Durante todo o percurso de volta para casa Kouyou não parou de pensar em Kaori, o rosto dela lembrava muito de Ayuka, sua falecida esposa. Ayume no banco de trás era só sorrisos, brincava toda sorridente com seu inseparável ursinho.
- Pai, gotou da Kaoli? – A menina perguntou toda empolgada com seu ursinho.
- Sim minha filha, ela é bem legal. – Respondeu e deu uma olhada pelo espelho retrovisor.
- Eu acho ela tão bonita, você também achou papai?
- Ehhh... – Kouyou ficou surpreso com a pergunta da filha. – Sim, ela é bonita. – Sentiu suas bochechas esquentarem.
- Posso leva ela um dia lá em casa pai? – Kouyou engoliu a seco.
- Vamos ver filha, vamos ver.
Kouyou ao chegar em casa encontrou Aya na sala, a pequena Ayume foi até sua tia e a abraçou muito contente, já Kouyou continuou confuso em relação a aparência da babá. Aya deu banho em Ayume e a colocou na cama, ao descer encontrou seu irmão cabisbaixo na sala.
- Aconteceu alguma coisa? – Ela sentou do lado do irmão. – Desde que chegou da casa da Kaori tá com uma cara estranha.
- Por que não me falou que essa babá se parecia com a Ayuka? – Ele largou a xícara de café e olhou sério para a irmã.
- Se eu contasse você iria pirar, ia fazer de tudo pra ir lá e iria assustar a garota.
- Lógico que não faria isso.
- Faria sim. – Kouyou bufou. – Faz alguma diferença ela ser parecida com a Ayuka? As duas são bem diferentes.
- Eu sei, pra falar a verdade eu nem falei direito com a babá. Só que senti meu coração sair pela boca quando a vi, mesmo ela sendo mais jovem e com o cabelo diferente a fisionomia era muito parecida.
- Eu senti o mesmo quando a vi pela primeira vez, tanto que comentei com ela.
- Isso é tão estranho, elas devem ter uma pouca diferença de idade e são tão parecidas. Será que são parentes?
- Duvido muito, até por que você conhece todos os parentes da Ayuka.
- Sim, mas vai que ela seja alguém que nem a Ayuka tenha conhecido. – Aya começou a rir.
- Mano, vá dormir, já está viajando demais.
- Verdade. Essa maldita esperança de ter minha mulher de novo me deixa louco.
- Kou... – Aya colocou a mão sobre o ombro do irmão. – Ayuka não vai voltar, e mesmo que você tenha outro relacionamento ele não será igual ao que teve com ela. Siga sua vida e seja feliz.
- Bem... Nem penso em outro relacionamento, não agora.
- Mas não pode viver a vida toda sozinho, um dia a Ayu vai pedir uma mãe. Ayuka é insubstituível, mas não única. Tenho certeza que um dia achará alguém que te fará tão feliz quanto ela te fez.
- Vamos trocar de assunto, esse já tá ficando chato. – Kouyou se levantou. – Vou dormir, amanhã levanto cedo.
- Durma bem. – Aya deu um beijo no irmão e foi para sua casa. Kouyou foi até o quarto de Ayu e se aproximou da cama da filha.
- Será que você precisa de uma mãe? – Ele alisava o rosto da filha que dormia profundamente agarrada em seu urso. – Se isso te fizer feliz eu darei uma mãe para você. – Ele beijou levemente a testa da filha e saiu do quarto. Em seu quarto o loiro não parou de pensar na esposa, foi até o altar e rezou pedindo para sua amada lhe ajudar.
Ao se levantar Kouyou foi direto ao quarto da filha, lá ele foi até a cama da pequena e começou a chama-la, Ayume sonolenta olhou para o pai sem entender o que estava acontecendo.
- Papai? – Ela esfregava os olhos.
- Bom dia minha pequena. – Kouyou sorria para a filha. – Resolvi ir mais tarde para o trabalho, vou levar você para a babá.
- Vedade? – A garota se sentou na cama empolgada.
- Aham.
- Eba! – A pequena levantou e começou a pular em cima da cama, Kouyou apenas sorria para sua filha. – Eu te amo papai. – Ela abraçou seu pai que ficou emocionado com a demonstração da filha.
- Eu também. Agora vá se escovar enquanto eu ajeito sua mochila e preparo seu café.
