História Breath Me - Capítulo 6

Assim que chegamos ao cinema, Jonah pagou nossas entradas e logo atrás de nós estavam Lauren e Christian. Eu sabia que eles viriam pra cá, minha irmã adora filmes de terror e era bem óbvio que ela não perderia a estréia de Invocação do Mal 2. Eu particularmente só conseguia assistir à esse tipo de filme com ela ou com nossos pais, pois mesmo que involuntariamente, eu acabava sentindo medo. Ouvi de algumas pessoas que o filme causava bastantes sustos, então meu maior desejo no momento era que eu não surtasse ao ponto de me agarrar ao Jonah.

Nos dirigimos para a lanchonete e compramos uma pipoca da grande para dividirmos, além de dois copões de refrigerante. Jonah estava sendo um fofo comigo, mas tudo o que eu sabia era fitar Lauren de longe e me lamentar por ela não ser minha acompanhante. Por um momento eu a vi dar seu sorriso mais sincero e bonito para Christian enquanto ele falava animado, e logo em seguida, os dois se abraçarem. Senti meu coração ser espremido por uma força desconhecida e meus olhos começarem a marejar, mas então a mão de Jonah pousou sob a minha e entrelaçou nossos dedos, me acalmando por alguns momentos.

Seguimos juntos para a fila do filme, ficando umas duas pessoas atrás de Lauren e Christian. Durante esse tempo tentei focar em qualquer outra coisa que não fosse o casal, então decidi iniciar uma conversa com Jonah, já que eu literalmente não sabia nada sobre ele. Era estranho se eu parasse pra pensar, eu estava saindo com um completo desconhecido.

– Então, Jonah... – chamei sua atenção, atraindo seus olhos curiosos para mim – Me conta mais sobre você, digo, acho que a única coisa que sei sobre você é seu nome. – rimos –

– Bom, eu não sei bem como começar a falar de mim. – riu fraco –

– Começa pelo seu sobrenome e sua idade, depois você pode me contar seus hobbies ou coisas do tipo. – respondi com um sorriso amigável em meu rosto –

– Uh, tudo bem... – disse nervoso – Meu nome é Jonah Marais, tenho 18 anos e faço parte de uma banda com mais alguns amigos. – coçou a nuca com a mão livre, logo em seguida avançamos na fila – Não é nada famoso, é só uma bandinha de garagem.

– Você é músico?! – perguntei surpresa – Isso é muito legal.

– É, pelo menos eu tento ser. – rimos – E você? – perguntou, dando continuidade ao assunto – Eu sei que seu sobrenome é Cimorelli, mas e o resto?

– Ah, eu sou uma adolescente normal, sabe? Não acontecem muitas coisas interessantes na minha vida. – suspirei ao bater meus olhos em Lauren – Ou pelo menos tento ser.

Quando ele ia me responder algo nossa vez chegou, chamando nossa atenção. Procuramos nossos assentos e nos acomodamos nos mesmos, esperando o filme começar. Olhei ao redor enquanto as luzes ainda estavam ligadas e vi Lauren e Christian sentados há duas fileiras depois da nossa, o que me deixou levemente desconfortável, já que eu presenciaria tudo o que acontecesse entre os dois. Pensei em sentar em outro lugar que estivesse vago mas isso não seria possível, pois a sala estava completamente lotada.

Alguns minutos se passaram e finalmente as luzes se apagaram, dando lugar ao grande telão que agora passava alguns trailers de outros filmes. Coloquei o balde de pipoca entre Jonah e eu para que o acesso ficasse fácil para os dois, e momentos depois, o filme começou.

O começo foi meio chato, mas depois as coisas começaram a ficar realmente assustadoras. Eu me encontrava cética por fora, mas por dentro eu queria gritar e descer até o banco onde Lauren se encontrava e me acolher em seus braços, só seu abraço seria capaz de me acalmar agora. Respirei fundo e quando já estávamos na metade do filme, sinto a mão de Jonah pousar sobre a minha, entrelaçando nossos dedos uns nos outros.

Admito que eu não estava me sentindo confortável com isso, eu só desejava que aquela noite acabasse logo para que eu finalmente deitasse em minha cama e tentasse esquecer todas as trocas de carinho que vi entre Lauren e Christian. Ela estava tão feliz ao lado dele, como se não precisasse de mais nada, da mesma forma que eu me sentia quando estávamos juntas. E eu continuava alí, com o garoto mais bonito da turma ao meu lado. Muitas garotas da escola onde estudávamos dariam tudo para estar em meu lugar e mesmo assim eu permanecia tão desesperada pela presença da minha irmã.

Tomei um gole de meu refrigerante e tentei prestar atenção no filme, mas quando desviei meu olhar para Lauren, preferia não ter saído de casa esta noite. Ela estava com seus braços ao redor do pescoço de Christian, beijando-o como se fossem namorados há meses. Ela sorria durante o beijo, ele segurava sua cintura com possessão enquanto beijava os lábios da minha garota. Ele estava beijando a minha Lauren.

Sem chances de me controlar, senti minhas lágrimas descerem como cachoeira pelo meu rosto, essa cena entre os dois era a última coisa que eu gostaria de presenciar em toda a minha vida. Levantei rapidamente e saí do cinema sem ao menos esperar o filme terminar, sentando na calçada enquanto cobria meu rosto para então me deixar levar pelo choro. Poucos segundos depois sinto uma presença ao meu lado, que me abraçou assim que teve a oportunidade. Era Jonah.

– Dani, está tudo bem? – ele perguntou preocupado – Você se assustou com o filme? Me desculpa, eu não sabia que você não gostava de filmes de terror e...

– Não, não é nada disso. – respondi entre soluços enquanto o abraçava forte – Você não teve culpa de nada, pelo contrário, você vem sendo um fofo comigo. – funguei e limpei algumas lágrimas de meu rosto – Você não me entenderia se eu te contasse o que está acontecendo, eu só quero ir pra casa, por favor.

– Tudo bem, eu levo você. – levantamos juntos e nos dirigimos até seu carro –

O caminho todo foi feito em silêncio, exceto pela música country que tocava aleatoriamente na rádio do veículo. Meu coração doía e a cena de Lauren beijando Christian se repetia em minha cabeça enquanto eu fitava a estrada através do carro de Jonah, que mantinha sua atenção na direção. Mais lágrimas escaparam de meus olhos, eu só queria estar no lugar de Christian naquele momento, beijando minha garota no cinema enquanto ela sorria e esquecia de tudo a nossa volta, porque ela teria à mim. Mas depois eu me lembrei e realizei que ela era minha irmã, que ela tinha o direito de ser feliz com qualquer garoto que bem entedesse, porque é isso o que as adolescentes normais fazem, e eu não sou uma delas. De qualquer forma eu seria capaz de trocar todos os dias restantes da minha vida só para ter um momento igual o que Christian teve com ela, pois pelo menos eu partiria sabendo que, nem que por um instante, ela realmente e finalmente foi minha.