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História Broken Hearts - Contágio (Parte I)


Escrita por: Miss_Amelie

Notas do Autor


Saudações, meus lindos

Sobre a sucessão de capítulos a partir de agora:
- Teremos uma sequência de ação para encerrar a trama com Ra’s;
- Não é meu momento preferido (porque eu não sou boa na descrição de cenas de ação), mas eu estou me esforçando;

No mais,
Que Scorsese, Tarantino e Snyder me abençoem nas cenas de ação!
Boa leitura!

Capítulo 66 - Contágio (Parte I)


Fanfic / Fanfiction Broken Hearts - Contágio (Parte I)

  
“Ou se morre como herói,  

ou vive-se o bastante para se tornar vilão”.  

(Harvey Dent, in: Batman – O Cavaleiro das Trevas)  

   

   

Contágio || Parte I || Primeiro estágio: liberação do vírus  

   

• Fortaleza de Ra’s Al Ghul || Líbano •  

   

O Morcego provou-se mais uma vez um estrategista paciente, observando e estudando cada canto do ambiente. Um grande salão com computadores de altíssima tecnologia tomando a maior parte do espaço interno à esquerda, uma extensa mesa de reuniões, o que parecia um púlpito, que dava a quem ocupasse o trono, ao centro, uma visão completa de tudo e um enorme espaço vazio do lado oposto.  

À direita, o vão de uma depressão se estendia ao longo de toda parede rochosa. O som de água corrente que vinha da mesma direção, a mente do grande detetive levou milésimos de segundos para deduzir que era um dos Poços de Lázaro espalhados ao redor do mundo, onde Ra’s sempre construía suas bases militares.  

Os pontos luminosos na imensa tela projetando um mapa mundi, eram indicações de localizações, que provavelmente seriam os lugares onde Ra’s iniciaria a liberação do vírus, como parte de seu plano de contágio da população mundial.  

  

Ao enviar as informações com a confirmação geográfica das cidades que seu inimigo tinha como alvo para J’onn, um pensamento breve percorreu sua mente, desviando o Morcego ligeiramente da concentração absoluta em deter Ra’s Al Ghul:   

Se Diana não o tivesse obrigado a engolir seu orgulho e procurado Clark; Se não pudesse contar com a ajuda da Liga da Justiça para ajudá-lo a deter os planos genocidas de seu inimigo e ex-mestre; ele não suportaria a culpa de se sentir responsável pela morte de milhões de pessoas inocentes. Ele tinha que aprender a pedir ajuda e engolir seu orgulho.   

O som estridente de alarme trouxe seu pensamento de volta ao foco total na estratégia de abortar os planos do Cabeça do Demônio. Um radar mostrava algo se aproximando da área e Batman ouviu o jovem que monitorava o espaço aéreo informar a Ra’s sobre a aproximação de algo que, segundo o radar, poderia ser uma aeronave, no entanto, estava completamente invisível para visualização dos satélites.  

 Diferente da estratégia do Batman, a Mulher Maravilha não tinha a mínima intenção de ser furtiva. Seu plano era uma abordagem simples e direta – que sua equipe apoiou. A prioridade era a vida de Bruce. Não a captura de Al Ghul e de seus cúmplices.  

  

(...)  

  

Confiante da ‘invisibilidade’ de seu covil – garantida pela camuflagem montanhosa e pela tecnologia que bloqueia qualquer sinal de satélite – Al Ghul não deu importância ao alerta, esperando que fosse apenas um sobrevôo ordinário de uma aeronave em um percurso irrelevante.  

Por isso, mesmo um dos maiores estrategistas da História da Humanidade, um dos inimigos mais geniais no topo da galeria de vilões do Morcego, foi surpreendido pelo ruído ensurdecedor ecoando pelo salão. Um estrondo do que parecia ser a explosão de um bloco maciço de rocha, forçando a entrada de onde estavam.  

– Detetive!  

   

Conhecendo o Vigilante de Gotham como ele conhecia, o Cabeça do Demônio sabia que só uma mente estúpida poderia subestimá-lo. Ele sabia que o detetive o encontraria e estava preparado para isso. O que seu plano não previa era a traição de sua filha, que levara o Morcego até ele sem ser notado, tirando-lhe a vantagem de saber sobre a chegada de seu ex-pupilo.  

