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História Boa noite - O show nunca pode parar


Escrita por: _Pevensie_

Capítulo 12 - O show nunca pode parar


Fanfic / Fanfiction Boa noite - O show nunca pode parar

Era dia de exploração. O último domingo do mês e nós estávamos estremamente ansiosos para começar. Tudo isso porque íamos explorar um lugar especial. Íamos explorar o Cool Zone, também conhecido como o parque mais assombrado da América. Eu e meus amigos fazemos isso como um hobby, exploramos lugares abandonados, tiramos algumas fotos e depois postamos em uma rede social. Mas esse dia para nós era especial porque era a nossa cidade natal, era um lugar que fazia parte da nossa infância. Era a lenda mais conhecida da cidade.

   Em 1920, um homem investiu todo o seu dinheiro em brinquedos usados de parque. Podemos chama-lo de Sr. Louco. Ele não tinha família, simplesmente apareceu sozinho na cidade, e ficou. Ele era bem estranho quando chegou, mas ninguém havia visto nem metade do que ele realmente era. Com o passar dos anos, Sr. Louco foi ganhando mais dinheiro e aprimorando mais o seu parque, que a cada ano tinha um brinquedo novo. Quando já havia aprimorado tudo o que podia, decidiu construir uma mansão logo ao lado do parque, só para ele. Sem empregados, família ou amigos, Sr. Louco começou a se sentir sozinho naquela enorme mansão, então comprou um piano e começou a aprender a tocá-lo. Com o tempo foi ficando cada vez melhor no piano e até tocava algumas noites no parque em um palco improvisado. Mas como tudo um dia perde o encanto, as pessoas deixaram de se interessar como antes pelo parque. Desesperado e sem saber o que fazer, Sr. Louco fechou o parque, pois não conseguia mais pagar as contas. Assim se passaram dois anos e nesse intervalo de tempo, ninguém soube dele. Mas no dia 5 de novembro de 1929, o parque faz uma reinauguração e com uma atração inusitada: "O incrível show de horrores".
   Todos os anos o parque exibia o espetáculo por um mês. O show era formado por pessoas com problemas genéticos, doenças, deformados e tudo o que não era comum em geral. Mas, o mais atraente do espetáculo, era que nenhuma aberração do anos anterior estava lá no ano seguinte, então as pessoas sempre iam, todos os anos para ver quais seriam as aberrações da vez. Devo admitir que era genial. Mas nada dura para sempre e junto com a estreia do show, algumas pessoas acabavam sumindo ou morrendo no parque. Nada nunca foi solucionado, sumiços e mortes se tornavam comuns no lugar. Resultado disso, foi que o parque acabou tendo má fama em seus últimos anos. Mas ao contrário do que muitos poderiam imaginar, o parque não acabou falindo, mas sim com a morte do Sr. Louco. Morte essa que teve circunstâncias um tanto quanto suspeitas. Ele foi encontrado morto na tenda do Show de Horrores, sentado em um trono, no meio do palco que era usado no espetáculo, e no seu rosto havia uma expressão de medo. Mas a morte dele foi anunciada como sendo por causas naturais, infarto fulminante.

