Embora ser esposa de um senador tenha suas vantagens, as desvantagens são muito maiores. Cada momento da minha vida é planejado e examinado, todas as minhas decisões são ignoradas. Eu não tenho uma vida privada, porque tudo o que eu faço ou deixo de fazer, vira notícia.
— Senhora? — Sou tirada de meus pensamento ao ouvir a voz de Ramalho. — Chagamos. Ele sai do carro e abre a porta para mim.
— Obrigada. — O agradeço e me direciono para o gabinete de meu marido. Hoje nós teremos uma entrevista com a National News sobre a campanha dele.
— Bom dia, Gery. — Lanço um sorriso largo para a recepcionista, que parece surpresa ao me ver. Suas bochechas estão vermelhas e sua boca permanece aberta até que as portas do elevador se fecham entre nós. — O que deu nela? — Falo comigo mesma.
Assim que chego ao terceiro andar, percebo que sua secretária não estava onde ela deveria estar agora, dou de ombros e entro direto no escritório de Diego. Olho em meu relógio e vejo que ainda era um pouco cedo. Ainda bem, odeio me atrasar. Quando direciono meu olhar para a frente, fico simplesmente travada com o que vejo diante de mim. Laura, ou melhor, Lexa, acho que é assim que se chama a secretária de meu marido. Bem, ela estava sentada na ponta da mesa, com as pernas cruzadas, de frente para Diego, que estava em sua confortável cadeira a olhando como se fosse come-la ali mesmo.
Bato a porta atrás de mim e a batida faz um som ensurdecedor de metal.
— Atrapalho? — Cruzo meus braços e os dois me olham com os olhos arregalados.
— Violetta? — Diego se levanta imediatamente.
— Sra. Hernández. — Lexa sai de cima da mesa e abaixa a cabeça envergonhada. — Que bom vê-la.
— Lexa... — Me aproximo dela.
— Ah, na verdade é Lara, senhora. Mas chegou perto. — Ela ri tentando amenizar o clima. — Nossa, a senhora está linda. — Ela fala após ver minha expressão séria. Essa garota me dá tanta pena, ela realmente acha que seduzir Diego vai fazer ela subir na vida? Eu poderia destruir ela em um piscar de olhos... Mas nem vale a pena me estressar com essa coitada. E pode ter certeza que eu não estou com nenhum pouco de ciúmes, mas mesmo assim, isso é uma falta de respeito comigo.
— Me esqueci que você vinha, querida. — Diego se aproxima, tentando me dar um selinho, mas eu viro meu rosto. — E eu nem vi o tempo passar. O que teremos que fazer mesmo?
— A entrevista com a National News, senhor. — Lara fala.
— Eu já imagino o motivo de você ter esquecido da entrevista. — Falo.
— Desculpe, querida, é que últimamente eu tenho mergulhado em papelada.
— Sei. E o que a Lara está fazendo aqui?
— Ela estava... — Ele parece não ter uma resposta.
— Achei.— Lara se abaixa e pega algo do chão. — Achei o meu brinco. Eu sabia que tinha o perdido aqui ontem.
— Lara, querida, eu acho que isso é um grampo, e não um brinco. — Ela acha que eu não vi bem o que ela tinha pegado. Diego estreita os olhos em minha direção, e o rosto de Lara se aquece de vergonha.
— Nossa, você tem razão. — Ela ri mais envergonhada ainda. — Mas eu sei que ele deve estar por aqui em algum lugar. — Reviro os olhos. Lara só pode achar que eu sou trouxa.
— Talvez ele tenha ficado preso na braguilha do meu marido. — Sorrio com deboche.
— Violetta! — Diego me lança um olhar de repreensão.
— O que? Talvez você devesse fechá-la se não quiser chamar a atenção. — Só depois que eu falo isso é que Diego se dar conta, ele fecha o zíper de sua calça discretamente.
— E-eu deveria voltar ao meu trabalho. Não quero ocupar mais do seu tempo. — Lara fala recolhendo alguns papéis da mesa de Diego. — Se precisarem de alguma coisa é só me avisarem.
— Tudo bem, Lara. — Diego fala e Lara caminha até a porta, mas se vira novamente antes de sair.
