História Blue Neighborhood - Quiet nights...

Com doze anos
Jungkookie estava na beirada do mar, pegando algumas conchas que estavam ali. E eu estava cavando um buraco na areia. Ele me olhou, revirando seus olhos grande.
- Jimin, que bagunça - falou ele, vindo até mim.
- Bagunça? Kook, eu estou fazendo um castelo - falei, animado, com as mãos cheias de areia.
- Não é assim que se faz - falou ele, colocando as conchas no chão.
- Claro que é, para poder entrar dentro depois.
- Então, não é assim… Precisa de um balde, ao menos - ele cruzou os braços.
- Eu tenho um - falei, pegando o balde que eu estava sentado em cima - vou pegar água - me levantei correndo, indo em direção ao mar.
- Ei, cuidado que tem buracos nessa água - gritou ele.
Eu não dei muito ouvido ao que ele falou. A água bateu em meus pés, e eu continuei andando, até que elas chegassem em meus joelhos. Assim que fui colocar o balde na água, uma onda bateu em mim com um tanto de força, levando meu balde.
- Ah - gritei, desesperado, indo atrás.
- Jimin - ouvi a voz de Jungkook de longe.
Dei mais alguns passos, vendo o baldinho afundando. E, quando pisei para pegá-lo, apenas afundei.
Não conseguia encontrar algo sólido, não conseguia ver nada. Apenas comecei a me debater, como se fosse me ajudar. Até que senti o desespero tomando conta de meu corpo… E comecei a perceber que estava perdido… Mexi meus braço, tentando encontrar a superfície, sem sucesso. E o ar que estava em meus pulmões começou a sair por minha boca, e eu tentei ao máximo mantê-la fechada, para não engolir nada.
Mas, meu esforços não foram suficientes. Comecei a perder as forças, parando de me debater, e sentindo a água entrando em minha boca, salgando-a. Estava escuro e frio… E eu não conseguia fazer mais nada. Apenas me deixei.

Acordei tossindo, expelindo a água que estava em meu corpo. Comecei a respirar com força, sentindo minha garganta e meus pulmões arderem, muito.
- Jimin - falou a voz de Jungkook, e no momento seguinte, ele me abraçou.
- O que houve - falei, tentando entender o que estava havendo.
Eu estava deitado na areia, com Jungkook ajoelhado ao meu lado, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
- Você está louco? Eu falei para ter cuidado, merda - falou ele, indignado.
- Me desculpe - falei, respirando profundamente, tentando ignorar a dor.
- Não faça isso - pediu ele.
Ele me abraçou novamente.

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Minha mãe não sabe disso até hoje… Mas eu tive que implorar de joelhos para que Jungkook não contasse pra ela. Ela me mataria, definitivamente. Já basta a bronca que ele havia me dado. Comecei a rir disso. Como éramos bobos, e inocentes… Como tenho saudades.
Bom, eu não estou afim de ler agora o que ele quer dizer nessa carta. Amanhã fazem dez anos que eu e ele nos conhecemos… E talvez seja por isso que ele me mandou essa carta. Jungkook sempre se lembra de datas especiais, diferente de mim. Inúmeras vezes eu esqueci seu aniversário, e ele ficava extremamente nervoso comigo. Ainda mais que ele sempre me dava sinais e dicas de que a data estava chegando, e eu acabava esquecendo de qualquer maneira, lembrava na última hora, ou apenas no outro dia quando ele ficava emburrado sem conversar comigo. Depois de alguns anos assim, ele dizia que não se importava mais que eu me esqueça, porque se acostumou… Mas eu o conheço, e sei que ele se importa sim.

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Com quinze anos
Jungkook ficava o tempo todo me falando que amanhã era um dia especial. O melhor dia do ano. E eu apenas dou risada, porque não sei o que tem amanhã de tão bom, caramba, e ele não me fala nem se eu implorar. Comecei a rir do jeito que ele estava animado, conversando comigo.
- É sério, amanhã é o melhor dia - falou ele, sonhador, enquanto estávamos sentados na praia, olhando o sol ir embora.
- Você já me falou isso mil vezes, Kookie, mas ainda não me falou o porque disso - falei, olhando para o céu.
- Você tem que saber - ele me olhou, impaciente.
- Eu sei, eu sei - falei mentindo, sem olhá-lo.
- Sabe mesmo? Droga ein, Jimin - ele se levantou.
- O que? Não fiz nada - comecei a rir de seu jeito nervoso… Que o deixa fofo.
- Você sempre faz isso, sabia?
- Que eu fiz dessa vez? - perguntei, enquanto ele tirava a areia de sua calça.
- Esqueceu, de novo - ele me olhou, com a testa franzida.
Encarei seus olhos.
- Seu aniversário - falei alto, me lembrando finalmente do que ele falava.
- Lógico - ele revirou os olhos, nervoso.
- Desculpa, eu não faço por querer - me levantei, ficando de frente para ele.
- É, tá bom, eu tenho que ir… Meu pai mandou eu não demorar - falou ele, já se virando, acenando com sua mão.
- Espera aí, desculpa - eu falei alto, vendo-o ir embora.
Ele não me respondeu, e eu nem falei nada, porque sei que não adianta muito. Mas sei exatamente como fazê-lo me desculpar.

