História Boneca de porcelana - Conhecendo

Ela continuava ali, imóvel. Fazia uns vinte minutos pra mais que eu a olhava, e ela não se mexia, nem mesmo os pés que não alcançavam o chão, por causa de seu tamanho.

Eu queria dizer que tinha tudo sobre controle. Que eu iria sair fácil fácil dessa encrenca. Mas não era verdade, agora não era a mídia falando algo negativo ao meu respeito, a qual eu resolveria em grande estilo, ou algum lunático tentando dominar o mundo, fazendo com que eu tenha que vestir a armadura e meter porrada nele.

Não, ali na sala de espera era uma criança. E eu não sei o que fazer com uma criança ,nem sei se ao menos gosto delas.

-Já se decidiu?

Perguntou aquela mulher me trazendo de volta a realidade.

-Não, estou confuso -confessei- Me conta a história?

- Que história?

-A história desta criança! O por que dá mãe nunca ter me procurado?

Percebo que não irei gostar nem um pouco dessa conversa quando vi sua expressão fria se transformar num misto de raiva e tristeza.

-Eu não conhecia Helena muito bem, então pouco posso falar sobre ela.

Disse se levantando e indo em direção a parede de vidro, onde eu ainda me encontrava observando aquela garotinha, e parou ao meu lado.

-Eu conheci Tris quando ela tinha quatro anos. Ela tava escondida atrás da minha casa ,e eu, como não sou uma pessoa amistosa, à expulsei da li. Ela pediu desculpa e saiu com a cabeça baixa e entrou num beco ao lado. Achei que estava brincando de pique esconde com alguém, mas não, já estava escurecendo e ninguém havia vindo procura-lá. Fiquei curiosa e fui atrás dela. A chamei na entrada do beco e nada. Resolvi ir até o fundo. - ela de uma pausa com o olhar vago. Como se tivesse revendo a sena. - e lá estava ela, dormindo encolhida do lado da lixeira , aquilo acabou me desarmando . Não podia deixar ela ali, então a acordei e depois de muito custo consegui que ela viesse comigo.

-Onde estava a mãe dela?- a cortei.

-Foi uma das perguntas que fiz a ela. Helena estava trabalhando era o que ela havia me dito- me respondeu com paciência- E isso foi a unica coisa que consegui tirar dela. Depois há levei até sua casa, que não era muito longe da li, e fui embora prometendo não me importar- deu uma risada sarcástica- grande engano. Virava e mexia ela estava no beco de novo, no começo eu só à observava, mas logo agente começou a se aproximar, apesar da pouca idade era uma menina muito inteligente, não deixava vazar nenhuma enformação. Demorou muito pra consegui algo ,tive que fase-lá confiar em mim.

-E o que ela te disse?

Perguntei indo me sentar, já não conseguia mais olhar a garotinha, muita coisa passava por minha mente.

-Ela fugia do namorado da mãe , ele é um bêbado abusivo que batia nas duas. Tris fugia assim que Helena saia pra trabalhar e só voltava a noite. 

Tentei me manter neutro com essa revelação, por mais difícil que fosse.

-Fiz de tudo pra ajudar ela esses ultimos anos . Helena descobriu e ficou com o pé atrás por um tempo, mas logo percebeu que eu realmente me emportava e então contou sua história.- deu um suspiro cansado-  Ela teve depressão pós-parto ,tinha que cuidar da filha sozinha , pois não queria te procurar com medo que desconfia-se dela, conheceu o namorado na lanchonete onde trabalhava. No começo ele era uma boa pessoa, pelo o que ela me contou, sempre a ajudando, sempre do seu lado até que mostrou a verdadeira face. Ele batia nela, fazia contas em seu nome e a afundou em dívidas . Helena por causa da depressão já não era muito proxima da filha e por causa das dívidas acabou que nem viu a menina crescer . Mas mesmo com isso fazia o impossivel para que aquele nojento não machuca-se Tris.- ela parou de falar e olhou pra mim com pesar. Eu assenei com a cabeça para ela continuar . -Mesmo assim não foi o suficiente . Beatrice e uma menina doce , mas pela falta de amor e ter vivido em meio a violência ela tem muitos traumas e medos . Helena se preucupava com isso e estava em um impasse sobre te procurar ou não . E antes de conseguir se decidir ela sofreu um acidente de carro e morreu .

Parecia que minha cabeça iria explodir com tanta informação . Tudo muito confuso. Me levanto e vou mais uma vez até a parede de vidro ,parando ao lado de Lisa. Olho pra menina e ela continua encolhida ,ombros caídos e cabeça baixa. E eu já tenho minha decisão.

Continua...