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História Brio: A Genesis de Lilith Dramione - Capítulo 14


Escrita por: elysianfl

Capítulo 14 - Capítulo 14


Duas pessoas dançando a mesma música,

em dias diferentes formam um par?

— Eduardo Jorge.

 

— Decidiu confiar em mim agora?

Draco a encontrou no pátio de Withall Palace naquela manhã, depois de receber um recado de Lucius que ela queria vê-lo.

— Se bem que só o fato de você e meu pai estarem sendo civilizados um com o outro, já a torna digna de suspeitas. Mas você prefere deixar a desconfiança para mim, né?

— Quer parar com isso? - cobriu o rosto com as mãos, antevendo a discussão que se formava e sobre a qual já estava esgotada.

Tinha sido assim desde que ela foi rude com ele.

Draco não pôde simplesmente parar de ir lá, porque o sumiço também abriria margem para suposições do outro lado.

E seu pai também não sabia que o filho e ela haviam brigado.

Ele precisou manter equilíbrio entre os dois lados, mas acostumou-se a perambular por locais diferentes do dela e quando ouvia seus passos fugia de sua presença. E vice e versa.

— Por que estou aqui, Granger?

— Eu não quero mais brigar.

Ele solta um muxoxo.

— E como sempre é você quem dita as regras, certo? Eu mais uma vez sou sua marionete.

— Por favor… - desviou o rosto com um choramingo vacilante. — Eu quero pedir desculpas…

— Meio tarde depois de desconfiar do meu caráter, né? - interrompeu. — Eu aceitaria isso lá em dezembro, quando fomos obrigados a trabalhar juntos. Mas agora depois de tudo? - ele ainda estava com raiva e era nítido em cada palavra. — Achei que gostasse de mim.

— Eu gosto de você! - retorquiu gaguejando.

— Mesmo? Não me parece. E olha que fui eu quem cresci diante do afeto deturpado.

Hermione pensa em dar as costas e desistir da conversa. Ele ainda estava muito magoado. Mas não sabia se teria tempo.

Ao passo que aceitava a ajuda de Lucius, também considerava escapar dali e retornar a Ordem. Draco não sabia de ambos e com certeza discordaria do último. Ela sequer contou a ele sobre o sonho e o Agoureiro.

Ela tinha várias decisões sozinhas a tomar e em segredo. Sabia que se ele viesse a descobrir, mesmo que fizessem as pazes ali, sentiria-se traído de novo.

Era uma bola de problemas que só se tornava mais complicada.

— Eu gosto de você. De verdade. - tornou a falar. — Eu sinto muito por fazer você pensar o contrário. Não era minha intenção te machucar naquele dia. - mentiu. Como ia explicar a ele que nem ela sabia o que se passava? — Está acontecendo outras coisas comigo, coisas pessoais, você não entenderia e nem é porque eu não quero te contar. Eu realmente não sei a razão. E você sabe que eu sou assim, eu tendo a me isolar quando as coisas fogem do meu controle e eu estou buscando uma resposta, é só isso que eu tenho feito.

— E eu entendo! Caramba, isso é tudo que eu tenho tentado te ajudar. Eu vejo sua dor, eu vejo que você não está bem. Mas, eu não sei…Podia lidar tranquilamente com você se afastando de mim, agora sua desconfiança…Não justifica.

— Eu sei. - ela queria frisar que ele não aceitaria o afastamento dela, mas achou que a relação ainda não estava boa para brincar sobre isso.

— Poxa, Hermione! Nós não temos tempo para criar intrigas, Voldemort está cada dia mais forte e você continua em perigo cada dia que passa e ninguém descobre sua relação com aquela fera. Você pode não saber, mas dia sim dia não ele se reúne na Cidade das Sombras com informantes de várias partes do mundo que buscam informações sobre o cavalo. Nem sei como ainda não descobriram que é um Ogon.

Hermione nem falou nada, estava errada e sim, tinha noção que eles não deviam estar brigando porque as prioridades do momento eram maiores.

