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História Breaking Rules - Capítulo 8


Escrita por: Aime_B

Notas do Autor


Enquanto estou aqui esperando o site do ENEM colaborar comigo, resolvi que Breaking Rules precisava ser atualizada kkkk'
Bem, com essas novas regras meio assustadoras, quero deixar claro que eu não incentivo nada. Ponto. Nada. Não façam nada, eu sou inocente, se fizerem qualquer coisa a culpa não é minha U_U
Boa leitura :3

Capítulo 8 - Capítulo 8


 

 

 

- Sr. Oh?

- Sim - Sehun fechou a geladeira com o pé e sentou-se a mesa.

- O senhor pediu que ligássemos caso ocorresse qualquer problema com o tratamento e... - a secretária do outro lado da linha murmurou meio sem jeito.

- Sim, aconteceu alguma coisa?

- Luhan não aparece a três consultas. E o Dr. Kim gostaria de falar com você.

O loiro engoliu em seco. Assentiu algumas vezes antes de notar que estava sozinho e acrescentar ao telefone.

- C-Claro.

 

 

 

 

 

 

Sehun sentia um frio meio incômodo no estômago que nada tinha a ver com o ar-condicionado da sala de espera. O médico que fizera o tratamento de Luhan por aqueles doze longos meses queria agora falar consigo. E, nenhuma das alternativas para aquela escolha agradava o loiro, cujo gosto por mudanças não era lá muito admirável.

O que seria dele se o médico dissesse que Luhan estava curado? Então ele também estaria? Cessaria aquela vontade de ter o moreno só para si?

- Sr. Oh, o doutor o aguarda - a recepcionista lhe sorriu tranquilizadora e o rapaz percebeu o quanto deveria estar pálido.

Acompanhou-a por uma porta de madeira de correr, que separava a recepção de mais dois consultórios – um para o psicólogo e outro para o psiquiatra que agora veria – e um jardim de inverno o acolheu com suas samambaias em verde intenso, contrastando com o chumbo das paredes. Andou mais alguns metros, sempre seguindo a estagiária com seu rabo de cavalo a balançar em um movimento quase hipnótico que servia de distração para si. Gostaria que seus dedos não estivessem tão gelados ou que o ar entrasse em seus pulmões sem que tivesse que ser sugado por suspiros audíveis demais. Passou pela primeira porta, também de madeira, e não absorveu o nome escrito nela. No final do corredor, alguns passos de distância, como se o aguardasse, estava o nome de Kim Minseok. Ele desejou por instantes que a garota o deixasse ficar sozinho para tentar organizar os pensamentos que não haviam dado sossego por um mísero segundo.  Então ela abriu a porta e Sehun encarou o psiquiatra.

- Sente-se por favor, Sehun.

Pela maneira como dizia seu nome, ele era pauta em discussões frequentes nas consultas. O loiro quis se encolher embaixo da mesa e ali permanecer escondido do olhar complacente de Minseok.

- Bem, acho que já soube que dispensei Luhan - começou, inclinando-se para frente. Sem uma resposta, continuou - E também acho que você sumir tão subitamente não facilitou o tratamento.

- C-Como...? - Sehun tinha os olhos arregalados. Minseok ria.

- Luhan me contou... Ou melhor, ele escreveu. O caso é que ele apresentou uma evolução muito grande nos últimos cinco meses e é por isso que você está aqui.

- E-Ele está curado? - os dedos do loiro batucaram nos joelhos e ele evitava os olhos delicados do psiquiatra.

- Curado? Luhan nunca foi doente, Sehun. Ele tinha alguns traumas que precisavam ser superados e... Bom, uma obsessão por você. Mas ele nunca foi doente.

- Você entendeu o que eu quis dizer - Sehun revirou os olhos.

- Eu trabalhei muito com Luhan antes de notar que ele não precisava de um psiquiatra... Ele precisava de um amigo, de companhia, de gente. Eu não tenho certeza se ele está totalmente são - Minseok girou-se em sua poltrona de modo que o maior não precisasse encará-lo - O problema dele não era você, mas você não facilitava a cura.

- Não sabe? - suas feições demonstravam confusão.

