Acordei ao meio dia. Estranho. Fui à sala e encontrei um bilhete da minha mãe que dizia: "Tive de sair com urgência. É um trabalho que não posso perder. Há comida no frigorífico e dinheiro no escritório, Cuida-te e toma conta dos namorados. Volto em uma ou duas semanas. Beijos."
A Amy e o Josh também não estavam.
- Jimmy? - Nada. - Jimmy!
O espaço à minha frente tremeluziu e ele apareceu. Que saudades...
- Jimmy, meu pato leindo!
- A tua irmã é jeitosa. Mi-mi-mi-miaaaaaau!
- E comprometida.
- Claro, claro. Há que tempos Tácia! Tenho-te visto, mas só assim é que passa a nostalgia.
- Own, ainda bem que estás bem.
- Tenho um assunto a tratar contigo, menina. A minha banda quer-me substituir. Foi por isso que apareci a primeira vez. Eles arranjaram um tal de Arin... Ele não é mau, mas aquela cabeleira, ui! Eu quero-te a ti e mais ninguém na banda.
- A mim? Porquê eu? Wow!
- Porque acho que está na altura de uma nina entrar para a banda e tu ias atrair público, se é que me entendes. - Ele piscou o olho.
- Se achas que vou dançar ao ritmo de Scream num palco, estás enganado.
- Não, claro que não!
- Então é por isso? Mas eu nem sininhos sei tocar, quanto mais bateria.
- Não é só por isso. Tu aguentas uns bons shots e gosto do teu sentido de humor. Eles iam gostar de ti. E quanto a não saberes tocar, também não aprendes sem uma bateria. E eu sei que é algo que gostarias de tocar.
- Claro que sim, é o meu sonho, ser uma baterista! - Senti os meus olhos brilharem.
- Vai ao teu quarto e abre a terceira gaveta da cómoda.
- Porquê?
- Apenas faz isso.
Fiz o que ele disse. E não me lembro de ter poupado ou mesmo ganho 15000 euros em dinheiro desde a última vez que olhei para ali.
- Wow. Como? De onde é que isto veio?
- Não perguntes, pode-se dizer que tenho as minhas fontes.
- E faço o quê com isto? - Ainda estava um pouco em choque.
- Vais para os Estados Unidos.
- O quê? Mas eu nem sou maior de idade!
- Hummmmm. Bem pensado. Acreditas que isso não me ocorreu? Então vais seguir o teu sonho. Hoje vais comprar uma bateria.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Sim, sim, sim, sim! Finalmente!- Saltei de alegria.
- Acalma-te mulher! Veste-te e vamos.
- Como assim "veste-te e vamos"?
- Podes ir de pijama, ninguém te impede.
- Não criatura! Não é propriamente na loja dos 300 do Zé da Esquina que se compra uma bateria.
- Então vamos à capital.
- Aprecio o teu entusiasmo, mas não vou levar uma bateria às costas até casa.
- Pois não. Mexe-te!
Vesti-me, comi e saí de casa. Fui de comboio até Lisboa e andei até encontrar uma famosa loja de instrumentos musicais. Só pelo tamanho, deve ter uns 15 modelos de baterias. Entrei na loja, fui até À secção das percussões e pedi ajuda.
Passei meia hora a ouvir uma dúzia de descrições e mais meia de conselhos sobre isto e aquilo. Depois fui à casa de banho da loja.
- Jimmy? O que achaste?
- Gosto do modelo da 4ª, mas a 7ª é mais parecida à minha. Leva a 7ª.
- Ok.
Fui ao balcão e pedi o modelo escolhido. Acompanhei o homem até um armazém e escolhi uma bateria de cor preta, 6 tambores e 4 pratos adicionais, afinal trata-se do grande Jimmy. As baquetas foram oferta da casa.
- São 10420 euros, menina. Vai pagar a crédito ou débito?
- Dinheiro vivo. - Surpreendi-o.
- Então que seja. A entrega será feita ama...
- Não, eu levo agora.
- Muito bem, então.
Pelo que o Jimmy me tinha dito, os fantasmas têm poderes. Aparentemente ele podia teletransportar a bateria até casa. Eu só tinha de tirá-la da loja.
- Na verdade, apreciava alguma ajuda, só até à praça, lá fora.
- É para já, menina.
Ele ajudou-me a levar tudo lá para fora e voltou para a loja. Os segundos que se distraiu foram o suficiente para o Jimmy fazer a bateria evaporar e eu sair do seu campo de visão.
Voltei para casa e passei a tarde a recuperar o meu quarto e pôr as tralhas da Amy e do Josh no da minha mãe. Adeus sofá. De seguida fui montar a bateria.
- É tão linda!
- Pois é. Aposto que vocês se vão dar lindamente.
- Claro. - Ri-me.
Estava tão feliz por ter um novo bebé de 500 toneladas a ocupar metade do meu quarto. Assim que estava pronta fui experimentá-la. O som era perfeito, mas eu era descordenada.
- Começamos pelo básico. Toca Almost Easy de memória.
- Hahahahahahahahahahahahahahahaha. Isso é uma piada, certo?
- Sim.
Passamos a tarde toda e o início da noite a praticar. Ele fazia um ritmo e eu imitava. Era bom tocar e fazer música, mesmo que fosse algo simples.
Às 11 e meia, a Amy e o Josh chegaram. Só sei que deviam ter ficado num motel, porque tudo o que ouvi durante a noite foi a cama do quarto ao lado a chiar contra a parede. O Josh tinha coisas para contar, de certeza. E eu exigia explicações. E esperava boas notícias.
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