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História Botan - reaprendendo a viver. - Marcha ré


Escrita por: aimishunya

Capítulo 23 - Marcha ré


  "eu sei que deveria ter olhado mais em seus olhos, quando eles ainda estavam próximos. Confesso, que na sua presença eu me sentia distante, como se nunca estivesse fazendo as coisas do jeito que você merecia. E é engraçado a maneira, como na sua ausência eu me sinto próximo, quando fecho os olhos... E penso na sua voz, chamando-me..."

- Kurama...

E chamando-me... Como se fosse sempre a primeira vez...

Ele não despertou... Mais uma vez, a voz insistente lhe chamou...

- Kurama...

Foi sorte, porque o nome da azulada estava em seus lábios e pensamentos, na ponta de sua língua, muito antes que ele pudesse abrir os olhos... Mas em silêncio, despertou... sem cometer o pecado de chamar  Suzan de Botan...  Porém até mesmo se confundir, seria impossível... Mesmo na sonolência, ele sabia que agora Botan... Era apenas um sonho.

Kurama passou as mãos pelo rosto, suspirou, cansado. Olhou para o relógio, 7 da manhã, segunda feira... Se fosse em qualquer outra época, ele estaria empolgado, mas por algum motivo... Aquela animação, havia lhe deixado. Entrou na rotina ...


 Se mexeu de forma desconfortável, sentindo o corpo de Suzan sobre seu peito, adormecendo seu braço. A morena, com um sorriso no rosto, lhe deu um beijo na bochecha, e abraçou o corpo do marido ainda mais forte contra seu peito...

- dormiu bem...?

Ela disse em uma espécie de sussurro, antes de reenconstar a cabeça no ombro do ruivo, e fechar os olhos, apenas entregando-se ao prazer de estar ao lado do homem que amava... E que, em segredo, não podia lhe retribuir.

- dormi sim... E você?


 Droga... Ele fez aquele jogo patético, aquela vingança idiota, egoísta que só faria mal à ele, e principalmente... A ela. Se sentia o homem mais covarde do mundo... Seria mais digno não ter se relacionado com ninguém, não ter se forçado à amar outra mulher para esquecer aqueles malditos olhos violetas, que se assemelhavam as flroes... Droga. Mas sua ex sempre estava presente, insistente... E em um momento de vulnerabilidade, ela o fisgou.

Botan conseguiu se vingar da melhor maneira possível, sem ao mesmo ter a intenção... Se fixou em seus pensamentos... Destribuiu de maneira ingênua sua rosa imortal por todas os campos, em todos os jardins... O castigou, sem querer castigar... O puniu, sumindo, e deixando apenas... Suas lembranças e histórias... E ele ficou na mesma cidade, rotina e emprego... Sentindo-se preso ao passado... Sem conseguir seguir em frente sem resolver todos os emaranhados de sentimentos que ela bagunçou... 

Botan certamente nunca foi tão humana... Em lhe trair por carência. E toda vez que ele pensava nisso seu coração pulsava... E ele tentava controlar seus pensamentos homicidas, ele tentava não apontar culpados e entender que, ninguém é dono de ninguém, e as pessoas tomam seus próprios caminhos e decisões... Mas, de alguma forma ele responsabilizava Hiei. Mesmo ela nunca tenha lhe admitido... Que ele era seu cúmplice na traição...

Kurama sentia-se traído por ambos...

Alguns pensamentos passavam em sua cabeça "siga em frente, eles se merecem"

Já outros diziam "talvez as coisas estivessem sido diferente se você estivesse mais presente"

E outros, mais próximos a Yoko diziam "mate aquele desgraçado"

Mas ele nunca ia machucar um cúmplice... Ou ia?

Querendo ou não, ele e Hiei já foram amigos... Mas será que só ele se lembrava disso? De fato ele nunca ia saber o que se passava na cabeça do demônio de fogo.

Ele pensou em ir atrás dela... De tentar recomeçar... Mas...

O que ele poderia fazer? Dizer que lhe perdoaria, logo após ela tê-lo o traído? Ele fez de tudo pra estar ao lado dela, pra ajudá-la, pra acompanhá-la... Por mais que não fosse possível as vezes. Mas... Traição? Não, ele não ia se submeter à continuar lhe desejando. Infelizmente, foi ingênuo ao pensar que seria fácil esqueça-la. Ele até voltou algumas vezes, à casa que constumavam passar os dias, mesmo que fosse de forma inconsciente, passava de carro pela rua, pela casa, via outro casal, provavelmente os novos proprietários que compraram a casa onde eles viviam juntos... Brincando com os filhos que eles não tiveram, sonhando os sonhos que eles sonharam... Mas agora tudo isso era passado... E ele precisava esquecer, mesmo que fosse... Incrível relembrar...

Ela lhe beijando o peito, lhe beijando o pescoço, sorrindo contra seus lábios... Lhe mordendo o corpo, se deliciando com seu gosto... Como era doloroso e prazeroso, lembrar daquele anjo e demônio, em um corpo frágil... Com olhos carentes...

Ele sorriu para Suzan, e lhe deu um beijo na testa antes de se levantar, e ir para o trabalho. Ambos foram para a cozinha e tiveram aquela cena artificial típica de comerciais de margarina, de dois atores desconhecidos que fingem ter uma vida feliz. E ele se despediu da esposa, que disse "sim' querendo dizer "não", ao altar...  E disse que voltava cedo, quando sua vontade era de não mais voltar... E pensou em como era dramático e talvez, ingrato...

De ser casado com uma mulher incrível, ser um dos homens mais ricos do país, ser o melhor em sua profissão, ter todas as coisas que um homem poderia querer... Mas se sentir o mais pobre de todos... Por que sentia que ainda havia muitas coisas para serem esclarecidas... Como se ainda existisse uma vírgula, na história que ele tentou por um ponto final.

E enquanto pensava, em todas essas coisas patéticas, sentado em seu carro, olhando fixamente para o sinal vermelho, que impedia de passar... Ele virou, por intuito... Por destino, ou por coincidência... O rosto para o lado, e sentiu seu coração acelerar... Quando depois de tantos anos, tantas primaveras, outonos e invernos... Depois de tantos dias sem luz... E noites mal dormidas...

Ele viu, por breves segundos...

Seus pés cruzarem com pressa a faixa de pedestre

Seus cabelos azuis sendo levados pelo vento

E sua mão, com os dedos entrelaçados com o de outro ser

De cabelos escuros... Tão pequeno...

E Kurama, acompanhou a imagem como se tudo se passasse em camera lenta ...

Até  o momento que a criança lhe direcionou o olhar... E seus olhos, tão indentificos se encontram...  E por 5 segundos, ou menos do que isso... Ele sentiu seu coração apertar. 

Quando os olhos verdes do menino, se fixaram nos olhos verdes de Kurama.

E ela passou...

E o sinal abriu, e ele soando frio...

Viu Botan sumir, junto à criança em meio a multidão...

E os carros começaram a buzinar...

E ele foi obrigado a acelerar.

Quando a vontade era da marcha ré.




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