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História Blue, Red and Some Drama - Blue and Red


Escrita por: hoshikkj

Notas do Autor


depois de um mês falando desse raio de fanfic. aqui está. tsukishima e yamaguchi com suas respectivas bandas para alimentar o coraçãozinho da tsukkiyama nation!
espero mesmo que voces gostem, serio. eu me dediquei bastante nessa fic e ate que to bem feliz com o resultado até agora (ainda tenho que escrever os ultimos 3 capitulos). vou postar capitulo novo toda semana nas quintas ;)
E! a fic tambem tem uma playlist no spotify e todas (quase todas na verdade) aparecem ou tem a ver com os personagens da história, entao fiquem ligados e afins
https://open.spotify.com/playlist/6A9jpiYRMJxgZXmMeSHWLC?si=TZlRnydKSgWHNPk0DsV4CQ

Capítulo 1 - Blue and Red


Tsukishima acordou com batidas fortes em sua porta.

— Kei! Você vai perder seu trem! Anda logo — a voz de Akiteru estava abafada do outro lado da porta.

O irmão mais novo murmura alguns palavrões, mas acaba se levantando. Suas costas e seu pescoço doíam, provavelmente por ter caído no sono de mau jeito, enquanto terminava a lição de casa. Kei olhou para o relógio. O trem passaria em quinze minutos e o caminho até a estação levava, em média, oito. Talvez ele estivesse mesmo um pouco atrasado.

Enquanto arrumava sua mochila, percebeu que seu caderno de composições continuava ali, mesmo que o último ensaio com a banda tivesse sido há quase uma semana (o último tinha sido a casa de Kageyama, mas eles provavelmente teriam que procurar outro lugar bem rápido porque os vizinhos do baterista não estavam nem um pouco felizes).

— Querido, você não vai tomar café? — a mãe do rapaz exclamou nos fundos da casa.

— Foi mal, ‘tô atrasado — Kei disse, passando pela cozinha e pegando seu almoço.

A mãe do rapaz sempre fazia um vasto café da manhã, mas, para ser sincero, Kei nunca comia. Ele tinha grandes dificuldades em comer pela manhã (em qualquer horário do dia, na verdade, a menos que fosse algo doce, como o bolo de morango da padaria perto da escola).

Ele não estava atrasado ao ponto de ter que ir correndo para a estação, então só colocou seus fones de ouvido e seguiu caminhando com as mãos no bolso. Em seus fones, a gravação de uma das músicas do Electric Blue, sua banda, tocava num volume um tanto alto. Tsukishima não costumava ouvir as próprias músicas, porque era um tanto vergonhoso, mas aquela música não estava terminada e fazia semanas que ele não tinha ideia de como terminá-la. Talvez eu precise ampliar o meu vocabulário em inglês, ele pensou. A maior parte de suas músicas eram em inglês porque o rapaz achava lamentável demais escrever coisas tão pessoais em sua língua nativa (não que ele tivesse contado esse detalhe para mais alguém… o resto da banda só achava que combinava melhor com o seu estilo mais alternativo).

Tsukishima chegou na estação bem a tempo de se enfiar no trem. Ele se sentou do lado das portas automáticas e pegou seu caderno. Ele já tinha a melodia, a banda estava ensaiada, mas algo no refrão estava faltando. O rapaz fechou os olhos e tentou focar nos sons dos instrumentos e no restante da letra. Jogou algumas ideias no caderno mas antes que pudesse chegar a algum lugar, o trem chegou ao seu destino.

Enquanto caminhava pelos corredores da escola, sentiu um cutucão nas costelas.

— Ei, Tsukishima.

Kageyama Tobio, estava andando ao seu lado (sabe-se Deus lá por quanto tempo) com os ombros caídos e tomando iogurte com um canudinho.

— O que você quer, Kageyama?

— Te dar um soco, mas daí nós ficaríamos sem um vocalista, então estou me segurando há uns dois anos — ele disse, com um tom de voz entediado.

