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História Breaking Rules - Revelações


Escrita por: jiminfave

Notas do Autor


Como prometido mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem e entendam também.
Quero agradecer pelos favoritos e comentários, obrigado de verdade e não me matem por demorar tanto pra postar, como no post anterior eu justifiquei minha causa.
Mas enfim, chega de papo e vamos pra mais um capítulo.

Capítulo 7 - Revelações


Eu corria em passos largos e a respiração tornava-se ainda mais pesada e quase impossível de ser controlada. Os fios negros caíam sobre o meu rosto assustado, minha boca entreaberta destacava o quão desesperado eu me encontrava. A água da chuva se chocava com a minha pele sensível e pálida, e as lágrimas escorriam pela minha feição em um ritmo doloroso. Eu não queria parar mas também não queria continuar correndo desesperadamente por aquela rua sombria e sem luz. Os gritos da minha mãe se tornavam mais próximos e intensos a cada passo que eu dava, ela gritava incontáveis vezes o meu nome. Eu paralisei quando os meus olhos encontraram os dela. Metade de seu corpo posicionava-se fora do carro e as pernas estavam dentro do automóvel.


O fogo começou a consumir aquele carro e eu só conseguia enxergar a minha mãe sangrando e se queimando aos poucos. Nem a água da chuva era capaz de apartar o fogo. Eu não tive coragem de fazer nada, meu corpo estagnou e minha mente girava e girava. Ela gritava por ajuda, e eu estava ali, bem na frente dela sem poder fazer absolutamente nada. 


– Filho. Me ajuda! — ela sussurrou em pedido de socorro. Eu só conseguia pensar no quão inútil eu era, nem sequer me mover para ajudá-la eu tinha capacidade.


Minhas mãos automaticamente seguiram até os fios molhados pela água da chuva e meus dedos apertaram firmemente aquela região. Eu queria achar uma solução naquele momento mas meu corpo não permitia que eu desse mais um passo. As lágrimas formavam-se em meus olhos novamente e a culpa dominou o meu pensamento. Eu estava deixando a minha mãe morrer. Seu último suspiro foi ouvido antes mesmo do fogo consumir por inteiro o carro em que ela se encontrava. Nesse momento, as minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos sobre o chão molhado em desespero. As mãos cobrindo o meu rosto, os soluços tornando-se mais alto, eu estava me sentindo culpado por deixá-la morrer.


– A CULPA É SUA! — uma voz esbravejou e eu me virei automaticamente para o dono daquele som tão rude. – Você é um monstro seu desgraçado.


– Byun...


– VOCÊ É UM MONSTRO! — gritou apontando o dedo indicador na minha direção. – VOCÊ OS MATOU!


– E-eu por favor...


– VOCÊ OS DEIXOU MORRER! 


Jungkook levantou rapidamente da cama, sua respiração mostrava-se acelerada e suas mãos suavam sem pudor. O mesmo possuía os olhos perplexos e a boca entreaberta e seca. Jimin correu na direção do moreno e segurou em seus ombros, ressaltando a mesma perplexidade no semblante. 


– Ei, calma! Sou eu. — uma de suas mãos encaminhou até a mão alheia e apertou firmemente a mesma. Jungkook encarou o ruivo rapidamente, seus suspiros eram trêmulos. Aquilo de fato havia deixado Jimin atordoado. – Você teve um pesadelo. Tenta ficar tranquilo.


– E-eu é... onde eu estou? — perguntou nervoso.


– Na enfermaria. — respondeu calmamente. – Eu estava te trazendo pra cá e você acabou desmaiando, então o Taehyung apareceu e me ajudou.


– Que horas são? 


– 03:30. Mas não se incomode com isso, você tá em boas mãos. – acariciou o maxilar alheio antes de sentar-se ao lado do garoto. – Você teve um pesadelo, não foi?


– Acho que sim. 


– Quer me contar? — arqueou as sobrancelhas. – Talvez assim você se sinta melhor e consiga dormir. 