— Você sabe que eu não poderei te proteger quando eles descobrirem que agora o cavalo é seu, não sabe? Merlin, sequer você pode me proteger de você, não é mesmo? Não tem noção do que é ou não capaz…

Ele não falava isso para ofender ela, era mais uma constatação de tudo que tinham descoberto juntos e a evidente impotência diante da ignorância de ambos sobre tais coisas.

— Uma coisa de cada vez.

— O que disse?

— Uma coisa de cada vez. É como eu sempre fiz com as lições da escola, ou as missões da Ordem. Sempre estive em volta de várias coisas simultaneamente, e eu não sou a melhor bruxa de todas, nunca fui. Só era a mais inteligente justamente por saber como dividir os problemas. Um por vez. Meu maior problema agora é sobre você.

— Oh! Que ótimo…

— Calma! O que eu estou querendo dizer é, eu preciso que a gente pare de brigar-...

— E você sabe que a culpa disso é sua né?

— Por isso que eu estou aqui, engolindo o meu orgulho e minha impaciência para ouvir você e pedir desculpas. O que mais quer que eu faça?

— Não duvide mais de mim! Quero que suas desculpas não sejam em vão, você diz isso para mim agora, mas o que me garante que isso não vai se repetir daqui para frente?

— Não tenho nada para te assegurar além das minhas palavras. Eu só posso prometer.

— Você sabe que promessas são só palavras, não sabe?

— Quer que a gente faça um voto?

— Lógico que não. Eu não valho um ato tão importante, claramente.

— Draco…

— Certo, uma promessa. Eu aceito. Mas é a última vez. Da próxima vez que duvidar de mim, não me deixe saber, caso contrário você voltará a ser uma sangue ruim para mim e eu apenas um Comensal para você.

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Não pareceu que ele tinha aceitado suas desculpas quando saiu do castelo, embora garantisse que estavam bem com um meio sorriso forçado antes de virar as costas.

Hermione sentia que precisava voltar para o estágio 1, e (re)trabalhar toda a postura diante dele para desaparecer com seu rancor e conquistar sua confiança de novo. Logo agora que eles estavam tão bem…

Sentiu vontade de chorar, sozinha era muito mais dolorido lidar com as frustrações que a perseguiram dia após dia, noite após noite, e ela já estava acostumada a ter Draco sempre por perto.

Até o timing deles parecia errado, ele não aparecia mais quando ela pensava nele ou o desejava por perto. Eles eram quase os mesmos estranhos que dividiram tarefas na Toca.

Quando não estava lamentando a situação deles, pensava em uma maneira de escapar do castelo de forma discreta e segura, mas sempre era interrompida.

Ravana apareceria quando ela menos esperava ou quando achava que pudesse estar finalmente só.

Ou sentiria a mão arder com Unum a chamando. Sim, agora que despertara para esse tipo de ligação, recebia chamados aleatórios do cavalo, às vezes só para que ela passasse um tempo no estábulo.

Às vezes para montá-lo e aprender seus truques.

E outras vezes apenas para testar sua conexão mental.

Entrava em um espaço mental compartilhado pelos dois onde só era possível sentir a energia da magia que emanava do animal.

Como se ela pudesse absorvê-la e equilibrá-la, tornando-a mais ciente do entorno mesmo de olhos fechados.

Hermione admitia que aqueles momentos não a deixavam com medo, pelo contrário, a fazia sentir- se segura.

Mais tarde naquele dia, Lucius Malfoy apareceu à procura dela. Aparentemente teriam a primeira conversa civilizada onde ele contaria o básico do que ela deveria ter em mente para saber viver em meio a comensais, porque ela não seria mantida em Withall Palace para sempre. Era uma estadia temporária até o Lorde decidir o que fazer com ela.

— Hoje, se precisasse lutar com algum Comensal. Sabe me dizer quem você deveria ter mais cuidado?

