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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter seventeen


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


quem tava com saudades?

cap bem levinho, BM ja ta quase na metade.

boa leitura, desculpa qualquer erro.

Capítulo 18 - Chapter seventeen


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter seventeen

O táxi trafegava na rodovia tranquilamente embora seus passageiros estivessem tudo menos calmos no momento. No banco de trás, o Chae desacordado era amparado pelo Lee e pelo Yoo mais velho, ambos tomados por uma grande aflição. O platinado segurava a cabeça do castanho contra seu peito, afagando as madeixas molhadas enquanto repetia “Vai ficar tudo bem, Hyunginie. Vai ficar tudo bem” num tipo de mantra, como se quisesse convencer a si mesmo disso. O rosado tinha as pernas do ômega mais novo sobre as suas, olhava para o rapaz desmaiado, não se permitindo parar de encará-lo por um instante, o coração apertado com tamanha preocupação, sabendo que o ômega mais velho se encontrava nesse mesmo estado.

Quando Hyungwon caiu inconsciente na areia, todos correram desesperados até ele. Sem saber o motivo para seu desmaio, o pânico começou se alastrar entre os outros seis. Kihyun não permitiu que ninguém, a não ser Minhyuk, se aproximasse de Hyungwon e quase acabou usando a voz de comando de tão nervoso que estava, sendo contido pelo ômega Lee que também estava uma pilha de nervos. O alfa mandou os outros chamarem um táxi o mais rápido possível e só se deu o trabalho de vestir uma camisa, tal como o outro que não saía do lado do amigo, assim sendo acompanhado por ele quando o veículo chegou, molhando todo o estofado do banco traseiro.

O automóvel estacionou em frente ao hospital, e o alfa pagou ao taxista, soltando um agradecimento meio enrolado por não dominar a língua nativa. Minhyuk saiu primeiro e abriu a porta para Kihyun, que saiu com Hyungwon nos braços. Os dois irromperam edifício a dentro, chamando a atenção de todos que estavam na recepção. Ao se depararem com a cena, uma pequena equipe correu para socorrê-los, trazendo uma maca, onde o castanho fora colocado.

Os socorristas se afastaram, levando consigo o Chae, até sumirem pelos corredores brancos. Foi então que Minhyuk desabou, caindo de joelhos e chorando alto como uma criança desamparada. Aquilo havia sido culpa sua, era o culpado por tudo o que estava acontecendo; se não tivesse provocado Kihyun naquela hora, isso jamais estaria ocorrendo agora. Como pode fazer aquilo com o ômega? Céus, até os deuses deveriam estar o repudiando por isso!

Dois braços o contornaram, e o Lee se deixou aconchegar, derramando suas lágrimas no peito do Yoo. Agarrou a camisa úmida do alfa, apertando o tecido como se esse ato fosse capaz de diminuir o aperto no peito.

- É tudo culpa minha! – falou com voz trêmula, de forma quase incompreensível em razão dos soluços. – É tudo culpa minha! Como pude fazer isso com ele? Que tipo de amigo eu sou?

- Não diga isso. – Kihyun acariciava os fios descoloridos do mais alto. – Se há algum culpado por tudo isso, esse alguém sou eu, Min. Fui eu quem sugeriu a aquela ideia ridícula e fui eu quem o jogou na água e o fiz chorar. – proferiu tais palavras com verdadeiro pesar. Merecia o título de babaca pelo desastre que causou. E o grito do Chae... as palavras dele não paravam de rondar seus pensamentos, deixando tudo ainda pior.

- N-não. – o Lee parecia estar engasgado ao falar. – Foi egoísmo meu. Eu queria que entrasse na água e fiz aquela aposta idiota mesmo ele tendo dito não. Eu devia ter respeitado a decisão dele e não ter forçado nada. Deuses, – o choro ficou mais forte, e tudo o que conseguiu fazer foi enterrar o rosto no pescoço do rosado. – ele nunca vai me perdoar, Kihyun. Ele não vai me querer nem perto dele agora. É tudo culpa minha. Eu afastei o Hyunginie de mim. Ele me odeia, com certeza me odeia. Ele-

- Minhyuk, se acalme! – Kihyun segurou o rosto do platinado com ambas as mãos, fazendo-o parar toda aquela autocondenação. As lágrimas não paravam de cair dos olhos vermelhos dele de tanto chorar, o lábio sendo sugado para conter os soluços, não deixando de fungar por um segundo. Usando os polegares, acariciou a face úmida do ômega embora soubesse que não adiantava enxugar as bochechas dele no momento. – Não fique falando isso sem antes conversar com ele. Eu sei que está mal e, acredite, eu entendo perfeitamente o que está sentindo, mas não adianta ficar criando cenários ruins porque só vai piorar a situação. – ofereceu um leve sorriso a ele, que o escutava atentamente. Ver o alegre e sorridente Minhyuk naquela condição era de partir o coração. Com toda a delicadeza do mundo, o segurou pelos braços, fazendo ele e a si levantarem do chão. Funcionários e pacientes os encaravam, mas não deu atenção para os olhos curiosos, e levou o platinado para sentar num dos bancos dali perto. – Não tem como ele te odiar, Min. É muito mais fácil ele odiar a mim do que você. Eu... – engasgou com a própria amargura. – Não queria machucá-lo ou magoá-lo de maneira nenhuma. Eu só... queria que ele confiasse em mim. – desviou sua atenção para o teto. Mal acreditava que estava contando todas suas inseguranças para o Lee. – E todas as vezes que tô começando a conseguir, eu faço alguma merda e acabo com tudo. Você... – umedeceu os lábios, voltando a encará-lo. – Ele vai te deixar falar e com certeza aceitar teus pedidos de desculpa. Já eu... – riu de si mesmo, o sarcasmo e desprezo transbordando em suas palavras. – Que chance tenho? Hyungwon não vai me querer perto dele nunca mais. – o choro de Minhyuk curiosamente havia parado, mas não era como se ele houvesse notado isso. Apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça, nas mãos. – E saber disso dói tanto ou até mais que o fato de ele ficar furioso comigo. Eu só queria me aproximar e, no final, só o afastei. Eu... – puxou dois tufos de cabelo com força, mas essa dor não se comparava a que sentia em seu peito.

Minhyuk o abraçou e se deixou aconchegar, retribuindo o abraço. Estavam tão absortos em sua bolha que sequer notaram quando os demais chegaram, pouco depois de Hyungwon ser levado. Jooheon providenciou toda a papelada para a estadia de Hyungwon no hospital particular que estavam enquanto os outros estavam cada um em um canto, esperando alguma notícia do amigo.

Na sala de espera, Hoseok permanecia em pé com os braços cruzados em frente ao corpo, observando Kihyun e Minhyuk conversarem. O platinado com a feição triste recebia de bom grado as caricias em seus fios emaranhados nos dedos de Kihyun que se movimentavam delicadamente entre eles. Ambos estavam se sentindo culpados da brincadeira que haviam feito, mas a preocupação era algo que transbordava de todos ali. Já haviam se passado uma hora desde que chegaram e não tiveram mais notícias, ninguém havia voltado para dizer nada.

Um dos rapazes que socorreu o ômega se aproximou dos seis, que ficaram mais apreensivos do que nunca, esperando que o outro desse a ele informações sobre o estado atual do amigo.

- Como ele está? – foi Minhyuk quem proferiu a pergunta.

O enfermeiro soltou um suspiro antes de dizer:

- Está normalizando. Tivemos que fazer uma lavagem estomacal e aplicar substâncias para que ele se desintoxicasse. – explicou. – Vocês sabem se ele estava se drogando ou algo do tipo?

Todos se entreolharam confusos e assustados com a pergunta inesperada. Nenhum deles usava algum tipo de narcótico, fora Hoseok e Shownu que fumavam cigarros, mas nunca passou disso.

- Não, nenhum de nós usa isso. – o Shin tomou a frente para responder. – E por que uma lavagem estomacal se vocês suspeitam que seja droga?

- Porque ele ingeriu diversas cápsulas de algo bem forte e, pela quantidade que apareceu nos exames, ele vem fazendo isso há algum tempo. Ah, outra coisa: ele está dopado e deve ficar assim até amanhã. Ou até que termine seu cio. – o enfermeiro se virou para sair dali.

- Espera, cio? – Kihyun perguntou, confuso. – Mas ele estava em plena consciência todos os dias desde que chegamos aqui. Nem o cheiro dele estava forte.

- Calma. – pediu o rapaz, dando meia volta. – Agora faz sentido. Então, ele não estava se drogando; o culpado desse desmaio dele foram esses remédios. Ele provavelmente os toma para inibir o cio, mas essa medicação não é aconselhável por nenhum médico que preze por sua carreia. – o jovem concluiu tudo com maestria. – Esses remédios causam danos aos ômegas. O organismo desse amigo de vocês deve ser debilitado imagino eu, isso se deve aos remédios. Sabem se ele os toma há muito tempo? – perguntou em tom sério.

- Nós não sabíamos que ele tomava... até agora. – disse o ômega Lee, cabisbaixo, já imaginando quem deu aquilo ao Chae.

- Ok. Ele ficara bem. Vamos fazer uma bateria de exames e, dependendo dos resultados, nós o liberamos. Mas não deixem que ele volte a tomar isso. O uso desse medicamento a longo prazo pode tornar o ômega estéril. Agora, com licença. – o rapaz fez uma reverencia e se afastou do grupo de amigos.

Minhyuk mordeu o lábio inferior, apertando o a bermuda que usava entre os dedos. Não tinha dúvida alguma que aquela merda havia sido dada ao amigo pelo próprio pai deste. Queria mais do que tudo torcer o pescoço do alfa Chae, ter o prazer de vê-lo sufocar com seus dedos apertando-o na garganta. Ele era definitivamente um monstro, quem daria aquele tipo de coisa ao próprio filho?

Kihyun podia sentir a raiva do exalando do platinado. Não entendeu o porquê daquilo, parecia que ele escondia um segredo de si. Colocou a mão sobre a dele e viu o punho dele relaxar, soltando a bermuda úmida.

- Tem algo que eu precise saber? – perguntou o rosado.

- Não. – respondeu o Lee e se levantou. Precisava ficar sozinho ou daria com a língua nos dentes e contaria o que não devia ao Yoo.

