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História Born to be Wild and Free - Art Déco


Escrita por: queenofmayhem

Notas do Autor


Olá! Como estão? Bom, tenho 3 recados para dar:

Nº 1: Fiz este capítulo fora da ordem cronológica - como se fosse um prólogo - e talvez isso venha a se repetir. Quero introduzir recortes na história para tornar a sequência mais interessante e menos massante.
Nª 2: Sobre a capa eu ainda estou planejando como vou fazê-la, então não sei quando consigo atualizá-la.
Nº 3: Agradeço pelos favoritos e em especial pelo carinho da valoliveira, minha primeira leitora.

Bom, é isso. Boa leitura!

Capítulo 2 - Art Déco


You're so Art Deco, out on the floor

Shining like gunmetal, cold and unsure

Baby, you're so ghetto, you're looking to score

When they all say hello, you try to ignore them

Cause you want more (why?)


 

Era 5:54 da manhã. A madrugada começava a ceder lugar para o dia, deixando nuances de azul turquesa no céu de Las Vegas. A claridade de veículos e de placas refletia dançante no teto do quarto atravessando a janela em feixes luminoso, os quais desciam e subiam pelo comprimento da parede até o teto, onde se encontravam para o mesmo movimento sincronizado. Da mesma janela, uma brisa gélida vinha de encontro ao meu corpo sobre a cama, passando pela pequena fresta deixada ali na noite anterior.

Me despertei aos poucos de um jeito espontâneo que era pouco comum para mim, incomum até mesmo para indivíduos daquele lugar. Remexi com movimentos lentos sobre o lençol de seda, fazendo-o acariciar minha pele. À medida que meus sentidos se adequavam ao novo dia, meus olhos fitaram pensativa o teto sobre a cama onde as luzes ainda faziam seu repertório.

Diferente de todas as sensações que poderia ter ao acordar em Las Vegas, eu sabia onde estava e o porque de estar ali Lembranças cortavam  minha mente ainda um pouco vaga talvez pelo álcool e pela dor que tomava parte de meu corpo, em especial dos quadris. A dor não se tratava de uma dor pontual, tampouco aguda. Era um reflexo do êxtase que havia me tomado de diferentes formas antes daquele amanhecer.

Observei o movimento das luzes pela extensão das paredes, deleitando-me com o que a noite passada havia deixado em mim. Virei a cabeça sobre o travesseiro e fitei ao meu lado aquilo que dava algum sentido à história. Estava deitado com seu corpo nu, exceto pelos lençóis que o emolduravam feito uma obra de arte. Ainda podia senti-lo exalando um aroma amadeirado, mesclado com o amargo de um uísque cujas notas me lembravam as notas de Dalmore. Sua respiração era leve embora seu corpo sobre o colchão parecia conter o peso de todos seus pecados acrescidos dos meus.

Eu precisava tocá-o.

Me aproximei lentamente. Estiquei a mão e hesitei enquanto prestava atenção no modo como respirava. Levemente, toquei a extremidade dos dedos sobre as madeixas de seu cabelo bagunçado que caíam-lhe no rosto, tampando-o parcialmente. Me certifiquei de que estava lá, que era real e sobretudo que ainda estava ao meu alcance, embora apenas um sonho ou  uma peça de arte em exposição, daquelas em que nem sequer é possível uma foto tirar.

Meu coração disparou ao contato de nossas peles. Pude sentir a mesma onda de energia da noite anterior percorrer meu corpo e me arrancar um suspiro quase inaudível. Deslizei a extremidade do indicador em seu maxilar enquanto sua barba rala me fisgava com certa delicadeza a ponta do dedo. Segui com ela até o contorno de seu rosto, empurrando parte dos cabelos que o cobriam. Acariciei seu maxilar tão levemente que não poderia acordá-lo.

Contemplei-o por alguns minutos, talvez um quarto de hora. Olhei seus braços e a forma como abraçavam o travesseiro embaixo de sua cabeça. Que o tempo passasse enquanto pudesse observá-lo ali, eu não me importava e bem podia desejar que fosse eterno. Nada realmente importava naquele quarto, assim como não havia importado na noite anterior. Bastava olhar pelos cantos do ambiente, cada qual me remetendo uma lembrança diferente.

Enquanto observava o espaçoso quarto, recordei de nossos corpos se debatendo contra aquelas paredes cor de areia. Podia sentir cada um de seus toques, o caminho de seus beijos e a pressão que fez do meu corpo um lugar habitável pelo desejo. Eu ainda sentia aquela sensação por minha virilha, me recordava de suas mãos segurando minha cintura. Dos apertos em meus seios, da colisão de nossos corpos… Eu ainda sentia tudo e aquilo nunca sequer havia acontecido. Não daquela forma, não naquela intensidade louca e absurdamente incessante. Eu sentia meu corpo renovado após anos. Me sentia uma lagarta que depois de um longo inverno havia se despertado em seu casulo, abrindo as asas e deixando os fragmentos de seu antigo corpo para trás.

Meu corpo parecia algo novo, feito um antigo vaso que recebe novas flores. Senti um sentimento estranho, algo que me fazia desejar vestir a melhor peça de roupa, passar o meu melhor perfume e desfilar pelas calçadas de Vegas. Ele me dava a confiança de uma modelo na capa da Vogue Magazine. Me oferecia  tudo que eu precisava e mais um pouco. Mas não se tratava de beleza, da fama e do glamour. Eu não era nada daquilo, tampouco algo a ser seguido. Eu não precisava de padrões, tampouco precisava de um colete com patches em minhas costas: era dele que eu precisava. Daquele corpo e alma nus bem ao meu lado. Da liberdade louca que compartilhamos e que ainda ecoava no quarto daquele  hotel. Eu me sentia um Monet, eu era um pôr do sol sem horizonte. Era uma tela com nuances da liberdade de um pincel que havia me tocado sutil e fervorosamente enquanto ele era a cor na minha forma, era tudo aquilo que dava vida ao meu corpo pálido, nu e regozijante.

Estremeci ao lembrar de seus toques fortes, dos apertos e de seu jeito quase selvagem sobre mim. Entre os devaneios, minha mão já lhe percorria os ombros, acariciando-os próximo ao músculo de seus braços. Desejava apertá-lo, porém me contive afastando os dedos de volta ao seu rosto em uma carícia por sua barba.

Norman, recordei seu nome, tocando-lhe novamente o seio da face.

Devido à distração na qual deleitava, mal pude perceber quando levou sua mão até a minha em um movimento inesperado. Com o toque áspero, senti um gelo percorrer por meu braço, enquanto que ele, segurando minha mão em seu rosto, entreabriu vagarosamente as pálpebras, revelando um céu diferente do de Las Vegas no azul de seus olhos.


Notas Finais


E aí? O que acharam?
Até a próxima.

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=6N7X7zLQhAo
Pintura de Monet sobre a qual fiz referência: http://galeriadefotos.universia.com.br/uploads/2012_08_10_15_43_240.jpg
Quarto que imaginei: http://r-ec.bstatic.com/images/hotel/max400/117/11790623.jpg


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