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História Broken - Desistência


Escrita por: LadyWritter

Notas do Autor


Galera!
Muito, muito obrigada pelos mais de 50 favoritos e pelos 20 comentários. Esse tipo de coisa me motiva e MUITO!
Aqui vocês vão entender um pouco melhor o que rolou com a Mari. Espero que gostem ♡

Capítulo 2 - Desistência


Fanfic / Fanfiction Broken - Desistência

"Querer não é poder."

Das várias vezes em que ouvi essa frase, em nenhuma delas eu consegui sentir qualquer empatia com ela. É tão horrível a forma como as pessoas dizem isso com tamanha tranquilidade, quase como se não ligassem para os sonhos dos outros. De fato, elas não devem ligar mesmo.

Acho que no mundo aonde a gente vive, as pessoas não se importam mais com ninguém. No máximo, seria um fingimento, que no começo, passa despercebido, até que elas mostram suas verdadeiras caras e então, finalmente percebemos o quanto estamos sozinhos.

Não tem pai. Nem mãe. Nem ninguém.

Quando a gente cresce, parece que a solidão não tem fim mesmo.

Por isso, que eu gostava de ser pequena.

Nós somos tão inocentes que não percebemos o quanto vamos sofrer e viver por sonhos que no futuro virão muitos para desacreditar. Ser criança é bom. Tão bom quanto eu queria que tivesse durado.

Mas, eu cresci. E tive que lidar com as dificuldades de viver. Finalmente, abrir os olhos e perceber que nada era um conto de fadas. Que nada viria fácil e que tudo era injusto. Tive que aprender que talento não compensa. Tive que aprender que muita gente vai tentar me ridicularizar pelo o que sou e se eu chorar, ninguém vai aparecer para me colocar no colo.

Tive que crescer para aprender que custaria muito para me tornar estilista.

Um sonho em que tive ambições muito altas.

Sonhei grande, sonhei mesmo.

Mas, um dia, a gente acorda.

Lembro-me de estar babando encima do celular. Minhas costas doíam. Mas é claro, senhorita Dupain-Cheng. Você dormiu na cadeira novamente, tão torta quanto um bambu envergado. Não que isso não fosse comum.

As pessoas devem achar que a Ladybug é um ser místico que não precisa de descanso e pode salvar Paris quase que diariamente. Devem achar que heróis não choram, suam nem precisam fazer dever de casa. E por falar em dever...

Bati os olhos contra o relógio de cabeceira e os arregalei quase que automaticamente. Outro atraso. Droga, outro atraso, Marinette! Outra reclamação que vai receber da professora, outra impressão ruim que dará para Adrien, outro passo longe de seu... Sonho. Droga... Marinette.

Com tanta frustação em mente, apenas me arrumei como um furacão. Um furacão raivoso. Magoado. Frio. Eu sabia que a culpa de estar atrasada era minha e somente minha, mas eu... Eu também sabia que a culpa era dela.

Ladybug, maldição ou benção?

Se eu não tivesse ficado até tão tarde combatendo malfeitores, nada disso teria acontecido. Seria então isso tudo um atraso em minha vida...? Ser heroína... Salvar pessoas... Fazer o bem. Seria tudo isso um atraso?

Eu não quero parecer egoísta. Não quero parecer suja. Nem impura. Não quero que pensem mal da idolatrada joaninha que todos os parienses amam, mas eu nunca pedi para ser ela. Eu nunca pedi para ficar sem tempo para minha família, amigos... E pra quem eu gosto.

Eu só queria ser normal. Ser... Livre de preocupações. E correr atrás de meus objetivos. Mas, Paris precisa de mim, não é..? Desistir agora me faria uma covarde, não é..? Pergunto-me se Chat Noir também faz tais questionamentos com o próprio destino. Será que ele gosta de toda essa vida de mentiras?

Quando vi, já estava na rua. Correndo, obviamente. Estava mais que atrasada, sem esperança de chegar no horário por mais que pensasse até em me transformar. Para completar, ainda chovia. Como se o azar tivesse escolhido um dia para se manifestar e uma pobre coitada para abater.