- Sehun, eu preciso que você me diga como Luhan está... - Minseok foi direto e a força de seu olhar voltou a pesar no loiro - Quero que vá visitá-lo e tire suas próprias conclusões.

Sehun engoliu em seco e assentiu.

 

 

 

 

 

 

O prédio não mudara nada no decorrer de um ano. Talvez um pouco mais desbotado e alguns arranhões na parede, mas esses míseros detalhes passaram despercebidos aos olhos de Oh Sehun. Ele não sabia o que esperar ao entrar no apartamento que costumava ver somente às quintas-feiras. Não sabia o que esperar de Luhan. Fazia tanto tempo...

Ele chegou à porta que costumava entrar de madrugada. Os dedos enfiados no moletom roçaram sobre a chave reserva que ele nunca jogara fora, como que para confortá-lo. Estava com medo. Porra, estava com muito medo. Medo de ver vida naquele olhar perdido. E mais medo ainda de ver indiferença. Então bateu.

- Já vou - ouviu aquela voz gritar um pouco aflita e sem seu consentimento, sentiu-se corar.

Luhan abriu a porta e recuou instintivamente alguns passos.

- S-S-Se... - gaguejou, com toda a cor sumindo de seu rosto alvo que não mostrara indícios de ser afetado pelo tempo. Talvez não fizesse mesmo assim tanto tempo.

- Você está... ruivo? - Sehun não conseguia raciocinar, piscando algumas vezes para tentar focalizar o rapaz magro que congelara no umbral da porta.

Luhan levou os dedos até as próprias mechas, completamente sem reação. Tossiu e envergonhado, recuou mais alguns passos. Apesar de continuar praticamente igual no decorrer de um ano, ele estava diferente. Estava maduro, com um brilho vivo no olhar, incrivelmente independente. A ideia não agradava Sehun.

- E-Entra, por favor.

O apartamento estava abarrotado de caixas e quase não se via nenhum móvel. Sehun engoliu em seco. Uma estranha dor parecia o corromper de dentro pra fora.

- Vai se mudar? - perguntou de imediato, olhando para uma caixa ainda aberta onde estavam alguns pratos empilhados cuidadosamente.

- S-Sim... - Luhan murmurou, logo atrás de si.

O loiro se virou rápido, notando a proximidade. Luhan vestia uma camiseta azul e um moletom cinza que não dava forma às suas pernas. Se não fossem as mechas agora num tom acobreado reluzente, dir-se-ia que não havia passado sequer uma semana.

- Soube que não está indo ao tratamento... - ele não sabia o que dizer. Não sabia mais como agir com sua pequena marionete de porcelana. Talvez porque agora Luhan não estava mais em seu controle.

- Xiumin disse que eu não precisaria ir se quisesse...

- Xiumin?

- O psiquiatra - Luhan abriu um pequeno sorriso, encarando Sehun com uma das sobrancelhas arqueadas.

- Ah... - pensou consigo mesmo que aquela era uma frase muito inteligente para se dizer.

- Acho que é por isso que você está aqui. Certo? - Luhan lhe deu as costas e andou até a antiga cozinha, dos móveis anteriores restando somente o balcão e a geladeira.

- O seu psiquiatra disse que você estava... - deteve-se hesitante e coçou a nuca.

Normal? - o ruivo se encolheu timidamente e entregou ao visitante uma garrafa de suco industrializado.

- Melhor sem mim - corrigiu com um suspiro.

- Sehun eu...

- Olha Luhan, me desculpa. Eu... Eu só queria... Que você pudesse ter uma vida - e de repente, a ideia de Luhan ter uma vida longe de si pareceu dolorosa.

- Sehun, eu não quero falar sobre isso - ele pediu com um fio de voz, arrastando os pés no chão.

- Ok, tudo bem.

- Será que podemos ser amigos? - Sehun murmurou.

E Luhan sorriu, um riso meio choroso e silencioso, antes de livrar os olhos das lágrimas e assentir euforicamente.

O celular de Sehun começou a tocar e ele derrubou o suco que segurava, virando seu conteúdo no chão. Envergonhado e aflito, ele buscou o telefone no bolso e encarou a tela, ponderando se era melhor atender ou consertar o estrago que fizera no piso impecavelmente limpo do mais velho. Luhan com os olhos arregalados e uma expressão divertidamente surpresa no rosto, moveu as mãos indicando a sala para que o coreano pudesse responder à ligação enquanto buscava um pano nas caixas fechadas sobre o balcão.