— É, eu entendo o sentimento.

Os dois se conheciam desde o fundamental e a relação sempre foi desse jeito: farpas e implicâncias à torto e à direito, mas nenhum deles levava realmente a sério, só era divertido. Bom, eles nunca iriam admitir que, na verdade, se importavam um com o outro, mas essa era a graça.

— Preciso falar uma coisa — Tobio disse, se sentando em seu lugar, na frente de Kei.

— Deixe eu adivinhar, você ainda não falou pro baixinho que você gosta dele.

— Cala a boca, idiota! E-eu não gosto dele.

— A gaguejada que você acabou de dar só deixou as coisas ainda melhores, obrigado — Tsukishima respondeu, pegando seu material.

— Como eu ia dizendo! Não podemos mais ensaiar na minha casa.

— O quê? Por quê?

— Você ainda quer saber o porquê? — ele perguntou, com o cenho franzido. — Ficamos tocando por pelo menos quatro horas! Meus vizinhos queriam comer o meu fígado! Até as crianças que jogavam vôlei na rua comigo me olharam feio.

Tsukishima não disse mais nada. Na verdade, os vizinhos de Tobio estavam com razão. O Electric Blue ensaiou durante uma tarde inteira e apesar de não tocarem músicas “barulhentas”, uma bateria ainda faz muito barulho. Além de que, quando se tem Nishinoya Yuu na banda, os ensaios nunca são calmos.

— Bom, não tem o que fazer, então —  Kei suspirou. — Vou procurar algum estúdio pra gente alugar depois das aulas.

— Com que dinheiro? — Kageyama disse, fingindo pegar um caderno na mochila, já que o professor tinha acabado de entrar.

— Do Asahi-san, é claro.

Asahi Azumane, o baixista, trabalha na floricultura de seus pais perto da estação de trem. De boca fechada, o homem parecia um dos membros da Yakuza, alto, cabelos longos presos num coque frouxo na nuca e uma barba rala no queixo, mas quando abria a boca, era só um rapaz gentil (às vezes, até demais) de vinte anos que tinha medo de cachorros grandes.

— Se precisar de ajuda, me chame. Não tenho nada pra fazer essa tarde.

— Certo, certo, agora vira pra frente. Você sabe que eu cobro caro por aulas particulares de matemática — Kei disse, começando a copiar a matéria.

— Eu estou dentro da média, seu idiota! Você é um… idiota!

— E você tem um vocabulário bem limitado. 

O moreno soltou um grunhido, mas foi interrompido pelo professor:

— Kageyama Tobio, precisa de ajuda para achar seu caderno?

O professor de matemática, o Sr. Takahashi, odiava Kageyama mais do que qualquer coisa, já que o rapaz sempre dormia profundamente durante todas as suas aulas (Tobio já chegou a babar na apostila de Tsukishima, que quase o enforcou com um cadarço). O homem parecia ter um radar que sempre apitava quando o garoto estava fazendo algo de errado, o que deixava Kageyama mais do que irritado.

— Velho gagá — ele murmurou, irritado, e voltou para frente. — Não, senhor.

 

Yamaguchi percebeu que tinha perdido a hora assim que acordou sem o alarme atazanando suas ideias. O garoto se levantou num pulo, pronto para tentar chegar, pelo menos, na segunda aula, mas quando olhou para o relógio, voltou a se sentar na cama. Já se passavam da uma da tarde.

Ele esfregou os olhos com as palmas da mão. Era a terceira vez na semana que ele perdia a hora. Bom, não adianta chorar pelo leite derramado. Tadashi se levantou e se arrastou até a cozinha, onde achou um bilhete de sua mãe:

“Seu almoço está na bancada e tem dinheiro na escrivaninha. Não falte na escola amanhã, ou nada de ensaio para a banda.