O alfa ficou sem ação após ver o ômega sair dali como um furacão.

- Acho bom não ir atrás dele. Vamos conversar. – Hoseok se sentou ao lado do amigo, o semblante estampando seriedade.

- O que houve, hyung? Pode ser depois? – o mais novo se levantou, ignorando ao pedido do outro. – Eu precis- – teve seu pulso agarrado com demasiada força quando deu o primeiro passo.

- Não, você não precisa. – disse entredentes, levantando do banco, claramente irritado. – Você vai embora pra casa com o Changkyun. Já chega de brincadeira por hoje, está me ouvindo?! – aquilo foi um tapa sem mão na cara do Yoo mais velho. –Vá cuidar de Changkyun, deixe ele longe de Hyunwoo e deixe esse ômega em paz. – referia-se ao platinado. – Vocês dois passaram dos limites hoje. Eu não quero brigar porque estamos num hospital, mas eu realmente estou com raiva o suficiente para querer bater em vocês dois. Agora. – largou o braço do alfa, que estava estático ouvindo tudo. – Vai. – virou-se e foi em direção a Changkyun, que estava sentado ao lado de Jooheon, que estava num ponto mais afastado.

- Kyunnie, Kihyun vai levar você de volta pra casa junto com todo esse povo. – beijou a testa do mais novo, que aceitou o que foi dito pelo Shin sem pestanejar.

- Neném, você vai ficar aqui sozinho? Você não sabe falar japonês e nem trocou de roupa. – Jooheon ficou em pé ao lado de Wonho, este observando Changkyun se aproximar do irmão e o abraçar.

- Aquele enfermeiro fala coreano, e eu preciso que você traga minhas roupas. – esfregou o rosto, suspirando pesadamente. – Traga roupas para Hyungwon também. – pediu, sendo o mais gentil que conseguia naquele momento.

- Tudo bem. – o Lee aceitou tudo sem discutir e foi procurar o platinado.

Hyunwoo permanecia quieto, observando a situação tensa ao seu redor. Não era momento para brincar com o Shin e, mesmo que fosse, não o faria em razão do clima pesado. Ainda não tinha certeza do por que o ômega o estava evitando, estava se coçando para descobrir o motivo. Sua relação com Hoseok tinha altos e baixos graças ao temperamento explosivo de ambos, mas gostava da companhia do outro e, mesmo sem saber por que, não suportava vê-lo daquele jeito.

- Ei, ômega, não quer companhia? – perguntou, tentando ser prestativo.

- Não, não preciso de nada que venha de você. – girou o pescoço, encarando o alfa mortalmente. – Aliás, o que você tá fazendo aqui? Não deveria estar com aquele puto? – sorriu soprado, completamente debochado. – Ah, ele te dispensou? Que pena, o grande Son Hyunwoo foi dispensado. Eu sinto muita pena mesmo. – a última frase foi dita em um sussurro bem na cara do Son. Saiu dali e foi procurar algum lugar que tenha água para se acalmar.

Os olhos de Shownu estavam arregalados em verdadeiro choque. Não restava dúvidas de que o Shin havia o presenciado seus amassos com o Kim. Um estranho gosto amargo inundou sua boca ao passo que seu coração apertou, angustiado, deixando sua mente mais e mais confusa por essas sensações.

O discurso mesmo em outra língua, havia chamado atenção das pessoas que o olhavam estranho naquele momento, nada com que o ômega fosse se preocupar. Precisava esfriar a cabeça antes que não respondesse por seus atos. A cabeça começava doer em decorrência de todos os acontecimentos conturbados tanto de ontem como de hoje. Suspirou alto, deixando nítida sua exaustão psicológica.

- Já vamos. – o ex ruivo se aproximou do irmão para avisá-lo e passou a mão nas costas dele. – Eu volto com as roupas, não se preocupe. – o Shin acenou com a cabeça e observou os cinco saindo pela grande porta do hospital.

Ele retornou a sala de esperava e se deixou cair em um dos bancos. Tentou se distrair com a água e encontrou uma televisão que transmitia um seriado qualquer. Mesmo que não entendesse nada, prendeu sua atenção naquele ponto enquanto esperava por mais notícias de Hyungwon. Os minutos estavam se passando consideravelmente devagar, e ele a todo momento olhava para as portas brancas que levavam a ala médica. O programa estava quase no fim quando viu um médico vindo em sua direção com o enfermeiro de antes.

- Você é o responsável do ômega, certo? – perguntou o enfermeiro, e o Shin confirmou. – Ele já está bem, mas, como eu disse antes, ele vai ficar dopado até amanhã. Pelos nossos cálculos, hoje seria o último dia de cio dele. – o rapaz traduzia tudo que o médico dizia alguns segundos depois, além de acrescentar algumas coisas. – Você pode entrar no quarto dele já que será seu acompanhante. É tudo por hora. – fez uma reverência junto do médico.

- Eu queria pedir algo. – disse ao enfermeiro. Viu este falar algo ao seu superior, que se retirou após isso.

- Pode pedir enquanto vamos até o quarto do seu amigo. Serei responsável por acompanhá-lo. – sorriu para o loiro, não sabendo o quanto outro o achou muito fofo.

O de jaleco indicou o corredor a frente com a mão, num pedido mudo para que o seguisse. Os dois passaram pelas portas brancas, andando calmamente lado a lado. A caminhada não demorou muito e logo estavam em frente a um elevador. O rapaz apertou o botão e em questão de segundos as portas de ferro se abriram, revelando o cubículo de metal vazio.

As portas voltaram a se fechar, e Hoseok ficou um pouco incomodado com o silencio. O botão do painel estava selecionado, indicando que estavam subindo para o quarto andar. Pelo canto dos olhos, passou a analisar o jovem ao seu lado. Seu olhar firme estava fixado na porta da frente, como se estivesse proibido de encará-lo, detinha um perfil muito bonito. Ele era um pouco mais alto que si, tinha pele beijada pelo sol, num tom magnifico, tinha olhos grandes e de um bonito castanho, lembravam-no um pouco os olhos dos ocidentais, e o cabelo pintado de loiro puxado para o castanho estava perfeitamente arrumado para trás, dando-o um ar ainda mais charmoso. Inspirou discretamente, não havia a fragrância forte característica de alfas e nem a adocicada dos ômegas, era algo bem mais suave e discreto, quase imperceptível. Um beta, concluiu em seus pensamentos.

- É que eu queria pedir pra que proíbam duas pessoas de entrar porque eu sei que vão tentar e isso não vai ser bom. – explicou ao notar que as portas se abriram.

- Tudo bem, falarei com os seguranças. Mas quem seriam esses dois? Pelo que vi, vocês eram uns cinco ou seis na sala de espera, e haviam dois que pareciam muito preocupados. São parceiros dele? – saindo do elevador, perguntou ao Shin, que o acompanhou.

- Sim. – Hoseok sorriu. Se os três soubessem que ele havia dito isso, iriam surtar. – Mas, espera. Você não vai dizer que é estranho ou algo do tipo? – estava, no mínimo, confuso. A poligamia, apesar de abranger novamente uma boa parte da população mundial, era alvo de muito preconceito.

- Não. – disse, rindo da cara do loiro. – Tenho três appas também. – sorriu.

O ômega sorriu de volta. Aquele beta, de fato, era um rapaz muito amigável.

- Entendo, mas... – mordeu o inferior. – Você fala coreano, como? Digo, você não é daqui? – questionou enquanto paravam na porta do quarto.

- Eu sou coreano e não sou enfermeiro. Eu ganhei uma bolsa no programa de internato desse hospital e, como eu domino a língua, não pensei duas vezes. – esclareceu as dúvidas do Shin que sorriu ouvindo aquilo. Aquele cara parecia muito esforçado. – Ei, pare de me encarar ou vou pensar que se apaixonou por mim, o que não seria nada ruim. – abriu a porta e entrou no quarto.

Wonho corou violentamente com o comentário. Droga de natureza ômega, praguejou mentalmente. Por sorte, o outro não havia visto suas bochechas coradas.

- Me desculpe. – adentrou o quatro de cabeça baixa. Ao se deparar com o Chae deitado ali, tudo pareceu não ter a mínima importância. Ele estava mais pálido que antes (se é que era possível), e isso incomodou o Shin. – Por que tem um medidor de bpm ligado nele? –perguntou, meio atônito.

- É só por precaução. Os médicos querem ter certeza que ele não vai ter algum colapso enquanto dorme devido as substancias no corpo dele. – explicou e se aproximou do ômega, sentindo compaixão para com ele. – Você parece mais uma omma, sabia? – tentou descontrair.

- Todos eles dizem isso, e sabe... – ele falava calmamente enquanto acariciava a mão de Hyungwon. – Eu não me importo. Eu gosto de cuidar deles porque eles são minha família. – disse, e uma lágrima desceu sem autorização. Ergueu a mão para enxugá-la, mas paralisou, sentindo os dedos do outro limpando-a.

- Desculpe. Ômegas bonitos e dedicados não deviam derramar lágrimas, apenas sorrir e receber muito amor de seu parceiro. – o interno se afastou e saiu dali, deixando o Chae e o Shin a sós.

Wonho tocou inconscientemente o local que os dedos do rapaz estiveram. Ficou pensando em como seria bom ter alguém como aquele jovem e promissor interno como parceiro. Então, se lembrou do alfa Son e seu querido ômega Yesung. Por que essa cena tinha que brotar em sua mente justo agora? Aquilo nunca sairia de sua cabeça, e ele se amaldiçoava por aquilo, não devia gostar de alguém como ele, que o comparava a simplesmente nada.

Algumas horas se passaram depois que o médico saiu dali, ele voltou depois de alguns minutos apenas para perguntar o nome dos dois que deveriam ser barrados caso tentassem entrar para ver o Chae. O ômega sentava e levantava, inquieto, mas nunca deixando de velar o amigo deitado na maca. Dentro desse tempo, não houve sinal de Jooheon com suas roupas.

- Desculpe a demora. – o Lee entrou calmamente, atraindo a atenção do irmão. – Kihyun queria vir, foi duro. Eu tive que jogar umas coisas na cara dele e acho que agora que ele não me deixa ficar com o Puppy. – suspirou, entregando a sacola com as roupas do ômega, que agradeceu e se dirigiu ao banheiro dali para tomar um banho rápido e se vestir.