O medo do garoto não era compartilhar do seu pesadelo com Jimin, mas sim da realidade que aquele sonho pareceu ter. Não era como um sonho, e sim, como uma lembrança monstruosa que o perseguiu até encontrá-lo. Jungkook sabia que seus pais haviam morrido em um acidente de carro, pelo menos foi isso que a perícia disse aos dois irmãos. Mas o mesmo sentiu seu coração encher-se de culpa, apesar de ter sido um pesadelo. 


– Eu não sei. — murmurou negando com a cabeça lentamente.


– Se não quiser tudo bem. Mas você começou a falar coisas desconexas, eu não entendi direito. Talvez se você me contar eu posso te ajudar ou até mesmo te confortar. — o ruivo encarava o outro de forma intensa e protetora simultaneamente.


– Tudo bem. — foi a primeira coisa que Jungkook falou depois de longos segundos encarando o ruivo. – Eu sonhei com meus pais. Eles morreram em um acidente e eu sonhei com a cena da minha mãe dentro de um carro pegando fogo. Ela ficou me pedindo ajuda mas eu não consegui fazer nada. Eu os deixei morrer. — as lágrimas começavam a se formar nos olhos sofridos do calouro.


– Seus pais morreram em um acidente? — indagou tristemente, e foi respondido com uma afirmação. – Eu sinto muito!


– Eles estavam fazendo uma viagem pra cidade natal e acabou que o outro carro chocou com o deles. Eu não consegui vê-los porque não deixaram, mas eu só queria me despedir de forma correta.


As lágrimas desciam involuntariamente pela feição assustada e machucada do moreno. O mesmo recebeu a mão alheia sobre seu rosto e o polegar do ruivo rapidamente acariciou a pele sensível do outro, tendo como objetivo enxugar as lágrimas que eram depositadas no colchão. 


– Foi só um pesadelo. Eu estou aqui com você. — sussurrou.


– Você não entende... — falou devagar, fechando os olhos logo em seguida. Entregava-se aos poucos aos toques alheio. 


– O que eu não entendo? — perguntou ainda sem cessar o contato no rosto do garoto. 


– Meu irmão. — abriu os olhos. – Ele me acusava de ter matado os meus pais. Que eu fui um inútil por deixá-los lá se queimando aos poucos.


– Mas você não fez isso.


– Eu sinto que fiz. — mordeu o lábio em defesa da dor que consumia cada pedaço do pequeno corpo de Jungkook.


– Jungkook, você não pode se culpar por causa de um sonho. Por mais que tenha sido algo que recorde o seu passado, isso não prova que você foi o culpado desse acidente ter acontecido.


– Eu não sou normal. — seu tom de voz saiu como um desgosto de si mesmo. – Meus pais morreram, eu sofri com insônia, percebo coisas que ninguém consegue. Eu não me considero uma pessoa no padrão certo. Eu nem sequer tenho uma família.


– Não diz isso. — retirou a mão do rosto alheio. – Você é como todos nós. E não existe isso de padrão certo.


– Você não me conhece...


– Então me deixa te conhecer. — Jungkook encarou nos olhos escuros do ruivo. – Eu quero te conhecer, Jungkook. 


As palavras naquele momento não tinham significados para o garoto. O mesmo não conseguiu raciocinar o que acabara de ouvir. Era como se Jimin estivesse querendo se aprofundar no passado do moreno, talvez essa fosse a única vontade do ruivo todo esse tempo. Jungkook não saberia identificar o que aconteceu com suas mãos para suarem tanto com apenas essa confirmação. O mesmo possuía o semblante surpreso e... feliz? 


Um sorriso singelo e discreto surgiu minimamente nos lábios de Jungkook, e o mesmo abaixou a cabeça devidamente envergonhado, limpando as lágrimas secas que ainda se mantinham presentes em sua feição pálida. Não queria que Jimin o visse daquela forma, além de machucado, estaria todo vermelho devido a timidez. Os dois não tinham tanta proximidade mas Jimin estaria disposto a conhecê-lo melhor, e quem sabe, Jungkook também esteja.


– Eu...eu também quero te conhecer. — murmurou ainda de cabeça baixa. Jungkook achou que o ruivo não havia escutado, mas o veterano sorriu de lado ao ouvir com todas as palavras a certeza de que o outro também pensava o mesmo que si.