- Desculpa - murmurou rápido enquanto andava sozinho para o outro cômodo e levando o telefone à orelha, acrescentou - Porra, Jongdae!

“- Jongdae?-” disse outra voz conhecida na linha ” - Jongdae é o caralho seu filho da puta! Eu sei que você está no Luhan!”

- Kyungsoo? C-Como? - gaguejou, girando nos próprios calcanhares.

“ - Jongdae é amiguinho do seu médico, ele me contou tudo! Você tem dois minutos pra se explicar e mais três pra sair desse apartamento, Sehun!” - Kyungsoo gritava histérico e havia outra voz mais distante pedindo calma.

- Eu não estou fazendo nada! - se defendeu meio infantilmente, agitando os braços. Sequer passara pela sua cabeça machucar Luhan, cuja pele lisa continuava tentadora, os fios ruivos contrastavam com a testa alva e a voz soava mais melodiosa, segura. Sehun chacoalhou a cabeça e viu de relance o dono da casa limpando o chão com um rodo comprido.

“- É bom não fazer... Só Deus sabe o quanto esse garoto deve ter sofrido porque você é um canalha egoísta e inconsequente! Não se atreva a tocar ele, Sehun, se ele tiver uma recaída você vai...”

- Passa pro Jongdae, Kyung... - pediu, tentando manter a voz mais elevada que a do moreno.

“- ... se aproveitar dele de novo! Somos amigos Sehun, mas eu não posso deixar você ficar acabando com...”

- Tá bom, eu sei que eu mereço alguns tapas e que eu devo ter batido a cabeça em algum lugar, mas dá pra passar pro Jongdae, porra! - puxou os próprios fios descoloridos, exausto e ligeiramente surdo.

”- Sehun?” - disse outra voz, mais calma e suave - “Me desculpa, o Kyung tomou o celular da minha mão. Nós estávamos comendo e o Minseok apareceu”

- Ok, eu não ligo. Será que você pode perguntar pro Minseok para onde o Luhan está indo?

“- Desculpa Hun, o Minseok já foi... Ele só veio comprar alguma coisa pra comer no consultório... Eu posso perguntar depois, mas acho que ele não vai me dizer” - Jongdae murmurou com pesar.

- Não, tudo bem. Ahn, obrigado - encerrou a ligação.

Sehun sentia um vazio dentro de si. Se Luhan estava curado, por que ele não se sentia assim? Por que cada vez que olhava para o ruivo seu coração palpitava mais rápido e sua boca ficava seca?

Bagunçando os cabelos, ele se dirigiu até a cozinha e estacou no umbral da porta.

Luhan parecia erradamente frágil apoiado no balcão em frente à janela, fitando a rua do lado de fora. Seus fios vermelhos reluziam de forma intensa, assim como os caminhos brilhantes em suas bochechas rosadas. Ele não emitia som nenhum ao chorar, mesmo assim seus suspiros eram penosos.

- Lu, o que aconteceu? - aproximou-se enquanto o menor limpava as lágrimas e forçava um sorriso.

- É que faz tanto tempo... E da última fez, você sumiu sem dizer nada - ele soluçou e seus ombros tremeram assim que os semelhantes de Sehun lhe fizeram abrigo - Sehun, eu me culpei por todos esses meses - confessou, se entregando a um choro baixo.

- Luhan, a culpa é toda minha - Sehun roçou o nariz sobre as mechas ruivas e sem saber como agir, ali permaneceu, embriagando-se naquele cheiro delicioso e único que só o menor possuía.

- Eu... Estou bem, obrigado - Luhan, percebendo-se onde encontrava, afastou Sehun delicadamente de si e esfregou as palmas no rosto.

Sehun voltou a seu lugar no batente da porta, com a sensação de ser um extremo idiota.

- Eu queria conversar mais com você... Se estiver desocupado hoje... Pra, sei lá, tomar uma cerveja lá em casa? - ofertou, sentindo-se um adolescente inseguro.