- Tá. – Rapidamente a menina foi para o banheiro, Kouyou pegou a mochila da filha e começou a ajeitar, colocou roupas e alguns lápis de cor. Ayume saiu do banheiro e Kouyou a ajudou a se vestir, na hora de pentear os cabelos da filha ele acabou se atrapalhando, então resolveu apenas deixa-los soltos. Ao descer Kouyou ligou para Aya avisando que levaria a filha para a babá, sua irmã mesmo contrariada resolveu aceitar.
- Tome seu leite rápido que estamos atrasados. – Ele mordeu uma torrada e tomou um gole de café, a menina bebia o liquido sem parar.
- Pronto papai, terminei. – Ele deu risada ao ver que a pequena estava com bigode de leite, pegou um pano e limpou. Ayume vestiu sua mochila e pegou seu urso, seu pai pegou uma guitarra e sua bolsa e os dois foram para o carro.
Kaori sentiu seu coração sair pela boca assim que viu Kouyou com Ayume, a pequena veio em sua direção e a abraçou com força, já ele vinha devagar fazendo a babá ficar completamente sem jeito.
- Já estava com saudade Ka. – Sorria a pequena agarrada em Kaori.
- Eu também estava meu anjo.
- Ela veio falando de você o caminho todo, vou começar a sentir ciúme. – Falou Kouyou.
- Bom dia senhor Takashima. – Kaori lançou um sorriso nervoso, mas não conseguia olhar para o homem que perturbava seus pensamentos.
- Bom dia senhorita Kaori. – Ele entregou a mochila de Ayume, Kaori olhava para as mãos daquele homem em total transe.
- Por favor senhor Takashima, me chame apenas de Kaori. – Sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Ah sim, ok então. – Ele também sorriu sem jeito.
- Já tá na hoia do meu anime favolito, tchau pai. – Ayume deu um beijo em seu pai e entrou correndo para dentro, deixando a babá e Kouyou sozinhos. Os dois ficaram olhando para baixo sem jeito.
- Estranhei o senhor vir trazê-la, normalmente é a senhora Aya que vem. – Kaori resolveu quebrar o silêncio.
- Sim, é que hoje como eu pegava mais tarde resolvi trazê-la, às vezes acho que sou distante demais dela.
- Tenho certeza que ela amou isso, Ayume sente muito sua falta.
- Ela reclama pra você? – Kouyou olhou sério para Kaori que ficou um pimentão.
- É... Bem... Não digo que reclamou. Mas ela já comentou. – Suspirou de nervoso.
- Nossa, me senti um péssimo pai agora. – O semblante de Kouyou mudou deixando Kaori preocupada.
- Não diga isso senhor Takashima. – Ele olhou triste para a babá. – Ela tem muito orgulho do senhor, sabe que tudo que faz é para o bem estar dela.
- Eu juro que tento, mas às vezes percebo que se a Ayuka estivesse aqui seria tudo mais fácil. Mas bem... – Ele colocou seus óculos escuros, mas mesmo assim Kaori percebeu que ele ficou com os olhos marejados. – Preciso ir trabalhar, dentro da mochila dela tem o número do meu celular, se precisar de algo é só ligar.
- Claro, bom trabalho senhor Takashima. – Ele sorriu e foi em direção ao carro, a babá apenas ficou acompanhando com os olhos o carro se afastar.
Ao entrar em casa Kaori percebe que a TV não está ligada e nem Ayume está na sala, ela vai até a sala que normalmente a pequena fica desenhando e encontra a menina sentada num canto cochichando. A babá curiosa se aproxima devagar para ver o que a menina está fazendo, ela consegue ouvir que Ayume conversava mais uma vez com sua mãe, só que dessa vez ela resolveu ouvir.
- Mas eu num quelo isso mamãe. – Ayume parecia chorar. – Se acontece isso você vai embola? – Kaori começou a ficar intrigada e ao mesmo tempo assustada com a conversa. – Eu quelo ela e não outa.
- De quem ela está falando? – Cochichou a babá. Estranhamente Ayume percebeu que Kaori a observava e se levantou, olhando sem jeito para a babá.
- Oi Ka, papai já foi? – Kaori ficou surpreendida pela atitude da menina.
- Sim meu anjo. – Ela sorriu tentando disfarçar a preocupação.
- Será que ele vai me busca também?
- Bom... Isso já não sei, ele foi embora e não falou nada.
- Ah, tudo bem. Vamos ve anime? – Ayume segurou a mão de Kaori.
- Claro, mas enquanto você vê eu vou lavar roupa, se importa?