– Enfim, nos reencontramos, detetive – o sarcasmo escorrendo em abundância nas palavras de Ra’s – Imagino que seja você mesmo, apesar do disfarce. Ninguém mais poderia encontrar esse lugar.  

  

Batman hesitou internamente. Será que Talia estava escondendo algo? Será que seu pai já o esperava? Ela saltou logo atrás dele, mas não foi para o lado do pai, que estava com Nyssa (sua outra filha), Lady Shiva (sua assassina mais mortal) e Ubu, seu fiel criado.  

Quando ele saltou em direção ao Demônio um grande choque o atravessou. Com um grito dolorido, ele foi jogado para trás e atingiu a parede violentamente com um baque.  

Ele não esperava essa onda de energia atirada contra ele.  

  

Ra’s o treinara para ser o melhor espadachim do mundo, digno de rivalizar em pé de igualdade com o próprio Cabeça de Demônio, logo, Bruce estava de posse de sua espada especial – semelhante a uma katana, mas leve como um florete, sendo mais rápida que a que Ra’s costumava usar, que é de origem árabe, curvada e mais pesada.  

Ra’s observou-o gemendo com diversão.  

  

– Você não achou que seria tão fácil, não é? – O demônio puxou o capuz do Batman, revelando o rosto bonito de Bruce Wayne.  

– Com você envolvido, geralmente não é – Batman reconheceu.  

– Já faz um tempo, não é, detetive? – respondeu Ra’s. Mesmo enquanto falava, um grupo de assassinos estava se aglomerando ao redor deles e, aos montes, emergindo de algum lugar desconhecido.  

  

Batman se ergueu com os dentes cerrados. Ele bateu na parede justamente do lado que tinha sido ferido anteriormente.  

– Você não pode me deter, detetive. As coordenadas para o lançamento do vírus em Tóquio, Dubai, Rio de Janeiro, Londres e, claro, Gotham, já foram executadas. Sua luta é em vão. – Batman rosnou, enquanto Ra’s continuava seu discurso com uma voz perigosamente suave.  

  

Batman lutou para se levantar, tossiu e ficou de pé. Ra’s viu seus esforços com um ar divertido. Ele rosnou e sua raiva finalmente foi suficiente para permitir que a adrenalina corresse em suas veias. Ele ia parar o demônio, nem que fosse a última coisa que faria.  

Os assassinos se aproximaram mais cautelosos quando seu adversário se endireitou até a altura total. Ubu, o guarda-costas de Al Ghull estava com um olhar particularmente alegre em seu rosto brutal.  

– Hoje será sua ruína, detetive – Ra’s determinou.  

  

Bruce olhou ao seu redor e sua mente trabalhou uma estratégia de ataque. Ele tinha poucas chances. Na verdade, quase nenhuma: Ele tinha que deter cerca de 100 assassinos ninjas da Liga das Sombras (alta probabilidade de sucesso), depois enfrentar Ubu, Nyssa e Shiva (Muito difícil para ele, se os três o atacassem juntos) e por fim, seu ex-mestre Ra’s (ele precisaria de sorte, e após tantas lutas e certamente ferido, dificilmente ele venceria).  

Bruce teve tempo de derrubar cerca de 8 ou 10 assassinos da Liga das Sombras, quando o barulho de uma explosão ecoou novamente pelo salão.   

Um instante depois, todas as cabeças giraram para entrada e contemplar duas amazonas, ladeadas por dois Robins.  

A cavalaria havia chegado para se juntar ao Batman.  

Agora sim, as probabilidades no confronto eram justas.  

  

  (...)  

   

Diana olhou para o Batman, cercado por assassinos. Os dentes trincados, rosnando de raiva indicavam fúria desmedida. Ela só não sabia se era mais raiva por ver a ela e seus filhos vindo em seu auxilio (desobedecendo as ordens de deixarem ele resolver tudo sozinho) ou de seus inimigos. “Provavelmente, as duas coisas”, ela pensou!  

Mas seu pensamento logo foi deferido, quando ele dedicou um olhar de morte para ela, Tim, Damian e sua mãe, indicando para que lado a balança da fúria pendia.  

  

– Um homem como você deixar que mulheres e crianças façam seu trabalho é um demérito, detetive! – Ra’s desdenhou.  