Mamãe”

O garoto sorriu ao ler a caligrafia apressada da mulher. Na verdade, sua mãe não se preocupava tanto com suas notas, já que Yamaguchi era o segundo melhor aluno de sua turma (perdendo apenas para seu querido colega e vizinho, Tsukishima Kei), mas, ultimamente, sua frequência estava começando a ficar baixa. O principal motivo era sua banda, o RedVoid, mas ele nunca diria isso a Sra. Yamaguchi.

Inclusive, o motivo de ter dormido tão tarde na noite anterior e ter acordado quatro horas atrasado era a mostra de bandas independentes do UnderDogs, uma boate do centro. As inscrições foram abertas às duas da manhã e Yamaguchi queria ser a primeira banda a se registrar, mas o processo de inscrição foi mais demorado do que parecia, e o rapaz só conseguiu desligar o notebook às três e meia da manhã. Ele deveria ter deixado nas mãos de Yachi, já que a garota já fazia toda a parte de divulgação mesmo.

Quando finalmente olhou seu celular, soltou uma risada baixa ao ver as mensagens de Hinata:

Shouyou

> Hey, Yams?

> Você vai perder a primeira aula?

> Você tá bem atrasado…

> CADÊ VOCÊ

> Vai faltar DE NOVO >:(

> IRRESPONSÁVEL!

> Yams :( você tá bem?

> Já ta na hora do almoço

> Já comeu?

Hinata Shouyou era o guitarrista da RedVoid e o melhor amigo de Yamaguchi desde o final do fundamental. Uma das pessoas mais irritantemente agitadas que Tadashi já conhecera, perdendo apenas, talvez, para Tanaka Ryuunosuke, seu baterista. Apesar das brincadeiras, Shouyou era o que mais se preocupava com as noites mal dormidas e as dores nas costas do vocalista. Era como ter um irmão mais novo sempre na sua cola, tentando saber se já tinha comido, mas sem a parte das brigas, o que era muito melhor do que ter mesmo um irmão, na verdade.

Oi Hinata <

Acabei de acordar, desculpe ;p <

To comendo agora <

> Bom mesmo >:(

> Ei, o ensaio ainda está de pé?

É claro <

Nem pense em faltar o ensaio <

> Eu não estava nem pensando nisso!

> Te vejo mais tarde B)

Até ;) <

Ele suspirou e continuou a comer o katsudon que sua mãe havia deixado, enquanto encarava a pilha de papéis em cima de sua cômoda. Eram letras não terminadas. Várias delas. Yamaguchi não se descreveria como um procrastinador, principalmente na escola, mas escrever as músicas precisava de concentração e criatividade que ele, às vezes, não tinha. Era um desafio, mas Tadashi adorava ser desafiado.

O moreno ficou com a cara enfiada nas letras a tarde toda, mas não conseguiu muito mais que algumas linhas e correções. Quando percebeu, tinha que pegar o trem e ir para o estúdio.

O trem, como sempre naquele horário, estava lotado de adolescentes vestindo uniformes escolares. Tadashi evitava olhar para eles ou para as velhinhas (elas costumavam olhar estranho quando ele estava com os piercings na orelha ou quando prendia o cabelo num coque, como agora) e ir direto para o fim do vagão, esperar sua estação. Sua guitarra pesava na case em suas costas, assim como uma parte da papelada.

O estúdio era bem perto da escola, por isso foi a primeira opção dos garotos (além de ser bem mais barato que os estúdios maiores que ficavam mais perto do centro da cidade). Assim que chega perto do prédio acinzentado, avista duas figuras baixas e conhecidas, ambos com cases de instrumentos nas costas.

— Matando aula de novo, Yamaguchi? — Yachi gritou de longe.

— Acordei meio atrasado, foi mal — o rapaz disse, cumprimentando os amigos.

— Meio? Você acordou na hora do almoço! — Hinata exclamou, indignado.

— O Tanaka-san já chegou? — Tadashi perguntou, mudando de assunto.