Um banho nunca pareceu tão gostoso quanto esse. Estava precisando mesmo tirar a areia do corpo e vestir roupas limpas. Quando tornou a abrir a porta, Jooheon estava sentado na poltrona observando Hyungwon.

- O que mais eles disseram? – perguntou ao loiro.

- Ele vai ficar bem, provavelmente vai acordar pela manhã. Venha nos buscar às dez. – pediu enquanto esfregava a toalha no cabelo.

- Não, eu vou ficar aqui com você. – ditou, mas Hoseok não ligou.

- Quero que você cuide deles pra mim, por favor. Minhyuk deve estar trancado no quarto sofrendo e se martirizando, Changkyun deve estar tentando animar o Ki, que por sua vez deve estar tratando mal o irmão, como se isso fosse melhorar as coisas. – baixou a cabeça, suspirando e voltando a olhar o Chae desacordado. – E o Shownu... – disse sem ânimo, deixando a toalha pendurada no pescoço. – Deve estar pensando em si mesmo e aumentando seu ego. – finalizou.

- Por que não me disse que está apaixonado por ele? – o ex ruivo foi direto.

Droga de percepção afiada.

- Porque eu não queria estar. Eu não queria pensar nele depois que começamos a nos aproximar; eu não queria gostar do cheiro dele e de como a sua aura de alfa me faz sentir bem e seguro; eu não queria gostar do corpo dele, nem daquele sorriso idiota de quem se acha o dono do universo. Eu não queria Jooheon, eu não queria nada disso. – se virou para o irmão, que o encarava. – Pelo menos, eu assumo isso. Não é como você e o Changkyun, ou o Kihyun com esses dois. – disse, sorrindo.

- Eu vou, mas não garanto segurar eles até de manhã. – fingindo não ouvir a última parte, explicou ao passo que se levantava da poltrona e ia se despedir do irmão. – Vamos viajar amanhã mesmo, depois do almoço. – contou a ele. – Achei que era o melhor a se fazer devido a condição do Hyungwon. – Wonho o encarou pensativo e meneou a cabeça, concordando com seu ponto. – Eu arrumo tuas coisas e vou pedir pro Minhyuk arrumar as coisas do Hyungwon. Até amanhã. – deu um beijo na testa do ômega e sorriu, saindo do quarto.

Hoseok ouviu o som da porta se fechando, mas permaneceu estático por um tempo. Terminou de secar o cabelo e devolveu a toalha para o lugar, sentando-se na poltrona após isso, seus músculos relaxando ao entrar em contato com o assento confortável. Ajeitou-se numa melhor posição e voltou a observar o mais novo no leito hospitalar.

Teria uma longa noite, só ele, seus pensamentos, lembranças e o corpo desacordado do Chae.

(...)

A mansão conservava-se quieta, exceto por um cômodo.

Na sala de estar, a televisão estava ligada em um canal que passava um filme de ação qualquer. Os sons de tiro ecoavam pelo recinto, fazendo quem assistia tediosamente aquilo pegar o controle da mesinha de centro e diminuiu um pouco o volume, jogando o controle no sofá em seguida. Tudo estava escuro ao seu redor, o recinto estava sendo precariamente iluminado apenas pelo brilho da tela e também o da lua, fazendo as sombras predominarem o local.

Um suspiro se sobrepôs ao barulho do filme. Eram quase quatro da manhã e nada do sono de Minhyuk vir. Não viu as horas quando decidiu parar de rolar na cama e descer para assistir TV, porém descobriu que a madrugada havia apenas iniciado enquanto navegava pelos canais. Obviamente, não prestava atenção para a programação, até porque não entendia nada do que estavam falando, o que não ajudava em nada. Só precisava distrair-se o suficiente até que suas pálpebras pesassem e seu plano parecia não estar indo muito bem. Pelo visto, seria uma noite insone.

Sua mente não parava de lembrá-lo do incidente na praia. Ingenuamente, pensava o que teria acontecido caso não tivesse dito a Kihyun para jogar Hyungwon na água. Será que nada disso teria acontecido? Claramente, não. Era bem provável que o Chae viria a desmaiar uma hora ou outra por conta das dosagens altas daquele medicamento, contudo todo aquele clima pesado pós-instalado não existiria, amenizando minimamente a situação atual. Não adiantava ficar criando cenários imaginários que jamais iriam acontecer, o que estava feito estava feito.

Estava tão absorto em pensamentos que seu olhar ia muito além da televisão que estava a fitar. Saiu desse estado hipnótico quando sentiu um peso em suas pernas, tendo um pequeno sobressalto. Assustado e hesitante pelo que iria encontrar ali, olhou para baixo devagar. Deparou-se com Kihyun estirado no sofá, repousando a cabeça em seu colo. Em um dia comum, o chamaria de folgado e aproveitaria a posição para deslizar os dedos pelas madeixas rosa chiclete, e, agora que tinha tal oportunidade, que finalmente o tinha ali consigo, não conseguia fazer nada além de encará-lo num misto de surpresa e dúvida.

- Não me olhe assim. – Kihyun enfim falou algo. – Eu já cansei disso. Eu tô preocupado e a culpa é minha. E pior que toda essa situação, é saber que talvez ele fique com raiva de mim e eu vá perder meus – deu uma ênfase significativa ao pronome. – dois ômegas porque sei que vai ficar do lado dele. – ele pôs para fora tudo que estava entalado em sua garganta aquele tempo inteiro. Ergueu o tronco, sentando-se no sofá, e virou de frente para segurar com ambas as mãos o rosto do Lee, que, no momento, era um perfeito exemplo de estupefação. – Eu queria simplesmente chegar e pedir vocês em namoro, dizer o quanto me encanta ver vocês juntos e dizer o quanto eu sinto ciúme por não poder estar entre vocês. Não vou dizer que amo vocês dois porque ainda é muito cedo. Mas... – com uma das mãos, segurou o pulso dele sem apertar e o ergueu, fazendo-o colocar a palma dele sobre seu peito, onde fica o coração, enquanto, com a mão livre, tratava de acariciar o rosto perplexo do outro. – Isso dói, Min, dói aqui.

Os olhos inquietos do alfa analisavam com afinco cada traço bonito da feição de Minhyuk, procurando algo diferente de choque. O ômega sequer piscava, encarando-o como se fosse uma espécie estranha e não catalogada. O silêncio do Lee era diversas vezes mais ensurdecedor que o ruído irritante do que parecia ser gritos de pavor de um dos personagens do filme. As mãos caíram sem vida sobre seu colo, largando o outro.

Como temia, ele não correspondia seus sentimentos.

Um suspiro pesado escapou por entre seus lábios momentos antes de levantar-se para sair dali. Enquanto rumava para as escadas, um sorriso amargo estampou-se em sua face. Todo o esforço que havia feito até o presente instante parecia duas vezes mais inútil agora, como se estivesse somente se iludindo com essa ideia fútil de que conseguiria torná-los seus. Tinha feito o perfeito papel de idiota, e, como alfa, seu orgulho saiu tão ferido quanto seu lobo interior, que uivava com a tristeza de ser rejeitado.

- Espera. – a voz de Minhyuk o fez parar com o pé encima do primeiro degrau. Ele não saiu da posição em que o deixou, constatou sem nem precisar se mover. – V-você não pode... – gaguejou, apertando o tecido moletom da calça entre os dedos. – Não pode dizer essas coisas e sair assim, seu idiota! – levantou-se com os punhos cerrados, encarando de onde estava as costas do alfa imóvel. Queria mais do que tudo socar o rosto bonito (que não enxergava no momento) do rosado e depois abraçá-lo forte, mas os músculos não respondiam ao seu comando. E então a primeira lágrima caiu. – Você não pode, Kihyun, porque não sabe o quanto eu esperei pra ouvir isso, e o Hyungwon também. Não pode simplesmente dizer tudo isso e sair como se nada tivesse acontecido! – controlava o tom de voz ao máximo, mas os soluços que escapavam eram altos demais.

Kihyun esfregou a cara como se aquilo fosse fazê-lo parar de sorrir como um idiota apaixonado que era. Girou o corpo e retornou para perto do platinado, que ocultava a face ensopada de lágrimas por trás das mãos. Abraçou o mais alto pela cintura e logo teve seus ombros enlaçados pelos braços do mesmo. O sentimento de felicidade crescia dentro do peito de ambos, porém essa alegria egoísta não se sobrepunha a preocupação que lhes era correspondente agora. Afinal das contas, como seria contar aquilo para Hyungwon? Não era o momento correto para uma revelação daquelas, mas isso não significava que passaria em branco. Daqui a duas semanas e meias, as aulas retornariam, tudo voltaria ao normal em suas vidas, e Hyungwon... ah, aquele ômega não saía da mente do par ali abraçado.

O choro de Minhyuk havia cessado e este permanecia com a cara afundada na curvatura do pescoço de Kihyun. Os dois continuavam ali, apenas aproveitando sensação boa da troca de calor entre seus corpos. O perfume do Lee impregnava as narinas do Yoo sem sua autorização de uma tal maneira que não sabia explicar o quão bom era aquilo, a fragrância do seu ômega.

- Ainda não podemos pedir nada a ele, não é o momento. Ele ainda tá se recuperando do que aconteceu, e temos que pedir desculpas. – Minhyuk findou o abraço e se sentou no sofá.

Kihyun o acompanhou e colocou uma perna por atrás do ômega, que ficou vermelho com sua atitude. Deitou-se no estofado e puxou o mais alto para cima de si, colocando-o sobre seu peito. Apesar de estar com vergonha, deixou se aconchegar ali e sentiu-se seguro e em paz com o cheiro e a presença calma do alfa.

- Vamos nos desculpar primeiro. Quando estivermos de volta à Nova Coreia, peço os dois em namoro. – proferiu o plano, sorrindo com aquilo. Falar ainda continuava sendo mais fácil do que fazer. – Será que ele tá bem? – perguntou mais para si mesmo do que para o rapaz repousando em seu peito. Seu parceiro parecia estar finalmente começando a ceder ao sono, então pegou o controle jogado no móvel e desligou a televisão.

- Sim, Hyunginie é forte e vai sair disso tudo. E eu vou poder beijar ele de novo e dizer o quanto o amo. – riu da tossida desesperada que o outro deu.