Sem cumprimentos e nenhuma explicação, jogou a pergunta assim que ela apareceu em sua frente. Conhecendo o temperamento dos Malfoys, Hermione apenas respondeu.

— Você? Afinal, o general de Voldemort não possui a posição que tem sem motivos.

Ele quase sorri.

— Malfoy não é apenas uma família, é um status. Qualquer bruxo, poderoso ou não, gostaria de se aliar ao nosso nome. É por isso que o Lorde me tem ao seu lado.

Era nítida a insatisfação na sua voz.

— Assim como qualquer associação bruxa, existe hierarquia entre os Comensais. E eu não digo em escala de posição, mas de ameaça. Se você quer ser uma bruxa livre um dia, o mínimo que precisa saber é com quem lidar e como.

— Vai mesmo me deixar ciente dos pontos fracos dos seus colegas? - o ridiculariza sem conseguir se conter.

— Eles não são úteis para mim quanto você no momento.

Lucius finge que não percebe a zombaria na fala dela.

— Antonin Dolohov é a pessoa que você deve olhar duas vezes antes de atiçar.

Um arrepio passa pelos ombros de Hermione com a apresentação e as memórias trazidas pelo nome.

— Dolohov tem a maior proporção de vitórias do grupo, desde capturas a mortes forjadas. Ele é expert em incriminar assassinatos, talvez você não saiba, mas ele esteve envolvido na acusação de Sirius Black. O Lorde confia nele para não deixar vestígios, então caso você venha a se tornar seu alvo e der um passo em falso, ele te apanhará antes que perceba o seu erro.

— Eu sei que ele é forte, quase matou Lupin em um duelo.

— Ele é um grande duelista, mal precisa de varinha para lutar porque possui a habilidade de lançar feitiços perigosos sem usar palavras. Você não desejaria duelar com ele. Embora, acredito que diante das aptidões ele seria o professor ideal para qualquer um que deseje ser o melhor. Draco aprendeu com ele.

Isso a surpreende, achava que ele tinha aprendido com a tia. Mas não comenta.

— Minha cunhada você já conhece, acredito que sabe o perigo que ela representa antes mesmo de eu te contar.

— Ela é uma louca obsessiva.

— Se fosse só isso… - ele tira o longo cabelo dos olhos quando uma rajada de vento passa pelos dois. Não devia ter escolhido se encontrar com ela do lado de fora da torre mais alta. — Bellatrix é perigosa não pelas habilidades ou força, mas pelas emoções. Você a chama de psicopata, mas veja bem, o ódio pelos que ela julga inferiores e o amor pelo Lorde é o que a torna tão sádica. Ela é a primeira devota dos ideais que você tanto despreza, mas tudo porque seu maior desejo é agradar o Lorde das Trevas. Ela mata e morre por ele, então contanto que você não interfira nos planos d’Ele, não será um alvo de importância para ela.

— Tarde demais, não é mesmo? Afinal, se eu estou aqui é porque ele ainda se importa o suficiente para não me matar logo ou me descartar. E se Voldemort se interessa eu continuo sendo vista como um problema para ela.

Lucius acena e prossegue com a explicação.

— Em Arda Seidhe você não precisa se preocupar tanto com os Comensais individualmente, eles nada farão se o Lorde não ordenar, exceto Bellatrix, ela passa dos limites às vezes, mas sempre é punida. Basta que você saiba lidar com eles, observando-os. Dolohov e ela são os mais confiáveis para o Lorde, portanto, eles sempre estarão por perto. Os demais, você pode ter a infelicidade de se deparar, mas são vencíveis em duelos se você for boa de luta, como Yaxley, que tem um apreço pessoal por você.

— Apreço? - o semblante de nojo pinta o rosto dela. — Ele é tão nojento quanto Greyback.

— Aquele lobo não é um comensal, ele só usa os nossos ideais para justificar seu deleite pela carnificina. Claro que seu apoio não seria negado pelo Lorde. E por último, os dois menos perigosos são os irmãos Carrow.