— Ainda não — a garota disse.

Assim que Hitoka termina a frase, Tanaka chega correndo, se curvando para frente, tentando recuperar seu fôlego. O baterista estudava numa universidade do outro lado da cidade e tinha uma longa viagem de trem, às vezes, de bicicleta, para chegar até ali, por isso nenhum dos membros nunca criticava seus atrasos. Ele estava dando seu melhor, como sempre.

— Tudo em cima, pessoal? — ele perguntou, ainda meio sem fôlego.

— O Yamaguchi faltou na aula de novo — Shouyou exclamou.

— Ora, seu…

— Ei, Yams, você tem que levar seus estudos mais a sério — Ryuu disse, franzindo a testa.

— Diz o cara que quase não se formou — o vocalista disse, rindo.

— Primeiro, mais respeito com o seu senpai, mocinho — o careca responde, enquanto todos entravam no prédio. — Segundo, eu me formei e ainda entrei na faculdade, então seu ponto foi invalidado.

— Foco no ensaio, vocês dois — Yachi disse, séria. E ambos se calam.

Yachi Hitoka tinha um metro e meio mas mesmo assim era a única que conseguia domar os três garotos caóticos que chamavam de banda. Yamaguchi não fazia ideia do que estava pensando quando decidiu chamar Tanaka, um vetereno, para a sua banda, sabendo que, se o juntasse com Hinata, seria um completo caos. Mas a música dava certo (de algum jeito), então ele não tinha do que reclamar.

Assim que chegaram em seu pequeno estúdio alugado, Tadashi começou a falar sobre a pequena mostra que tinha inscrito o RedVoid. As inscrições duravam até o fim de semana e a marcação de palco, no próximo sábado. A data da apresentação ainda seria marcada, mas aconteceria até o final daquele mês. Tanaka foi o primeiro a se animar, batucando suas baquetas no chão. Yachi começou a anotar as datas em sua agenda e ficou inconformada que a data da mostra ainda não tinha sido marcada, enquanto Hinata fazia um milhão de perguntas sobre outras bandas que tocariam.

— O que vamos ensaiar hoje? — Tanaka perguntou, já se sentando atrás de sua bateria.

— Aquela música que começa com vários tã tã tã e um grito — Yamaguchi disse, afinando a própria guitarra.

Os três o encararam, confusos. Ele tinha pegado a mania que Hinata tinha de explicar tudo usando onomatopeias.

— A que não está terminada — ele explicou, mas não ajuda muito, considerando que 70% das músicas não estavam terminadas. — Céus, a favorita do Tanaka.

— Agora sim você tá falando a minha língua, Yamaguchi — Ryuunosuke disse, sorrindo.

 

O ensaio durou algumas horas e, no final, ainda fizeram uma pequena reunião sobre o que deveria tocar na mostra do UnderDogs. Acabaram decidindo que queriam tocar a primeira música do ensaio, que não estava terminada e muito menos tinha um nome, mas Yamaguchi garantiu que a terminaria a tempo da marcação ou, pelo menos, da apresentação.

— Tem certeza, Yams? — Yachi perguntou, anotando as partes importantes da reunião. — Podemos escolher outra que já está pronta.

— Ei, sem problema. Eu dou meus pulos, vocês sabem — Tadashi disse, arrumando suas coisas. — Só preciso da inspiração certa.

— Espero que essa tal inspiração venha logo — Hinata comentou.

— Eu que o diga! — Tanaka exclamou, excitado. — Mal posso esperar pra tocar essa belezinha pra mais gente!

— Você realmente gostou dela, ein? — a menina disse, finalmente guardando seu caderno.

— Tá brincando? Ela é foda pra carmba!

— Ok, ok. Ensaio terminado, podem ir.

— Você vai ficar, Tadashi? — Shouyou disse, já na porta.

— Vão na frente, eu preciso usar o banheiro.

