História Breach Of Contract - Capítulo Único Part. 23

Dor, muita dor.

 Meu corpo parece ter sido atropelado por um caminhão. Tento mexer meus dedos ao sentir um toque suave em meu rosto, mas parece que isso só piora o que estou sentindo, abro meus olhos, porém continuo em uma imensa escuridão.

Dylan diz que me ama, mas não consigo responder que também o amo mais que minha própria vida. Essa voz não é dele, mas a intensidade do seu toque em minha pele é exatamente igual, por que não reconheço essa voz?

– Acha mesmo que ela vai ficar bem? 

Ouço sua voz ao longe, grito lhe chamando, você está tão distante, parece não me ouvir.

– Não sabemos, isso pode levar dias, semanas ou anos... Porém ela está estável, mas como uma profissional, não posso prometer nada... – Uma voz feminina se faz presente em meus ouvidos – Ou hoje mesmo pode acordar, mas as lembranças vão demorar para voltar. Estou quase certa que ela sofrerá de uma pequena amnésia. 

– Compreendo, posso ficar mais um pouco com ela?

– Sim, claro. Com licença.

Sinto sua mão quente em contato com a minha mão, aquele toque, faz meu corpo estremecer por dentro. Quero ver seu rosto, quero tocá-lo, parece um sonho, porém é tão real.

– Meu amor! – grito mais uma vez, mas continuo sem resposta.

Não consigo entender, quero apenas abrir meus olhos e encontrar você.

[JungKook on ]

Seis meses já se passaram, e as coisas continuam iguais. Ela tem que acordar logo, esse tempo que fiquei ao seu lado, algo novo despertou em mim, quero protegê-la de tudo e de todos. Se aquela noite ela tivesse me obedecido e tentasse me ouvir, isso não teria acontecido e agora com certeza estaríamos brigando, mas seria melhor do que a ver assim. Me culpo por só ter brigado com ela, e deixá-la fugir daquele jeito e não ir atrás, eu poderia ter evitado.

Aqueles idiotas passaram dos limites, espancaram a pobre garota sem dó e piedade, isso não se faz nem com um animal. Não sei por que tanto ódio dessa menina por algo tão pequeno. Foram só palavras ditas que saíram sem querer, ela é apenas uma jovem que está começando a viver e entender tudo sobre a vida, agora. Acaricio seu rosto e pego sua mão.

– Isso não vai ficar assim, eu prometo!

Falo com toda convicção olhando em seu rosto, seus dedos tentam apertar minha mão. Meu corpo estremece por estar correspondendo meus toques e meus estímulos, sorrio por saber que está melhorando, tentando acordar desse coma. Chamo a médica novamente e saio do hospital, e decido que a partir de agora essa situação vai mudar. 

Pego meu carro e vou em direção a casa do meu amigo Richard, ele é o criminoso mais respeitado em toda cidade e região, só aquele cara vai poder me ajudar. Sempre fomos bons amigos, ele não vai me deixar na mão. Estaciono em frente sua casa, seus homens observam meu carro preto já com as armas em punho, para eu não levar um tiro saio logo de dentro do carro. Aceno para o chefe de segurança que também é meu amigo, ele sorri e eu me aproximo.

– Quanto tempo, grande JungKook... – pego em sua mão, e como ele é mais velho que eu me curvo em uma pequena reverência. – Soube que se casou!

– Então Raphael, não é bem um casamento, é bem mais complicado que isso.

– Por isso não quero saber de casamento. – Gargalha e eu dou um sorriso mínimo.

– Richard está?

–Sim, está no escritório organizando algumas coisas.

– Preciso falar com ele algo urgente.

– Pelo jeito é algo relacionado a sua esposa, certo? Ouvi alguns boatos do que aconteceu.

– Sim. Preciso protegê-la e acho que Richard pode me ajudar.