– Então me conte sobre você. — Jungkook ergueu o olhar na mesma direção dos olhos intensos de Jimin e suspirou profundamente antes de iniciar.


– Então, você sabe que meus pais morreram há dois anos, e eu continuei morando com o meu irmão mais velho, Byun. — Jimin afirmou com a cabeça permitindo que o garoto prosseguisse. – Quando eu soube disso minhas notas decaíram, eu passei a ter insônia todas as noites e nem os livros estavam me ajudando. Então eu procurei por minha tia e ela conversou comigo, disse que meus pais sentiriam orgulho de mim se eu me esforçasse para ser quem eles sonhavam que eu fosse um dia. Confesso que isso me fez criar coragem pra enfiar a cara nos livros e estudar. Eu era taxado de garoto estranho pelo os meus colegas, mas eu nunca me importei com isso porque eu tinha o meu irmão e a minha tia. Nessa época eu tive o meu primeiro distúrbio do sono, a todo momento vivenciava experiências tanto boas quanto ruins, e minha tia aconselhou a continuar lendo pois isso me ajudaria a lidar com a situação. Ela já quis me levar em um psicólogo mas eu não deixei e fingi que me sentia melhor. Com o tempo, eu me dediquei aos livros ainda mais e acabei tendo noites normais. Eu nunca tive dificuldade pra aprender pois o meu QI é elevado, por causa da minha baixa inibição latente.


– O que é isso?


– O meu cérebro é diferente do seu.


– Como assim? 


– Tá vendo aquele abajur? — Jimin seguiu com o olhar na mesma direção do dedo indicador do calouro, e depositou sobre um abajur em cima da mesa de vidro. – Pessoas com o seu cérebro enxergam apenas o abajur, pessoas com o meu cérebro não observam somente o abajur, mas sim a lâmpada, os riscos, a textura, os pequenos detalhes que vocês ignoram mas que eu tenho a facilidade de captar rapidamente.


– Isso parece ser interessante. — Jimin falara enquanto tentava processar tudo que estava conhecendo.


– É um pouco estranho mas já me acostumei. — encarou o ruivo todo admirado com a confissão do outro.


– Você só consegue estimular os objetos ou as pessoas também?


– Tudo. — respondeu devagar. – Eu tento o máximo ser menos observador mas é complicado. Você não entenderia isso.


– É, não mesmo. — suspirou fundo. – Eu posso te perguntar uma coisa?


– Sim.


– O que você se lembra da noite de ontem? — indagou receoso do que o outro poderia responder. – Eu tenho pavor só de imaginar o que esse babaca tenha feito com você.


– Eu não lembro de nada, sério. A única coisa que me lembro é que ele me bateu muito, me espancou, e depois disso eu não vi mais nada. Você me chamando é a última coisa que eu lembro.


– Eu sinto muito.


– Eu estou com nojo dele, sabe? Eu não quero nem pensar nessa possibilidade.


– Fica tranquilo que eu vou cuidar disso.


– O que você vai fazer? — questionou curioso e temendo pela resposta alheia. 


– Não importa. Agora deita e tenta dormir. — levantou-se da cama. – Você precisa de repouso.


– E-eu não sei se consigo. — abaixou a cabeça visivelmente envergonhado.


– Eu vou ficar aqui, Jungkook. — o garoto levantou o olhar no mesmo momento em quê Jimin segurou seu queixo. – Não vou deixar que tenha pesadelo de novo. 


– Promete? 


– Prometo. — sorriu soprado antes de retirar a mão do queixo alheio, e seguir até a poltrona ao lado da cama. 


– Jimin — chamou pelo nome do ruivo e o mesmo respondeu um 'hum'. – Poderia dormir aqui comigo?


– Mas eu já estou aqui, Jungkook.


– Não. Eu quero perguntar se você pode dormir ao meu lado... na cama?


O ruivo encarou o semblante ansioso de Jungkook, e um sorriso rapidamente transbordou em sua feição radiante como o sol em dias de verão. Jimin caminhou dois passos a frente ficando devidamente ao lado do moreno. Observou o outro transparecer ansiedade e nervosismo, talvez o temporal lá fora estivesse deixando-o esquentar nos lençóis daquela cama, ou então, seria pela possível resposta do ruivo.


