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História BoyTechno - Sim, isso é amor


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 10 - Sim, isso é amor


Estava declarada a guerra! Não teria mais paz, precisaria lutar por Mathews, com unhas e dentes, não estava disposta a ceder a perdê-lo, mesmo que para isso eu colocasse tudo em jogo. Certamente, a essa altura, o pessoal da empresa Boytechno já teria conhecimento, que não tinha mais controle sobre Mathews e não poderia fazer nada contra ele. Bem, era o que eu imaginava e não fazia a menor ideia de que eles seriam capazes de agir, para conseguir seu objetivo, mesmo achando que a reação deles era um tanto exagerada, talvez, houvesse algum erro grave a ser escondido ali. Algo que precisasse ser concertado a qualquer preço, sem ter ideia das consequências se não fosse.

Hoje em dia, podemos comprar qualquer coisa através do DI, assim, consegui adquirir uma placa de recarga para Mathews, em um site pouco confiável, mas não tinha escolha, não queria ser rastreada.

 A primeira ação que considerei foi que precisava esconder Mathews, em algum lugar desconhecido e seguro, longe do meu apartamento, dos olhos da Boytechno, mas isso teria que ficar para amanhã, pois, nesse momento, tinha que trabalhar, manter a minha vida aparentemente normal.

 Na tela do meu DI, enquanto, aconselhava e negociava com os investidores desse e do outro lado do mundo, as cotações das ações do dia anterior e do atual corriam em outro plano, em uma velocidade considerável, mas, era boa nisso, não foi à toa que consegui o tão cobiçado mercado asiático. Tinha a capacidade de separar, muito bem, os meus sentimentos e emoções do trabalho, porém, no começo do dia, estava exausta, só queria dormir, junto a Mathews, sentindo aquele reconfortante calor que o corpo dele emanava e sua falsa respiração.

Acho que só havia dormido alguns minutos, quando despertei com uma mão sobre a minha boca, arregalei os olhos, assustada, e Mathews estava debruçado sobre mim, com uma expressão assustadoramente fria, me apavorei ao ver seus olhos ameaçadores, quis escapar, tentei correr, mas ele segurou meu braço com força, não tinha saída, quis gritar, mas nenhuma palavra saiu da minha boca, quando ele segurou o meu pescoço e começou a apertar com força, não conseguia respirar, estava morrendo.

— Não! – gritei, sentando na cama, suada e com o coração palpitando. Ao meu lado, Mathews me olhava esperando uma resposta. – Foi só um pesadelo – disse e me acomodei, novamente, no travesseiro, me aconcheguei junto a ele e fechei os olhos, tentando dormir.

Mal fechei os olhos, quando, de repente, Mathews se ergueu em um pulo, em uma velocidade impressionante, se aproximou da porta e a abriu bem devagar, comecei a perguntar o que estava acontecendo, mas ele colocou o dedo em riste na frente dos seus lábios e me fez calar, se esgueirando junto a parede, nesse momento, vejo o soldado, o tal androide fabricado para missões especiais, que por um erro, tornou-se meu amante. Apurei os ouvidos, ouço sons sutis, quase imperceptíveis, alguém está invadido minha casa. Penso ativar o meu DI e chamar a polícia, mas, depois do que aconteceu, teria que dar muitas explicações. Não sei o que fazer, mas, Mathews continua avançando, devo impedi-lo?

Espero, quando, ele desaparece pela porta, ouço mais barulhos, dessa vez, não tão sutil, algo caiu no chão e quebrou, eu me levanto e vou até lá, não precisamos de outro assassinato para complicar ainda mais a nossa situação. Ao chegar na sala, vejo um homem caído no chão, Mathews está em cima dele, espero que ele não esteja morto, ordeno e as luzes acendem. Notei que o homem não está morto, apenas nocauteado, ele é jovem e forte, usa óculos de visão noturna, imagino como ele entrou na minha casa.

— Acho melhor imobilizá-lo – falei para Mathews, felizmente, tenho um bom estoque de fitas para fixação de objetos na parede, foi o que usamos para prender os punhos e tornozelos dele, deixamos ele ali mesmo, estendido no chão.

Ele ainda está descordado, quando meto a mão nos seus bolsos a procura de alguma pista, apesar de saber muito bem quem o mandou, mas para quê? Não encontro nada, os seus bolsos estão vazios, a não ser por um estranho dispositivo eletrônico. Preciso saber mais, dou tapinhas no rosto dele, na tentativa de despertá-lo.

— Ei! Quem mandou você aqui? – perguntei, antes que ele desperte totalmente, e não responda mais minhas perguntas.

 — O quê? – ele resmunga.

— Quem é você? E o quer na minha casa? — Ele apenas geme e resmunga, fingindo que não entendeu. – Vou chamar a polícia – minto, pois não quero fazer isso, porque sei que logo, logo, ele será libertado sobre fiança, como um mero ladrãozinho.

— A senhorita não sabe com o que está se metendo – o homem para de fingir e me responde com um tom irônico, não sei se respondo que tenho uma ideia, que suspeito do erro da sua empresa, por comercializar um androide-soldado com um objeto sexual, mas me calei, não quero que saibam que eu sei. – Ligue para o meu chefe.

Ativei o meu DI e falei o nome de Jonathas Ruiz, de imediato, a ligação se completa.

— Senhorita Santelmo? – Ele parece surpreso.

