1. Spirit Fanfics >
  2. Breaking the ice >
  3. Capítulo 4

História Breaking the ice - Capítulo 4


Escrita por: jacqueline

Capítulo 5 - Capítulo 4


Fanfic / Fanfiction Breaking the ice - Capítulo 4

Yuri não conseguiria dormir. Bem que tentou, mas os pensamentos caóticos o deixavam perturbado demais. Sempre sofreu com ansiedade e costumava comer em excesso ou patinar como uma forma de coibir o problema, mas decidiu que certos hábitos prejudiciais a sua saúde seriam deixados de lado. Por isso só restava patinar, lembrando em seguida que o ringue de patinação estava fechado e só conseguiria acesso no outro dia.

“Quero sumir daqui! Simplesmente sumir!” -Por isso vestiu roupas que pudessem aquecê-lo melhor e saiu sem rumo a correr pela cidade em meio ao frio congelante da noite. Talvez se corresse até a exaustão poderia esquecer a dura rejeição que sofreu de Victor minutos atrás. Ou talvez a dor de perdê-lo não fosse desaparecer nem se caísse morto no chão. Tinha que tentar, refletiu, desaparecendo da vista de qualquer um que estivesse na casa.

“Por que eu patino? Por quem eu patino?” -Ele se perguntava. O começo foi na escola de balé em que os pais puseram Yuki para corrigir a falta de coordenação do garoto. Mais tarde, convencido pela professora, ele foi para a patinação como uma forma de auxiliar com as lições de balé e para ter ainda mais contato com crianças. Yuri sempre foi tímido e não gostava de intimidade com as pessoas, evitando até os próprios pais.

Talvez o menino tivesse desistido logo na primeira semana da patinação se não tivesse conhecido uma menina encantadora chamada Yuko. Ficou tão deslumbrado por ela que continuou a praticar na pista de patinação perto da casa dele, a Ice Castle, mesmo quando outro rapaz, bem mais velho e forte chamado Nishigori, vinha incomodá-lo. Yuko era uma menina doce que, com paciência, ensinou tudo o que sabia para o pequeno. Era uma patinadora incrível e teria sido invencível enquanto competidora se tivesse seguido carreira.

Em algum momento Yuko deixou levar pela vida escolar e a popularidade conquistada graças a beleza que possuía, deixando então de ser a fiel companheira de Yuri. Antes, porém, apresentou o menino a um grande patinador da época, Victor Nikiforov, que desde novo já era considerado o melhor do mundo na categoria. Yuri ainda se lembrava com clareza o dia em que o viu pela televisão em uma performance que garantiu o ouro no mundial júnior. E então, paulatinamente, o que era um hobbie imposto pelos pais para socializar com outras crianças se tornou algo mais e nada tinha com Yuko. Yuri, sem perceber, passou a patinar não por ele mesmo, mas por uma pessoa, por alguém que ele admirava e agora, também, passou a amar. Um amor não correspondido.

Caiu no chão, exausto. Por quanto tempo correu? Deitou-se no chão de qualquer jeito entre prédios com tijolos de cor vermelha. Encarou o céu sem estrelas e os flocos de neve que caiam ao seu redor. Respirou fundo duas vezes e chorou como uma criança abandonada.

Desde que Victor se tornou o seu técnico, havia um clima estranho no ar como se os dois estivessem a um passo de se tornarem amantes. Eram as brincadeiras, o toque despreocupado e a fala de Victor em que dizia amá-lo. Mas e agora? Onde estava aquele amor que Victor parecia sentir? Onde estavam as brincadeiras e toques despreocupados? Onde estava a oferta de ser um namorado para Yuri como certa vez o russo perguntou enquanto passeavam na praia?

Apenas quando viu os primeiros raios de Sol é que Yuki se levantou do chão e passou a caminhar de volta para casa. Não saberia dizer como conseguiu tamanho o cansaço que sentia. Lembrou-se do horário de treinamento, Victor e ele se encontravam cedo pela manhã no Ice castle para praticar, mas não podia. Além do cansaço físico, Yuri estava esgotado mentalmente. Pensou em ir direto para casa e dormir o dia todo, mas os seus planos caíram por terra quando viu Victor, sentado na sua cama, olhando a coleção de pôsteres que Yuri tinha dele. O menino havia retirado todos e guardado em uma gaveta, pois seria constrangedor demais se o russo entrasse no quarto e percebesse o quão obcecado o jovem Katsuki era. Pelo que entendera de nada adiantou esconder o fascínio que ele sentia, pois Victor, mexendo em uma gaveta despreocupadamente, encontrou a prova do crime.  

-O que está fazendo aqui? -Murmurou, pegando com aparente força os pôsteres de volta e jogando-os dentro da gaveta aberta de uma cômoda.

