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História Boyfriend Material - tendery - Inocência


Escrita por: woolari

Capítulo 3 - Inocência


Fanfic / Fanfiction Boyfriend Material - tendery - Inocência

Você quer ajuda?

Ao ouvir aquilo, Ten afasta-se com um sobressalto da frente do espelho, tropeçando na calça que ele não pôde sequer terminar de vestir e caindo sobre a cama.

O que você está fazendo aqui? – ele indaga com um leve tom de fúria em sua voz.

– Por que me pergunta isso? Você sabe o que estou fazendo aqui.

– Eu quis dizer aqui, dentro do meu quarto. Vá embora!

Sem dizer uma única palavra, Hendery imediatamente retira-se do cômodo.

Apenas alguns minutos mais tarde, depois de Ten juntar os caquinhos de sua dignidade, ele aparece na sala. 

Hendery observava a rua pela janela.

– Cof! Cof! – Ten simula uma tosse abafada a fim de chamar a atenção do robô. Hendery se vira na direção do garoto. – Eu estou indo para a faculdade agora. Você precisa me prometer que ficará quietinho aqui, sem aprontar nada. Você consegue?

– Eu posso ir com você? – Hendery pergunta.

– O quê? Não. Eu estarei ocupado. Não poderei vigiá-lo. 

– Por favor, não me deixe sozinho. – um semblante de tristeza aparece no rosto do robô.

Por um segundo, Ten questiona-se se ele realmente estava se sentindo triste, ou apenas havia sido programado para reagir deste modo neste tipo de situação. Como não poderia perder muito tempo ou chegaria atrasado, ele acaba concordando. Deixá-lo sozinho no apartamento ou deixá-lo sozinho na faculdade não faria tanta diferença, exceto que, mesmo que não pudesse estar de olho nele o tempo todo, mantê-lo perto de si ainda tornava mais fácil controlá-lo.

ღღღ

O tailandês se certificou de caminhar sempre atrás do companheiro robótico observando cada passo e cada atitude do mesmo, atento a qualquer sinal de perigo.

Hendery nem se importara em ser vigiado pois estava ocupado demais admirando o campus, ele se empolgava com literalmente qualquer detalhe. Quando uma abelha passa voando em seu campo de visão, ele imediatamente a segue até a mesma pousar em uma determinada flor de cor azul. Ele não ousa perturbar o pequeno inseto, apenas fica parado admirando a cena. 

– É uma abelha. – Ten diz aproximando-se dele.

– Parece uma criatura tão frágil.

– E de fato é, porém muito importante. As abelhas mantém o equilíbrio da natureza. Elas são responsáveis pela polinização, garantindo a disseminação de diversas plantas. Inclusive muitas delas usadas na nossa alimentação.

– Como essa planta? – ele aponta para a pequena flor em que a abelha estava.

– Não, não essa. Essa é uma lobélia, serve apenas para ornamentação.

– É muito bonita.

Ten aproxima-se um pouco mais e se abaixa ao lado de Hendery, sorrindo para as flores. Qualquer um que passasse por ali se perguntaria o que os dois estavam fazendo agindo como dois desocupados, mas ele não se importaria com opiniões alheias. A curiosidade de Hendery por coisas tão simples era algo que estava começando a cativá-lo. Ele faz esse trajeto até sua sala desde que começou a frequentar a faculdade, mas nunca havia parado para admirar aquelas flores. E nunca o faria, não fosse a curiosidade de Hendery.

– São mesmo lindas. Azul é a minha cor favorita. 

Hendery desvia o olhar para Ten e lhe lança um sorriso que, dessa vez, é retribuído.

ღღღ

Sicheng encheu o amigo de mensagens naquela tarde.

"Estou aqui na lanchonete.”

"Você já está vindo?”

"Vamos, eu quero muito conhecê-lo.”

Ten havia decidido, embora com um pouco de pressão, que seria bom para Hendery interagir com outras pessoas além dele próprio. Estando junto de Ten, o robô aprenderia sobre ele. Estando junto de seus amigos, ele poderia aprender mais sobre interações humanas e como conviver em sociedade.