— Antes que eu esqueça, aqui estão suas cartas, senhor. — Ela as entrega para Diego e finalmente nos deixa a sós.
— Isso era mesmo necessário? — Diego fala visívelmente irritado ao sentar-se em sua cadeira.
— Ninguém nunca te disse pra não dormir com seus funcionários, que falta de profissionalismo. — Falo sarcástica e Diego revira os olhos. Nosso casamento é apenas de aparência, por isso ele nem faz questão de disfarçar que dorme com sua funcionária.
— Você analisou as respostas que eu te dei para a entrevista?
— Sim, eu olhei. — Sento-me de frente para ele. Diego sempre fazia questão de decidir o que eu deveria dizer nas entrevistas, ele tinha medo que eu falasse algo que o prejudicasse, confesso que tenho uma enorme vontade de fazer isso.
— E?
— Não se preocupe, eu já sei muito bem o que eu tenho e o que eu não tenho que responder. Afinal de contas, não é a primeira vez que eu irei responder o que você quer que eu fale na entrevista.
— Eu realmente tirei a sorte grande de me casar com você. Sempre tão obediente e confiável. — Ele fala com deboche.
— Eu apenas procuro agrada-lo, afinal, você é meu marido. — Falo com sarcasmo. Diego pega as cartas que Lara o entregou e começa a olha-las.
— Acho que já está na hora de irmos. — Falo ao olhar as horas em meu celular.
— Só me deixa ver essas cartas. — Ele joga várias delas no lixo, sem nem abri-las. Quando chega a um envelope sem rótulo, ele faz uma pausa.
— Diego, a gente vai se atrasar, depois você olha isso. — Me ignorando completamente, ele abre a tal carta e desdobra o papel dentro dela, lendo o conteúdo com atenção. Seu rosto fica branco e ele me olha apavorado.
— A entrevista está cancelada. — Ele se levanta rapidamente e se aproxima de mim. — Você precisa ir embora, agora.
— Mas, por que? — Franzo o cenho não entendendo absolutamente nada.
— Sem mas, apenas faça o que eu mando, Violetta. — Ele me puxa pelo braço, fazendo-me levantar da cadeira. — Vá direto pra casa, tenho que resolver uma coisa. — Eu nunca vi ele tão agitado. Diego parece estar... com medo?
— Diego...
— Vá agora. — Mesmo contra a minha vontade, eu faço o que ele manda.
[...]
Já se passaram horas desde que cheguei em casa, e ainda nem sinal de Diego. Falei com a National News e expliquei que a gente precisava remarcar, dizer que eles não ficaram felizes com isso seria um eufemismo.
Será que era assim mesmo que minha vida deveria ser? De uma graduada em Harvard a uma esposa troféu? Que vergonha. E não tem nada que eu possa fazer a respeito. Sempre que eu toco no assunto divórcio, Diego fica furioso. Sua resposta é sempre a mesma "Divórcio? Isso é ruim para os negócios." Então agora eu estou presa em um casamento sem amor.
Eu não posso mais viver assim. Eu não sou uma mulher fraca e indefesa. Agora estou determinada, assim que Diego chegar, eu vou exigir o divórcio, quer ele queira ou não.
Assim que termino de descer as escadas, vejo Diego entrando em casa, ele deixa a porta aberta.
— Onde você estava, Diego? O que está acontecendo? Por que você me mandou vir para casa? — Paro em sua frente de braços cruzados.
— La vai você me irritar de novo. — Ele revira os olhos. — Eu te disse que surgiu uma coisa urgente.
— Você não me disse nada, apenas me mandou ir embora.
— Violetta, esse aqui é León Vargas. — Diego aponta para a porta e eu noto um homem incrivelmente lindo, parado lá. Ele era forte e imponente, sua expressão era afiada. — Ele é um ex-membro das forças especiais e é o melhor da minha equipe de segurança. — Seu rosto é sério, mas seus incríveis olhos verdes são bem penetrantes.
— Tá, mas... Por que ele está aqui?
— A partir de hoje o Sr. Vargas será o seu novo guarda-costas pessoal.
— Guarda-costas pessoal? Por que é que eu preciso disso? Diego, que merda está acontecendo?
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