— Tem certeza? Os boatos que eu ouvia sobre eles em Hogwarts não me fariam encaixá-los como bruxos a serem ignorados.

Ele olha cético para ela, como se dissesse: Quem é que conhece melhor eles, mesmo? E Hermione revira os olhos, traduzindo o semblante.

— Eles são a presença mais constante em Arda Seidhe e lidam diretamente com os prisioneiros. Sorte a sua que não os viu. Ambos já foram professores de Hogwarts como você bem sabe, e continuarão nessa nova era. Aleto adora recepcionar os ex-estudantes capturados com torturas e aulas intermináveis sobre supremacia bruxa, é muito comum usar maldição imperius para que a obedeça como alunos perfeitos. Já Amico, famoso por torturar com a maldição cruciatus nos alunos que não se encaixavam nos seus padrões, segue com esse hábito diariamente nas masmorras da prisão.

— Isso é ser menos perigoso pra você?

— Se você tiver que enfrentar eles dois e Dolohov como opção um dia, você vai entender o que eu falo.

— Dispenso, obrigada.

— Não é você quem decide.

— O quê? Então agora que me explicou sobre eles vai me fazer testar se eu sobrevivo?

— Eu não já falei que preciso de você viva? - resmunga batendo o cajado no chão. — Que garota burra!

Pronta para retrucar, Hermione se vira para ele que a cala com um dedo indicador erguido.

— Você vai duelar com Draco. Esqueceu que ele aprendeu com Dolohov? É quase a mesma coisa e tenho certeza de que meu filho será um professor muito mais paciente, eu já não te trataria com condescendência.

— Nem precisa avisar. - ela revira os olhos e guarda a surpresa do duelo com Draco, será que ele já sabia disso? Temia ser mais um cenário de briga. E com varinha nas mãos, certamente não traria resultados altruístas.

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O zumbido de insetos indistinguíveis na noite fria passou por Hermione quando ela deixou a temperatura morna do interior de seu quarto para aguardar por Draco no jardim.

Com um manejo da varinha em punho, pequenas luzes imitando vagalumes iluminaram o chão de concreto de formato circular, como um coreto a ermo.

Ela nunca havia estado ali com Draco.

Costumava ir até a área para pensar, quando o castelo parecia sufocante demais, ou quando só queria sumir do alcance de Ravana.

Às vezes, imaginava ela e Draco juntos.

Em outro período, se eles se tornassem próximos em outras circunstâncias, aquele seria um local perfeito para uma valsa simples.

E não que Hermione pensasse ser uma exímia dançarina, sabia que ele com certeza era melhor. Aulas particulares de etiqueta desde crianças e coisas assim. Mas, ela desejava o momento pelo que significaria.

Mas, aquela não era a vida dela.

Era um reles devaneio.

Draco estaria ali com um outro propósito naquela noite. Ensiná-la a equilibrar vigilância constante com estratégia. Coisa que, ela gostaria de ter sabido antes de tentar salvar os melhores amigos e acabar matando um deles.

Ela olhou para baixo logo assim que ele subiu na área esférica.

Ele foi recebido com um silêncio incômodo, como se não soubessem mais como agir perto um do outro. Como se não pensassem um no outro a cada minuto do dia. E lamentaram, cada um individualmente.

— Achei que não pudesse vir à noite.

Hermione quem desfaz a quietude.

Ele tirou a mão do bolso da calça e acenou.

— A melhor hora para treinar é a noite, você ativa sua visão noturna e o modo de alerta ao mesmo tempo. E além disso, batalhas costumam acontecer nesse horário ou em locais fechados e escuros.

Ele respondeu mecanicamente, obedecendo ao papel que deveria desempenhar naquele instante, como um mero instrutor esclarecendo a dúvida de um aluno.

Hermione bateu o pé, mas respirou fundo engolindo a irritação que ameaçava se fazer presente.

Draco mudou logo de assunto e postura quando percebeu a expressão dela.

— O que você sabe sobre oclumência?