- S-Sim... Que horas?

- Às oito, está bom para você? - cruzou os dedos atrás das costas, ansiando mentalmente por uma resposta positiva.

- Tudo bem, às oito - Luhan sorriu uma última vez.

- Eu já vou indo então... - o loiro coçou a nuca e encaminhou-se para porta, acompanhado pelo dono da casa.

- Nos vemos às oito - a porta foi aberta e Sehun se virou uma última vez para trás.

- Foi bom te ver, Luhan...

- Foi bom te ver também, Sehun - e a última coisa que o loiro viu antes de sair, foi o sorriso tímido de Luhan e seus olhos que tinham um brilho novo.

 

 

 

 

 

 

Sehun deslizou a camiseta vermelha pelo corpo com lentidão, tentando privar seus olhos da claridade do quarto. Não, não estava ansioso. Ele não estava ansioso. Encarou seu reflexo no espelho. Merda, ele estava ansioso. E não somente isso, estava sentindo-se estranhamente perdido. Durante a tarde inteira, largado em seu sofá, se martirizou por não ter aquele brilho nos olhos de Luhan para si.

“Droga Sehun, controle-se”, pensava enquanto tentava arrumar as mechas loiras que ainda não haviam adquirido seu charme rebelde. Perguntou-se se havia colocado a cerveja na geladeira e, tropeçando nos próprios cadarços, foi correndo conferir. Viu duas fileiras com quatro ou cinco garrafas cada e na prateleira de baixo uma vasilha com frios cortados em cubinhos, um luxo que nem Kyungsoo tivera nos anos de sua amizade.

Três batidas na porta e o som destas reverberou nas paredes do estômago do pálido Sehun, que agora já não tinha mais certeza se aquela calça ficava bem em suas pernas. Mais duas, incertas, e o loiro lembrou-se de como mover as pernas e respirar. Porém todo seu fôlego se esvaiu ao abrir a porta e deparar-se com Luhan meio encolhido, os cabelos naquela cor atípica e uma camiseta roxa colada ao peito.

- O-Oi - ele lhe disse, parecendo meio desconsertado com aquelas bochechas adoravelmente rosadas - Eu trouxe um presente - sorriu, mostrando um embrulho. Na mão esquerda, havia um caderno azul.

- Entra... - Sehun abriu espaço e seu coração falhou algumas batidas. Era Luhan, ao mesmo tempo que era um rapaz atraente e de olhos vivos que adentrava ali - Você bebe?

- Socialmente - os cantos dos lábios rosados do ruivo tremeram, no entanto ele não se permitiu esboçar sorriso enquanto sentava no sofá indicado pelo dono da casa.

- Olha, eu comprei cerveja suficiente para nós dois ficarmos doidões - brincou o dono da casa, voltando da cozinha com duas garrafas  abertas e tomando um lugar ao lado do chinês - Com fome?

- Não eu... Jantei em casa_ afirmou com um aceno de cabeça - Aqui seu presente!

Sehun curvou-se e tomou um espaço no sofá. Seus dedos tremiam de leve e o laço parecia não querer ser desfeito. Sabia que era observado e sua sensação de vergonha aumentava a cada riso silencioso do visitante após suas tentativas frustradas. Sem aviso, os dedos de Luhan invadiram seu espaço e sobrepuseram-se aos seus, guiando-o. Sehun ergueu os olhos, com o coração palpitando forte e viu que o chinês estava concentrado em abrir o embrulho através de suas mãos, com as bochechas pinceladas num tom róseo delicado.

- Prontinho - Luhan recuou os dígitos, deixando leves formigamentos pela pele gélida de Sehun.

- O-obrigado.

Era um livro. Sehun não precisava ter ouvido falar para de imediato reconhecer a capa, onde um garoto loiro e um asteroide voavam avulsos no fundo branco. Não havia nenhuma dedicatória ou coisa do tipo, apenas as próprias ilustrações. Luhan lhe dera um livro infantil. O pequeno príncipe.

- Obrigado - repetiu com um sorriso.

- Eu acho que você vai gostar - Luhan sorrira de modo eufórico e nada além daquilo poderia dar a certeza de que Sehun ganhara o melhor presente do mundo.

