História Blue Neighborhood - Little house on the hills

Apenas quando terminei de ler, que percebi que estava chorando. Muito. Eu parecia ter segurado minha respiração por todo o tempo que estive lendo. O que ele quer dizer com isso? O que ele quer dizer com não será mais o mesmo fim de semana? O que ele quer dizer com eu não deveria tê-lo conhecido… Ele me ama mesmo?
Me levantei rapidamente, pegando minhas coisas do chão, tentando controlar minhas lágrimas.
- Jimin? - chamou Tae, em tom preocupado.
- Oi - falei, limpando o rosto com as costas de minha mão livre.
- O que foi? - perguntou, se aproximando.
- Nada, nada - falei, sem olhá-lo.
- Jura? Todo esse choro não parece ser nada - falou ele.
Eu suspirei.
- Vem comigo, então - pediu ele, estendendo uma mão.
Olhei para sua mão, depois em seus olhos. Tae estava bastante sério. Sorri fraco, e segurei sua mão. Ele pareceu um tanto surpreso, mas sorriu, abaixando a cabeça. Começou a andar, e eu o segui, ainda de mãos dadas.

Entramos na cafeteria, e Tae deixou nossas mochilas em cima de uma das mesas, pedindo para eu me sentar que ele já voltava. Eu assenti, fazendo o que ele pediu. Era um lugar agradável, gostava de vir aqui, para pensar… Sozinho. Será que esse dia poderia piorar um pouco? Talvez, nunca se sabe.
Peguei a carta de Jungkook novamente, relendo-a.
“Amanhã o pôr-do-sol será bastante triste… E o mar não será mais tão belo como é todas as vezes que vamos vê-lo… Esse fim de semana não será o mesmo. Nenhum deles é o mesmo… E eu acho que não aguento mais isso.
Eu realmente desejo que você tenha tudo de melhor em sua vida, Jiminie.”
O que ele quis dizer com isso? Ele realmente estava simplesmente saindo de minha vida? Tirando todas esperanças, finalmente? Teria decidido que não me quer mais e que vai ficar com Laurie? Mas então, por que ficou dizendo que me ama? Ah, merda, Jungkook! Merda mesmo…
- O que é isso? - perguntou Tae, se sentando na cadeira de frente para mim.
- Não é nada - falei, largando a carta de lado.
- Deixa eu ver - pediu ele.
- Não vai ver - falei.
- É por causa disso que está chorando? - perguntou ele.
Eu não o olhei. Mas senti que meus olhos estavam marejados, novamente. Ouvi Tae suspirando.
- Eu não gosto de vê-lo assim… - falou ele.
- Tae, me desculpe… Mas você tem razão. O meu coração realmente pertence à ele. Pertence tanto, que eu não sei mais o que fazer… Eu só sinto dor, aqui, só isso… É tanta que fica difícil respirar, difícil comer… E essa carta - falei pegando o papel e jogando no meio da mesa - é uma carta de despedida. Uma carta que ele está tirando todas as minhas esperanças de que poderei ficar com ele… - quando falei isso, me dei conta de algo.
Jungkook escreveu que não aguenta mais… Antes, dizendo que não tem nada e nem ninguém… Se ele não tem ninguém, quer dizer que não tem nem a Laurie? E se ele não aguenta mais… Estaria ele dizendo que quer fazer algo com sua vida? Estaria ele querendo…
- Tae… Jungkook vai se matar - falei baixo, encarando o papel amassado no meio da mesa.
- O que? - perguntou ele, sem entender.
- Ele vai… - senti as lágrimas começarem a escorrer ferozmente por meu rosto.
- Jimin? - perguntou Tae.
Eu olhei para Tae, que me encarava sem entender. Meu coração acelerou de uma forma dolorosa. Me levantei pegando a carta, mas largando tudo que tinha levado para trás. Inclusive, ignorando Taehyung, que me chamou.
Eu não escutava mais nada, e nem via nada além do caminho em minha frente.
Jungkook se mataria, eu tenho certeza disso. Ele não escreveria essas coisas apenas por escrever… Ele disse que não aguenta mais… E que não tem ninguém.
Ele tem à mim. Eu o amo tanto… Kookie, por favor.
- Por favor - murmurei, já correndo.
E eu sei exatamente onde que ele está.
Ele está no melhor lugar do mundo, ao pôr-do-sol. No lugar que eu e ele mais amamos ir… Juntos. Mas ele acha que está sozinho. Não faça nada, por favor… Me espere.