— É uma prática obscura que defende a mente de penetração externa.

— Não era uma resposta acadêmica que eu queria. - murmura insatisfeito — Até porque isso eu sei. Quero saber o que você, Hermione Granger, entende sobre o ocluir.

— Na prática? Nada. - dá de ombros. — Eu sei que não é tão simples quanto parece, Harry tentou aprender com o professor Snape no sexto ano, mas demanda muito controle emocional e magia.

— E você tem os dois, só que nem sempre sabe como usar juntos.

— O que você quer dizer?

Ele suspira alto e não responde elucidando sua opinião.

— Quero fazer um teste com você.

— Um teste? Achei que estávamos aqui para duelar. - Hermione expôs sua crítica.

— E estamos. Mas ocluir é tão importante quanto lutar bem. - Draco acenou com a cabeça e continuou a fala com um ar de quem sabia o que dizia. — Se um oponente perceber que você é muito boa em combate, seja empunhando uma varinha ou corpo a corpo, ele vai usar a legilimência como plano B e você precisará saber driblar essa tática. Se não, você é um alvo fácil ainda que seja o melhor duelista.

— Certo. - ela o olhou da cabeça aos pés, admirando a inteligência do cara a sua frente em silêncio, até que ele servia bem no papel de professor. — O que eu tenho que fazer?

Hermione sabia a teoria de oclumência. Limpar a mente para o inimigo não encontrar informações sigilosas. Fácil.

O problema era de fato fazer isso.

— Me impeça de entrar. Primeiro sem técnicas, apenas use seu instinto defensivo. Vamos ver o quão poderosa é sua magia base.

Tudo bem. Não podia ser tão difícil.

— Legilimens! - ele apontou a varinha para o rosto dela assim que pareceu pronta.

Ao primeiro impacto Hermione sentiu uma dor que a fez engasgar de susto e apertar os olhos.

Era muito mais difícil do que parecia.

Ela sentia a pressão de uma grande onda forçando a entrada no seu hipocampo. Como se sua mente fosse uma rocha frágil que explodiria a qualquer momento pela força da água.

— Resista!

A voz de Draco parecia abafada, como se ela estivesse debaixo d'água e ele falando com ela do outro lado.

Não sabia manter a calma em meio a sensação inquietante, limpar a mente parecia impossível assim como usar da sua imaginação. Então ela recorreu à própria magia.

Sentindo o sangue borbulhando, prendeu a respiração como se o ato congelasse a circulação sanguínea e em em questão de milissegundos exalou um impulso sobrenatural que expulsou a tentativa de invasão mental.

Gradativamente ela percebeu a onda diminuindo, como se sua rocha se solidificasse.

Impenetrável.

Quando abriu os olhos, Draco a olhava estranho.

— O que você viu? - perguntou receosa.

Tentou realmente não pensar em nenhuma memória específica e depois da dor apontar nem teve controle sobre as lembranças. Por isso, não sabia dizer se ele tinha tido sucesso.

— Nada.

Ela ergue a sobrancelha e ele continua.

— Eu não consegui acessar seus pensamentos. Mas eu vi o seu bloqueio.

— Como assim? Isso é normal?

Ele não sabia dizer. Em geral, quem praticava legilimens contra alguém queria encontrar revelações específicas. Para ser sincero, Draco nunca tinha treinado com alguém, quando aprendeu a ocluir estava em outra posição.

— Não para mim. Um oclumente comum somente limpa a mente, reduzindo a frequências dos pensamentos ou visualizando uma imagem da forma mais realista possível, para que quando o oponente o ataque, ele possa barrá-lo com a visão dessa sala de espera, da qual não se é capaz de entrar. - ele se inclinou para frente, sem olhar nos olhos dela. — O que você fez…Você defendeu a si mesma reagindo à dor. Sem varinha, sem planos. Apenas magia pura e inflexível e isso foi o maior exemplo de autocontrole que eu jamais saberia ensinar.

Hermione ficou surpresa com o encômio.