Eles sentam-se em uma mesa perto de um canteiro. Sicheng, com um sorriso bem marcado em seu rosto, deslizava o olhar do amigo para o robô, continuamente. Yuta ao seu lado. 

– Até quando você vai ficar nisso? – Ten pergunta já um pouco impaciente.

Sicheng deixa escapar uma gargalhada.

– Winko, você prometeu... – Yuta comenta baixinho com ele, o olhar levemente desapontado.

– Certo, certo. Me desculpe. – Sicheng responde sorrindo para o companheiro.

Quem visse de fora jamais imaginaria que, dentre as quatro pessoas daquela mesa, duas não eram humanas de verdade. Eles conversavam com bastante familiaridade. De fato, havia um alto grau de intimidade entre eles. Ten e Sicheng eram amigos próximos há bastante tempo. Hendery e Yuta não quebravam o clima, incapazes de se sentirem tímidos, eles também não permitiam desconforto de outrem.

Em pouco tempo, Sicheng já estava encantado com Hendery. Ele até mesmo provocava o amigo perguntando o que alguém tão legal quanto ele estava fazendo ao lado de Ten. Não era difícil tirar o tailandês do sério e ele sempre caía em tais provocações. 

– Winko, eles começaram a preparar os cafés. Vou pegar para você, certo?  – Yuta já havia levantado de sua cadeira. 

Depois de Ten, ele era quem mais conhecia Sicheng. “Na verdade, parando para pensar, Yuta deve conhecê-lo bem mais do que eu agora.” Após o súbito pensamento, ele balança a cabeça repetidas vezes, na esperança de afastá-lo de sua mente. 

– Hendery, você quer vir? Eles tem muitas opções de cafés. Depois de escolher um, eles colocam os grãos para moê-los. Você não viu isso antes, certo? Eu fiquei fascinado a primeira vez que vi. Vamos, vou te mostrar como é. 

Hendery lança um olhar bastante submisso e cativante para Ten, como se estivesse esperando sua permissão. 

– Tudo bem, você pode ir. – o garoto diz.

Na mesma hora a expressão do robô muda e um brilho surge em seus olhos. Ele acompanha Yuta, que o guia enquanto desenrolava uma conversa bastante entusiasmada sobre café.

– Quem é ele? – uma voz curiosa surge ao lado do tailandês. – Ele é seu namorado?  – os olhos do garoto estavam arregalados. Ele naturalmente tinha olhos grandes, bastante expressivos, que se tornavam maiores quando ele nutria alguma curiosidade.

– Bom dia para você também, Yukhei. 

Yukhei já havia desviado os olhos de Ten, estando agora bem concentrado na direção do balcão.

– A aparência dele é bastante agradável. Quando vocês começaram a namorar?

– Nós não estamos namorando. Ele é só...

– Então ele está solteiro? Eu deveria ir me apresentar? 

– Você não faz muito o tipo dele.

Yukhei vira-se para o tailandês.

– Pois ele faz totalmente o meu.

Sicheng deixa escapar um sorriso.

– Se você quer tanto um por que não compra? – Ten fuzilava Yukhei com os olhos.

– Comprar? O que...

– Enquanto as madames discutem, alguém está com problemas. – Sicheng intervém, sua expressão agora séria.

Hendery estava de joelhos no chão. As mãos espalhando o café que havia sido derramado. Yuta tentava levantá-lo.

– É tudo culpa sua. Você desviou minha atenção e eu não podia tirar os olhos dele. – Ten bufa para Yukhei antes de deslocar-se dali rapidamente, indo na direção de Hendery.

– Até porque ele ficaria cego. – Yukhei responde sorrindo, mas Ten já estava longe.

– Você é tão idiota que nem ao menos sabe como robôs funcionam. 

– O quê? – Yukhei pergunta assustado.

– Mesmo sem os olhos eles ainda enxergariam, foi o que eu quis dizer. A capacidade de captar imagens...