Enquanto os outros três membros da banda desciam as escadas para o primeiro andar, Tadashi foi ao banheiro lavar o rosto. Suas costas doíam e ele suava um pouco, mas nada fora do comum, considerando as horas que passaram dentro do estúdio fechado. O moreno comprou uma lata de café instantâneo numa máquina e desceu as escadas, despreocupado.

Até ver dois rostos irritantemente conhecidos no saguão de entrada.

Um deles vestia uma jaqueta e uma jardineira, ambos em jeans, com o cabelo longo preso num coque desarrumado e, como sempre, o cavanhaque por fazer. Asahi era um ex-aluno da sua escola e, apesar de nunca terem sido próximos, se encontravam frequentemente em pequenas boates e mostras de bandas. O homem era bem alto e forte e parecia carregar um canivete escondido na cueca, mas, na verdade, era um grande bunda-mole (no melhor significado da expressão, claro). Mas, infelizmente, ele não estava sozinho.

Ao seu lado, com sua constante carranca e postura questionável, estava seu vizinho (e a pessoa que mais odiava no mundo, depois, talvez, de um cantor problemático que ele costumava gostar antes dos escândalos), Tsukishima Kei. Ele ainda vestia o uniforme da escola, apesar de já ser quase nove da noite, mas alguns botões da camisa estavam abertos, deixando seu pescoço excessivamente pálido à mostra. Insuportável. Yamaguchi nem conseguia acreditar que já fora melhor amigo do garoto em algum momento de sua vida. O cabelo loiro ondulava quase em cima da lente de seus óculos, comprido demais. Tadashi tinha faltado na escola tempo o suficiente para que o cabelo de Kei crescesse tanto assim?

Tsukishima franziu o cenho, mas não disse nada pois a secretária ainda conversava com os dois.

— Então vocês vão alugar nas segundas, quartas e sextas, certo?

— Isso mesmo — Asahi disse, parecendo meio nervoso. — Está tudo certo? Só precisamos pegar metade do valor, não é?

— Exato.

Tsukishima entrega um envelope branco para a mulher, que contou as notas e entregou uma chave roxa para Asahi, explicando que o estúdio deles ficava no corredor da direita. Pelo menos não era no mesmo andar, pensou Tadashi.

Quando os dois finalmente tinham acabado, Yamaguchi se aproximou:

— A chave reserva, Fuyumi.

— Acharam a chave de vocês? — ela perguntou, guardando o objeto na gaveta.

— Estava na case de um dos tambores do Tanaka.

Fuyumi riu.

— É bem a cara dele mesmo. Boa noite, Yamaguchi.

— Pra você também.

Quando o garoto saiu do prédio, se surpreendeu ao ver duas figuras paradas no meio-fio, aparentemente, o esperando. Yamaguchi se aproximou e fez uma pequena reverência para Asahi.

— Boa noite, Asahi-san.

— Boa noite, Yamaguchi. Você vai para a estação, certo? — ele perguntou, com um pequeno sorriso.

— Sim, mas.... não precisa se preocupar, não está tão tarde.

— Foi o que eu disse — Tsukishima murmurou, mas recebe um olhar firme de Azumane, então volta a se calar.

— Não se preocupe. Eu preciso passar num lugar perto da estação, é caminho — ele disse e se vira para Kei. — Vamos?

O loiro fez um barulho com o fundo da garganta e começou a caminhar. Asahi oferece um sorriso meio sem graça, como se pedisse desculpas pelo comportamento infantil do amigo, e maneou a cabeça, para que Yamaguchi o acompanhasse. Bom, ele não tinha muita escolha, considerando que aquele era exatamente o mesmo caminho que precisava pegar.