Não era do feitio dele elogiá-la querendo dizer isso, mesmo em dias bons. E tudo bem que ele não a elogiou por inteiro e sim sua inesperada habilidade, porém ela ficou lisonjeada mesmo assim.

— Obrigada? - agradeceu, incerta. — Mas eu não fiz muita coisa, na verdade acho que eu nem sei explicar o que eu fiz. - desculpou-se, intrigada. — Não sei se esse meu autocontrole me ajudaria em um ataque real.

— Eu não tenho a resposta que você quer sobre isso. Mas sabendo o que sei sobre ocluir, sua reação é mais útil na vida real. É impossível garantir para alguém iniciante em oclumência que sua sala de espera não vá falhar. Então é muito mais confiável se o seu próprio corpo ajudar a rejeitar a violação. Isso me dá ideias…

— Ideias?

— Me dá sua varinha.

— Por quê? Vamos duelar com magia não-verbal?

— Não vamos duelar.

— O quê?

Draco massageia as têmporas, exasperado com a repentina agitação dela.

— Vamos treinar sua defesa. - explica em um tom que dispensava refutação. — Corpo a corpo. - completou baixinho, prevendo a mudança de comportamento dela.

— Mas…Mas…

— Você acha que os Comensais não sabem lutar? Eu sei que na escola vocês achavam que os Sonserinos só geram temor pela ameaça com uma varinha em punho, mas os bastidores do nosso estereótipo é mais versátil do que as aptidões do resto de vocês.

Hermione nem se dignou a responder.

— Antes de ser uma boa duelista você precisa ser uma boa lutadora. Esse para mim sempre foi o erro de vocês na Ordem, vocês se agarravam as varinhas como se fossem o Antíoco Peverell em pessoa. - dobrou as mãos atrás das costas. — Mesmo sendo a melhor das bruxas, a sua magia precisa estar em equilíbrio com sua postura e sua força. Não se lembra de Simas Finnigan? Não basta apenas possuir uma varinha para lançar feitiços.

— Eu sei disso. Só não achei que você fosse me ajudar com isso.

Ele sorriu divertido pela primeira vez em dias e ela quase chorou pela dádiva.

— Não sou o instrutor ideal realmente, eu convidei uma pessoa de confiança, espero que ela consiga vir dentro alguns dias para ensinar você melhor.

— Ela? - catalogou mentalmente todas as garotas que sabia que Draco conhecia, majoritariamente da época de Hogwarts e não gostou de nenhum nome que lhe veio à mente. — Quem?

— Você ainda não conhece. Não seja tão enxerida.

Ela resmungou. Só estava sendo curiosa, qual o problema disso?

— Agora avance contra mim.

Hermione piscou várias vezes mas não moveu um músculo.

— Vamos! Coloca para fora a raiva que eu sei que tá aí dentro de você.

— Ela não é direcionada a você.

Draco parece gostar da resposta pela quase formação de um sorriso que seu rosto desfaz.

— Mesmo assim, finja que você quer esfrangalhar esse belo rosto - dá tapinhas na própria bochecha e ela revira os olhos. — Eu vou me defender, não se preocupe.

— Eu não estou preocupada. - responde e como prova se lança para cima dele, na intenção de repetir o soco do terceiro ano, mas ele desvia sem nem tirar os pés do lugar.

— Aprendi algumas coisas desde que você quase quebrou meu nariz. - ele sorri confiante e Hermione aproveita a arrogância e pisa com força no pé dele. — Ai! Isso não vale!

— Vale tudo em uma guerra. - rebate, satisfeita ao vê-lo sacudir o pé e grunhir de dor.

— Não estamos em uma guerra de verdade. Você tem quantos anos? 5? - ele murmura com desagrado.

— Está me dizendo que uma criança de 5 facilmente te venceria “jogando sujo” assim? Cada um usa a arma que pode… - diz, debochada.

— Ha! Ha! Vai lá treinar com os Comensais usando essa tática, eles não só vão rir de você como trucidar seu pé.