- Não precisa esfregar na minha cara que já pode fazer isso e eu não. – murmurou emburrado ao passo que começou a afagar os fios descoloridos da nuca dele.

- Claro que posso. Quem mandou ser tão cego e não notar o óbvio antes. – bocejou ao termino da frase, o sono pesando em suas pálpebras.

- Verdade, desculpe. – riu de si mesmo, perguntando-se se era mesmo ele o alfa daquela relação que mal havia começado.

- Nós vamos cuidar dele. – sussurrou antes de fechar os olhos.

- Sim, vou cuidar de vocês dois. – prometeu para si mesmo e para a grande lua azul, que iluminava o rosto do platinado, que ressonava sobre seu peitoral. – Vocês são meus. – depositou um beijo na franja do rapaz adormecido.

Levantou-se algum tempo depois com cuidado e carregou o corpo de Minhyuk em seus braços de forma delicada e sem dificuldade alguma. O rosto dele permaneceu tombado em seu peito enquanto subia as escadas, não notando que havia sido retirado do lugar que repousava anteriormente. Ignorando a voz da razão lhe dizendo para levá-lo para as acomodações do ômega, adentrou o próprio quarto. Depositou com cuidado o rapaz adormecido sobre a cama, puxando os lençóis para cobri-lo. Um sorriso bobo adornou os lábios do alfa quando presenciou o platinado se agarrar ao travesseiro, provavelmente atraído por sua fragrância incrustada nele. E, por mais que desejasse e ansiasse deitar ali com ele e dormir, prendendo-o entre seus braços, deixou um longo selar no topo da cabeça dele e murmurou “Boa noite” antes de se retirar dali.

Riu de si mesmo enquanto andava no corredor. Em outras ocasiões, poderia cogitar ceder ao seu egoísmo o tentando, ordenando para que voltasse imediatamente para aquele quarto onde o Lee descansava, porém não era hora para realizar ações que suprissem sua necessidade amorosa, precisava ir atrás do irmão e pedir desculpas pelo modo rude que o tratou. Sim, a hora era incrivelmente inconveniente, tendo em vista que o menor estava dormindo. E quem disse que ele ligava para esse detalhe? Não tinha como, não com o peso na consciência o lembrando o quão babaca foi com o pequeno, que sequer tinha uma parcela de culpa em tudo o que estava acontecendo.

Girou a maçaneta lentamente e empurrou a porta devagar. Estava reconsiderando em acordá-lo a esse horário para conversarem, pensando se era melhor apenas dormir com ele. A passos sorrateiros, entrou no cômodo, tentando ao máximo não fazer barulho. Ao fechar a porta, espiou por cima dos ombros para ver se Changkyun havia dado algum sinal de que despertara com sua entrada. Suspirou, o mais novo continuava a ressonar, embolado nos cobertores. Aproximou-se da cama e sentou-se com calma nela, levantando as cobertas para logo se colocar sob elas, deitando com as costas dele de frente para si.

A cabeça do outro se moveu contra o travesseiro, e um resmungo baixo ressoou dos lábios do mesmo. O alfa riu em pensamentos por seu plano ter fracassado. Foi tolo e idiota acreditando que ele não acordaria, o Yoo mais novo tinha sono leve e, no final das contas, isso não era nenhuma novidade. O ômega remexeu-se no colchão e virou, tombando o rosto em direção ao seu, deixando-os frente a frente. Ficou a observar as pálpebras se mexerem singelamente até enfim revelarem os orbes dele.

A luz do luar invadia o quarto através da janela aberta, onde as cortinas balançavam conforme o ritmo do vento litorâneo, gélido por conta do horário e, ao mesmo tempo, afável, proporcionando assim uma dança de sombras pelo recinto. O tão característico e excêntrico brilho aclarava minimamente os quatro cantos do aposento, delineando os objetos e deixando-os a vista, além de bater nas costas de Kihyun, fazendo com que assim Changkyun pudesse enxergá-lo através da penumbra.

- Te acordei? – murmurou, ainda contemplando de perto a feição sonolenta. O menor piscava demoradamente, como se tentasse se decidir entre se entregar novamente ao sono ou despertar daquele estado de torpor.

- Sim... – respondeu à pergunta retórica, a voz rouca e arrastada.

- Eu devia suspeitar que não ia dar certo em deitar de fininho que você ia acordar de qualquer forma. – a risada nasalada cortou o silêncio da noite. – Teu sono é levíssimo afinal. – frisou o adjetivo enquanto estendia a mão para acariciar a bochecha dele.

Changkyun voltou a fechar os olhos, aproveitando o carinho. O lado incrivelmente amável do irmão para consigo estava presente, lado este que estava adormecido desde que voltaram do hospital. Mesmo ele não tendo lhe falado nada de tamanha relevância ainda, sentia que não iria manter-se chateado por muito. Pura e simplesmente, aquele toque transmitia todo o arrependimento e o pedido de perdão ainda não dito. Mais do que a mágoa advinda de sua parte, sabia que Kihyun estava decepcionado consigo mesmo por ter lhe destratado.

- O que veio fazer aqui, hyung? – falou, embora soubesse as intenções dele. Um empurrãozinho pra incentivar ele a falar é o que ele precisa, pensou consigo mesmo quando se fez de desentendido. – Tá tarde, e a gente precisa descansar pra viajar mais tarde.

- Nós dois sabemos porque estou aqui. – as palavras do rosado fizeram o mais novo levantar as pálpebras. – Escute... Kyunnie, eu... – umedeceu os lábios. – Eu não devia ter agido daquela forma estupida e infantil contigo. Eu estava exaltado, uma pilha de nervos e muito estressado e acabei descontando injustamente toda a minha frustação enquanto você só tentava me ajudar. Eu realmente sinto muito, muito mesmo. Eu deveria estar cuidando de ti e não ficar te ferindo por causa dos meus erros. Eu me arrependo tanto por isso, me sinto um lixo por ter feito isso contigo, Kyunnie... eu... - Kihyun abaixou o olhar e retirou sua palma da tez macia da bochecha do irmão, constrangido demais para manter contato visual. Pela segunda vez naquela madrugada, a falta de reação o deixou tenso. Mas que direito tinha de ficar no lugar de vítima agora? Havia machucado e desapontado as pessoas mais importantes em sua vida, nada mais nada menos que isso: nem que quisesse, não poderia ocupar essa posição, embora também houvesse saído ferido nessa história.

As mãos de Changkyun pousaram em suas bochechas e levantaram sua face, trazendo de volta a troca de olhares. Os traços do ômega não expressavam emoção alguma, neutro como nunca antes presenciou. Sentia-se tão pequeno com ele o encarando daquela maneira que acabou por encolher os ombros, esperando de tudo o pior.

- Por que tá todo encolhido, hyung? Isso tudo é nervoso? – Changkyun sorriu largamente, achando uma graça a reação do maior. Pode ver o quanto o outro relaxou apesar de permanecer receoso. – Eu fiquei muito triste na hora e admito que ainda tô, – os olhos de Kihyun foram tapados pela franja do mesmo. – mas – procurou o olhar dele. – eu sei que não fez por querer. Você mesmo disse que tava estressado e que se arrepende. Você nunca soube muito bem como lidar com emoções fortes e ainda é alfa, o que não ajuda muito. – os dois riram juntos. – Eu aceito tuas desculpas.

- Quem é você e o que fez com meu irmãozinho? O Kyunnie que eu conheço no mínimo me xingaria com todos os palavrões que conhece antes de qualquer coisa. – o Yoo mais novo se emburrou, fazendo um biquinho, ao ouvir sua acusação.

- Eu não sou mais criança, hyung! – resmungou, inflando as bochechas.

- Esse é o meu Kyunnie birrento. – o puxou para um abraço. A risada do menor ressoou pelo quarto. Toda a tristeza que pairava ali se fora. – Eu sei que não é, dongsaeng. Mas é difícil de aceitar que meu bebê tá crescendo, sabe?

- Você é igualzinho ao Hae appa com esse negócio de idade. – ajeitou-se no peito do irmão, sentindo os braços dele frouxarem um pouco e, ainda assim, trazerem aquela sensação de proteção que estava tão familiarizado. – Eu sou só dois anos mais novo que você. – reclamou do drama do outro. – Tá parecendo um velho dizendo isso.

- Estou orgulhoso de ti, sabia? – o menor afundou a cara em seu tórax, claramente sorria num misto de vergonha e felicidade. – Está deixando de ser tão impulsivo. – um tapa ardeu em seu braço. – Ai!

- Me elogia ou me arrasa, escolhe um. – bufou. – Achei que fosse surtar.

- Mas não surtei. – movimentou os dedos pela parte traseira da cabeça dele, fazendo cafuné.

- Eu sei. Fico aliviado por isso, não queria te ver daquele jeito de novo. – estremeceu, a lembrança de quatro anos atrás passou em sua mente como um filme. – E agora, hyung? Como vai ser?

- Como vai ser? – repetiu como se perguntasse a si mesmo. – Eu realmente não sei. Só torço pra achar um jeito pra me redimir com eles.

- Gosta mesmo deles, né?

- Sim. – confessou, sorrindo como um idiota. – É como nas histórias que os appas contavam pra gente sobre o lobo interior.

- Viu? Nem doeu admitir. – brincou. – Eu te disse que gostava deles, mas você não quis me ouvir. – não precisava olhar para saber que Kihyun estava de cara fechada. – Você tava se esforçando bastante, não vai demorar muito pra vocês ficarem juntos.

- Eu queria poder falar isso tão fácil quanto você fala. – suspirou alto. – Do jeito que as coisas estão, sinto que voltei pra estaca zero.

- Não é o que parece. – Kihyun o encarou, confuso. – É sério. Larga de ser pessimista. Se isso fosse verdade, por que o cheiro do Minnie hyung tá na tua roupa então? – arqueou a sobrancelha, dando um ar sugestivo as palavras. Quase saiu correndo para pegar o celular para eternizar numa foto o momento que o alfa corou. – Não adianta mentir que esse é o cheiro dele sim. Vocês se pegaram ou alguma coisa do tipo pro cheiro dele ficar na tua roupa?