– Nenhuma amazona está abaixo de qualquer homem, mortal! – Hipólita praguejou, altiva, empunhando sua grande espada reluzente, digna da realeza que lidera as lendárias mulheres guerreiras.  

  

– Outra amazona com porte real, detetive?! Ela desconhece que Ra’s Al Ghul, aquele que chamam de A Cabeça do Demônio, não é um reles mortal. – Al Ghul voltou-se para encarar a rainha.  

– Vejo que você finalmente percebeu que a escória de Gotham não tem nada a oferecer-lhe, meu ex-protegido, e finalmente tomou como concubinas, mulheres com real utilidade, além do prazer mundano...   

  

– Não ouse desrespeitar Hipólita, rainha das amazonas, Demônio – Diana empunhou a espada e o escudo em posição de combate.  

– Em minha presença a própria rainha das amazonas? – Ra’s sorriu. Uma mistura de malícia e sarcasmo – Devo adiantar-lhe que sua presença e da sua filha causou-me uma satisfação que eu não previa. Eu esperava apenas o detetive, mas aprecio a adição de tão ilustres adversários.   

  

– Quando derrotá-los, matarei o detetive e o garoto bastardo que ele chama de filho, tomarei meu neto de volta, para garantir que meu legado seja extraordinário e terei prazer em ter você e sua filha comigo, para minha satisfação pessoal e, como sinal da minha benevolência, como aliadas para servirem às ordens de Ra’s Al Ghul. Assim que eu adestrá-las, obviamente.  

– Vão embora, agora! – Batman rosnou, cortando o Demônio, antes de Hipólita saltasse contra ele, irascível pela menção à escravidão sexual. Uma lembrança dolorosa dos tempos em que ela e seu povo sofreram nas mãos dos homens.  

  

Diana sorriu: – Não mesmo, Batman. – Ela olhou para os lados – Prontos, Red e Robin? – À esquerda, Tim e Damian assentiram – Majestade? – Ela sorriu ao ver o fogo nos olhos de sua mãe, pronta para luta, à sua direita – A equipe não sai daqui sem você, Batman!  

Um grande homem se lançou para ela, gritando: "Infiéis!" e Diana o socou sem olhar para ele, jogando-o contra uma parede, deixando-o desacordado. O que fez o batimento cardíaco de vários assassinos aumentar ao menos uma batida por segundo.  

  

Uma legião de incontáveis assassinos da Liga das sombras se acumulou entre os heróis:  

Bruce rosnou: – Saiam daqui agora. Diana... Tirem ela daqui. Tim... tire-a daqui!!  

  

Diana olhou para os companheiros, especialmente para Tim, que olhou para ela determinado a desobedecer:  

– É tudo ou nada, meus guerreiros – Bruce sentiu um calafrio na espinha ao ouvi-la – Damian, Tim, mãe, se esta for minha última batalha, saibam que foi uma honra lutar ao lado de vocês.   

Bruce olhou para Mulher Maravilha desesperado.  

– Batman, nem mesmo os presentes que me foram ofertados pelos deuses, poderiam se comparar ao sentimento imensurável de honra que eu sinto, por ter tido a oportunidade de lutar ao lado do guerreiro mais extraordinário que eu conheci em toda minha vida, O Morcego de Gotham. Aconteça o que acontecer, saiba que eu o amo, mortal...  

  

– Diana...   

– Poupe as palavras, Batman. Nada do que você disser, vai me tirar daqui... Eu fiz minha escolha, mesmo sabendo da minha responsabilidade. Minha decisão foi tomada baseada no fato de que eu só tinha duas escolhas: Viver os séculos da minha imortalidade com a dor da sua morte e o arrependimento por não ter tentado salvar sua vida; ou me juntar a você. Ou saímos vivos juntos ou morremos ambos, e passaremos a eternidade nos Campos Elíseos (1).  

  

Os meninos sorriram em resposta e saltaram em direção aos assassinos, com uma chuva de chutes, socos e saltos, como uma dança sincronizada, coreografada por malabares.  

Cercado por dezenas de homens da Liga das sombras, Bruce foi impedido por eles de ir atrás de Ra’s de imediato. O vilão fora em direção à central de controle dos computadores, para sussurrar uma ordem a um de seus servos com responsabilidades de domínio intelectual. O homem à frente do computador central começou a digitar freneticamente, e o detetive deduziu que o comando de Ra’s fora para liberação do vírus, já que a tela indicava um alerta emissor, com luz amarela piscando justamente nas cidades escolhidas para disseminação do vírus.  