– Claro!



(...)



Os raios solares já começavam a se manifestar no Instituto, que tornava-se mais vazio por ter os estudantes voltando para suas casas. Em poucos minutos o portão principal será fechado e só reabrirá no dia seguinte. Era mais um regra imposta pelo diretor; se sair não entra e se ficar não sai. Já era o terceiro final de semana que Jungkook passava no instituto, se não estiver errado, sua tia provavelmente irá lhe dar alguns puxões de orelha por ter deixado-a esperando todo esse tempo. Mas dessa vez o mesmo tinha um motivo sério.


As pálpebras cansadas do calouro se abriam lentamente, tendo em vista um homem alto de cabelos castanhos que encontrava-se de costas para o mesmo. O outro parecia entretido em seu serviço e não deixava de anotar algo em seu caderno sempre que pegava uma caixa de remédio em uma das mãos. O mesmo olhava o nome nas caixas e escrevia em uma folha de papel. Jungkook suspirou pesadamente e involuntariamente seu olhar virou-se para o lado mas o mesmo não encontrou quem tanto queria. Jimin não estava ali.


– Não se preocupe. Eu pedi para que ele saísse para que possamos ficar a sós. — virou-se na mesma direção do moreno, segurando uma injeção em uma das mãos coberta por uma luva. – Me chamo Seokjin.


– Eu sou Jungkook.


– Eu sei. Jimin me falou. — sentou-se ao lado do garoto, que rapidamente se acomodou na cama. – Eu pedi para que ele saísse pois precisava falar com você. Sabe, sobre seus machucados.


– O que quer saber?


– Como se feriu desse jeito? — foi direto no ponto. Seu semblante era sério e autoritário.


– E-eu me machuquei...na, quer dizer, no treinamento ontem cedo. — mentiu.


– Hum. E desde quando machucados causados por um treinamento provoca pisões em suas costas? Ou marcas roxas em seu pescoço? — fixou os olhos no outro sem evitar passar receio do que ele poderia responder. – Só me responda.


– Eu não preciso te responder nada. — respondeu baixo. – Só quero que ache uma solução pra isso.


– Eu posso achar uma solução pra isso, Jungkook, contando que você me conte o que realmente aconteceu com você. — sua voz nesse momento era mais tranquila e serena. 


– Eu sinto dor no corpo inteiro. Foi algo de adolescentes e acabou que os dois saíram feridos. — mentiu mais uma vez.


– Bebeu?


– Não, eu não bebo. — abaixou a cabeça. – Foi uma briga.


– Você não é o primeiro e tenho certeza que também não será o último que entra na minha sala reclamando das mesmas dores. — Jungkook ergueu o olhar pro médico e fixou seus olhos dizerem o que o mesmo pensava desde que acordou.


– O que isso quer dizer?


– Você precisa de descanso, medicamentos e principalmente exames. 


O homem era realmente belo. Os olhos castanhos mel destacavam o olhar pecaminoso e sincero que o mesmo transbordava. O cabelo também possuía o mesmo tom dos olhos. Jungkook ficou observando o quão encantador o médico era, e como ele conseguia passar uma tranquilidade e proteção apenas com simples palavras. O novato poderia contar o que aconteceu na noite anterior, entretanto, o mesmo tinha medo ou necessariamente vergonha. As lembranças da noite passada era torturante, apenas por se lembrar das mãos enormes de Shownu caminhando pelo seu corpo e chegando no pescoço como um ataque perfeito, o fez fechar os olhos em um aperto estridente. As mãos apertaram os lençóis da cama em defesa do próprio pensamento que o obrigava a recordar os momentos sombrios do instante anterior.


– Ei, ei, ei, não se preocupe. — falara o homem colocando uma das mãos no ombro alheio. — Eu vou aplicar essa injeção em você, certo? Com isso, a dor do seu corpo vai minimizar. Você sofreu algumas fraturas e precisa de repouso, não vai demorar muito pra se recuperar. Vem cá! 