Acordei mais cedo, me arrumando rapidamente. Não tinha tempo de arrumar meu cabelo, nem nada do tipo, então apenas larguei-o bagunçado… Como sempre, nem sei porque me importei com isso. Desci as escadas, vendo minha mãe na cozinha, sentada na mesa tomando seu café.
- Oh, Jimin, acordou cedo hoje - falou ela sorrindo.
- Sim, preciso de dinheiro, mãe - pedi, parando em sua frente, colocando minha mochila na cadeira.
- Para que? - perguntou ela.
- Hoje é o aniversário do Jungkook, e eu havia esquecido… Preciso comprar uma coisa pra ele me desculpar - falei, enquanto pegava uma torrada com manteiga, e o suco que ela me serviu.
- Você sempre esquece isso, né querido? Não sei porque ele se importa ainda - falou ela rindo, pegando sua bolsa preta.
- Ah, nem é minha culpa - falei, passando a mão em meus cabelos, bebendo o suco quase de uma vez.
- Eu sei, você esquece até o meu aniversário - falou ela, tirando o dinheiro da carteira e estendendo para mim.
- Obrigado mãe, eu não pediria se não fosse urgente - dei um beijo em seu rosto, e ela riu.
- Eu sei que ele é importante - ela me olhou.
- É mesmo - eu sorri.
- Vai logo então, não vá se atrasar para aula, ok?
- Ok.
Peguei minha mochila, saindo de casa rapidamente com a torrada em mãos.
No caminho, parei na padaria da vizinhança, e comprei um cupcake, com uma velinha pequena.
Ele sempre faz isso no meu aniversário… Compra um doce pequeno e coloca uma vela em cima, e eu sempre amei esse tipo de coisa, vindo dele. Jungkook costuma ser uma pessoa fechada, por isso quando faz coisas assim, me surpreende e me alegra. Parece tão bobo, mas tudo que ele faz, eu amo…
Respirei fundo, largando esse pensamento de lado.

Já na escola, sentei debaixo da minha árvore favorita. Eu sei que ele estava nervoso comigo, mas viria aqui, com certeza, sei disso.
E não deu outra, alguns minutos depois, ele apareceu, usando seu moletom de tamanho perfeito, assim como seu jeans bem arrumado, que cabia perfeitamente em seu corpo. Eu me sentia extremamente desleixado perto de Kookie, ele é organizado… Diferente de mim. Posso falar, começando por seu cabelo, que nunca tinha um fio fora do lugar. É tão lindo…
Suspirei, espantando esse pensamento, que era bastante frequente em minha mente. Idiota.
Ele olhava para seu celular enquanto caminhava lentamente. Até que me viu, sentado. Sorriu minimamente. Ele já sabe o que estou fazendo… Porque nunca chego cedo assim.
- Caramba, chegou cedo hoje - falou ele, colocando sua mochila ao lado da minha.
- Me desculpa - falei, tirando o cupcake de trás de mim, estendendo a ele - Feliz aniversário, Kookie.
- Ele sorriu, sentando em minha frente. Pegou o pequeno bolinho, e assoprou a vela.
- Não consigo ficar muito tempo nervoso com você - falou ele, ainda olhando o doce em sua mão.
- Eu sei, você me adora demais para isso - eu ri, fazendo ele revirar os olhos.
- Menos, por favor - ele empurrou minha perna.
- São apenas os fatos.
Eu sorri, porque ele também sorria, mas sem me olhar.