 Intimamente, o Morcego desejou que a Liga conseguisse impedir os planos de seu inimigo de serem bem-sucedidos.  

   

(...)  

   

Um descrente chamaria de coincidência, mas para os que ainda depositam a fé em divindades ou entidades sobre-humanas e/ou sobrenaturais, o quarteto formado pelo amazônico-bat-clã era mais que providencial, era afortunadamente preciso, não apenas em número de integrantes, mas sobretudo em suas competências e habilidades para fazer frente aos adversários que enfrentariam.  

Eles não teriam que lidar apenas com a Liga de assassinos mais bem treinados do mundo (leais como os kamikases japoneses, a ponto de dar a vida pela causa de seu líder ‘messiânico’). Cem vezes mais letais e leais que os soldados de Ra’s era seu ‘grupo de elite’, formado por aqueles que o Cabeça de Demônio mais confiava – seja servindo a ele e seus propósitos, seja em suas extraordinárias técnicas de combate): Suas filhas, Nyssa e Talia; Lady Shiva e Ubu.  

 Sendo assim, enquanto Batman abria caminho entre três dezenas de ninjas da Liga das Sombras que o circundavam, tentando golpeá-lo. O quarteto heroico foi confrontado pela equipe de Al Ghul.  

   

•  

   

Deixando a formação dos assassinos ao redor do Caped Crusader, uma figura abominável se colocou à frente de Tim. Ubu era, sem dúvida, o servo mais leal de Ra’s – que encontrou em seu temperamento naturalmente esquizoide e sua personalidade sádica, contudo, servil, o tipo ideal de escravo: aquele que serve a um senhor por escolha própria.  

Mas Ubu não era Bruce Wayne, o grande detetive. Ele não tinha a inteligência, a força, a disciplina, a expertise, o charme, o carisma e a elegância de seu melhor aluno. Ele era apenas um servo que poderia ser melhor aproveitado, por suas habilidades e lealdade cega.  

  

Tim ergueu seus bastões em posição combativa e estreitou o olhar para encarar seu adversário. O homem trazia um sorriso desdenhoso nos lábios que só não causava mais desconforto que sua aparência, no geral. Ubu era um homem forte, de altura mediana, mas seu físico corpulento causava a impressão de que ele era muito maior. Ele tinha feições esteticamente desarmoniosas. Uma visão ainda mais desagradável quando exibia a vilania maquiavélica de sua personalidade através de sua expressão.  

Ele saltou em direção a Tim, sem esconder sua descrença de o jovem seria um adversário a altura. Mas seu rosto mostrava um sorriso sarcástico de satisfação por acreditar que causaria dor e angústia ao detetive desleal e ingrato, derrotando seu tutorado com facilidade; ferindo seu ‘ajudante’ com violência.  

Os socos de Ubu eram fortes, fazendo Red Robin deslizar em recuo, sempre que os bloqueava, protegendo a guarda, formando um X com as duas barras. Mas ele era grande e lento. Não era rápido como Bruce, Dick, Alfred ou Damian (com quem costumava treinar). E Bruce o preparou para enfrentar adversários mais fortes e mais rápidos... Ubu não poderia ser ignorado, mas ele poderia lidar com o inimigo usando suas habilidades de combate e inteligência, Bastava ser paciente e preciso!  

   

•  

   

Hipólita de Themyscira reconhecera nos olhos de sua adversária seu valor como guerreira. A experiência da guerreira amazona acumulada em milênios de existência conferia-lhe capacidade inquestionável para ler com facilidade um adversário com as mesmas características (mulher, lutadora treinada sob as rédeas da disciplina, que valoriza a excelência em combate). A rainha disse a si mesma que honraria sua adversária com o melhor de si – uma rainha digna de seu povo.  

A líder das amazonas fizera bem em tomar Nyssa como alguém que não deveria ser subestimada. Contudo, ao contrário do que a mãe de Diana pensara, a filha de Ra’s era uma guerreira notável apenas do ponto de vista combativo. Os conceitos de honra e os valores culturais amazônicos não eram compartilhados por ela.  