- Quê? Não! Eu não sou babaca pra fazer algo assim na situação que tô! – a voz caiu para os agudos. – Eu só... – engoliu em seco, ponderando se contava aquilo ou não para ele. – Antes de vir aqui, eu fui pra sala, e ele tava lá. Ele não tava conseguindo dormir, e eu fiquei lá com o Min. – ocultou as partes essenciais propositalmente. – Ele – mordeu o lábio para ocultar o sorriso que se insistia em se formar. – acabou dormindo no meu peito, daí eu o levei pro quarto e vim pra cá. Mas foi só isso, juro.

- Que bom que foi só isso mesmo. – estreitou os olhos. – Ia ser muito filho da putagem, muita sem vergonhice e muita falta de respeito com o Wonnie hyung se tivessem se pegado. – bocejou ao final da frase.

- Tá bom de conversar. Tá pra amanhecer, e você tá caindo de sono. – pressionou os lábios na testa dele, num selar demorado. – Boa noite, Kyunnie.

- Boa noite. – fechou os olhos, arrumando a posição no peito dele. – Eu te amo, hyung.

Os lábios de Kihyun se alargaram num belo sorriso.

- Eu também te amo, dongsaeng.

(...)

Hyungwon acordou com uma dor de cabeça bem chata o importunando. Abriu os olhos e piscou repetidas vezes, esperando que eles se acostumassem com a claridade daquele lugar. Seus orbes foram no teto tão branco, assim como tudo ao redor aparentava ser, que fazia parecer que estava em um sonho. Foi então que sua mente entrou em colapso. Onde ele estava?

Sentou-se de supetão e se amaldiçoou por aquilo, agora sua cabeça latejava ainda mais. O pânico pareceu só aumentar quando notou uma agulha enfiada em seu braço, presa com esparadrapos. O olhar lentamente seguiu garrote acima até encontrar a bolsa de soro pela metade pendurada por um poste de metal ao lado da cama hospitalar. Tudo ficou ainda mais confuso. Virou o rosto para o lado oposto, deparando-se com Hoseok dormindo numa poltrona que havia ali. A mente começou a imaginar coisas terríveis. O que fazia ali? O que havia acontecido? Onde estava Minhyuk? Não que Hoseok não pudesse estar ali, mas isso não era normal.

Levou a mão a cabeça, forçando-se a rever suas lembranças. Recordava-se apenas da praia, de Minhyuk e depois Kihyun... o cenário do incidente começou a tomar forma em sua mente. Perguntava-se onde Kihyun estaria e o arrependimento se apoderou de si no instante seguinte, fazendo-o sentir-se mal por ter dado aquele tapa no rosto do Yoo.

- Você acordou. – Hyungwon sobressaltou-se ao ouvir a voz de Hoseok ao seu lado. – Desculpe o susto. Bom dia. – acariciou o rosto do Chae com cuidado singelo. – Como se sente?

- Bem. – sorriu para o ômega mais velho. Gostava do cuidado que o Shin tinha para com todos. – O que estou fazendo aqui? Aconteceu algo? Eu só lembro do Kihyun fazendo aquilo comigo e depois eu saí da água. O que aconteceu depois disso, hyung? – estreitou os olhos, incomodado por não conseguir relembrar muita coisa.

- Calma, eu vou explicar. Depois, vamos ter uma conversa séria, Hyungwon. – sentou-se na beira da cama e segurou a mão do menor. Antes de começar a falar, olhou o relógio de parede, vendo que eram sete da manhã. Teria tempo suficiente. – Quando saiu da água, você desmaiou. Todos ficaram preocupados. Acredite, aqueles dois devem estar se martirizando até agora. – viu o rosto dele se contorcer em uma careta.

- Quanto tempo eu dormi, hyung? – perguntou, ficando afobado de súbito ao lembrar do remédio. – Eu tenho que tomar remédio. – remexeu-se no leito e não compreendeu porque Hoseok balançou a cabeça em negação.

- Não, você não precisa. – respondeu, não se importando por soar ríspido. – Eu não quero te ver nunca mais desse jeito. Teu cio já acabou e essa mentira também. A gente se conhece há pouco tempo, mas eu sinto uma ligação entre nós dois, Hyungwon. Então, por favor, me diga. – apertou a mão dele como se o impedisse escapar de si naquele instante, embora soubesse que o castanho não estava em condições para tal coisa. – Por que fez isso? Por que estava tomando aquilo? E mais importante, por que nos escondeu isso? Nem pro Minhyuk, que é seu melhor amigo, você contou. Quem te deu aquilo? – falou tudo de uma vez.

 O tom preocupado atingindo Hyungwon como um soco no estomago.

- Eu... – não sabia se poderia confiar nele, mas precisava para o seu próprio bem, sabia disso. – Me desculpe, hyung. – pediu, já sentindo um nó se formar na garganta. Em sua mente, repetia um mantra.

Não me desaponte. Por favor, não me desaponte.

- Meu appa me deu os remédios quando eu tinha quinze anos, no meu primeiro heat. – começou a explicar. – Ele disse que isso é errado, e que... – suspirou antes de continuar. – Que não queria mais nenhum bastardo, eu já sou o suficiente para ele. – Hoseok estava pasmo ouvindo o relato, mas não atrapalharia, deixaria o mais novo desabafar. – Sempre fui um peso morto pra ele. Ele vive dizendo que eu fui um erro, o maior pecado que ele já cometeu. Hyung, é errado eu não conseguir e nem querer acreditar no deus que ele idolatra? – olhou nos olhos do loiro, esperando a resposta.

- Claro que não, Hyungie. – sorriu, tentando não demonstrar nada, enquanto sentia o coração apertar. Céus, Hyungwon era tão parecido consigo.

- Minha omma está deitada agora. Ela teve depressão profunda e, agora, está definhando naquela maldita cama. Ela me amava, mas ela já não tem forças e nem vontade pra sair disso, e eu espero que o sofrimento dela acabe logo. – sorriu ao relembrar-se do sorriso de sua mãe anos antes de vê-la em estado vegetativo. – Ele sempre foi assim, entende? Religioso, sempre ligou pra opinião dos outros. Isso me irrita, mas... quem sou eu pra falar algo? Ah, sim, sou seu pior pecado. Ele não gosta do Min, vive dizendo que ele não presta e que não é alguém digno do que possui. – só então notou as lágrimas rolando pela face. O choro estava controlado, mas ainda assim era preciso parar e respirar. – Nós temos um quarto especial em casa, sabia, hyung? É pra eu ficar lá, pensando nos meus erros. Eu não gosto de lá, hyung. É escuro e frio, eu sinto medo. – sentiu Hoseok lhe abraçando, mas não vacilaria agora, iria até o fim. O mais velho iria enfim saber o que se passava consigo. – Eu já tentei contar a ele o que passo e já passei na escola, mas ele diz que mereço por ser ômega. Ele sempre quis um alfa, afinal. – o Shin sentiu sua camisa ficar molhada conforme o tempo passava, mas não ligava para esse detalhe insignificante. – Eu sou estranho. Nem alfa e nem ômega, muito menos beta: não me encaixo em lugar algum. Daí... Minhyuk apareceu como um anjo. Ele me salvou, sabia? – sorriu e descolou o rosto do peito do outro, afastando-se apenas o suficiente para encará-lo. Surpreendeu-se ao fazer isso, não esperava que o loiro também estivesse chorando. – O que houve, hyung? – o questionou, enxugando o rosto de Wonho, o “quê” de preocupação adornando suas palavras.

- Você... – abraçou o Chae novamente. Não tinha como explicar o que sentia; tinha medo pelo mais novo, ele era frágil e não como a si, que pelo menos conseguia esconder tudo de trás de uma máscara. – Eu vou te contar algo, Hyungwon. Mas, antes, eu vou cuidar de você, de todos vocês, porque vocês são meus amigos, são minha família e são tudo que eu tenho. – e então, começou a narrar todos acontecimentos de sua vida, desde quando morava com Jooheon no orfanato até os dias atuais, para o mais novo, que chorou ao ouvir o quanto o loiro sofria. Hyungwon se sentiu um ingrato pois Hoseok suportava coisas que tremia de medo só de pensar.

Os ponteiros do relógio de parede marcavam pouco mais das nove, e os dois ainda conversavam sobre suas vidas. Não havia mais choro agora, eles riam ao se lembrar dos amigos e tentaram pensar em coisas para o futuro, coisa que nenhum deles havia feito antes. Hoseok contou também sobre Shownu e não pode deixar de sorrir quando Hyungwon finalmente assumiu que gostava de Kihyun, mas tinha medo de dizer porque ele também gostava de seu amigo Minhyuk, e isso seria mal visto pela sociedade. Eles contrastavam tanto em suas personalidades e, ao mesmo tempo, eram tão parecidos, verdadeiros espelhos um do outro. Esse meio tempo foi responsável por uma grande aproximação entre eles, e, embora houvesse tido todos aqueles transtornos, ambos agradeceram por isso.

- Bom dia. Vejo que já estão acordados. – o médico adentrou no quarto, tirando-os de sua pequena bolha. Ofereceu um belo sorriso ao loiro, que abaixou a cabeça envergonhado e se levantou de onde estava, dando-lhe espaço para que trabalhasse.

- Como se sente? – perguntou ao ômega no leito, anotando algo no prontuário do mesmo e caminhando para o outro lado da cama para retirar a agulha do braço dele.

- Bem. – respondeu, simplista.

- Ok, senhor Chae, você será liberado daqui a pouco. Mas volto a dizer que pare de usar aqueles remédios ou o senhor não poderá ter filhotes ou coisa pior. – orientou, vendo o castanho arregalar os olhos um pouco assustado com a notícia como esperava.

O jovem interno olhou de rabo de olho para Wonho sentado na poltrona, tal atitude que não passou despercebida pelo mais novo ali presente, que sorriu discretamente.

- Entendi. – disse para disfarçar sua reação. Pôs as pernas para fora da cama, já com intuito de ir se arrumar, mas permaneceu na mesma posição, observando curioso o que aconteceria a seguir.

- Senhor...? – o de jaleco se virou para falar com Hoseok.

- Sem essa. Meu nome é Hoseok. – disse em meio a uma risada.

- Ok. Hoseok. – manteve o olhar fixo no dele, analisando os traços do loiro e notando o quanto este era realmente lindo. – Venha cuidar dos papeis dele, e já poderão sair do hospital. – deu uma piscada para ômega.