- Calo que não, eu não vou assisti sozinha mesmo. – Ayume sorridente foi para o sofá e ligou a TV, as atitudes da menina estavam deixando Kaori assustada.
A jovem observou a menina o dia todo, ela sempre falava com a mãe quando se sentia sozinha, isso deixou Kaori tão preocupada que ela resolveu ligar para Kouyou, assim ele saberia o que fazer.
- Senhor Takashima? – Engoliu a seco.
- Kaori? Aconteceu algo com a Ayu? – A voz dele estava tensa.
- Não e sim pra falar a verdade. – Ela tremia e olhava para todos os lados, não queria que a menina ouvisse.
- Como assim? Poderia ser mais clara? – Ela percebeu pelo tom de voz que ele estava sem paciência, o que a deixou mais nervosa.
- Me desculpe atrapalhar seu trabalho, mas é que tá acontecendo algo com a Ayu que está me preocupando.
- O que está acontecendo? Fala logo, já estou ficando nervoso.
- Eu entendo seu nervosismo senhor Takashima, mas eu não acho que seja algo para falarmos ao telefone, não quero que ela ouça.
- Entendi. Se não se importar em ficar com ela até mais tarde eu vou busca-la, assim podemos conversar.
- Não me importa não, pode ser. E mais uma vez desculpe incomoda-lo.
- Tranquilo. Só espero não ser nada grave. Preciso desligar, até mais tarde. – Antes que a babá dissesse algo ele desligou.
Ao ouvir a campainha Kaori foi atender rapidamente, ela deu de cara com Kouyou e seu semblante estava sério. Ayume ao ver seu pai foi correndo em sua direção, ela o abraçou e o beijou toda empolgada, ele sorria para filha mas toda vez que olhava para Kaori seu semblante ficava sério.
- Não sabe o quanto estou feliz papai, queria tanto que viesse me busca hoje.
- Que bom minha filha. Só que não vamos embora ainda, preciso falar com a Kaori a sós. – A babá engoliu a seco, já a pequena olhou preocupada para o pai.
- Num vai xinga ela né pai? – A pequena fazia bico.
- Claro que não meu amor. Só vamos falar um assunto de adultos. Agora espera a gente lá na sala.
- Tá bom. – A menina meio desconfiada foi para a sala, Kaori acompanhou Kouyou até seu escritório, ele entrou e sentou na cadeira.
- Pronto, agora pode falar. Me deixou apreensivo o dia todo.
- Sinto muito por isso, mas eu tive medo de ela ouvir se falasse no telefone.
- Entendo. – Ele pegou seu celular e colocou no silencioso, a babá se sentou numa cadeira ao lado dele e mexia as mãos de nervoso.
- Senhor Takashima, há alguns dias eu percebi que a Ayume anda fazendo algo muito incomum que está me assustando um pouco. – Kaori estava ofegante pelo fato de estar cara a cara com o homem dos seus sonhos.
- O que tem minha filha? Ela está doente? – Kouyou estava bastante tenso, o que deixou Kaori ainda mais nervosa.
- Calma, por favor. Não é nada grave, só não é algo normal, eu acho. – A babá mordeu o lábio inferior.
- Fale então. – Ele olhava sério para Kaori, o que fez a garota se derreter toda.
- Acredito que a Ayu tem algum tipo de contato sobrenatural com sua mãe. – Ela suspirou de alivio.
- Como é? – Kouyou ficou pasmo. – Esta querendo me dizer que minha filha conversa com minha mulher que está morta? – Kaori não sabia o que falar, apenas o olhava sem entender, Kouyou começou a gargalhar debochadamente. – Por que você acha que vou acreditar nessa idiotice?
- Me desculpe senhor Takashima, eu imaginei que não acreditaria mas...
- Chega, isso já foi longe demais. – A babá ficou em choque. – Ela tem só 5 anos, não pode fazer isso. Até por que Ayume não se lembra da mãe.
- Eu sei disso, mas ela fala mãe enquanto está sozinha, só resolvi lhe contar por que me preocupo com ela. – Kouyou olhou para a babá que estava completamente nervosa, ele percebeu que estava agindo mal e resolveu se sentar.
- Desculpe, fiquei um tanto nervoso. Você esta fazendo certo. – Ele apoiava a cabeça nas mãos. – Só não sei o que fazer.
- Acredito que leva-la até um psicólogo seria uma ótima iniciativa.