Seokjin levantou-se da cama e ficou ao lado do garoto, pegou o braço alheio que posicionava-se no aperto dos lençóis e rapidamente um algodão com álcool foi passado no local. Jungkook sentiu uma dor fina adentrar sua pele vulnerável e respirou fundo ao sentir uma tontura.


– Eu vou te deixar sozinho, tá bom? — indagou e o moreno respondeu em afirmação. 



(...)



O quarto escuro onde Shownu arrumava as malas para voltar para casa ficou devidamente claro, assim que Jimin abriu a porta e adentrou vagarosamente a mesma. Seu pé direito fechou devagar a porta e o ruído baixo foi ouvido pelo mais alto. Shownu virou-se no mesmo momento em quê Jimin posicionou-se em frente a porta. O ruivo trancou a mesma e novamente voltou a encarar o outro com os olhos semicerrados, tudo isso lentamente. 


– Não sabia que você tinha o direito de entrar no meu quarto sem permissão. — afirmou e logo em seguida voltou a arrumar as roupas. 


– Talvez eu tenha aprendido com você. — a voz de Jimin soava tão rude que o outro pôde sentir a temperatura subir em seu corpo. 


– O que você quer, Jimin? — questionou virando-se de frente para o outro e suspirando sem paciência.


– Respostas. — afirmou. – E você sabe sobre o quê.


– Não, não sei não. Dá pra ir direto ao ponto, eu tenho hora marcada com o meu pai. — respondeu sarcasticamente.


– É simples. — caminhava lentamente para mais próximo do outro. – O que você fez com o Jungkook ontem? 


– Então era isso? — gargalhou e logo em seguida encarou o semblante paciente de Jimin. – Sabe, o novato era muito gostosinho. Eu não consegui resistir. 


– Espera que eu acredite nisso? 


– Não é o que você quer ouvir? — encarou o outro no mesmo nível de desgosto. 


– Não. — respondeu firme. – Eu quero detalhes.


– E desde quando você decide o que quer? — aproximou-se do ruivo o encarando de forma tosca e transparecendo ironia. 


Desde que entrou no quarto, Jimin não perdeu a tranquilidade na feição suspeita. O mesmo se pôs de frente a uma situação que ele buscava respostas e enfrentaria as ironias de Shownu, por mais que quisesse socar o rosto estúpido do outro. Perder o controle era o que o maior queria que acontecesse com Jimin, porém o mesmo não facilitaria isso.


– Você não respondeu minha pergunta.


– Por que quer saber? É por que eu transei com o Jungkook e você não? — aquela pergunta foi a gota d'água para Jimin. 


O menor empurrou Shownu com uma força extremamente rígida, o que por certo, fez o mesmo cair sobre a cama. Jimin afastou-se minimamente dando apenas três passos para trás. Uma de suas mãos encaminhou até as costas e retirou de lá uma arma. A mesma foi apontada para o veterano, que automaticamente levantou as mãos em redenção.


– Jimin, pelo amor de Deus, abaixa isso. — as mãos do maior começavam a suar intensamente e sua voz encontrava-se mais trêmula que qualquer outra vez. 


– Abaixar a arma? E desde quando você manda em mim? — questionou ativando a arma em suas mãos.


– Olha, se isso é por causa do que eu disse, eu não vou falar de novo. 


– Não, Shownu. — respondeu firme. – É porque você não respondeu minha pergunta.


– E-então me pergunte o que quiser, mas por favor não mexa nisso. — o rosto do maior suava incontrolavelmente.


– Eu odeio repetir as coisas. 


– Tá, tá bom. Eu não fiz nada com o Jungkook. — afirmou sem pensar.


– Você acabou de dizer que transaram.


– Eu menti pra te provocar. Não é verdade. — sentou-se lentamente na cama. – Olha, eu agredi ele mas não o estuprei. É sério, eu não fiz nada com ele. 


– Como posso acreditar em você? Eu o vi sem camisa e com a calça rasgada. Como você me explica isso? — indagou aproximando-se mais um pouco do outro. 


– Jimin, você tá muito alterado...


– CALA A PORRA DA BOCA E RESPONDE! — esbravejou.