— Senhor Ruiz estamos com um visitante indesejado aqui, na minha casa. O que estava tentando fazer? Levar Mathews, me matar?

— Não, só instalar um novo chip nele, para recuperarmos o controle, mas, realmente, estou impressionado. Outra vez, estamos provando que o seu androide está completamente fora das especificações, para qual foi designado.

— Não me importo, fico com ele assim mesmo.

— Infelizmente, isso não será possível, senhorita.

— O que pensam em fazer para me impedir?

— O que pretende fazer com o meu associado?

— Como uma prova de boa vontade, vou liberá-lo, não queremos a polícia metida nessa história, não é mesmo, senhor Ruiz?

— Sim, acho uma ideia sensata, considero pouco apropriado o envolvimento da polícia nesse caso.

— Por que nós dois teremos muitas perguntas a responder.

— Sei como a senhorita é uma mulher inteligente, mas, entendo, exatamente, o que está acontecendo?

— Entende?

— A senhorita criou uma grande empatia por seu androide, pois ele lhe dá algo que se assemelha a amor, já vi isso ocorrer antes, no entanto, o que tem aí é apenas um objeto sem sentimentos próprios, que só faz o que foi programado para fazer.

— Obrigada pela consulta, mas não estou interessada nas suas explicações psicológicas.

— Senhorita, poderemos compra-lo de volta por um bom valor, bem acima do que pagou, e como prova de boa vontade, a oferta de enviarmos um novo produto com as mesmas especificações está mantida.

— Adeus, senhor Ruiz.

Desliguei e liberamos o tal homem, mas fiquei com o pequeno equipamento, que ele carregava, como uma lembrancinha.

— Preciso achar um lugar seguro para esconder você – digo a Mathews, após ficarmos sozinhos.

— Emma, seria mais fácil para você, me devolver, poderia ter sua vida normal de volta e um novo produto.

— Isso é sério mesmo?  

— Sim, acho que você está se arriscando demais por mim.

— Você acha? É por isso mesmo que estou me arriscando, por você achar, por você se importar e, tenho certeza, que é por isso que eles querem você de volta, por essa sua capacidade de... compreender. Além disso, não quero mais a minha vida antes de você.

— Mas, eles não vão desistir e continuarão perseguindo você.

— Sim, porém, eu tenho você para me ajudar.

— Então, é isso que é amor? Querer proteger o outro, se importar.

— Sim, isso é amor.

— Mas, como pode me amar, não sou um humano.

— E por que não poderia amar você? Eu não sei como aconteceu, talvez, Ruiz esteja certa, sou apenas uma mulher solitária, que não tinha ninguém, mas, agora tenho você, e estou feliz por isso.

— Feliz? Amor é fazer o outro feliz?

— Sim, é uma forma de amor. Como se diz por aí, toda forma de amor vale a pena.

Mathews ficou em silêncio como se estivesse processando aquela ideia, eu também precisava processar o que eu sentia, seria isso realmente amor?

Arrumo uma pequena mala que dê para alguns dias, não preciso de muito, primeiro, pensei em ir para o apartamento de Ava, porém, não quero envolvê-la mais nessa história, poderia colocá-la em risco, por isso, resolvemos ir para um hotel, onde passaríamos como turistas.

Escolhi um hotel muito grande, perto do aeroporto, assim não chamaríamos muito atenção, seriamos mais dois rostos na multidão de hóspedes entrando e saindo do lugar. Fiz nosso check-in e o pagamento previamente, como turistas em trânsito, então, era só confirmar a nossa chegada em uma das estações da recepção para habilitar o meu DI com chave do quarto reservado, sem nem precisar olhar nos rostos do funcionário do lugar.

— Desculpe – Mathews me disse, durante o trajeto da minha casa para o hotel, dentro do smartaxi.

— Por quê?

— Por tirá-la da sua casa.

— Não precisa se desculpar, foi uma opção minha.

Ao chegar no hotel, passei o código enviado pela máquina da recepção, que me informou o número do quarto e habilitou o meu DI para abri-lo. Apesar de ficar muito próximo do aeroporto, o lugar era bastante silencioso, devido o tratamento acústico antirruído. O quarto era moderno e clean, confortável suficiente para alguns dias, mas não para ser chamado de lar, mesmo que quando abaixada as cortinas mostravam lindas paisagens de qualquer lugar do mundo, bastava uma ordem do hospede, para que se sentisse em casa.

Assim que entramos no quarto, Mathews olhou em volta reconhecendo o lugar, eu percebia as suas mudanças das suas atitudes, tornando-se muito mais cuidadoso. Para as cortinas, eu pedi uma noite estrelada e o cheiro de uma noite de primavera, mesmo sendo de dia, assim poderia relaxar, me atirei na cama de roupa e tudo.

— Posso fazer algo por você, Emma?

— Não, obrigada – respondi, displicente.

— Você não quer mais os meus serviços? Não está mais satisfeita comigo?

Jura que estávamos tendo uma DR?

— Não é isso. É toda essa loucura e ... — Parei de falar e olhei para ele. Era tão bonito, tão perfeito e só meu. – Mathews, faça amor comigo e para eu esquecer de toda essa loucura que estamos vivendo?

 Ele sorriu, veio na minha direção e começou a tirar as minhas roupas com suavidade, fechei os olhos, esvazie a mente, só prestando atenção nas mãos deles, gentis, sobre meu corpo, então, como pedi, fizemos amor, doce e calmante, como duas pessoas apaixonadas.



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