- Minha filha não é louca, não vou fazer isso.
- Não disse isso, claro que a Ayu não é louca. Só disse isso por que eles sabem como falar com ela sem assusta-la.
- E se eu falar com ela... Ou melhor, e se você falar com ela? – Kaori ficou espantada com o que Kouyou lhe falou.
- Mas... Eu? Por quê?
- Ela ama você, e tenho certeza que ela não vai mentir.
- Bom... Eu posso tentar. Mas e se ela não quiser falar? – Ele se levantou novamente e começou a andar pelo escritório.
- Dai eu tento, se não der certo vou seguir seu conselho e leva-la até um psicólogo.
- Ok então. Acho melhor voltarmos, ela já deve estar preocupada. – Kaori se levantou e foi até a porta.
- Claro. – O loiro seguiu a garota. Ao saírem do escritório os dois se depararam com a pequena dormindo no sofá, os dois se olharam e sorriram ao ver a cena. – Acredito que alguém se divertiu tanto que não aguentou o cansaço. – Ele foi até o sofá e pegou a pequena no colo, ela resmungou mas continuou dormindo profundamente.
- Já está bem tarde, judiamos dela. – Kaori sorria. – Vou pegar sua mochila. – A babá foi correndo até a sala onde a pequena desenhava e se espantou com o que viu. – SENHOR TAKASHIMA! – Ela gritou e segundos depois Kouyou apareceu no local com Ayume deitada em seu ombro.
- O que foi? – Ele olhava para Kaori curioso.
- Olhe isso. – A babá lhe mostrou um desenho feito por Ayume, Kouyou arregalou os olhos ao perceber que o desenho era uma menina com um anjo ao seu lado, e tinha escrito “mamãe” do lado do anjo. – Acho que agora acredita em mim né?
- Pra falar a verdade eu nunca disse que não acreditava.
- Amanhã mesmo eu tento falar com ela. – Kaori pegou a mochila e colocou os lápis de Ayume dentro.
- Tudo bem. – Ele parecia meio abatido, apenas virou as costas e foi até a saída.
- Qualquer coisa é só me ligar, não importa o horário. – Kaori ajudou Kouyou a colocar a pequena no carro.
- Sem problema, tenho certeza que não irá precisar. – Ele fechou a porta do carona e fez a volta no carro.
- Senhor Takashima? – Ele parou e olhou para Kaori.
- Sim.
- Sinto muito magoa-lo, não era minha intenção.
- Eu sei disso, não é culpa sua. – Ele abriu a porta e entrou. – Até mais Kaori.
- Até. – A babá lhe abanou e esperou até o carro sumir de sua vista. Ela se sentia horrível por ter dito aquilo por que percebeu que Kouyou ficou abalado, por conta disso ela não conseguiu dormir a noite toda.
Kouyou colocou Ayume na cama e foi tomar um banho, não conseguia tirar da cabeça o fato de sua filha ter contato com sua falecida esposa. Ao se deitar ele olhou para o porta retrato da amada e começou a chorar.
“Kouyou...
Kouyou...
Meu amor... Está me ouvindo?
Ayuka? É você?
Sim meu amor, sinto muito sua falta...
Eu também. Volta pra mim por favor.
Não posso, eu já fiz minha missão na terra. Agora meu dever é proteger nossa pequena.
Proteger? Como um anjo?
Sim... Não faça nada com ela, eu não vou machuca-la. Se perguntar por mim a ela irá se assustar e assim eu irei sumir... Não faça isso comigo...
Não farei, só não vá embora, eu preciso de você meu amor.
Você precisa seguir sua vida... Não se prenda a mim Kouyou... Serei apenas uma doce lembrança em sua vida...
Não quero, serei seu pra sempre.
Eu te amo... Adeus Kouyou... Adeus...
AYUKA... AYUKA... NÃO!”
Kouyou acordou desnorteado, era a primeira vez que sonhara com sua esposa depois que ela faleceu, ele sentou em transe na cama e começou a chorar. Ele tentava entender se era realmente um aviso ou se era apenas coisa de sua cabeça, mas ele resolveu acreditar e desfazer o plano.
- Alô? – Atendeu uma voz sonolenta.
- Me desculpe ligar essa hora.
- Senhor Takashima? – Kaori se assustou ao reconhecer a voz.
- Eu mesmo.
- Aconteceu algo com a Ayu?
- É sobre ela que quero falar, mas não aconteceu nada. Seria muito incomodo vir até aqui em casa agora, eu pago o táxi.