– Eu armei a cena pra parecer que nós tínhamos feito algo, mas não aconteceu. Você acha mesmo que se eu tivesse estuprado o novato eu já não teria comentado com todo mundo? Ou então por que eu mentiria, se você mesmo sabe que eu sempre quis isso com ele? 


– Você tem muito bem um motivo pra dizer que não fez nada, aliás, eu tenho uma arma apontada pra sua cabeça, Shownu. — afirmou.


– Se tá duvidando das minhas palavras então faz um exame nele. Se a minha afirmação não é o suficiente, eu tenho certeza que a do exame vai ser.


Seria a verdade?


Por mais que Jimin afirmasse internamente que Shownu fez alguma atrocidade com Jungkook, ele não podia negar para si mesmo que o outro parecia confiante nas palavras e que afirmava com toda a certeza de quê não tinha feito nada com o garoto. O ruivo conhecia Shownu e principalmente o que o mesmo adorava fazer a noite. Ele tinha o maior em suas mãos e usaria isso para que o mesmo se afastasse de Jungkook.


– Tudo bem. — abaixou a arma. – Mas eu quero você longe do Jungkook ou eu vou acabar com você.


– Por que tá agindo assim? Não me diga que está apaixonado pelo...


– Cala a boca e agradece por eu não ter estourado os seus miolos. — agravou a voz. 


– Tudo bem, Jimin. — levantou-se da cama ainda com as mãos em redenção. – Mas seu pai sabe que você tá usando uma arma no instituto?


– E por acaso o meu pai sabe que você vende drogas aqui? Ele sabe o que você faz com os alunos? Por acaso, Shownu, o meu pai sabe o que a sua família faz no exterior? Eu acho que não. E você não ia gostar que ele soubesse. — Shownu sentiu uma fúria subir por todo seu corpo e ir de encontro com os seus punhos que se fecharam automaticamente. – Você não diz da arma e nem eu digo os seus podres.


Jimin soltou um sorriso dissimulado antes de virar-se de costas para o maior em direção a porta que encontrava-se trancava. Abriu a mesma rapidamente e passou a língua entre os lábios em provocação, sussurrando posteriormente um 'até logo', e deixando para trás um Shownu revoltado com a situação presente.



(...)



O dia já começava a dar início à noite de sábado, mantendo-se presente a brisa gélida. O que é mais cativante na cidade de Busan é a forma como o tempo se modifica com tampouco as horas se decorrem. Jimin passou o resto da tarde na biblioteca pensando no que ele poderia responder para Jungkook, quando o mesmo o questionasse sobre o que ele fez o dia todo. Não queria mentir para o moreno mas também não seria totalmente verdadeiro com suas palavras. 


O ruivo levantou-se em ímpeto assim que deu de cara com o horário que marcava 19h:36min. Andou apressadamente até o andar de cima onde ficava o corredor do dormitório e pegou três peças de roupas assim que entrara no quarto; uma blusa de manga longa, uma calça moletom cinza e uma cueca boxer um pouco mais escura que a calça. Logo em seguida encaminhou-se até a enfermaria onde Jungkook estava, seu único desejo no momento era ver o moreno se sentindo melhor e mais disposto.


Quando abrira a porta da sala, o mesmo suspirou em alívio assim que viu o garoto sentado na cama com as pernas largadas e um livro em mãos. O mesmo apoiava as costas na parede atrás de si e demonstrava-se entretido no que estava lendo. Jungkook adorava leituras, e Jimin não o tiraria dessa zona de conforto. 


Logo que Jimin entrou no cômodo, Jungkook ergueu o olhar de encontro ao ruivo e sorriu minimamente ao ver a presença do rapaz ali, na sua frente. Fechou o livro em suas mãos e ficou observando Park centralizado na porta da entrada. 


– Não vai se mover? — indagou brincalhão.


– Ah, me desculpe. Eu deveria ter batido antes, não é? — olhou um pouco de lado, apontando simultaneamente com o polegar para a porta.


– Não se preocupe, eu já estava terminando de ler mesmo. — deu de ombros.


– Ora, parece que já se sente melhor. — afirmou dando alguns passos à frente.


– Não totalmente, mas o Seokjin aplicou uma injeção em mim e isso me deixou mais tranquilo. Não sinto tanta dor. — respondeu observando de lado Jimin abaixar a cabeça. – Aconteceu alguma coisa?