Mesmo rabugento, Draco se recupera mais cedo do que ela esperava e assim que tenta lhe dá as costas ele se envolve em torno de suas costelas e a aperta forte contra seu corpo.

Um sopro de ar quente escapa dela de surpresa, e o susto pelo movimento repentino, disparou os batimentos do seu coração.

— Regra número 1: Irritar seu adversário não é melhor do que deixá-lo atônito. - fala em seu ouvido, como um segredo, e depois pede: — Quero que se solte sozinha, e dessa vez nada de magia.

Hermione odiava receber ordens. Mas desconfiava que ele sabia disso e o fazia por essa finalidade.

Ela se empurrou contra ele, para trás e para a frente, tentando a todo custo sair do abraço, mas sem sucesso.

Draco era quase duas cabeças mais alto que ela, de modo que ela encaixava em seus braços como se fossem um casulo. Então se soltar dele apenas com sua força era impossível.

Bufou alto e começou a chutar os pés, sendo sustentada apenas pela força dela. Quem sabe o venceria pelo cansaço?

— Boa tentativa. Mas estamos simulando uma luta real, lembra? Se começar a se debater enquanto alguém prende assim - ele a aperta ainda mais. — Vão simplesmente torcer o seu pescoço. Tente olhar para mim.

Ela vira o pescoço, doía por estar tão apertada contra ele e de costas, mas ele relaxa os braços o suficiente para ela conseguir girar.

— Se conseguir distrair o suficiente o oponente desse jeito - ele aproxima o rosto do dela e não desvia o olhar de seus olhos enquanto fala. — Você pode erguer a coxa e dar uma joelhada certeira. Não, não vamos testar essa parte agora. - tão rápido quanto ensinou ele desenlaça ela do aperto e passa um pé no meio das pernas dela, forçando o joelho a dobrar para trás.

Hermione dá um gritinho e cai de joelhos mas se desequilibra ao tentar segurar nele e ambos caem deitados um sobre o outro.

— Ai! - choraminga quando a cabeça bate no chão, mas logo fecha a cara para ele. — Se eu levantar e ver sangue…

O semblante de Draco muda de preocupação para desdenha rapidamente.

— Você não vai morrer por causa de uma leve contusão.

— E agora você é Medibruxo? Achei que eu fosse a curandeira aqui.

Ele não responde. Aproveita o alheamento dela e muda a posição de seus braços, para acima da cabeça, empurrando-os no pavimento.

— O que você está fazendo? - perguntou num fio de voz quando notou a pupila dele dilatar. Ele estava perto demais. Mas ele não ia beijá-la, ia? Não depois dela machucar seu coração. Desejou que estivesse enganada.

— A regra número 2. - sorri despreocupado. — Distraindo você.

Imediatamente ele cruza os braços dela e com a força do deslocamento vira ela de frente para o chão, com as costas para o tórax dele, exercendo pressão do seu traseiro no espaço entre o meio de suas pernas.

Ela gemeu.

E ele deduziu que ela havia percebido sua rigidez.

O sangue em suas veias espalharam-se pelo pescoço, dando a Draco a comprovação de que ela estava ruborizada.

— Algum problema? Ainda estou esperando você se livrar de mim. - comentou, mantendo o peso sobre ela, pacientemente.

— Não dá! Você é muito grande. - avisou impulsionando o ombro para trás para tentar atingir sua cabeça.

— Ah, isso é verdade. Eu realmente sou. - contou, rindo baixinho. E ele não estava mais falando sobre a altura.

Hermione prendeu a respiração e deitou com o rosto para o outro lado, forçando a bochecha ao chão duro. Duro. Qualquer palavra que passava em sua mente ela associava automaticamente a posição em que se encontravam.

— Draco… - suplica coisa alguma. Inconscientemente satisfeita por estarem nessa situação, mas indócil por saber que ele não fazia aquilo pelo que sentia por ela, e sim para desafiá-la.