Fomos conversando sobre mulheres até chegar no escritório, Raphael disse que está apaixonado por uma das garotas do chefe, mas em lealdade a ele sempre mantém distância, porém quando Richard autorizava, ele aproveitava como podia do corpo da garota e se arrependia depois. Jessy a tal garota gozava gritando por Richard e isso incomodava seu coração apaixonado. Quando disse isso foi minha vez de gargalhar.

– Não sabia que bandidos sentiam amor.

– Pois é, JungKook isso me pegou de surpresa, cara! Espere, vou avisar para Richard que está aqui.

Espero até ter a autorização para entrar no escritório, estou nervoso e tento pensar em mil coisas ao mesmo tempo. Assim que entro na enorme sala, Richard, meu amigo, vem logo me cumprimentar. Falamos sobre algumas coisas sem importância até eu chegar onde quero.

– Richard, como já sabe... eu estou casado.

– Sim, passou até na televisão, ainda estou magoado por não ter sido o padrinho. – Richard e suas gracinhas, ele não vê que estou desesperado aqui? – Vai ficar só me olhando, cara? Vamos, continue.

– Mas é um casamento um pouco diferente.

– Como assim diferente?

Explico toda história para ele, menos a parte que estou sentindo algo pela garota, se não as coisas ficariam pior. Ele só ri da minha cara, dizendo que eu poderia ter pedido ajuda a ele ao invés de aceitar isso tudo e estar nessa enrascada agora.

– E a garota? Vocês já transaram? – pergunta pegando uma bebida para mim.

– Sim, uma vez.

– E? – pergunta curioso.

– Como assim "E"? Isso não tem nada a ver com o que eu vim pedir.

– Ela é boa? – começa a rir ignorando totalmente o que eu havia dito, eu quase jogo o copo nele por estar fazendo gracinhas em uma hora dessa. – É melhor que sua querida Giselle?

– Não sei como você é o maior mafioso aqui dessa cidade. – Falo ríspido. Sobre Giselle nem quis responder, aquela vadia vai me pagar caro por querer me enganar.

– No trabalho as coisas são diferentes, meu querido. E hoje estou de bom humor... – Sua expressão torna-se séria parecendo estar interessado no que eu disse alguns minutos atrás. – Então, em que posso ajudar?

– Preciso de alguns homens para protegerem Courtney , e minhas empresas.

– Só isso? – faz um sinal com as mãos indignado – Pensei que iria pedir armas, drogas, uma casa nova.

– Para que eu iria querer drogas?

– Ah, esquece. – Ele começa a rir e eu o acompanho – Mas se parar para analisar essa situação toda, acha que só alguns homens armados vão impedi-los de pegar sua esposa novamente? 

Paro um pouco para pensar e percebo que ele tem razão, Jay é poderoso, tenho que pensar em algo melhor.

– Então, eu acho que vou querer a casa... E... – Coloco a mão em meu queixo pensando no que mais eu iria precisar.

– Pode deixar que vou arrumar tudo para você, relaxa cara. Vai ficar com sua garota.

– Ela não é minha garota... – desvio meu olhar do seu que nesse momento parece bem acusador. – Então, qual seu plano?

– Vou organizar tudo, mas primeiro não exponha ela de maneira nenhuma, assim que ela melhorar, leve-a para uma casa que vou te emprestar discretamente e... – antes que pudesse terminar, eu começo a falar, Richard odeia quando eu faço isso.

– Mas e se isso não der certo e pegarem ela novamente?

– Até parece que você não me conhece!

Meu amigo me explica como eu devo fazer com Courtney , diz para eu avisar seus pais, mas não deixar que se aproximem enquanto não resolvermos tudo, quanto menos pessoas envolvidas melhor e continuar agindo normalmente com Jay. Saio da casa do meu amigo, bem mais tranquilo, pois os homens já estão a caminho da empresa, minha casa, hospital e alguns atrás de mim, em seus respectivos carros.

