Escrita por: JennaJenna
- Becca! Becca! Para!
- Você precisa ver!
- Eu já estou indo, não precisa me arrastar, Becca! - E chegaram onde Becca tanto queria: O banheiro feminino. Entraram correndo, Becca empurrando Elisa para dentro e trancando a porta dentro do cubículo. Foi quando Rebecca começou a tirar a roupa. - Amiga? Amiga? Amiga? - Rebecca entregou o casaco para que Elisa segurasse, depois a blusa do uniforme do colégio e já estava tirando a calça, daí Elisa segurou em seu braço. - O que você está fazendo? - Ela gritou.
- Eu já disse! Preciso te mostrar uma coisa!
- Você nua?
- Sim.
- O que? - E a calça também foi entregue para Elisa que segurou tudo extasiada. Encarando Rebecca de calcinha e sutiã. A amiga subiu a barra da calcinha um pouco para cima, depois ajeitou os peitos no sutiã para que ficassem centrados no meio e, finalmente, encarou Elisa.
- Olha para mim!
- Tem como não olhar?
- E o que acha?
- Você é perfeita. Maravilhosa. - Rebecca assentiu com a cabeça rapidamente, quase ansiosa. - Não estou entendendo. Você vai se transformar no Jacob ou coisa parecida?
- Elisa, eu sou bonita. - A garota ficou paralisada por alguns segundos, então concordou. Sim, Becca, você é sim. Rebecca puxou a mão de Elisa para o seu peito, formou uma concha com a mão, apertando a mão da garota sobre o sutiã. - Preenche uma mão inteira!
- B-Becca? - Rebecca desceu a mão da amiga pela sua barriga. Chapada e lisinha. Tinha quase gominhos ali, sutis, um V sutil. Um traço que dividia sua barriga desde abaixo dos seios, até o quadril.
- Olha isso, Lisa! É porque eu fazia Judô? Não tem gordura! Não tem pochete! E olha isso! - Pegou as roupas da outra mão da amiga e jogou em cima da privada. Com as duas mãos livres de Elisa, Rebecca posicionou em sua cintura. Em sua cintura bem fina.
- É uma cintura incrível. - Era sim, com certeza. Rebecca soltou as mãos da amiga (que ficaram lá por conta própria) e desamarrou o rabo de cavalo. O cabelo caiu deslizando em seus ombros. Rebecca olhou para Elisa, os olhos pretos, o cabelo ondulado.
- Lisa, olha para mim!
- Eu estou olhando.
- Eu sou bonita. - As mãos continuavam na cintura dela, apertadas, quase.
- Eu sei.
- Você sabe?
- Claro que sei. Eu vejo você todos os dias, você é linda para caralho.
- Por que não me contou?
- O que? - Rebecca estava quase descontrolada. Subiu em cima da privada, pisoteando as próprias roupas. Elisa ficou cara a cara com a calcinha dela, deu um passo para trás, quase tropeçando, entorpecida. Esbarrou na porta do cubículo, erguendo o olhar, lentamente, subindo da calcinha cor de rosa, atravessando o torso desenhado, os pelinhos dourados, seguindo a linha que dividia o abdômen de Rebecca. Parou um pouco nos seios, aqueles que preencheram sua mão inteira segundos atrás.
- Por que não me contou que eu sou bonita? - Rapidamente encarou os olhos da amiga, lá no alto.
- Porque é óbvio.
- Elisa Fiore! - Então Rebecca ficou de costas, querendo que a amiga desse uma olhada em sua bunda também.
- Você vai me fazer tocar? Ver se preenche uma mão inteira? - Rebecca pulou do sanitário para o chão, ainda de tênis. Elisa ficou toda tensa, tendo a amiga próxima de novo.
- Eu não sabia, não fazia ideia!
- Não vai falar do seu nariz? Pontudinho e pequeno. - Elisa tirou as mechas da frente do rosto da amiga, colocou atrás da orelha. E com as mãos no rosto dela, penteou as sobrancelhas de Rebecca com os polegares. - As suas maçãs de rosto, definidas… E como elas ficam lindas, quando você vai a praia e fica rosadinha. Seus olhos e o seu cabelo, da mesma cor… Seu rosto é incomum, não tem ninguém parecido com você.
- E por que não me disse? - Tirou as mãos de Elisa do seu rosto e ficou segurando. - Eu estava fazendo aquela coisa ontem… Me olhando no espelho, odiando as minhas olheiras, como sempre, mas daí eu estava pelada e soltei o cabelo e bum! Minha cabeça entrou em colapso! Elisa, tudo faz sentido agora! Lembra que o Arthur é legal comigo e eu penso tipo “Meu Deus, por que ele está sendo legal comigo, se toca” e no outro dia, as meninas do terceiro ano elogiaram o meu cabelo do nada. Bum! É por isso que quando a gente sai, sempre conseguimos bebida de graça, Elisa! Você não está surpresa?
- Surpresa por você ser bonita? Não.
- Eu… - Sentou em cima das fardas, deixando o olhar vagar pelo cubículo. - …estou tão feliz.
Elisa sorriu. E quando percebeu que os olhos de Rebecca estavam marejados, sua boca ficou em formato de O, um biquinho, se aproximando para a abraçar. Uma lágrima escorreu pela bochecha de Rebecca, que Elisa tratou de secar, enquanto a apertava contra si.
- Você é linda, amiga. Por dentro e por fora. Eu vou te lembrar disso mais vezes, ok?
- Ok. - Ela se levantou, pegando a blusa, vestindo. Antes de passar pelos braços, e descer pelo corpo, ela continuou: - Elisa, quando o Daniel e Leonardo falam comigo, acho que eles não me acham estranha.
- É?
- Uhum.
Tropeçando para vestir a calça sem tirar o tênis, se apoiando em Elisa, que sorria.
- E eu até acho que o Arthur gosta de mim.
- É?
- Uhum.
- E você descobriu isso tudo ontem?
- Sim. Acredita nisso? - Sussurrou. O cabelo no rosto de novo, a blusa maior que ela, na altura dos quadris. A calça cabia duas dela e passava dos tornozelos. Ela parecia uma skatista assim. - Quero dizer, de verdade? Concorda comigo?
- Com certeza, Becca. Bem vinda a realidade. - Rebecca sorriu, Elisa sorriu. Era um novo começo. Totalmente diferente. Ela achava que sairia do banheiro com a cabeça em 90 graus para variar. E, talvez, só talvez, quando falassem com ela pelos corredores do colégio, ou nos corredores da vida, ela não tremeria e falsificaria sorrisos até o fim da conversa. Rebecca percebeu que era um ser humano, percebeu que quando faziam a chamada na sala de aula, ela dizia presente. E que sua mãe parava o tempo dela para buscá-la nos lugares. Percebeu que fazia diferença. Talvez, não muita, mas fazia. E isso era… Acredita nisso? Quero dizer, de verdade? Concorda com ela?
Até o efeito da dopamina baixar, sim.
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