  

O brilho evidente de seus olhos não era fruto da excitação entusiasmada dos guerreiros mais notáveis, prestes a enfrentar um adversário à altura de sua excelência. A euforia de Nyssa vinha da oportunidade de provar seu valor ao seu pai, enfrentando e derrotando um inimigo indubitavelmente valoroso como a rainha das amazonas.  

A herdeira de Al Ghul tomou uma postura agressiva, empunhando uma longa espada de lâmina fina (com ambos os lados afiados para corte), segurando o cabo com ambas as mãos, apontando-a para a amazona, pondo-se em posição de ataque.  

  

Hipólita respondera ajustando-se em um movimento defensivo muito singular – não como o habitual e sim uma postura que indicava que ela estava pronta para o ataque adversário, mas também para o contra-ataque. Ela segurou sua espada com apenas uma das mãos, inclinando-a apenas o bastante para proteger-se, contudo, semelhante a postura de Nyssa, seu corpo parecia pronto para o ataque.  

A majestosa amazona não era forte como sua filha, mas, sem dúvida, sua força estava bem acima da média das mais fortes mortais (não-metas). E a irmã de Talia soube disso logo após seu primeiro movimento de ataque.  

  

Logo após a breve sequência de golpes que ela desferira contra Hipólita com sua espada, a amazona revidou, ‘martelando-a’ com sua espada. Nyssa defendera-se sem sustos – apesar de sua rainha comprovar que as guerreiras amazonas são tão (ou mais) extraordinárias que o que a História conta como lenda, o isolamento tem seu preço sobre a experiência – contudo, a força do golpe de sua inimiga sim.  

A bela morena, herdeira de Ra’s, era mais rápida, conhecia dezenas de técnicas de luta além do conhecimento da rainha, e (treinada por seu pai) era também uma estrategista melhor. Ainda sim, Nyssa tinha que admitir que mesmo com mais domínio técnico e tático, Hipólita era uma guerreira experiente, forte e resistente.  

Segurando a pesada espada com uma das mãos, que Nyssa deduziu ter o peso de seu sobrinho, bastou um golpe para jogá-la longe de sua adversária. Ela manteve-se de pé e não mostrou-se preocupada, mas ponderou que seria preciso uma estratégia para vencer Hipólita com paciência – ela não cairia com um golpe que não fosse fatal. Mas bastava um deslize seu, bastava que a rainha acertasse uma vez, e seria seu fim: A força da amazona e a robustez da arma a partiriam ao meio sem dificuldade.  

   

•  

   

Para um expectador alheio ao contexto geral da batalha e de seus personagens, seria impossível acertar qualquer suposição sobre o jovem rapaz vestindo o uniforme do Robin, com base na imagem dele.  

Damian só tinha 12 anos, mas sua estrutura física (um jovem alto, com 1,78m de altura), sua postura (e comportamento) indicavam uma idade bem mais avançada – contudo, sejamos honestos, não era uma maturidade saudável (fruto da evolução emocional e de boas experiências), mas um envelhecimento precoce traumático, produto de abusos físicos e verbais nos treinamentos, exposição à violência e ausência de afetuosidade, carinho e ações positivas.  

Aquele jovem era um garoto, mas já era um guerreiro, sem o brilho nos olhos, como soldados que estão há muito tempo na guerra.  

  

Ele estreitou os olhos para sua adversária, rangendo os dentes. Era seu modo de concentrar-se na luta completamente, esconder qualquer vestígio de hesitação ou descrença de que poderia vencê-la, e mostrar-se pronto para o combate.  

Damian tomou a iniciativa de ataque, balançando sua katana em várias direções, com movimentos rápidos. Mesmo um meta (que não tenha os reflexos supra-desenvolvidos, cuja reação física do corpo é a de um ser humano comum) poderia sair ileso de uma sequência tão grande de golpes velozes e precisos (todos dirigidos as áreas do corpo que incapacitam ou ferem mortalmente o alvo). Contudo, para sua infelicidade, sua adversária ocupa os primeiros lugares na lista de seres humanos com habilidades que os torna tão extraordinários quanto os indivíduos metas.  