-Por que disse aquilo, Yuri? -Victor não parecia estar bêbado como no momento em que Yuri saiu da casa, embora ainda estivesse com as mesmas roupas.

-Não sei do que está falando. Está tarde. É melhor dormir. -Evitou olhá-lo. Estava nervoso e não ajudava em nada o fato de Victor encará-lo com aqueles lindos olhos azuis como piscinas. Queria ignorar o outro até que Victor decidisse sair, mas o maior capturou o seu braço enquanto caminhava pelo quarto. Foi forçado a olhar para ele e um arrepio percorreu todo o seu corpo. Estavam bem próximos, as respirações mesclando-se. Victor não precisou perguntar uma segunda vez, pois ele encontrou a resposta nos olhos castanhos do menino.

-Me seguiu? Foi isso, não foi? -Victor parecia apavorado. A força que empregou nas mãos que seguravam os braços de Yuki foi estrondosa e o menino gemeu de dor.

-Me solta, Victor. -Pediu. Como o outro não o atendeu, tento empurrá-lo, mas não era forte o suficiente.

-Me seguiu até a boate? -Estavam tão próximos que Yuri sentia no rosto, nos lábios, as lufadas de ar quente misturadas com os resquícios de bebida cara. Uma tensão se instaurou no quarto e não era raiva como Yuri poderia pensar, era alguma coisa que também presenciou enquanto espionava o russo sendo tocado por outros rapazes em um depósito de bebidas da boate.

-Segui. -Confessou, encarando-o num misto de mágoa e raiva. -Eu vi você com aqueles caras. Vi um deles... -Parou de falar, envergonhado.

-Um deles o que? -Victor perguntou e os olhos brilhavam enfurecidos. Sempre foi discreto e nunca se permitiu ser descoberto dessa maneira. E justamente a pessoa que ele menos queria ver envolvida em seu mundo caótico estava ali, confessando os pecados que presenciou horas antes como se agora sentisse um profundo nojo dele. -Por que não me fala o que viu?

Certa vez Victor viu um pouco do eros de Yuri ser libertado. Durante a pequena competição que criou em Ice castle a fim de decidir quem era digno de ser o seu aprendiz, viu uma beleza extraordinária despertar naquele inocente menino. A cena de Yuri sorrindo de um modo convidativo para ele, brilhando em toda a sua glória como alguém que acabara de descobrir o sexo, o atormentou por semanas. Precisou se controlar e manter as mãos longe do menino várias vezes, entregando-se a outros homens todas as noites para aplacar a vontade de se afundar naquele corpo. E naquele momento, os dois dentro de um pequeno quarto, viu novamente um pouco do eros de Yuri vir à tona, embora o sentimento que o dominava fosse de raiva. Ah, as vezes era tão difícil fazer o que era certo!

-Por que não me mostra? É isso o que quer, não é? Foi isso o que me pediu no meu quarto. Deve saber que tive uma noite bem ocupada, mas acho que ainda tenho energia para o meu lindo pupilo. -Victor achou que Yuri se acovardaria como muitas vezes fez ao longo dos meses em que estiveram juntos. Ele esperava por isso e que o susto de suas palavras e ações fosse o suficiente para que Yuri voltasse a posição de mero aprendiz e não o provocasse. Todavia, algo se operou no coração do pequeno e ele, lançando um olhar desafiador para o outro, quedou-se de joelhos e sem cerimônia abriu o zíper da calça do outro patinador. Pegou a haste de Victor com uma mão e o enfiou sem cerimônia dentro da boca quente e úmida.

Victor ficou em choque. Não esperava tamanha ousadia de um menino virgem na casa dos seus vinte e três anos. Levou a mão ao cabeço do outro pretendendo empurrá-lo, mas não pôde. Congelou no lugar enquanto Yuri, sem nenhuma prática, chupava o pênis com sofreguidão. Logo mais Victor estava tão duro como outrora, ansiando mais daqueles lábios desajeitados que o chupavam ou da mão trêmula que o masturbava.

-Vou me arrepender muito disso. -Murmurou, caindo de joelhos no chão e quebrando o contato que até então unia os dois rapazes. Yuri, sem entender, mal teve tempo de perguntar alguma coisa. Agarrou o outro pela nuca e o puxou para um beijo que poucas vezes se permitiu dar.

Mesmo sem nenhuma experiência, Yuri, ainda assustado com a rapidez com que uma rejeição se transformou em algo mais, permitiu o óculo intenso com Victor, saboreando os lábios macios e frios como a neve. Passou os braços ao redor do pescoço de Victor e o puxou para mais perto, ignorando o fato de que estava na própria casa e os pais provavelmente já haviam chegado do passeio. Talvez até estivessem ouvindo os gemidos que os dois pronunciavam enquanto se beijavam com sofreguidão e as mãos tateavam, desesperadas, os corpos um do outro a procura de maior satisfação.