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Se eu soubesse que eu estava começando a sentir mais do que deveria por ele, teria tentado parar naqueles dias. Antes que os sentimentos realmente me invadissem, como agora. Como algo sem volta. Eu nunca achei que alguém seria tão importante em minha vida assim… E não sabia que doía tanto também.
Peguei a carta, dobrando-a e guardando as coisas que deixei em cima da mesa… Nem havia tomado o suco, perdi a vontade completamente. Subi para meu quarto novamente, deitando em minha cama. A carta em minhas mãos parecia pesar mais do que um papel normal. Então apenas coloquei ao lado de meu travesseiro, apagando a luz de meu abajur.
Por mais que ele me diga várias coisas, nós não ficaremos juntos… Então, vou apenas adiar minha dor para amanhã.
Meu celular vibrou, na mesinha ao lado de minha cama. Me estiquei para alcançá-lo. Liguei a tela, vendo que era mensagem de Taehyung.
“Boa noite, pestinha”
Eu ri, ele havia colocado esse apelido idiota em mim. Nem vou responder.
Joguei o celular onde ele estava antes, e fechei meus olhos.
Quando o celular despertou, coloquei meu travesseiro em cima da minha cabeça, querendo apenas que fosse mentira que já estava na hora de me levantar. Resmunguei algumas sílabas, pegando o celular e desligando aquele barulho chato. Deitei de barriga para cima, encarando o teto.
“Dez anos”, pensei. Dez anos que conheço ele. Dez anos que as melhores coisas da minha vida aconteceram, assim como as piores. Mordi meu lábio inferior, lembrando do dia de seu aniversário de dezessete anos, que eu fiz algo especial para ele… Lembrando de seus toques… Do seu beijo maravilhoso…

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Com dezessete anos
Aniversário do Kookie é daqui dois dias. Nós não estamos mais nos ignorando completamente… Depois do meu aniversário, e o que ele fez para mim aquele dia… Estava me sentindo muito bem por conta disso. Mas, também me sentia mal por saber que eu e ele não podemos ficar juntos mais do que esses míseros momentos…
Suspirei, rabiscando meu caderno, sem prestar atenção na aula. Diferente de Tae, que estava extremamente concentrado, escrevendo até o jeito que o professor respira, provavelmente. Ri por conta disso.
Assim que o sinal anunciou o fim das aulas, guardei minhas coisas rapidamente, correndo para a aula de dança.
- Hey, Jimin, espera aí - falou Tae, vindo atrás de mim.
Quando o olhei, me lembrei de algo. Tae mora sozinho em uma pequena casa perto daqui, e então sorri.
- Tae… Posso te pedir um favor? Bastante cara de pau? - perguntei, desviando o olhar.
- Claro - ele riu da minha cara.
- Bom… Você sabe do meu rolo com Jungkook. Sabe de tudo, pois eu te conto tudo - falei em tom de obviedade - acontece que depois de amanhã é aniversário dele… E com todos os empecilhos, provavelmente eu e ele não vamos conseguir nos ver… Mas, como você é um amigo tão lindo e bom… Cederia sua casa para eu fazer uma surpresa? - perguntei juntando minhas mãos, parando em sua frente.
Tae me encarou, franzindo a testa.
- O que? - perguntou.
- É sério… É a única forma que existe de eu poder vê-lo um pouco - falei, me endireitando, e passando a mão em meus cabelos.
- Ah, Jimin, não sei… - falou ele, olhando para o lado.
- Por favor, Taetae, eu faço qualquer coisa - pedi novamente, dando pequenos pulos.
- Ele bufou, me olhando de canto. Eu sorri abertamente.
- Com essa cara… Não posso recusar - falou ele, derrotado por fim.
- Ah, obrigado, obrigado, obrigado - eu o abracei forte, e ele retribuiu o abraço.
- Me deve uma, ein - falou ele, sem me olhar.
- Sim, definitivamente - falei, ainda sorrindo.
Fomos para a aula, e minha cabeça estava nas nuvens.
No outro dia, fui até a padaria, e comprei um bolo pequeno. Deixei-o na casa de Tae. Minha mão já estava sabendo do que eu ia fazer, e deu risada de minha empolgação. Não tenho culpa… Eu realmente queria um momento a sós com Kookie, e essa era a única saída que encontrei. Claro que talvez poderia levá-lo em minha casa, mas minha mãe não estaria de plantão nesse dia, e provavelmente ela ficaria no nosso pé.
E eu queria ficar sozinho com ele.
Não sei de onde saiu essa necessidade toda, mas eu preciso, apenas. Escrevi um bilhete, dizendo o endereço e o horário que era para Kookie aparecer. De madrugada, claro… Eu sei que durante o dia não teria chance de vê-lo, então a saída que encontrei era a madrugada. Deixei o bilhete em seu armário, que eu sabia que ele o veria. Kookie sempre abre o armário antes de ir embora.
E eu não via a hora de chegar a noite.
O dia passava arrastado, e eu não conseguia me concentrar em nada, nem mesmo no que Tae estava me contando, com pouca empolgação.
- Está tudo certo, para sua grande noite? - perguntou Tae, cutucando seu prato de comida.
- Sim - falei sorrindo.
Ele sorriu minimamente.
- Você está bem, Tae? - perguntei, olhando-o.
- Sim, sem problemas… Só um pouco cansado - falou, sem me olhar.
- Não parece ser isso, só - falei, soltando um riso anasalado.
- Não se preocupe, logo passa… - ele me olhou, sorrindo fraco.
- Sei lá, nunca te vi assim - falei, pensativo.
Ele soltou um riso.
- É bobeira - ele afirmou.
- Se você diz…
Terminamos de almoçar, e voltamos para nossas aulas.
No fim da tarde, fui direto para casa de Tae, que foi junto apenas para pegar umas roupas, e depois iria para casa de sua avó.
- Divirta-se, pestinha - falou ele sorrindo fraco.
- Obrigado… Melhore - falei, empolgado.
Ele se virou, saindo de sua casa, carregando apenas uma mochila.
Ainda eram oito da noite, então faltavam algumas horas para Jungkook aparecer… Se ele aparecesse, lógico.