Desde que tomara consciência de que fora criado para ser o melhor guerreiro da Liga das Sombras, Damian entendeu que esse título só seria seu depois de superar três dos maiores guerreiros: Por último, o mais importante era seu avô, o grande Ra’s Al Ghul; antes dele, o penúltimo, o melhor de todos, com exceção de seu avô, seu pai, O Batman. Mas ele sabia que havia apenas uma guerreira que seu avô queria que ele derrotasse, para provar que estava pronto para enfrentar o Batman:  

Sua mestra, Lady Shiva.  

  

Mas mesmo tomado pelo espírito corajoso de um guerreiro audaz, Damian tentou afastar os pensamentos de que precisaria de mais que perfeição no combate com Lady Shiva.  

Era preciso sorte!!  

Ela fora sua principal mestra durante seus treinamentos. Shiva era uma espadachim impiedosa, mas sobretudo, uma mestra letal em combate corpo a corpo, dadas as suas habilidades marciais espetacularmente precisas e mortais. Ela o havia treinado, mas ainda faltava-lhe anos de treinamento para alcançar o nível dela. Damian esperava que o que ele aprendera com Dick, Diana e o Batman lhe dessem um pouco mais de proximidade ao alto nível de Shiva.  

  

Pouquíssimas pessoas poderiam reconhecer a figura coberta por um traje ninja preto clássico, da cabeça aos pés – deixando apenas os olhos à mostra. O corpo sem curvas, semi-esquálido (não fossem alguns músculos magros bem trabalhados dando o mínimo de volume ao traje), impedia qualquer noção de quem seria. Não havia como saber o gênero, idade, ou o que quer que seja... Mas seu antigo pupilo a conhecia muito bem.  

Shiva esquivara-se da lâmina cortante da espada de Damian, exibindo uma performance digna de sua reputação lendária. Seus movimentos para desviar-se da sequência ligeira dos golpes era tão ou mais frenéticos que os ataques. Ela mesclara sua movimentação elástica impossível do corpo com saltos acrobáticos. Lady Shiva mostrara a um desavisado expectador que achava a luta entre o menino armado com uma espada, contra ela, desarmada, injusta. Shiva, de mãos nuas, era mais letal que 20 dos melhores homens de Ra’s, com espadas...   

  

– Muito bem, Ibin, meu jovem aprendiz. Não me custa dizer-lhe que o tempo ao lado de seu pai o fez um guerreiro melhor. Meu mestre Ra’s, como prova de sua sabedoria, estava certo em sua previsão de que era necessário para evolução do seu treinamento, que você passasse um tempo com seu pai, o Morcego, que o ensinaria a lutar como ele. – a ex-mestra do neto do Demônio pontuou, em um tom quase sussurrado, que Damian tomou como o melhor elogio que recebera dela em 12 anos.  

– Infelizmente, esse tempo não fora suficiente para impedir sua derrota iminente, Ibin. Você é um guerreiro melhor agora do que quando partiu, mas não pode me vencer! – Ela completou.  

– Quando acabarmos, você poderá me elogiar, lady Shiva – Damian retrucou, retomando a luta – Porque eu vou derrotar você.  

   

•  

   

Os olhos humanos só poderiam captar o som dos disparos e o brilho das faíscas produzidas pelo choque violento dos projéteis contra o metal. Os detalhes da cena da arma de Talia descarregada na direção de Diana só poderia ser vista em câmera lenta: A pistola empunhada em um ângulo exato da mira perfeita; a fumaça no cano após cada disparo; cada bala percorrendo o caminho preciso dos alvos em áreas fatais; o movimento dos antebraços da princesa amazona, cobertos por um metal que servira de escudo para bloquear cada disparo.  

Talia era uma guerreira habilidosa, versada em diversas técnicas de combate, nos mais altos níveis. Mas nada comparadas à sua habilidade de espadachim – à altura de seu pai e de seu amado. Logo, não era uma simples dedução arrogante ou o devaneio insensato do ciúme que lhe deram a certeza de que derrotaria a Mulher Maravilha no combate direto usando espadas, usando uma estratégia que impedia sua adversária de fazer uso de suas vantagens como meta.  

Talia achava-se a melhor espadachim do mundo, com exceção de seu amado e seu pai.  

Foi essa sua estratégia para derrotar a Mulher Maravilha.  

