou a súbita pausa. — Você aguenta só mais algumas horas? Já, já eu vou te abraçar de novo.

— Tudo bem, Min. Eu aguento.

— Ok. — Minhyuk soou mais aliviado ao ouvir sua resposta. — Vamos dormir, sim? Desse jeito, a gente não para de conversar e logo é de manhã.

— Tá. — concordou a contragosto. Não queria dormir, sacrificaria algumas horas de sono se fosse para ouvir a voz de Minhyuk. — Boa noite, Min. Te vejo amanhã.

— Até amanhã, Hyungie. Boa noite. — e a ligação foi encerrada.

Hyungwon guardou o celular e dirigiu-se ao banheiro. Após de banhar-se com um pouco de dificuldade por conta das dores, trocou de roupa e deitou na cama. Ele se ajeitou da melhor forma que pode e fechou os olhos, repetindo até pegar no sono a frase de Minhyuk em seus pensamentos.

Só mais algumas horas.


Notas Finais


É isso ai, desculpem o atraso.
Digam o que acharam sim?
ou não, afinal de contas, ninguém é obrigado a nada nessa vida.
Beijos no core e até o próximo.


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