Corri desviando das pessoas que me olhavam estranho. As lágrimas me cegavam, e a dor que sentia em meu coração era grande demais. A ideia de perdê-lo para outro alguém, era extremamente dolorosa… Mas a ideia de nem ao menos vê-lo novamente, sendo comigo ou com outra pessoa… Contanto que seja feliz… Essa ideia me mata. Não posso permitir que isso aconteça.
Cheguei na praia, e comecei a olhar em volta, mas não o vi. Então, voltei a correr. Corri até chegar no morro que levava ao penhasco. Subi ele com dificuldade, pois minhas penas já não respondiam direito. Mas, quando cheguei ao final, o vi.
Jungkook estava parado, na beirada do penhasco, olhando para baixo. O sol estava já se pondo.
- Kookie! - gritei, tirando forças de um lugar dentro de mim desconhecido.
Ele nem se mexeu.
- Jungkook - gritei, nervoso.
Nesse momento, ele se virou lentamente, me olhando, com uma expressão vazia.
- O que merda é isso? - perguntei, tentando respirar normalmente, mostrando a carta.
Ele não me respondeu. Comecei a andar em sua direção, e quando estava em sua frente, segurei em seu braço, puxando-o para mim, de forma que ficamos um pouco mais afastados da beirada.
- Por que você fez isso? Está maluco? Eu achei que tinha te perdido pra sempre - falei, abraçando-o pela cintura - Como assim eu não deveria ter te conhecido? Você tem noção do quão importante você é pra mim? Do tanto que eu lutei para ter os momentos que tivemos juntos? Você acha que eu me importo com todas essas coisas idiotas? Eu amei ter uma infância com você sendo meu melhor amigo, com você cuidando de mim quando eu caia, quando eu tinha medo de brincar na água, você espantava os pequenos peixes pra eu poder entrar… De todos seus abraços... -  falei olhando-o, agarrando sua camiseta branca.
- Jimin… - falou ele baixo.
- Eu te amo Jungkook, fica comigo, por favor… - pedi, olhando em seus olhos.
Ele tocou em meus lábios com o dedo indicador, desenhando-os, me causando um arrepio bom, que eu não sentia a muito tempo. E no momento seguinte, o abracei pelo pescoço.
- Você é real - falou ele, baixo.
- O que… Claro que sou real, Kookie - falei, franzindo minha testa.
Ele esboçou um sorriso fofo, em seus lábios finos. Seus olhos estavam agora com algum brilho, diferente de quando cheguei. E isso me aliviou um pouco.
- Me desculpa - falou ele baixo, segurando meu rosto entre suas mãos grandes - eu te amo… Eu estou perdido Jiminie… Perdido… Você tinha saído de minha vida… Meu pai se foi, definitivamente, e apesar de todas as coisas que ele já me fez, eu o amo… E ele era a minha única família - ele parou de falar, encostando sua testa na minha, me causando uma sensação boa - eu não amo Laurie… Eu não me sinto acolhido com ela… Mas você Jiminie, você é meu mundo… Me perdoe por nunca ter falado isso pra você, me perdoe.
- Eu sempre estive disposto, Jungkook, a largar tudo por você… Mas com o decorrer dos dias, eu pensei que você nunca esteve e jamais estaria preparado para isso… E eu jamais pediria algo tão egoísta, porque seu pai me odiava, e eu nunca, nunca quis que ele brigasse com você por minha causa… Me desculpe por isso - falei baixo.
- Eu deveria tê-lo enfrentado…
- Não deveria - falei negando com a cabeça - eu acho que apesar de tudo, ele não queria seu mal.
Quando falei isso, ele começou a chorar.
- Eu te amo tanto, Jungkookie… Eu achei que te perderia pra sempre, não faça isso comigo - falei abraçando-o forte, e ele retribuiu meu abraço.
Jungkook começou a chorar. Chorar muito. Eu apenas continuei abraçado com ele.
- Eu não tenho pra onde ir… Eu não tenho ninguém… Não tenho família - falou ele baixo, entre os soluços.
- Você tem a mim! - falei, me afastando e segurando seu rosto entre minhas mãos pequenas - Sempre teve… Você é minha família, Jungkook…
Ele assentiu minimamente.
- Você pode morar comigo… - falei, olhando para baixo.
- O que… - perguntou ele.
- M-minha mãe não se importaria… Quer dizer, se você não tem onde morar… - falei sem jeito, sentindo meu rosto queimando de tanta vergonha.
Ele soltou um riso fraco. Eu o abracei novamente, enterrando meu rosto na curva de seu pescoço.
- Eu vou provar de alguma forma que te mereço… - falou ele.
- Apenas fique comigo - falei.
Ele me apertou mais contra si.
E dessa vez eu sei… É para sempre.