A falta de confiança sempre estaria como uma neblina entre eles. Instigando a mágoa e empatando o perdão absoluto.

— Para o que você tá me implorando exatamente?

Não, ela não tinha resistência emocional para lidar com esse jogo de gato e rato no momento.

— Sai de cima de mim, por favor.

— Ah, então você se rende? - escondeu o desapontamento por ter que parar de provocá-la e saiu de cima dela, erguendo as mãos para ajudá-la a se pôr de pé.

— É o meu primeiro dia de aula, não preciso ser perfeita ainda né?

— É tão difícil aceitar que eu posso ser melhor que você? - provocou.

Ela empertigou o queixo e levantou uma sobrancelha.

— Você pode até ser bom de luta, mas eu pelo menos sei quando parar e não estender uma briga. Algo que você ainda não aprendeu. - se aproximou dele e trombou deliberadamente em seu ombro. — Bons sonhos, Draco. Ah! E acho que é melhor tomar um banho. - desviou o olhar para o meio da calça dele e piscou, revirando os cantos da boca em um sorrisinho.

Draco se xingou enquanto ela voltava para o castelo tranquilamente, como se não estivesse desconcertada há minutos atrás.

A postura perversa combinava muito com ela. Era esse tipo de reação que Draco gostava de incitar quando a perturbava.

Ele também sabia que se não mostrasse disposição a esquecer o episódio passado, ela não o faria. Porque se ele é orgulhoso, Hermione era duas vezes mais. Principalmente quando ela já havia se esforçado para engolir seu orgulho e mostrar arrependimento anteriormente.

Prometeu dar outra chance a ela, porque antes de tudo ela foi quem lhe deu a primeira oportunidade de conhecer todas as suas versões. Ela quem baixou a guarda com ele antes de qualquer um na Ordem.

A primeira a confiar.

Ela merecia uma segunda chance verdadeira igualmente.

Então ele a daria e faria o que sabia fazer de melhor: Esconder suas inseguranças e fingir que era inabalável.

Por ela valia a pena.

Enquanto isso, uma Hermione de respiração ofegante entrou no castelo e parou assim que fechou a porta atrás de si. Encostando-se na parede, exalou forte, descarregando a postura de indiferença que usou ao dar as costas a Draco.

Por fora, ela pode até ter parecido desinteressada no atiçamento dele, mas por dentro estava enlouquecendo. Suas pernas pareciam gelatinas por conta da adrenalina de estar tão próxima ao corpo dele.

A respiração arfante era resultado do desejo que ela fingia não sentir mais quando se encontravam e ele varria o olhar por toda ela, como se buscasse algo.

E buscava. Reciprocidade.

Mas ela era boa em fingir. Sempre foi.

Na sua cabeça que vigorava a lógica, ceder a ele seria permitir sofrer se o machucasse de novo.

E para alguém como ela, que valorizava a prática sobre o ímpeto, a vulnerabilidade não deveria ser compartilhada com ninguém. Reconhecia que não estava pensando direito quando deixou que ele a beijasse no dia de Natal, nem nos dias seguintes. Queria mesmo um motivo para escapar da realidade dos seus dias. E Draco era a razão ideal, especialmente quando parecia tão inclinado a fingir junto a ela.

Mas eles não eram mais crianças e justamente por isso no fundo sabia que não era justo brincar com o sentimento de ambos, porque a atração que sentem um pelo outro pode desenvolver-se de forma decisiva o suficiente para se tornar ainda mais forte.

E se ela se apaixonasse por ele, no período em que viviam…Ela nem queria pensar no quanto teriam que abrir mão.

E a terrível sensação de que o loiro faria tudo por ela só aumentava sua apreensão sobre a segurança deles.

Precisava ter em mente que eles não tinham tempo para o amor.

Não ainda.


Notas Finais


Olá! O que estão achando da história?

Vocês têm teorias? Deixem aqui nos comentários para eu saber.

Nós estamos chegando a metade dela em breve!

Até já <3


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