Um tipo de silêncio constrangedor acompanhou os três por um longo tempo. Tadashi não queria ser o primeiro a falar, considerando que, no momento, ele preferia que um buraco o engolisse do que olhar para a cara de qualquer um dos dois. Não o entenda mal, ele realmente gostava de Asahi e não ligaria de ser acompanhado por ele ou por qualquer outra pessoa do Electric Blue, mas a presença do outro vocalista fazia as coisas ficarem um pouco desconfortáveis. Bem desconfortáveis, inclusive.

Asahi limpa a garganta e começa:

— Ouvi dizer que vão fazer uma mostra de bandas independentes numa boate no centro.

— O UnderDogs? — Tsukishima perguntou, arrumando os óculos (é uma mania que ele tem).

— Esse mesmo. Acho que o Sugawara nos inscreveu.

— Sem falar com o resto da banda antes? Tsc.

— Você sabe como é o Suga — Azumane riu, sem graça e se vira para Yamaguchi. — Ouviu falar sobre isso?

Ele concorda com a cabeça.

— Fiz nossa inscrição hoje de manhã.

— Por isso faltou aula hoje? Quis ser o primeiro a se inscrever na mostra? — Kei disse, num tom implicante.

Tadashi olhou para o outro lado para esconder o rosto corado, porque era exatamente isso que tinha feito.

— Sim, claro — ele disse, tentando manter a voz firme. — Aparentemente, eu não preciso comparecer às aulas para ser um dos melhores da turma.

O loiro ia fazer outro comentário irônico, mas foi impedido por Asahi, que o olhou feio. Kei apenas bufou e continuou andando com as mãos nos bolsos. Yamaguchi ficou levemente decepcionado, porque, na verdade, ele gostaria muito de discutir com Tsukishima. Tadashi não gostar de discussões e brigas no geral, a não ser, é claro, se fosse uma briga contra Kei.

Quando finalmente chegaram na estação, o trem já estava parado, abrindo suas portas.

— Nos vemos qualquer dia no estúdio — disse Azumane. — Se cuide, Yamaguchi.

— Você também, Asahi-san. Até mais.

Não havia tantas pessoas no vagão, então ambos puderam escolher seus lugares, mas mesmo assim (provavelmente apenas como meio de implicação) Kei se sentou na frente de Tadashi, sendo separados por, basicamente, três passos. Tsukishima deu um sorriso falso e acenou, recebendo um olhar de puro e completo desgosto.

Yamaguchi começou a lembrar de quando os dois ainda eram crianças. Ele se lembrava de quando tinham, mais ou menos, seis anos e Tsukishima aprendeu a mandar o amigo calar a boca. Era a coisa que ele mais fazia durante todo o restante de sua amizade (que durou mais uns sete ou oito anos) e, depois de um tempo, Tadashi nem ligou mais (Kei só fazia isso estava sendo atazanado pelo outro e não queria perder a discussão). Mas depois que eles viraram essa... bagunça, o moreno odiava que o mandassem calar a boca.

Num estalo, Tadashi teve uma ideia para a letra que estava terminando. Seria uma droga abrir a case de sua guitarra para pegar os papéis, decidiu escrever nas notas de seu celular e torcer para não esquecer que estava ali. Pelo menos uma coisa boa saiu desse azedo insuportável, ele pensou, torcendo a boca.

Assim que terminou, encarou o assento à sua frente. Tsukishima estava com seu caderno de composições no colo (Tadashi sabia porque a capa era diferente dos seus cadernos da escola) e anotava alguma coisa, parecendo muito concentrado. Seus óculos estavam quase na ponta do nariz quando ele finalmente terminou de escrever e o colocou de volta no lugar.

Quando chegaram na estação, Yamaguchi deixou que Kei seguisse na frente, para não ter que ir em sua companhia. O moreno se demorou na máquina de bebidas, finalmente bebendo o café instantâneo que havia comprado no prédio do estúdio e só caminhou até em casa quando não podia mais ver o loiro.

A luz da Lua estava quase completamente coberta por nuvens naquela noite.


Notas Finais


por favor, comentem o que estão achando, eu ficaria muito feliz em saber!!!


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