  

Quando levou sua luta com a amazona bem próxima à Bruce, Talia tentou disfarçar o desgosto crescente se formando dentro de si, ao vê-lo dividir as atenções entre os inúmeros adversários e a preocupação com Diana. Doía ver que ele se importava com essa mulher a ponto de desviá-lo do absoluto controle de sua missão (deter seu pai). Ainda mais doloroso era perceber que não era a habitual preocupação de seu coração altruísta de herói. Havia tanto afeto, cuidado, carinho na postura dele, que nem ela poderia se enganar e negar.  

Ela viu a mesma preocupação afetuosa da amazona para com seu amado, desviando sua atenção da luta contra ela, permitindo-lhe aberturas em sua guarda – o que possibilitou que Talia conseguisse atingi-la com alguns cortes sem gravidade na coxa e no braço. Foi então que percebera a protuberância discreta, disfarçando o volume da parte superior da armadura com a jaqueta e as roupas pretas  

.  

Talia escrutinou Diana com um olhar gélido de indiferença, como se ela não tivesse qualquer importância (nem como adversária: seja em combate ou disputando o coração de seu ‘amado’). Uma frieza que, aos olhos da amazona, parecia ser o frio de um cômodo vazio, oco, sem alma, sem coração – o que a fez apiedar-se de Talia, imediatamente.  

Aquela era uma mulher que perdera tudo, que estava agora vazia, sem nada pelo que valesse a pena viver.  

Era como se ela pudesse enxergar que as feridas de sua adversária eram bem mais profundas que o drama superficial da relação conflituosa entre ela, Bruce e Ra’s sugeria: Talvez Shayera estivesse certa e a maternidade a tinha deixado ‘soft’ demais. Talvez essa suavidade esteja interferindo no julgamento de seus inimigos e Talia fosse egoísta, narcisista e obcecada por Bruce, como o pai. Não essa mulher que ela estava vendo, com dores profundas dentro dela.  

  

A compaixão da filha de Hipólita por Talia reacendera assim que Diana vira o sorriso cínico e satisfeito de Ra’s, contemplando o cenário geral das lutas. Ele não demonstrava qualquer preocupação com os seus ou interesse pelo bem-estar de suas filhas e de seu neto – quiçá de seus servos leais.  

Ela ponderou que sua luta com Talia se tratava de mais que vitória e derrota. A princesa amazona precisava vencer por Bruce, pelos filhos que carregava dentro dela, por Tim, Damian e sua mãe... Até mesmo por sua adversária, por Talia, mãe de seu menino guerreiro. Para dar a ela a chance de se reencontrar, longe da influência de Ra’s e mostrar se era digna do amor que Bruce já havia dedicado a ela.  

   

   

• Ações simultâneas da Liga da Justiça || Diversas localidades •  

   

Após uma reunião privada com os membros seniores da Liga (agora composto pelos fundadores ativos e os reintegrados), Superman reuniu todos os leaguers para revelar o plano de Ra’s, descoberto pelo Batman, e como era dever da Liga impedi-lo de ser bem-sucedido.  

Todos estavam envolvidos direta (integrando uma das equipes enviadas às cidades onde começariam as epidemias) ou indiretamente (executando tarefas de apoio: na enfermaria, no monitoramento, na vigilância, etc).  

Os heróis que integravam as equipes foram escolhidos de acordo com as habilidades mais úteis na solução do problema. E liderados por dois membros seniores.  

  

Eles foram e direção à Tóquio, Dubai, Rio, Londres e Gotham.  

A missão era impedir a aniquilação de milhões de pessoas, a qualquer custo.  

  

Superman não precisou dizer a cada um deles explicitamente, mas todos sabiam, sem exceção, o significado de uma missão de nível 10 (o mais alto risco), em que seu sucesso deve ser priorizado a qualquer custo. Sobretudo, se lhes custasse a vida.  

Com o semblante sério e determinado de um verdadeiro líder, o Homem de Aço deu a ordem de partida para as equipes.  

  

Aquele era o momento pelo qual eles viviam suas vidas.   

O que os torna heróis... 

Era a hora de dar a vida para salvar a vida de milhões. 


Notas Finais


(1) Campos Elíseos:

Os Campos Elísios são o paraíso na mitologia grega, um lugar do mundo dos mortos governado por Hades, oposto ao Tártaro.

• Fanart da imagem do capítulo:
Logan Lerman - Robin Vermelho (Tim Drake)
Asa Butterfield - Robin (Damian Wayne)


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