- Sim, eu vou... - o maior se levantou - Vou guardar, só um minuto.

O loiro marchou para o próprio quarto e arranjou um lugar para o livro, em cima do criado mudo para que não se esquecesse de lê-lo mais tarde. Voltou em passos de gato, vendo a silhueta magra de Luhan em frente a sua instante e, parado no umbral da porta, ficou a observá-lo. Ele mexia em sua recém-adquirida coleção de fotografias, obra de Kyungsoo.

- O que está vendo aí? - perguntou em tom doce, mas foi suficiente para que Luhan se assustasse e desse um pulo para trás.

- Essas fotografias não estavam aqui antes - ele murmurou.

- Kyungsoo disse que isto parecia uma casa de universitário. Foi ele que tirou, revelou e emoldurou a maioria aí - Sehun aproximou-se da estante e conferiu os cinco ou seis porta-retratos diferentes.

Eram fotos comuns, meio tremidas, mas ainda assim especiais. Kyungsoo estava em várias delas, na primeira, fazendo sinal de V ao lado de um Sehun nada interessado. Na segunda ele puxara o pescoço do namorado Jongin e de Sehun para que cada um ficasse ao seu lado e sorrira animadamente para a câmera. A terceira, tirada por Sehun, era de Jongdae e do moreno disputando uma partida no vídeo game que não aparecera. A última era de Sehun e Jongdae lado a lado na fileira do cinema, irritados com o flash, porém não menos sorridentes.

Luhan puxou uma das fotografias com um olhar surpreso. Nela estava gravado um rapaz com feições angelicais, cabelos escuros bagunçados com a boca meio aberta dormindo em um colchão no chão da sala. Era ele.

- Kyungsoo tirou na primeira vez que viu você aqui. Ele te achou muito lindo, sabia? - disse com um sorriso de canto - Então pegou o celular e ficou tirando fotos suas enquanto você não acordava.

- Sehun...

- Vem, senta aqui, temos muito pra conversar - Sehun tinha as bochechas coradas quando virou-se e tomou um lugar no sofá.

Aquela fotografia simplesmente aparecera em sua estante após uma visita de um cínico Kyungsoo. É claro que ele a pegara e tentara devolver, no entanto, parado do lado de fora do apartamento do melhor amigo, ele viu que talvez sentisse falta de Luhan. Não de seus gemidos, ou de sua pele ou de meter nele até não poder mais. Mas e simplesmente de Luhan, aquele Luhan atrevido que aparecia em sua casa de madrugada e não o fazia se sentir tão sozinho.

- E aí, o que te levou a pintar o cabelo de ruivo? - perguntou, tentando não descer o olhar para o pescoço alvo que se escondia atrás da gola roxa.

- Me disseram que ficaria bom... - ele deslizou os dedos pelas mechas avermelhadas - Resolvi tentar.

- Ficou gato - elogiou o mais novo, com uma piscadela para o menor que corava intensamente.

- E você Sehun... O que fez nesse tempo? - Luhan bebia devagar, com o olhar posto no loiro.

- Hm... Nada de muito interessante... Continuo trabalhando na emergência e nada mudou - Sehun sorria e, se sentindo mais a vontade em sua própria casa, jogou os tênis para o canto da sala, colocando os pés no sofá.

- Eu arranjei um emprego - o mais velho murmurou e sua voz se perdeu no espanto do outro.

- S-Sério?

- De bibliotecário - ele deu de ombros, mostrando que não era lá muita coisa.

- Parabéns! - respondeu meio abobado, com a boca aberta de surpresa - Há quanto tempo?

- Dois meses e... Dezesseis dias - concluiu com um sorriso.

- Parabéns mesmo, Lu! - repetiu por falta do que falar.

- E... Eu estou juntando dinheiro para... Te pagar.

O estômago do loiro revirou e a cerveja parecia amarga em sua língua. Bebia apenas para não ter de dar uma resposta imediata.

- Me pagar? - fingiu-se de desentendido.

- Sim - Luhan falou com firmeza - Pagar pelos aluguéis do apartamento e devolver o dinheiro das minhas despesas.

- L-Luhan, não precisa... - ele estava zonzo.