Wonho se amaldiçoou por sua natureza ômega ter agido justamente agora, deixando-o nitidamente envergonhado com o simples olhar daquele rapaz sobre si.

- Não precisa ir, eu vou. – uma outra voz soou no recinto, atraindo a atenção dos ômegas e do interno.

Encostado no batente da porta, Hyunwoo estava com os braços cruzados em frente ao corpo, encarando-os de forma neutra, embora, por dentro, sentia-se incomodado com “a falta de profissionalismo” daquele médico que claramente havia ultrapassado a tênue linha de relacionamento com seus pacientes ao falar com o Shin.

- Heon não pode vir se é isso que tá se perguntando, ômega. Fique com o Hyungwon, duvido que queira sair de perto dele tão cedo – e assim se retirou, não dando tempo para questionamentos.

Hyungwon olhou para o Shin, que estava tão pasmo quanto ele, e ambos encaram o beta, que tinha confusão estampada em seu olhar.

- Desculpe pela falta de educação dele. – Hoseok se levantou e fez uma reverência ao futuro médico.

- Tudo bem. Espero que possamos nos ver novamente algum dia, Hoseok. – sorriu galanteador e pegou a mão do Shin, deixando um beijo na palma sem desviar o olhar do dele. Aquilo fez o ômega corar e se encolher de vergonha, o que era raríssimo. – Senhor Chae, espero vê-lo com seus filhotes e muito bem de saúde. – reverenciou o castanho, que não saiu da cama durante todo aquele tempo e apenas acenou com a cabeça, sorrindo para o interno que o tratou tão bem após isso.

Bastou o de jaleco retirar-se do quarto para que Hyungwon estourasse numa risada alta e descontrolada, achando graça do mais velho.

- Aish, não ria. – o Shin pediu emburrado enquanto se aproximava do Chae, que chorava de rir, e entregava as roupas dele, apontando a porta do banheiro em seguida.

O menor levantou-se do leito hospitalar e caminhou em direção a porta antes indicada, tentando controlar o riso. Wonho voltou a sentar, esperando-o, e começou a divagar quando descansou a cabeça no estofado. Se sentia bem, se sentia de certa forma... desejado? Talvez essa não fosse a palavra correta, porém ele de fato se sentia melhor. Podia sentir que o Chae estava melhor também comparado aos dias anteriores, a cor já estava começando a retornar para o rosto dele, e o menor parecia feliz e a vontade consigo. Sorriu pequeno e aguardou o mais novo sair do banheiro para irem atrás do Son e poderem voltar pra casa.

(...)

Changkyun, Jooheon, Kihyun e Minhyuk se encontravam na sala de estar, vendo algum programa de variedade qualquer que passava na televisão. Fazia algum tempo que Shownu havia saído de casa para ir buscar os amigos no hospital, então estavam a esperá-los ali. O alfa mais novo e o ômega mais novo dialogavam entre si sem parar, num papo que pertencia somente a eles, ambos sentindo o olhar torto do rosado sobre si e não se importando com tal fato. Internamente, os dois davam graças ao platinado por conseguir manter o alfa distraído o suficiente para este não ter um ataque de ciúmes e mandar o alfa Lee se afastar do menor. Eles também notaram o quanto os mais velhos aparentavam estar ainda mais próximos que antes, porém nada disseram, deixando-os sossegados para aproveitarem o tempo juntos como também estavam fazendo.

Todas as atenções se voltaram para o pequeno corredor da entrada, donde veio o som da porta da frente sendo aberta. De lá, surgiu Hyunwoo com uma sacola, que continha as roupas que Jooheon levou no dia anterior, em uma de suas mãos. Estava com cara de poucos amigos, e tão rápido ele apareceu, saiu dali. Não muito tempo após ele, apareceram Hoseok e Hyungwon. O Shin estava com uma das mãos nas costas do Chae, como se guiasse por um local desconhecido ou apenas para servir de apoio ao mais alto. Kihyun e Minhyuk sorriram de imediato ao finalmente vê-lo após um longo dia de espera, e, como se fosse planejado, o castanho olhou em direção a sala, focando nos rostos sorridentes do platinado e do rosado.

A conversa que teve com o ômega mais velho brotou na cabeça de Hyungwon ao perceber o quanto aqueles dois pareciam estar felizes e até mesmo aliviados por estar de volta. Seu coração disparou com o olhar terno de ambos dirigidos a si, e camuflou o rosto antes que as bochechas coradas ficassem evidentes, mas a sombra de um sorriso ficou perceptível em seus lábios.

- Wonnie hyung! – ele só teve tempo de erguer a cabeça e cambalear alguns passos para trás quando sentiu os braços de Changkyun ao redor de seus ombros. Se não fosse por Wonho tê-lo segurado, teria ido de encontro ao chão com impacto do corpo do menor contra o seu. – Que bom que voltou!

- A-ah, obrigado, Kyun. – sorriu fraco, retribuindo o abraço. Não esperava por uma recepção tão calorosa como essa.

- Você quase o derrubou, Kkukkung. – a voz de Wonho era calma, porém notava-se uma pontinha de bronca no tom utilizado. – Ele ainda está fraco, não pode chegar se jogando nele.

- Deixa de ser chato, Seok hyung. – o Yoo franziu o nariz e mostrou a língua ao mais velho para então voltar a apertar o Chae em seus braços. – Eu tava com saudade dele, me deixa.

Hyungwon estava encabulado com toda aquela demonstração de carinho. Changkyun sempre foi bastante franco quanto demonstrar com quem tinha afeição, admirava isso no menor e até mesmo invejava essa facilidade dele de falar sem ressentimento algum o que sente a respeito de alguém. Apenas um ano mais novo que si e, mesmo assim, tão sincero e sem ter o receio como obstáculo; ele só queria um pouco dessa segurança para expressar o que sente em relação aos seus amigos, em especial Kihyun e Minhyuk.

- Não acredito que me trocou por ele, Yoo Changkyun. Bom saber que não sentiu minha falta. – o pequeno riu com o falso drama de Hoseok e soltou Hyungwon.

- Sabe que eu te amo, hyung. – Changkyun estalou um beijo na bochecha do Shin.

- Hm, acho bom mesmo. – retribuiu o beijo, deixando um selar na testa do menor. – Honey, tudo certo pra viagem?

- Sim. – o alfa Lee se aproximou deles e descansou o braço sobre os ombros de Changkyun, que pareceu gostar de sua ação. – Estão dando uma última olhada no jatinho pra ver se tá faltando alguma coisa nele. Vamos embarcar depois do almoço.

- Vamos voltar pra Nova Seul hoje? – Hyungwon questionou, olhando confuso para Hoseok.

- É, vamos. – apertou o ombro do mais novo. – Vou levar o Hyungwon pro quarto dele. Não inventem de fazer barulho, ele ainda precisa de repouso. – dirigiu-se aos demais, lançando um olhar repreensivo.

- Mas, hyung... – o castanho olhou para Kihyun e Minhyuk, que permaneciam no mesmo lugar, pela visão periférica.

- Depois, Hyungie. – o loiro virou de frente para ele e o segurou pelos ombros, murmurando para só ele ouvir. – Eu sei que quer falar com eles, mas você ainda não está totalmente bem. Descanse até a hora do almoço, sim?

- Ok. – concordou a contragosto, espiando pelo canto dos olhos uma última vez antes de Hoseok o guiar rumo as escadas.

O caminho para o segundo andar se resumiu ao ruído dos passos dos ômegas nos degraus e, posteriormente, no piso. Nenhum dos dois ousava dizer nada, por mais que o silêncio soasse verdadeiramente incômodo no momento. Wonho sabia o quanto Hyungwon realmente desejava ir falar com os dois, embora estivesse nervoso, mas também sabia que isso seria um pouco estressante a ele já que não conseguiria lidar com o tipo de conversa onde todos se culpam. Deixaria que Kihyun e Minhyuk pedissem desculpas mais tarde, o mais importante agora era a saúde do Chae.

- Hyung. – chamou o Shin, que estava a ajeitar os travesseiros na cabeceira da cama.

- Sim? – respondeu sem parar o que fazia.

- Por que... – umedeceu os lábios. – Por que o Min e o Kihyun não foram me ver?

O Shin se esforçou para não sorrir quando escutou o “quê” de chateação na pergunta do mais novo.

- Pronto, se encoste aqui. – ditou, vendo o Chae se recostar nas almofadas, e puxou o lençol mais fino para cobrir as pernas do outro. Em seguida, sentou-se na beira da cama, ao lado dele. – Eles foram, mas querer não é poder.

- O que quer dizer com isso?

- Eu proibi a entrada deles no quarto. – revelou, ganhando um olhar assustado por parte do outro.

- Mas-

- Era o certo a se fazer. – o cortou, e o mais novo engoliu em seco por estar sendo tão sério. – Os dois estavam muito nervosos e toda aquela situação não iria fazer bem nem pra eles nem pra você. – viu Hyungwon abaixar a cabeça. Sabia que, no fundo, ele entendia seu ponto. – Bom, eu vou ver se tem alguma coisa pra ajudar. – esticou a mão e pegou tanto o livro quanto o celular do castanho que estavam sobre a cômoda. – Você ficou apagado quase um dia inteiro, duvido que queria dormir agora. – entregou os objetos a ele. – Só descanse, ok? – pediu enquanto se levantava.

- Tá, hyung. – concordou de uma vez, não indo contra a vontade do mais velho.

Wonho depositou um beijo no topo da cabeça de Hyungwon ao se despedir e caminhou em direção a porta. Antes de sair, olhou por cima do ombro direito, vendo que o Chae estava folheando o livro sobre seu colo, procurando a página que havia parado de ler. Sorriu pequeno por vê-lo seguro novamente e girou a maçaneta, abrindo a porta para se retirar do cômodo.

- Por que não estou surpreso? – o Shin disse ao fechar a porta atrás de si.

- Porque isso era previsível demais? – o mais novo deixou soar como uma pergunta.

- De fato, era. – cruzou os braços em frente peito, escorando-se na porta como se fosse um segurança. – Esperava encontrar Minhyuk quando saísse do quarto e não você, Ki.