Será que Richard tem razão? Eu poderia ter pedido ajuda primeiro a ele? Mas se eu tivesse feito isso, não teria conhecido Courtney , que é ótimo, porém ela não estaria nessa situação. O que realmente estou sentindo por ela?

Acho que esse tempo velando por ela no hospital me fez ver algo especial. Às vezes que eu conversava com ela contando sobre minha vida, sua pele arrepiava ao ouvir minha voz, será que me ama? Isso explicaria os surtos dela toda vez que eu ficava com uma mulher diferente. Talvez ela tenha escutado grande parte do que eu disse. Mas algo permanece em meus pensamentos, deve ser impossível ela me amar. 

Assim que estaciono em frente ao hospital, meu celular começa a tocar. Só de ver o nome na tela meu sangue começa a ferver.

– O que você quer?

– É assim que cumprimenta um amigo e sócio? – sua risada me faz apertar o volante em meus dedos, apenas suspiro irritado e permaneço calado – Como está sua querida esposa?

– Você é um desgraçado!! Como pode ser tão covarde a esse ponto? – Não consigo me segurar.

– Ela mereceu, estou fazendo o que você deveria ter feito desde que chegou a sua casa! – seu tom de voz aumenta.

– Eu... Estava fazendo o que mandou.

– É mesmo? – pergunta com sarcasmo – Nunca vi uma marca de agressão naquela vadia!

– Você não estava 24 horas com a gente e nem viu ela nua para dizer isso! – Tento mentir, ele sabe que eu não estava fazendo o que mandou, eu fiz só no começo um pouquinho.

– Você estava transando com ela, não foi esse o trato, lembra? Seu idiota!

– Qual o problema? Queria estar no meu lugar? Desfrutar daquele corpo maravilhoso? Essa vingança idiota não foi por causa do que ela disse, não é mesmo?

– Cala Boca, garoto inútil!! – grita do outro lado da linha, mas eu não vou parar.

– Você a queria em seus braços, mas ela não quis um velho nojento como você!

– Isso não vai ficar assim Jeon JungKook!

– Faça o que quiser, mas saiba que eu estou bem preparado dessa vez!

Encerro a ligação e jogo o celular no banco de trás, acabo percebendo a burrada que havia feito, não foi isso que Richard mandou eu fazer. Por causa da raiva dou um murro no volante, acertando a buzina causando um barulho estridente. Vejo um dos homens se aproximar do carro, e saio do veículo para ver o que ele quer.

– Aconteceu alguma coisa, senhor JungKook?

– Eu estraguei tudo, por favor fiquem atentos, Jay pode tentar algo. – Falo e ele assente. – Vamos!

Pego meu celular e ligo para o Richard, já entrando no hospital.

– Richard... Jay me ligou, e eu estraguei tudo!

– O que conversaram?

– Ele perguntou se Courtney estava bem, mas eu sei que ele não estava realmente interessado nisso, discutimos por causa dela e eu acabei dizendo que ele só está fazendo isso porque Courtney não quis ficar com ele!

– JungKook... – Ele respira fundo antes de começar a falar de novo – Qual parte de continuar agindo normal e não o enfrentar, você não entendeu? Você vai estragar nosso plano e acabar com minha reputação com uma coisa tão idiota.

– Richard, ele a xingou! – tento argumentar, mas agora dizendo em voz alta, isso parece inútil. – Eu não podia ficar calado!

– Qual o problema de ele ter xingado? Você sabe que esse homem odeia Courtney , o mínimo que ele iria fazer é xingá-la!! Raciocina JungKook, pare de agir com o coração, eu sei que ama essa garota, mas se quer protegê-la, faça o que eu mandei!

Ouvir outra pessoa dizendo que eu sinto amor por ela, pesou tanto em meus ombros. Eu não a amava, não mesmo! É apenas carinho e vontade de protegê-la.

– Eu não a amo, Richard! – falo firme.