Em algum lugar da pequena cidade o Sol surgia no horizonte enquanto os amantes se entregavam a um desejo reprimido que certamente os levariam a ruína. Mas não havia espaço para pensar no quão abalada a relação deles ficaria após estarem juntos tão intimamente. Eles sequer conseguiam raciocinar. Tudo o que queriam era o calor do corpo como uma forma de suprir algo que não possuíam ou perderam. Yuri, que nunca teve alguém, desejava ser amado e desejado, despertando assim o seu poderoso eros. E Victor tentava recuperar algo que a muito tempo foi perdido.

Seria bom se Yuri nunca soubesse exatamente o porquê de Victor estar ali com ele, treinando-o e o beijando-o lascivamente. O pobre coração do menino poderia se despedaçar se Yuri soubesse que quando Victor o olhava e se empenhava em realizar os sonhos dele, era outra pessoa que ele via.

 Os dois caíram na cama sem perceber. Por um par de segundos os lábios se afastaram e puderam respirar, mas logo Victor atacou a boca do outro com fúria. As mãos trabalharam para tirar o casaco dele e logo mais as camadas de roupa. Yuri tentou fazer o mesmo, mas era desajeitado demais. Coube a ele ficar parado enquanto Victor o despia com rapidez, deixando-o completamente nu. Não demorou para o maior se livrar das próprias roupas e deitar sobre aquele diminuto corpo.

Yuri jamais conseguiria descrever a sensação de pele contra pele que sentiu. Mesmo nevando lá fora, sentiu um calor toma-lo, capaz de derreter até os ossos. Gemeu baixinho e o gemido foi se intensificando a medida em que Victor migrava os lábios de uma bochecha, traçando o caminho para o primeiro mamilo. Mordiscou e lambeu a área lentamente e Yuri precisou segurar fortemente os lençóis entre as mãos e morder os lábios. Uma mão livre do russo acariciou o pênis semiereto enquanto traçava novamente um caminho de beijos e lambidas até o falo. E então Victor mostrou toda a experiência que possuía com o sexo num simples gesto de lamber e chupar o outro vigorosamente, acariciando com delicadeza os testículos com uma mão.

-Victor... não... -A cabeça de Yuri foi para trás e um longo gemido foi emitido. Yuri nunca havia sentido tamanho prazer na vida. Abriu as pernas instintivamente, dando a Victor uma visão perfeita de todo o corpo e as mãos foram para os cabelos do russo num gesto que Victor não conseguia interpretar. Estaria Yuki o empurrando ou tentando manter a cabeça dele entre as pernas? Fosse o que fosse, enfiou o mais fundo que pôde o pênis ereto do Katsuki, trabalhando com a língua em volta dele com uma habilidade que poucas vezes utilizou. A ereção de Victor era visível e sentiu uma urgência em se tocar, o que o fez logo em seguida. Não esperava por um fim tão rápido, mas já deveria imaginar que algo assim aconteceria. Yuri gozou sem aviso, sujando os lábios de Victor. O menino desfaleceu na cama, parecendo esgotado. Foi então que a dura verdade do que ambos haviam feito penetrou a mente do russo e, horrorizado, afastou-se de Yuri.

-Me desculpe. -Yuri pediu, exibindo uma expressão sofrida no rosto. -Eu acabei com tudo. -Soluçou, segurando o choro. Victor se apiedou do pupilo, ciente de que o maior culpado era ele por ter se deixado levar e ignorado os muitos avisos para não corromper o menino.

-Não... Fui eu que acabei. Sinto muito Yuri. -Sentou-se na cama. Pretendia levantar e sair, mas foi impedido por um tímido pedido.

-Lembra quando me pedia para dormir comigo?

-Sim. Eu lembro.

-Pode me pedir agora? -Não era uma pergunta. Para Victor as palavras de Yuri soavam mais como uma reza impossível de ser ignorada. E já que havia traçado um caminho destrutivo, levando Yuri consigo, negar aquele pequeno prazer parecia idiotice.

-Posso dormir aqui com você? -Pediu ao que Yuri respondeu com um tímido sim. Victor deu um meio sorriso, sentindo o coração pesado. Colocou a cabeça entre as mãos em sinal de desespero e suspirou como a mais cansada das almas. Deitou na pequena cama de solteiro ao lado do outro patinador e os dois encararam o teto naquele resquício de noite. Apenas ficou até Yuri adormecer, física e psicologicamente cansado, para logo depois se retirar. Agora precisava planejar o que faria.

Talvez partisse na manhã seguinte.  



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...