- Ele vinha, mas pedi pra vir primeiro. – Kihyun deu ombros.

- Entendo. – disse sem comoção alguma. – O que faz aqui? Sabe que Hyungwon precisa de sossego agora e que não o perturbem.

- Trouxe comida pra ele. – só então Hoseok notou a bandeja com um sanduíche, um copo de suco e algumas frutas que Kihyun tinha em mãos. – Eu fiz alguns sanduíches antes de vocês chegarem do hospital e não sabia se já tinha comido ou não, então vim trazer um pouco pra ele. Sinto que exagerei um pouco, tanto que sobraram alguns. Se quiser, estão na-

- Não se faça de sonso, Yoo Kihyun. – estreitou os olhos, interrompendo aquele papinho de bom moço. – Você entendeu muito bem o que quis dizer.

- Então por que pergunta se sabe exatamente o que vim fazer aqui? – o alfa arqueou a sobrancelha, de modo desafiador.

- Não me provoque, Ki. Minha paciência é pequena demais pra ser testada. – respirou fundo a fim de não perder a compostura. – Eu deixei bem claro que ele precisa repousar.

- Sei que sim. – suspirou. – Mas não foi com ele que vim falar primeiro.

- Ah, não? – um quê de surpresa escapou em seu tom. – O que quer, então?

- Me desculpar do jeito certo com você. – revelou, cansando de tanta enrolação. – Eu sei o tamanho da confusão que eu causei, Seok. Assim como sei que isso atingiu não só a mim, o Hyunginie e o Min, como também te atingiu. Por ser o mais velho, você age como uma omma. – sorriu fraco. – Sei que ficou furioso com tudo que aconteceu, ainda mais por eu não ter te deixado ajudar quando o Hyunginie desmaiou. Eu tava em pânico, desculpa, mas você disso, não é? – abaixou a cabeça.

É claro que sei, idiota. Não fale como se eu não estivesse lá.

- Eu sei que não sou digno de pena nem nada, – o loiro voltou a ouvir o discurso de autocondenação. – que estou todo errado nisso, que te decepcionei como amigo, mas estou sendo sincero em te pedir desculpas.

- Chega, Ki. – soltou um suspiro alto, pendendo a cabeça para trás. – Eu não aguento te ouvir falando desse jeito. Já passou, ok? Eu me irritei e com razão, mas vejo que não tinha intenção alguma de causar todo aquele desastre. Ainda tô com vontade de dar na tua cara por não ter me deixado ajudar a socorrer o Hyungwon quando ele desmaiou, mas teus instintos te mandaram proteger teu ômega de qualquer ameaça, não foi? – falou, pensativo. – Pelo menos, o tapa que o Hyungwon te deu te deixou com a bochecha inchada. Me contento com isso.

- É, foi um tapa bem dado. – movimentou a cabeça, concordando. – Me desculpe, Seok.

- O que eu faço com você? – o abraçou da melhor maneira que pode, tentando não derrubar nada que o outro vinha trazendo na bandeja. – Já disse que já passou. Agora – afastou-se dele, segurando-o pelos ombros. – diga isso pra quem realmente merece um pedido de desculpas. – esticou o braço e girou a maçaneta, deixando-a entreaberta. – Vá falar com ele. – deu uma tapinha no ombro dele, como forma de encorajamento, e retirou-se dali com um meio sorriso no rosto.

Sorrateiro, Kihyun adentrou o quarto, equilibrando a bandeja em uma das mãos para poder abrir e fechar a porta. O castanho estava tão concentrado na leitura que nem percebeu sua “invasão”. Caminhou em direção ao criado mudo, depositou o que carregava ali, e sentou na beira do colchão. Foi então que o olhar de Hyungwon se ergueu e focou em seu rosto. Uma risada baixa escapuliu da boca do alfa que achou por demais adorável o sobressalto do ômega desatento. A palidez ainda não havia abandonado as feições bonitas do Chae, observar aquilo deixou o coração de Kihyun apertado e seu lobo agitado.

O Yoo saiu desse estado de contemplação quando o rubor brotou nas bochechas do outro. O sorriso foi inevitável. É claro que Hyungwon estava envergonhado, estava o encarando intensamente no final das contas, mas o fato de ele ainda não ter quebrado o contato visual era revigorante, fazia parecer que queria sustentar aquela troca de olhar tanto quanto ele. Nem mesmo o silêncio não parecia importar naquele instante; embora soubesse que precisava pedir desculpas, tinha quase certeza que nem Hyungwon e nem ele queriam acabar com o momento.

- Eu não sei quando foi a última vez que comeu, – meio incerto, mas sem desviar o olhar, começou a falar. – então te trouxe um lanche. – fez um rápido movimento com o queixo, indicando o móvel próximo ao leito.

- Não estou com fome. – fechou o livro e o deixou ao seu lado, colocando as mãos sobre o colo. Kihyun quase pediu para que Hyungwon voltasse a lhe encarar quando este abaixou a cabeça, mas se segurou.

- Tudo bem, não precisa comer agora. – levantou a mão, hesitante, e a pousou na cabeça dele, afagando os fios castanhos num carinho lento. – Mas coma, sim? Ainda está se recuperando.

- Ok. – disse incerto, voltando a encará-lo quando o afago cessou. Deveria haver uma enorme interrogação em seu rosto pois o sorriso do Yoo só aumentava. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, a mão dele se pôs sobre a sua, acariciando sua pele com o polegar. – Eu vou comer. – soou mais firme dessa vez.

- Como está se sentindo? – analisou o rosto do outro, procurando por sinais de mal estar ou algo parecido.

- Bem. – declarou simplista. Não havia muito a dizer, provavelmente Hoseok já tinha o deixado por dentro de tudo.

- Você continua um pouco pálido. – sua mão se moveu sozinha e, quando Kihyun notou, se encaixou na bochecha direita do castanho.

Hyungwon não sabia o que dizer. As palavras carregadas de tamanha preocupação deixaram sua mente totalmente em branco, colocando-o num estado de torpor com um simples contato. Deveria estar mais corado do que antes com essa ação repentina, mas não ligava, o fato do alfa não estar se privando de tocá-lo o deixava feliz de uma tal forma que nem sabia explicar. Mesmo não demonstrando nada além de choque em seu semblante, esperava que o mais velho percebesse que havia gostado disso.

- Eu não devia ter feito aquilo, eu devia ter te escutado. – o Chae sentiu um pequeno vazio ao ver o rosado retirar a mão de sua face. Queria tanto colocá-la entre as suas, porém lhe faltava coragem para fazer isso. – Me desculpe, Hyunginie. Eu sei que parece idiota dizer isso, mas realmente não foi minha intenção causar todo aquele tumulto. Você disse que não sabia nadar, mas, mesmo assim, eu fiz aquilo contigo. Céus, você demorou pra voltar pra superfície... eu podia ter te matado afogado. – o ômega arregalou os olhos junto com o alfa ao ouvir essa suposição um tanto exagerada. – Pelos deuses, o que eu tinha na cabeça? Me desculpa, Hyunginie, me desculpa. – apesar de todo o desespero que as palavras soavam, a fala vinha numa estranha calma. – Você deve me achar um babaca agora.

- Eu não acho! – Hyungwon se assustou por quão afobado pareceu dizendo aquilo.

- Não acha? – o brilho nos orbes de Kihyun estava mínimo, e o Chae não gostou nada notar isso.

- N-não acho. – mordeu o lábio inferior, amaldiçoando-se por ter gaguejado justo agora.

- Eu nem devia estar dizendo isso, pareço muito egoísta, não é? – o alfa riu de si mesmo. – Eu só... me desculpe. – desviou o olhar, constrangido.

- Deuses. – exclamou, cobrindo a boca e atraindo atenção do outro. – O teu rosto, ele...

- É, tá um pouco inchado. – sorriu fraco. – Tem uma mão bem pesada, Hyunginie.

- Eu não devia ter feito aquilo, me desculpa. – ele esqueceu toda a vergonha que tinha no momento e segurou o rosto dele com ambas as mãos, virando o lado machucado em sua direção. – Eu não sabia que tinha batido forte. Me desculpa, hyung.

- Não, tudo bem. – o encarou de esguelha. – Eu tava merecendo mesmo.

Hyungwon abriu a boca para contestar, mas não conseguiu falar, não com ele tirando suas mãos do rosto dele e as segurando com extremo carinho. Ele parecia realmente satisfeito por ter experimentado contato físico por si só e ainda mais por ter demonstrado preocupação para com ele. Sentiu-se corar de novo, dessa vez em decorrência de sua atitude anterior impulsiva.

- Eu sei que esse foi o pior pedido de desculpas do mundo, mas realmente estou arrependido. – o coração do Chae foi parar na garganta quando as costas de suas mãos foram beijadas brevemente. – Não precisa me perdoar agora, leve o tempo que precisar. – levantou-se, todos seus movimentos sendo seguidos pelos olhos do outro. – Vou chamar o Min pra te fazer companhia. Preciso ver se ainda tem alguma coisa pra arrumar antes da viagem. – deixou um selar demorado no topo da cabeça dele. – Até depois, Hyunginie.

O castanho sem dizer palavra alguma observou o mais velho se retirar do quarto. Uma vez sozinho, pressionou as palmas contra as bochechas, sentindo o quão quente sua face estava. Seu coração não havia se recuperado ainda de todos aqueles toques do alfa, continuava disparado dentro do peito, martelando rudemente em suas costelas. Todo aquele cuidado, ah... o ômega não queria que o outro fosse embora, contudo a barreira invisível ainda o impedindo de tomar alguma atitude.

Direcionou seu olhar para a cômoda, analisando o que Kihyun havia trazido. Estava tudo tão organizado na bandeja que parecia que ele havia se esforçado bastante para lhe impressionar. Riu do pensamento bobo, era claro que apenas coisa da sua cabeça. Esticou as mãos em direção ao móvel, pegando o copo de suco e um dos sanduíches. Bebericou o líquido de pouco em pouco até esvaziar o copo, devolvendo-o para o local anterior, e provou o sanduíche. Um sorriso fraco surgiu em seus lábios, e tornou a dar outra mordida, dessa vez maior. Mesmo sendo um simples lanche, o gosto era delicioso, característico de qualquer coisa que o Yoo preparasse estava ali.