– Você disse robô? – ele encara Sicheng incrédulo e então vira-se na direção do pequeno tumulto. Ele lentamente move o indicador, apontando. – Ele... aquele garoto ali é um robô? 

– Por que a surpresa? Não é como se você já não tivesse interagido com algum.

– Droga! Por isso ele é tão lindo. Mas eu achei que eles fossem inteligentes. – Yukhei arqueia uma sobrancelha.

– Ei! O Yuta é, okay?

Yukhei sorri. – Diga ao Ten que pode ficar com ele. Meu negócio é calor humano. – ele diz antes de ir embora.

ღღღ

Já no apartamento Ten se joga no sofá com os braços esticados e fecha os olhos tentando captar um breve momento para relaxar. Hendery nada diz, apenas senta ao lado do companheiro e fica ali em silêncio. Quando Ten começa a estranhar a ausência de qualquer barulho, ele abre os olhos e fica um tempo observando Hendery que se encontrava agora de cabeça baixa. Ten poderia jurar que ele estava suspirando, mas robôs não suspiram, certo? Eles pelo menos tem a capacidade de respirar? Havia muitas coisas que ele gostaria de perguntar a Hendery, mas o faria em outro momento. O dia havia sido deveras cansativo. 

– O que você está pensando?

Hendery se vira. 

– Eu gostaria de me desculpar.

– Você faz muito isso, não acha?

– Sim, me desculpe.

Ten revira os olhos e deixa escapar um leve sorriso ao mesmo tempo.

– Você não tem jeito.

– Eu não sou perfeito, Ten. Me pergunto se não seria melhor você ter escolhido outro modelo.

Ten ajeita sua postura no sofá. 

– Você estava se questionando?

– Você me subestima muito. – Hendery sorri, mas seu sorriso se desfaz rapidamente – e superestima também. Lamento ter feito você de bobo essa tarde. Eu apenas havia ido buscar um café para você e quando dei por mim tudo estava uma bagunça. Talvez eu seja mesmo um robô idiota.

– Ei, calma, não se preocupe. Sei que não foi culpa sua. Eu que me exaltei por besteira.

– Então você não está chateado comigo? 

– Eu fiquei no início, mas foi mais o susto. Não é como se tivesse acontecido algo grave. Humanos…

Ten imediatamente corta sua fala. “Humanos comentem erros” é o que iria dizer. Ele não sabia ao certo se aquelas palavras causariam algum efeito sobre Hendery uma vez que não entendia como o mesmo se sentia, ou se realmente era capaz de sentir algo. Hendery podia explicar como as emoções humanas funcionavam. Podia descrever sensações como calor e frio, mesmo não captando tais sensações. Ele sabia que Ten havia ficado chateado com o ocorrido de mais cedo por isso havia permanecido em silêncio. Ele entendia. E entender naquele momento era o suficiente para Ten. Mesmo que Hendery não se magoasse de fato, Ten não queria que o companheiro pensasse ser inferior a ele. 

– Obrigado.

Ouvir a voz de Hendery o fez sair de seu transe.

– Hm?

– Por ter permitido que eu o acompanhasse até sua faculdade. Obrigado. Eu gostei muito.

Um leve sorriso surge no rosto do tailandês.

– Meus amigos gostaram de você. Correção: meus amigos e o namorado robô do meu amigo.

– Yuta, certo? Eu também gostei muito dele. Nós somos parecidos. Exceto pelo fato de ele ser um modelo melhor.

– Isso não quer dizer nada. São apenas modelos diferentes. Nós, humanos, também somos diferentes uns dos outros. No final todos somos únicos. Cada um é especial do jeito que é.

– Então eu sou especial?

– Bem, sim.

– Fico feliz em ouvir isso.

Pausa.

Ten havia evitado o comentário infeliz sobre ser normal humanos errarem para não magoá-lo. Se aquele comentário poderia surtir algum efeito no companheiro, ele não sabia, mas Hendery certamente estava começando a surtir algum efeito em Ten.



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