O relógio mostrava uma da manhã, e eu já havia arrumado tudo… A cozinha estava com algumas bexigas espalhadas, porque não iria colá-las, daria trabalho… O bolo estava em cima da mesa, e as velas já acesas. E eu estava no sofá da sala, impaciente, e começando a perder as poucas esperanças de que ele realmente viria.
Passava de vinte minutos da uma, e então ouvi o portão sendo aberto. Me levantei rapidamente, e ouvi algumas batidas na porta.
Abri-a, dando de cara com Jungkook, com seu moletom usual, e seus jeans perfeitos. Eu sorri, assim como ele. Kookie abriu os braços, e eu não pensei antes de me aconchegar em seus braços, sentindo seu cheiro maravilhoso.
- Kookie, eu realmente achei que você não viria - fale.
- Coloquei minha vida em risco, mas não tinha como passar meu aniversário sem você - falou, colocando uma mão em minha cabeça, como sempre faz.
Eu sorri com sua resposta, sentindo meu coração acelerar mais ainda. E logo após, segurei sua mão, puxando-o para dentro e fechando a porta.
- É apenas um bolo, ok? Eu só fiz esse mistério de bilhete, e casa diferente, porque sabia que era o único jeito de podermos ficar juntos um pouco - falei, um pouco envergonhado, andando pelo corredor.
Ele riu de minha vergonha. Entramos na cozinha, e Jungkook encarou a mesa com o bolo, assim como os balões espalhados. Ele abriu um sorriso lindo, fazendo com que eu sorri-se junto.
- Não preciso de nada mais - falou ele me olhando.
Senti meu rosto queimando, e Jungkook sorriu mais ainda, me abraçando carinhosamente.

Eu sentia tanta felicidade nesse momento, que não conseguia parar de sorrir. Jungkook conversava comigo, enquanto olhávamos as fotos que estavam em meu celular. Certeza que foram fotos que minha mãe tirava de nós.
- Da onde saiu essas fotos? - perguntou ele rindo.
- Não sei, eu encontrei. Provavelmente minha mãe que tirou elas - falei, passando minha mão em meus cabelos, que antes estavam arrumados.
- Eu senti tanto sua falta - falou ele, ainda olhando para o celular.
Não falei nada, apenas continuei encarando o celular, sentindo um nervosismo, me deixando completamente inquieto. Comecei a mexer minhas mãos, impacientemente, querendo dizer alguma coisa, mas sem saber o que dizer. E então, ele segurou minha mão delicadamente, tirando o celular dela e o colocando na mesinha de centro. Depois, segurou minha outra mão, entrelaçando nossos dedos, enquanto eu olhava para seu rosto, e seus olhos estavam focados em meus lábios. E no momento seguinte, ele me puxou para si, me beijando. Aquela sensação era maravilhosa… Era quase um vício para mim… Eu o queria demais, não sei como isso pode ser possível… Necessito de seu toque quente em minha pele, de seu abraço, de suas carícias… Uma de suas mãos foi depositada em minha coxa, apertando-a, fazendo com que eu arfasse entre nosso beijo caloroso, e isso apenas fez com que ele quisesse mais ainda um contato comigo. Sua outra mão, foi parar em meu quadril, e Jungkook a subiu lentamente, levando consigo minha blusa, me arrepiando mais ainda, se é que isso é possível...

Continua...