O ruído de passos apressados se aproximando do quarto o fez voltar sua atenção em direção a entrada. A porta abriu num movimento brusco, fazendo um barulho alto por bater na parede, revelando um Minhyuk ofegante que tentava estabilizar a respiração apoiado no batente. Ele levou um tempo para recuperar o folego e aproximou-se de si, andando apressado. As mãos dele tocaram seu rosto, e os olhos dele brilharam ao se encontrar com os seus.

- Min... – chamou baixinho, sendo pego desprevenido por um abraço forte. Tentou corresponder o abraço, mas o aperto ao redor de si era tão forte que sequer conseguia mover os braços. Seus pelos se eriçaram com respiração contra sua pele.

- Me desculpa, Hyunginie. Me desculpa. – o tom embargado veio abafado por conta da posição que se encontrava. – Não culpe o Kihyun, a culpa foi minha. Fui que queria te trazer pra água, fui eu que provoquei ele dizendo que não ia te convencer. Eu sou um péssimo amigo.

- Não diga isso, você é um ótimo amigo. – alguma coisa começou a escorrer por seu pescoço, e logo ouviu um soluço baixo. – Você tá chorando, Min?

- É claro que sim, idiota! – o segurou pelos ombros, revelando a ele sua face úmida pelas lágrimas saindo sem autorização. – Você me assustou! Por que não me contou que tomava aquilo? Você podia ter morrido tomando essa merda que aquele monstro te deu! – seu tom, um misto de raiva e frustação, beirou a um grito. – Eu achei que fosse te perder, Hyunginie! Sabe o quanto me doeu? Só a ideia de não ter mais aqui comigo... me dói, dói muito. – fungou e esfregou o rosto, na tentativa vã de secá-lo. – Nunca mais me assuste desse jeito. Me prometa que não vai me esconder mais nada, prometa! – falou um tanto sufocado com os soluços.

- Min, se acal-

- Me promete! – o segurou pela camisa. Não ligava para o quão ridículo estava parecendo agora por estar chorando como uma criança desemparada.

- Eu não vou te esconder mais nada, prometo. – enxugou as lágrimas do outro com ambas as mãos. – Eu prometo.

- Me desculpa, Hyunginie... – e voltou a abraçá-lo, dessa vez não tão forte. – Me desculpa... – descansou a testa contra a dele, tentando controlar os soluços. – Me desculpa por ser um péssimo amigo, por não ter cuidado de ti, por ter te feito mal, me desculpa...

- Você é um ótimo amigo. – repetiu, suas palavras firmes. Acariciou o rosto do Lee e roçou de leve seus lábios. – Tá tudo bem agora, Min.

- Hyungie... – apertou mais o enlaço, com medo de ser apenas um sonho.

- Eu tô aqui. – ele colou suas bocas num breve selinho. – Eu tô aqui.

Alguns minutos se passaram até que Minhyuk de fato se acalmasse. Quando se recompôs, voltou a ser o platinado alegre e tagarela de sempre. Hyungwon sentia falta da hiperatividade do mais velho e vê-la novamente o fez sorrir. Infelizmente, o sanduíche que estava a comer antes foi complemente desfeito e suas partes estavam todas caídas no lençol graças a toda a afobação do Lee ao agarrá-lo. O ômega lhe pediu mil desculpas por isso, mas simplesmente deu de ombros, pegando outro sanduíche da bandeja enquanto o outro limpava a sujeira que fez.

Os dois estavam disfrutando bem seu momento a sós, como se nada houvesse acontecido. Era como voltar no tempo num dia qualquer em que o Chae estava no quarto de Minhyuk, sentado com ele na cama, conversando sobre as mais diversas coisas. A única coisa que se diferenciava entre passado e presente eram as mãos dadas com os dedos entrelaçados e os sentimentos evidentes, porém ainda não declarados, que nutriam um pelo outro.

Passava de meio dia e meia quando Hoseok apareceu no quarto para chamá-los para almoçar. Os dois seguiram o loiro e logo se juntaram a mesa com os demais já degustando a comida. Pequenos papos surgiram, mas todos estavam ocupados demais mastigando para poder mantê-los. O restante do almoço prosseguiu calmo, sem nada para estragar aquele clima agradável.

Os táxis chegaram vinte minutos após Jooheon ter ligado. O alfa Lee falou para irem entrando nos veículos enquanto verificava os cômodos da casa pela última vez. Não demorou tanto fazendo isso, até porque o Shin não parava de chamá-lo. Trancou a porta da frente e se juntou ao irmão e ao alfa Son, os carros finalmente dando partida e rumando o local de voo.

A aeronave decolou de acordo com horário, alguns minutos após todos estarem a bordo. A viagem se sucedeu calma, o sono atingiu os sete, fazendo-os dormir direito, e, quando deram por si, estavam sendo acordados horas depois com o piloto avisando que iriam aterrissar. Enfim, por voltas das quatro e quarenta e cinto da tarde, as rodas do jatinho deslizaram no solo da pista de pouso, no aeroporto particular da família Lee, já em Nova Seul.

- Não precisam se preocupar com táxi, pedi para os motoristas virem nos buscar. – Jooheon falou quando já haviam desembarcado. – Eles devem chegar aqui a qualquer momento.

- Você não cansa de paparicar a gente, não? – Minhyuk brincou com o mais novo, sorrindo ladino.

- Claro. – o alfa Lee sorriu de volta para o ômega, divertindo-se com o comentário dele. – Tenho que ser um ótimo anfitrião do início ao fim. Meus convidados precisam estar satisfeitos. – arqueou as sobrancelhas.

- Honey. – Wonho se aproximou do irmão, meio acanhado pelo que ia pedir. – Eu posso... passar mais alguns dias na tua casa? – sussurrou a pergunta. Queria evitar seu inferno o quanto pudesse, nem que ficasse escondido na mansão dos Lee, pois sentia um grande pavor do que poderia acontecer ao chegar lá.

- Não precisa pedir, neném. Sabe que não incomoda. Aliás, a omma vai adorar te ter por lá. – o ex ruivo caminhou em direção a um dos três carros pretos, que estacionaram na entrada do aeroporto, e abriu a porta traseira de um deles, deixando que o motorista se encarregasse de guardar as malas no bagageiro. O Shin abraçou os amigos, despedindo-se rapidamente deles, e entrou no carro, atendendo ao pedido mudo do irmão. – Você vem também, Shownu? – questionou o alfa, que se manteve calado o tempo inteiro. O Son apenas meneou a cabeça, concordando, e disse um “Até logo” aos demais antes de sentar no banco da frente ao lado do motorista. – A gente se vê por aí. – antes de entrar no carro, deu um breve aceno e lançou uma piscadela para Changkyun, que sorriu sem graça. – Ah! – a cabeça de Jooheon varou pela janela. – Não esqueçam que a minha festa é nessa sexta que vem. – sorriu, voltando a se recostar no banco, e o carro deu partida.

- Vai pra casa comigo, Hyunginie? – o platinado fez seu melhor beicinho quando perguntou.

- Não posso, Min. – riu baixo do amigo que inflou as bochechas em clara birra. – Faz tempo que estou fora. Preciso ver como a omma e a Yoona noona estão, sabe disso.

- Tá. – falou, emburrado. – A gente pode sair amanhã? – o tom manhoso não abandonava as palavras do Lee por um segundo.

- Eu vou ver. – apertou a mão dele contra a sua.

- Aish, por que você nunca me dá uma resposta concentra? – bufou, fazendo os Yoo rirem da cena.

Os amigos ômegas abraçaram os irmãos Yoo ao se despedirem, o Chae acanhado por Changkyun ter o levantado do chão e por Kihyun ter deixado discretamente um beijo em sua têmpora. O Lee, como sempre, não ligava para suas ações, estalou um beijo demorado nas bochechas dos amigos e deu selinho no castanho antes de entrarem no carro.

- Hae appa e Won appa estão em casa? – o Yoo mais novo perguntou ao mais velho quando entraram no carro. Kihyun não parava de olhar o celular desde que sentaram-se no banco, provavelmente lendo alguma mensagem que seus pais haviam mandado.

- Não, eles estão no trabalho. – respondeu, bloqueando e guardando o smartphone no bolso.

- Mas hoje é domingo, hyung. – disse, emburrado, fazendo o outro rir.

- Eu também estou com saudades dos appas, mas sabe que eles podem ser chamados a qualquer hora. – afagou a cabeça do menor. – Mas, olha, – viu os olhos do pequeno brilharem em antecipação. – eles prometeram que chegam antes da dez. – sorriu, contagiado pelo sorriso do irmão. – O que acha de fazermos panquecas quando chegarmos em casa? – sugeriu.

- Você tá bem? – levou a mão a testa dele, checando a temperatura. – O Kihyun hyung que eu conheço iria dizer pra desfazermos as malas antes de qualquer coisa.

- Estou afim de cozinhar pra comer. – deu de ombros para mostrar que não era nada demais. – Então, o que me diz?

- Pode ser outra coisa sem ser panqueca? Tô com vontade de comer doce. – o alfa assentiu com um movimento de cabeça. – Ah! Podemos fazer s’mores, brownies, cupcakes, bolo sorvete... A GENTE PODE FAZER MACARONS?! – agarrou a camisa do mais velho por entusiasmo.

- Vamos fazer o que você quiser, Kyunnie. – disse entre risadas, vendo soltar alguns gritinhos excitados.

Suspirou baixo, sem tirar o sorriso do rosto, desviando o olhar para a janela do carro. Era tão bom ver seu dongsaeng naquele estado de espirito que não conseguiu dar a notícia naquele momento. Sabia que não era certo ficar adiando, mas Changkyun estava tão animado que seria injusto contar isso agora para ele. Deixaria para falar a respeito disso quando terminarem de fazer todas guloseimas que o ômega quisesse. Ficou a observar a paisagem em movimento, ouvindo o irmão citar nomes de doçuras ininterruptamente, enquanto a mensagem de Siwon não saía de sua cabeça.

Appa Siwon: Filhote, conseguimos marcar a consulta do Kyunnie.

Iremos levá-lo ao médico amanhã às nove horas.


Notas Finais


obs: amo quando os appas se referem a eles como filhotes é mó lindinho.
bjs no coração
aguentem o próximo cap que vem cheio de tiro, só avisando e talz e.e


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