– Não. — afirmou rápido. – O Seokjin hyung cuida muito bem da gente. Você tá em boas mãos. 


– Não foi isso que eu perguntei.


– Não aconteceu nada. Eu só fiquei a tarde inteira pensando no que poderia ter acontecido com você se eu não tivesse chegado a tempo. — levantou o olhar na direção do outro. 


– Eu estou bem melhor, acredite. — sorriu de lado. – Você vai dormir aqui hoje? Sabe, eu não te vi desde que acordei então... fiquei pensando se você tinha ido embora.


– Não, eu não fui. — aproximou-se mais alguns centímetros do rapaz. – Mas eu vim tomar banho aqui, posso?


E mais uma vez as duas linhas se destacaram na feição tão iluminada de Park Jimin. Aquele sorriso largo que permitia que todos ao redor pudessem se perder em um universo paralelo, as mãos pequenas que Jungkook sentia vontade de acaricia-las e colocá-las entre as suas, estavam ali bem próximo de si. Era diferente vê-lo sorrindo tão de perto, Jimin se tornava mais perfeito a cada pôr do sol. Jungkook não pôde evitar sorrir por ter o outro tão abertamente.


– Fique a vontade, Park Jimin. — respondeu em tom engraçado, fazendo o ruivo gargalhar por alguns segundos.


– Tá afim de me ver pelado que eu sei. — provocou o outro ainda sorrindo. – Mas já vou avisando que você pode se apaixonar.


– Nossa, você é tão convencido. — gargalhou ao mesmo tempo que o ruivo. – Vai logo antes que eu mude de ideia.


E assim foi o que fizera.


Park seguiu o caminho do banheiro e fechou a porta atrás de si posteriormente. Continuou paralisado na mesma com a cabeça baixa, sem evitar o sorriso deslumbrante transparecer nos lábios rosados. Logo em seguida, as peças de roupas foram retiradas rapidamente de seu corpo pequeno e definido. Park adentrou o chuveiro, podendo deleitar do toque quente que caía em sua pele bronzeada. O vapor da água proporcionava-lhe algo gratificante tanto para o seu físico como para o psicológico. Em momento algum Jimin tirou o moreno da mente, ele pensava no quão Jungkook era belo e tão jovial, e por alguns segundos pensou na possibilidade de beija-lo. 


Era errado sentir isso por ele?


As consequências dessa atitude poderia levar a algo sério e completamente desrespeitoso por parte do outro. Jimin não o conhecia e nem sabia se Jungkook podia ter sentimentos por garotos, entretanto ele queria tentar; tentar o outro lado dessa história não contada. Por mais que estivesse ansioso para buscar isso com o garoto, Jimin teria que conhecer o outro, saber sobre ele e, principalmente, existir uma relação de confiança por ambas as partes. Jungkook era inexperiente e o ruivo sabia muito bem disso, jamais tentaria algo que pudesse deixá-lo vulnerável e tão indeciso. Por outro lado, o ruivo só queria ambas as línguas se desenrolando sobre a outra e um toque de lábios que pudesse causar uma temperatura inexplicável. Desde a academia de dança, Jimin não conseguia parar de pensar nessa possibilidade.


Park desligou o chuveiro e rapidamente pegou uma toalha para se enxugar. Agarrou a mesma entre as mãos e logo em seguida a levou para a cintura, amarrando a mesma naquela região. Posicionou-se em frente ao espelho e ficou por alguns instantes observando seu rosto atordoado. As pálpebras se mostravam cansadas e exaustas. Com tudo que estava acontecendo, as consequências foi necessariamente uma noite não dormida. O ruivo não pregou os olhos a noite toda e só conseguia analisar o quão delicado Jungkook era ao adormecer. O mesmo não se movia na cama e permaneceu a madrugada inteira na mesma posição. Adorável.


Sem se dar conta do horário, Park vestiu a calça moletom, entretanto preferiu optar por deixar o seu abdômen exposto, apesar do tempo lá fora não ser nada agradável para o momento. Os fios alaranjados ainda molhados caíam sobre os olhos, o deixando ainda mais envolvente. Jimin abriu a porta que o levaria para o outro cômodo daquela sala, entretando algo bloqueou a passagem; Jungkook estava na sua frente.


