A batalha rugia como um furacão, o barulho das armas misturado com os gritos dos soldados preenchia o ar, mas para Pieck, tudo o que conseguia ouvir era o eco sombrio do silêncio que permeava sua alma, seu coração já dilacerado pela perda de Pokko agora era assombrado pela dor de um luto adicional, enquanto ela avançava, sua mente estava envolta em um redemoinho de lembranças.
Pokko, seu amado, estava agora além de seu alcance, e ela lutava não apenas pela sobrevivência, mas para honrar sua memória, cada passo que ela dava, cada golpe que ela desferia, era uma homenagem silenciosa à vida que perdera, finalmente, a batalha chegou ao fim, deixando para trás um campo de desolação e ruína, ela estava entre os poucos sobreviventes, seu corpo ferido e exausto, mas a dor física era nada comparada à agonia que dilacerava seu coração.
Então, quando o estrondo da guerra se dissipou, outro tipo de dor a atingiu, cruel e implacável, uma dor física, profunda e lancinante, que a deixou de joelhos no chão, Pieck agarrou-se à sua barriga, como se pudesse afastar a verdade que se desdobrava diante dela, mas não havia como escapar. A jovem sentiu uma dor aguda, algo dentro dela estava se rompendo, ela cambaleou, o mundo girando ao seu redor enquanto ela lutava para entender o que estava acontecendo.
Ela havia sofrido um aborto.
Foi como se o próprio mundo desabasse ao seu redor, Pieck caiu de joelhos no chão, os olhos arregalados de horror enquanto ela enfrentava a brutal realidade do que havia acontecido, ela sentiu o calor do sangue escorrendo por suas pernas, uma lembrança cruel do pedaço do homem que amou que nunca teria chance nem de ver o rosto que nunca teve a chance de nascer. Enquanto a batalha se transformava em silêncio ao seu redor, Pieck estava imersa em uma tempestade de emoções, ela tentou falar, mas apenas um gemido sufocado escapou de seus lábios, ela estava sozinha, perdida em um mar de dor e desespero, sem ninguém para compartilhar sua agonia
O choro silencioso que escapou dos lábios de Pieck foi abafado pelo vazio ao seu redor. Ela se sentia como se estivesse afundando em um abismo escuro e sem fim, onde a dor e a solidão eram seus únicos companheiros. Seu filho ou filha, uma promessa de amor e esperança, a única coisa que tinha sobrado de Pokko agora era apenas uma sombra fugaz de um futuro que nunca seria.
_ Você tinha que puxar o seu pai até nisso_ Ela riu enquanto ninguém percebia o sangue escorrendo por suas pernas. Não contou a ninguém, ela e Annie não eram exatamente amigas e sinceramente não a via com bons olhos desde que ela se afeiçoou ao cara que matou Berthold e a prendeu a um cristal, quanto a Reiner ele sempre foi um incompetente e era tudo culpa dele, percebia agora que Pokko estava certo.
Nos dias que se seguiram, Pieck se viu perdida em um luto silencioso e desesperador, ela se isolou do mundo, afundando-se em um oceano de tristeza e torpor, todas as vezes que respirava seu cérebro criava uma lembrança dolorosa do que poderia ter sido, do que deveria ter sido. Nove meses se passaram, um ciclo de vida e morte completo e enquanto o mundo continuava girando ao seu redor, Pieck permanecia presa em seu próprio pesadelo pessoal, ela sabia que nunca esqueceria seu filho perdido, que sua dor nunca se dissiparia completamente.
Era como se uma parte dela tivesse sido arrancada, deixando para trás apenas uma sombra do que um dia fora, os nove meses seguintes à perda do filho, Pieck mergulhou em um mundo de onde a linha entre realidade e imaginação se tornava turva.
“ Ele ia homenagear o irmão não importasse o gênero, se fosse menino seria Marcel sem discussão e se fosse menina poderíamos debater entre Marcela, Marcele, Marcelina e Marceline... Nomes muitos grandes viram apelidos, eu gosto de Marcele soa chique e gentil” Ela se pegava pesando no nome da criança, chegou até mesmo a pensar a possibilidade se forem gêmeos, e pensou em seus rostos, um menino que parecia com ela e uma menina que parecia com ele, caso fosse um só deveria ser a mistura perfeita: O cabelo ruivo que ela amava, e seus olhos pretos brilhantes e cansados que ele achava atraente, a inteligência dela e a agilidade dele.
No silêncio de sua solidão, Pieck se via cercada por cenários que só existiam em sua mente torturada. Ela imaginava-se embalando seu filho nos braços, sentindo o calor de seu corpo contra o dela, podia ouvir sua risada infantil ecoando pela casa, enchendo cada canto com a promessa de alegria e felicidade.
Em suas fantasias mais vívidas, Pieck viajava por terras distantes com a criança ao seu lado, eles exploravam florestas encantadas, escalavam montanhas majestosas e mergulhavam nas profundezas do oceano, cada aventura era uma jornada de descoberta e aprendizado, uma chance de criar memórias preciosas que durariam para sempre. Às vezes, ela se via sentada à mesa do café da manhã, a criança sorrindo enquanto devorava uma tigela de cereal, outras vezes, imaginava-se ensinando a andar de bicicleta ou a construir castelos de areia na praia.
E em seus sonhos mais íntimos, ela a criança via crescendo diante de seus olhos, tornando-se um homem corajoso e gentil, pronto para enfrentar o mundo com determinação e amor, mas então, o eco dessas fantasias se desvanecia, deixando Pieck de volta à realidade sombria de sua dor. Ela se via cercada por um vazio profundo, onde a ausência de seu Pokko e do bebe era uma ferida aberta em seu coração, nesses momentos de desespero, tudo o que podia fazer era segurar-se às lembranças de seus sonhos, agarrando-se à esperança de que, de alguma forma, ambos ainda estivessem com ela, mesmo que apenas em espírito.
E assim, envolta em seu manto de tristeza, Pieck continuava a existir, mas nunca realmente viver, cada dia era uma luta para sobreviver, cada momento uma lembrança angustiante do que havia perdido e mesmo quando o sol brilhava no céu, seu mundo permanecia mergulhado na escuridão do luto, onde as lágrimas silenciosas eram sua única companhia.
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