   Lendas sobre o parque e o Sr. Louco são aperfeiçoadas por anos em nossa cidade. A cada geração, um ponto ou mais é mudado, conforme passa pela boca das pessoas. Aliás, Sr. Louco ganhou esse apelido porque a lenda mais recente diz que ele criava as aberrações e depois as vendia para o resto do país, e que foi assassinado pela última remessa de aberrações dele. Tudo não passa de boatos e poucos que viveram na época estão vivos hoje para confirmar ou discordar dessas lendas. 
   Saímos às seis da manhã de casa, quando o sol ainda nascia e nos encontramos em uma lanchonete no centro. Éramos um grupo de cinco; Todd, Mike, Anne, Marry e eu, Dave. Todos nós estávamos tão excitados, que nem comemos direito, com tanta pressa de chegar lá. Tivemos que dirigir por mais ou menos meia hora em uma estrada escura, com névoa leve e cercada por árvores que dificultavam a visão do horizonte. Quando finalmente chegamos, fomos recepicionados por uma entrada bem assustadora e perfeita para uma foto. Na entrada podíamos ver o nome Cool Zone pintado em letras vermelhas por cima de um metal velho que era uma armação, agora sem cor definida. Cuja metade estava derrubada no chão. Vegetação alta avançava sobre as grades na lateral da entrada, um chão enfeitado de lodo escorregadio se fundia a ela, e catracas velhas, emperradas e enferrujadas com tom esverdeado também completavam a paisagem. E para fechar com chave de ouro, uma montanha russa enorme ocupava o espaço ao fundo. 
   O céu estava especialmente sombrio naquele dia. Na verdade, o dia parecia ter incorporado a atmosfera mórbida do lugar, antes mesmo de termos chegado ao parque. E nós, ingênuos, estávamos adorando tudo isso. Depois de pularmos as catracas, tivemos que abrir caminho em meio a vegetação e aos pedaços de ferro que estavam por todo lugar. Nos brinquedos, ferrugem e plantas lutavam fortemente por espaço. Estávamos tirando várias fotos, algumas um pouco perigosas, como a em que Anne e Marry tiveram a "brilhante ideia" de subir em uma das cabines mais altas da roda gigante só para titarem uma foto se beijando, ou então, quando eu subi na armação da entrada onde ficava a parte do letreiro caiu. 
   Tudo ia bem divertido e empolgante até a hora em que um dos brinquedos se moveu sozinho, como se alguém o tivesse ligado. Todos se assustaram, mas logo depois, ficamos rindo uns dos outros, pelo susto que tomamos. Mas depois disso não estávamos mais tão relaxados quanto antes, embora todos estivessem se esforçando para mostrar o contrario. Algum tempo depois, ouvi passos atrás de mim, mas quando olhei, não havia ninguém. Mike ouviu alguém chamar seu nome e desapareceu. Ficamos loucos atrás dele. 
   Entramos nas mansão pensando que poderiamos encontra-lo por lá. Logo na entrada demos de cara com o piano do Sr. Louco. Eu senti calafrios ao ver isso. Era como se o dono o estivesse tocando, eu pude sentir sua presença. O sala era grande, ampla e com vitrais enormes. Em um desses vitrais havia um buraco grande que devia ter sido feito com uma pedra e estava tapado com papelão. O papel de parede estava descascado e um arco de mais ou menos cinco metros de diâmetro dava acesso a outra sala. Mas no meio dessa sala, um buquê de rosas vermelhas frescas caido no chão, quebrava um pouco a harmonia sombria de tudo aquilo. Com isso começamos a pensar que poderíamos ter companhia.
   Decidimos vasculhar a mansão com um pouco mais de pressa, procurando na verdade um invasor que não fizesse parte do grupo. Andando pela casa, encontrei um quarto tão deteriorado quanto todo o resto do lugar, mas que não se encaixava muito com as lendas contadas pela cidade. Era um quarto com papel de parede florido, que também estava caindo, tinha cama de solteiro, poltronas, criado mudo, guarda-roupa e etc, até aí tudo bem, poderia ser apenas mais um quarto de hóspedes, mas na cama estava jogada, de forma esquecida e desleixada, uma boneca de pano. Quando peguei a boneca, senti que não havia poeira nela, então deduzi que alguém tinha pegado ela recentemente. Comecei a considerar a hipótese de que uma família sem teto estivesse se abrigando aqui, mas então senti um enorme peso nos ombros e caí no chão de joelhoes, soltando a boneca involuntariamente. 
   Levantei-me, sai correndo atrás do resto do grupo e encontrei Anne e Todd, contei a eles o que havia acontecido e ambos ficaram assustados, mas ainda um pouco descrentes com a ideia de existirem fantasmas no lugar. Quando já estávamos cansados de procurar pelo resto do grupo, acabamos achando quem não queríamos... O Sr. Louco estava sentado a frente do piano e parecia estar nos esperando. Como eu sabia que era ele? Eu não sabia, mas senti de alguma forma e meus amigos também. Quando o vimos acabamos em direções opostas e nos separando. Eu corri para a saída e quando passava pela porta, ouvi o grito da Anne. Até pensei em voltar, mas o resto do grupo poderia estar lá fora e eu não os ajudaria se entrasse e acabasse morrendo. Grande erro.
   Uma espécie de polvo humano me esperava na entrada dos fundo do parque com um sorriso enigmático e assustador. Nem consegui correr para muito longe, logo ele me alcançou e em minutos, que mais pareceram horas, morri asfixiado por aquela aberração. 
   Não sei como meus amigos foram mortos, mas estão todos aqui comigo. Agora, tenho três braços, Todd um focinho de porco, Anne e Mary agora são uma só, ligadas pela coluna, e Mike não tem mais dedos, olhos e boca. Prazer, somos as aberrações do ano, senten-se em seus lugares, por favor, e aproveite o espetáculo. E não esqueçam de vir ano que vem. O show nunca pode parar. 



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