Senti as gotas caindo sobre mim com uma força inabalável. Minhas roupas estavam cada vez mais encharcadas. E o cartaz que eu levava parecia se esforçar ao máximo para estragar. Eu sentia tanta raiva... Tivemos tanto trabalho para fazer aquilo e no fim, eu havia estragado.

Sou horrível. Não mereço o que tenho. Nem ser uma heroína que todos amam.

É isso. Eu não quero mais.

Não quero mais que os outros criem expectativas em alguém tão baixo quanto eu. Por favor, Chat Noir... Perdoe-me por ser covarde. Por não poder ajudá-lo. Por ser inferior. Por eu...

Foi então que algo cortou meus pensamentos. Uma criança.

A criança que mudaria a minha vida. A criança que me faria decidir o que realmente sou de verdade. Quem eu sou de verdade.

— C-Claire...! – Uma senhora gritou do outro lado da rua, então eu soube. Eu soube naquela hora que teria um último trabalho.

Aquela loirinha... Tão jovem. Tão... Inocente. Tão cheia de expectativas ainda. Como eu era. Como eu quis ser por muito tempo. Como eu tentei ser. Eu não podia deixá-la ir. Não podia deixá-la ir sem realizar seus sonhos. Por mais ingênuos que sejam.

Então, minha decisão foi feita.

Escolhi me sacrificar por ela.

Senti a batida quando ela veio. Senti a dor. Senti meus ossos quebrando. Senti minha respiração acelerando por alguns segundos. Mas eu senti aquela criança longe de perigo. Longe daquele carro. Longe.

Senti o asfalto tão frio como sempre.

Senti a chuva quase ceifando minha morte. Senti sangue... Meu sangue. Tão quente. Tão... Real.

Então, eu havia mesmo feito aquilo. Eu havia mesmo... Jogado meu orgulho como heroína fora. E em seguida, havia trocado minha vida como civil normal para o de uma civil notável, reconhecida, ideal.

Talvez eu realmente tenha nascido para salvar pessoas. Para trazer o bem. Para todas essas coisas das quais reclamo. Talvez salvar esta menina não tenha sido uma simples coincidência. Salvá-la mostrou que talvez eu valha alguma coisa.

“Ela vai ficar bem, mamãe?” Uma voz infantil respondeu. Eu não sabia se estava longe ou se minha consciência que já começava a falhar. Mas eu imaginava quem seria. Estava feliz de ouvi-la. Uma voz... Tão doce.

“ V-vai sim, querida. “ Eu senti a fraqueza com que dizia aquelas palavras. Uma fraqueza que adultos sempre teriam para que conseguissem nos confortar. Uma imperfeição perfeita.

“ Por que ela me ajudou...? Ela tá m-machucada. “ A garota choramingou e então, eu entendi.

Ali, não era Ladybug. Era apenas Marinette. E ela havia decidido ceifar seu fim quando quis salvar os sonhos daquela garota. E agora, as consequências de seu ato viriam. Consequências banais para um acontecimento infeliz.

Nunca quis tanto ter sido uma heroína perfeita por um momento. Eu teria a salvado, eu estaria bem, eu estaria de pé. Mas eu sou egoísta, insegura e suja. Eu sou humana. E talvez essa seja minha falha mortal.

Espero que Alya entenda meu atraso. Talvez ser atropelada seja uma desculpa melhor do que passar a noite anterior combatendo vilões. Passar a noite forjando provas de que fiz coisas diferentes. De que fui a Marinette por mais um mísero dia.

Espero que entendam. Entendam que fui sonhadora demais. Que achei que dava conta de tudo. Que achei que poderia estar nos padrões da perfeição. Achei mesmo que me tornaria estilista um dia. Que casaria com Adrien. Que seria feliz.

Mas agora, nesse chão frio, perdendo sangue lentamente, eu finalmente compreendo. Finalmente entendo a verdade por trás dessa frase. Finalmente... Finalmente, abri os olhos. Abri os olhos para o mundo dos adultos.

Finalmente, percebi... Que querer não é poder.


Notas Finais


Amo seus comentários!
Leio com muito carinho e respondo cada um, mas não se sintam obrigados a fazer~
Até o próximo capítulo!


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