– Estava me espionando ou o quê? — falara entre risos, porém não obteve respostas. 


O ruivo analisou da cabeça aos pés e pôde observar algo anormal no garoto. Jungkook encontrava-se estático, sem proferir qualquer movimento. Os olhos fixados em algum ponto qualquer e o corpo centralizado com as mãos inertes em uma posição horizontal.


– Jungkook, isso é alguma brincadeira? — aproximou-se do garoto mas não obteve respostas.


Rapidamente, uma das mãos ligeiras do garoto encaminhou até o pescoço alheio, empurrando o corpo de Jimin para quê se chocasse com a parede. E foi isso que acontecera. Jimin impactou suas costas provocando um barulho horrendo e doloroso. Jeon colocou a outra mão no pescoço do ruivo e apertou rigidamente aquela área tão delicada.


– Jun...J — o ruivo buscava ar para liberar as palavras, mas Jungkook intensificava ainda mais o aperto. – Você tá me machucando. Para, por favor!


– Não me dirija a palavra. Eu te odeio. — apertou novamente suas mãos no maxilar alheio, e como forma de defesa, Jimin também colocou as suas mãos sobre as de Jungkook com o objetivo de pará-las. – Você é um desgraçado.


– Jungkook...


– CALA A BOCA! — seu rosto começava a transparecer o vermelho da raiva. – Eu vou te matar, Byun. EU VOU TE MATAR!


– JUNGKOOK, PARA! — gritou. – Eu não sou o seu irmão. Sou eu, Jimin. — afirmou sussurrando.


Involuntariamente, as mãos de Jungkook foram retiradas do pescoço do outro. Os olhos de Jimin já começavam a se tornar transparentes por consequência das lágrimas que se formavam no local. O moreno afastou-se um pouco atordoado com o que acabara de acontecer, nem ele mesmo sabia ao certo o que fez.


– Meu Deus, por favor me desculpa! O-o que eu fiz? — indagou tremendo a voz em desespero.


– Tentou me matar. — afirmou enquanto apoiava-se nos joelhos para se recompôr. – Por que você me chamou de Byun?


– Eu não sei. — colocou as mãos na cabeça em apreensão. – Eu estava sonhando com ele e eu o vi matando meus pais. Mas eu não entendo como eu te agredi. Me perdoa, por favor!


– Jungkook, tá tudo bem. — colocou as duas mãos em cada lado do rosto alheio. – Você acabou dormindo e teve pesadelos de novo, isso não vai voltar a acontecer. Vou falar com o Seokjin amanhã, tá bom?


– Não, por favor! — murmurou próximo do outro. – Ele não pode saber disso Jimin, não conta. 


– Tudo bem, como preferir. — retirou as mãos lentamente e Jungkook abaixou minimamente a cabeça em direção ao chão. – Mas por que não?


– Porque... — ergueu o olhar ainda com receio de falar. – Minha parassonia voltou de novo, e agora eu tenho medo de dormir. Eu posso fazer coisas a noite e no dia seguinte não me lembrar de nada. Você viu o que eu fiz com você? Eu podia ter te matado.


– Mas não me matou.


– Mas eu tentei. E se um dia eu te machucar, eu não vou me perdoar por isso. — afastou-se um pouco do ruivo. Os olhos começavam a encher-se de lágrimas. – Acho que não posso ficar perto de ninguém, nem de você. Eu quero que fique longe de mim pro seu bem.


– Não. — respondeu firme, caminhando mais dois passos adiante. – Eu falei que ia cuidar de você e eu vou. 


– Jimin...


– Você confia em mim? Só me responde isso. 


– S-sim.


– Então me deixa cuidar de você.


Notas Finais


E aí o que acharam? comentem o que estão achando dos capítulos e deixem um fav pq isso me ajuda muito.

E eu tbm quero comunicar que em breve eu vou postar uma oneshot sulay, então quem é exo-l e shippa sulay já pode surtar com o anunciado.

Até o próximo cap galera


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