- Eu quero - reafirmou o ruivo, erguendo o queixo - Por favor, Sehun, é importante para mim.

- Não vamos falar disso, ok? Só... conversar - pediu, com as mãos para o alto.

- Ok, vamos conversar...

E conversaram. Conversaram sobre empregos e sobre fotografias. Sobre o tempo e sobre panquecas no café-da-manhã. Conversaram banalidades que faziam todo o sentido e eram a base de suas vidas. Riram sem motivo, depois falaram e riram mais uma vez. Não viram a hora passar, sentiram o sono chegar ou sequer a ânsia de deixar a presença um do outro. E a cada palavra, cada sorriso, cada vez que Luhan levava os dedos à boca para conter a própria risada, Sehun sentia-se encantado como uma criança que vê a borboleta deixar o casulo e alçar voo independente. Lhe trazia aquela tristeza, aquela dorzinha sem nome no peito, sabendo que Luhan estava agora sendo livre e que voaria o mais breve possível para outros campos.

Porém Sehun nunca imaginou que fosse lhe doer tanto o momento da despedida.

Em um momento de silêncio, algo fraquejou dentro de si. E de repente ele tinha os fios de Luhan sob seus dedos enquanto via o sorriso do chinês vacilar. Aproximou-se, e mais e mais até que manter os olhos abertos se tornou motivos para incertezas insuportáveis que ele não queria ter. Avançou, decidido e nos últimos segundos, quando o hálito de Luhan mesclava-se ao seu, ele sentiu o outro lhe fugir.

- Sehun... - Luhan estava em pé, abraçado ao próprio corpo - Acho melhor eu ir agora.

- Luhan, desculpa... Eu juro que não vou tentar de novo, foi um momento de fraqueza - choramingou, levantando-se também.

- Não Sehun, está tarde.

- Ok, eu te levo - o loiro buscou as chaves em cima da mesinha de centro.

- Eu já tenho carona... - falou, sendo sincero.

- Mas... - Sehun sentia-se desolado. Coçou os fios da nuca uma vez e bagunçou a franja - Posso te ver semana que vem então?

Luhan suspirou e por um breve momento pareceu perdido. Abriu a boca uma, duas, três vezes e as palavras que queria formar não saíam. Então ele mordeu o lábio inferior com força suficiente para fazê-lo sangrar e sussurrou.

- Sehun, eu estou voltando para a China.

E Sehun, sem saber o que sentir, escolheu suspirar. Luhan, sua criança frágil, crescera. Luhan agora tinha mais Luhan do que Sehun dentro de si e estava pronto para ser independente.

- Quando? - murmurou com os olhos baixos.

- Esse final de semana - ele ouviu os passos se aproximando de si e seus ombros tremeram.

- E quando você volta? - pediu, quase implorou para que houvesse uma resposta. Então veio o silêncio que o obrigou a abrir os olhos.

Luhan tinha um sorriso sem felicidade no rosto e uma lágrima na bochecha.

- Quando você volta, Luhan?

Ele negou com a cabeça e deixou que Sehun recuasse até bater na parede que o sustentou.

- Foi bom te ver de novo.

Luhan soluçou e se aproximou. Seus dedos pousaram sobre os ombros largos e tensos e seus pés se ergueram como forma de quebrar a distância existente ali. Os lábios róseos tocaram a bochecha macia coberta de lágrimas antes de se afastarem. A porta bateu e Sehun estava sozinho.

 

 


Notas Finais


Eu me sinto muito, muito feliz de estar finalmente postando esse capítulo, porque foi aqui que a fic parou antes de ser excluída. Então, para os leitores antigos que acompanhavam, o próximo será totalmente inédito a vocês.
E eu retomo dizendo que a fic é antiga e a relendo agora eu encontro muitos, muitos erros nessa questão psicológica que eu não mudaria porque tenho preguiça. Vai assim mesmo. Portanto, a quem entende mais do assunto do que eu, minhas sinceras desculpas :'(
Por fim, quero deixar claro que sou contra drogas, violência, estupro, abuso de menores, pedofilia, suicídio, crase antes de verbo, preconceito, preço do kinder ovo, cortar a internet quando acaba os MB e todas as outras coisas muito ruins que existem no mundo. Não me denunciem U_U


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