– De tudo que eu disse você só prestou atenção nessa parte? Pare de tentar se enganar, e faça tudo direito, palhaço!! Se não ficar calado agora e me obedecer, você só vai ferrar mais a vida dessa garota.

Richard encerra a ligação e eu encaro o celular incrédulo, ele desligou na minha cara? Isso não importa, preciso ver Courtney . Vou até a recepção e peço para visitá-la. A moça chama a enfermeira e sou informado que estão dando banho nela.

A médica responsável por ela disse que ela passou por alguns exames hoje enquanto estive fora e que seu estado está bem melhor, que está respondendo bem aos medicamentos e que a qualquer momento ela poderia acordar.

– Assim que ela acordar iremos marcar fisioterapia, tudo ficará pronto para que saia daqui bem, só não garantimos que a memória dela vai voltar. Foram fortes as pancadas em sua cabeça, as lesões foram profundas em seu cérebro, é incrível como ainda está viva.

– Ela é muito jovem, por isso lutou para viver. É uma garota forte e teimosa. – Dou um pequeno sorriso lembrando das nossas brigas.

– Sim, e vocês formam um casal tão lindo, seria triste perder sua esposa assim. – diz sincera.

Trago a saliva em seco, e mudo de assunto.

– É, se isso acontecer o que eu faço para ela começar a se lembrar?

– Ah, mostre fotos, fale constantemente como era a vida de vocês dois, com ajuda de parentes e amigos isso pode acontecer rápido.

– Entendi, vou fazer isso, obrigada. Então eu posso vê-la agora?

– Sim, claro. Pode entrar.

Entro no quarto vendo as enfermeiras terminando de arrumar-lá, assim que terminam elas pedem licença e eu tomo meu lugar de sempre na cadeira ao lado da cama já tocando em sua mão. Percebo que está mais quente do que das outras vezes.

– Por que você não acorda? Eu preciso de você.

Preciso? Aproximo meu rosto do seu, olho cada detalhe de seu rosto que não está tão pálido como antes.

– Daqui alguns dias vamos completar 1 ano de casados. Antes eu pensava que você só iria atrapalhar minha vida, mas ao mesmo tempo iria trazer minha fortuna para minhas mãos novamente, mas nesses últimos meses eu percebi algo diferente em você, algo que nem a Giselle tinha. O brilho dos seus olhos, estou com saudades dele. – Sua mão aperta a minha mais forte que da última vez, olho para nossas mãos e volto a encarar seu rosto com um sorriso nos lábios, minha visão está turva por causa das lágrimas que já ameaçam cair, não sou de chorar, mas essa situação me deixa tão abalado. – Não sei se está me ouvindo, então quero me desabafar. – Outro aperto – As pessoas que estão em minha volta dizem que eu amo você, que isso está estampado em minha testa, eu tenho negado ou tentado negar para mim mesmo. Sei que fiz muito mal para você, mas eu não queria, não sou uma pessoa má, apenas me envolvi com pessoas ruins. Não queria te prejudicar. – Toco em seus cabelos soltos com a mão livre, e uma lágrima pinga em seu rosto – Mas olhar para você assim fica difícil, minha boca nega, mas meu coração chama por você. Não sei quando aconteceu, acho que nesses últimos meses ou talvez quando te vi pela primeira vez. Então, por favor abra os olhos logo, lute mais um pouquinho, por mim. Não importa se esteja sorrindo ou gritando comigo, apenas quero você bem e ao meu lado.

Finalizo minhas palavras depositando um leve beijo em seus lábios. Fecho meus olhos e continuo a carícia em seus fios sedosos. Ouço um resmungo dela e a olho no mesmo instante. Seus olhos começam a se abrir, ela pisca várias vezes, acho que por causa da claridade. Eu quero chamar alguém, mas eu fico paralisado ao vê-la se despertando.

– Courtney ... Você... – paro de falar assim que seus olhos fixam em mim.

– Você... – sua voz sai baixa – Não é o Dylan ... Quem... Quem é você?