- Irei sim, quanto ao táxi não se preocupe, eu vou de moto.
- Você tem moto?
- Tenho sim, mas fica estacionada na casa do vizinho.
- Entendi. Esperarei você então.
- Ok. Até mais.
O loiro ainda perdido desceu até a cozinha e fez café para esperar a babá, fez o mínimo de silêncio possível para não acordar sua filha. Kaori deu uma leve batida na porta ao chegar, ele atendeu e levou a babá para a cozinha.
- Está tudo bem senhor Takashima? – Perguntou Kaori ao receber uma xícara de café das mãos de Kouyou.
- Eu chamei você aqui por que tive um sonho estranho. – Ele sentou do lado da babá. – Sonhei com a Ayuka. – Suspirou.
- A mãe da Ayu?
- Sim. – Tomou um gole. – Ela conversou comigo através do sonho.
- E o que ela disse? – Kaori estava bastante nervosa e ao mesmo tempo curiosa.
- Ela pediu pra não falar sobre ela com a Ayu, por que assim ela irá sumir.
- Sumir? Peraí... Ela realmente aparece pra Ayu?
- Pelo que entendi sim. Ela é tipo um anjo da guarda.
- Minha nossa... – Kaori tomou um grande gole de café. – Ficaria bravo se lhe dissesse que estou apavorada?
- Não, por que eu também estou. É minha mulher mas, isso realmente me assusta.
- E o que o senhor vai fazer?
- Ignorar. Vou fazer o que ela me pediu. Ela me garantiu que não fará mal a Ayu, então irei confiar.
- Entendi. No seu lugar faria o mesmo.
- Me desculpe lhe chamar essa hora pra dizer isso, mas como você disse que ia falar com ela amanhã eu resolvi te contar agora pra evitar problemas.
- Sem problemas senhor Takashima, eu já lhe disse que poderia me chamar qualquer hora.
- Ok. – Kouyou olhou para o relógio. – Caramba, já está super tarde.
- Verdade. – Kaori levantou e foi até a pia lavar a xícara. – Preciso voltar pra casa.
- Faz o seguinte, eu tenho um quarto a mais, durma aqui. – A babá arregalou os olhos.
- Não, não precisa.
- Vai fazer isso sim. Está tarde demais e é perigoso dirigir essa hora.
- Que isso senhor Takashima, não precisa se preocupar. – Ao pegar o capacete na mão Kaori teve seu punho segurado por Kouyou, os dois se olharam por alguns instantes.
- Fica, amanhã eu estou de folga. A Ayu não iria pra sua casa. – Os dois continuaram se olhando, até que Kaori saiu de seu transe e se soltou toda sem jeito.
- Tu-tudo bem, já que insiste tanto.
- Vou te mostrar seu quarto. – Kouyou levou a babá até o quarto. – É simples, mas aconchegante. – Ela olhava espantada para o quarto.
- Simples? É por que o senhor ainda não viu o meu quarto. – Os dois riram.
- Tem banheiro e algumas roupas da minha esposa dentro das gavetas, sinta-se a vontade para usá-las.
- O que? Jamais, de jeito nenhum eu usarei as roupas da senhora Ayuka.
- Use, não vou me ofender. Ficará mais confortável. – Kouyou abriu uma gaveta e retirou uma camisola longa toda rendada na parte do busto na cor azul marinho. – Esse ficará ótimo em você. – Kaori sentiu suas bochechas ferverem ao ver a camisola, Kouyou olhava para ela de uma maneira que a deixava sem jeito.
- Tudo bem. Obrigado. – Ela pegou a camisola.
- Meu quarto é o primeiro subindo as escadas, a porta fica sempre aberta por causa da Ayu. Se precisar de algo é só chamar. – Ele foi em direção a porta.
- Claro, boa noite senhor Takashima.
- Boa noite Kaori. – A garota sentiu uma ponta de alivio ao ver seu ídolo sair do quarto, ela não conseguia acreditar em tudo que estava acontecendo. Ela sentou na cama e ficou admirando aquela camisola em sua mão, ela sentia inveja de Ayuka pelo fato de ter tido tudo que sempre sonhara com Kouyou, mas só o fato de estar dentro da casa de seu maior ídolo já era algo inacreditável. A babá foi até o banheiro e tomou uma ducha rápida, ao vestir a camisola se olhou no espelho encantada, o tecido lhe caíra muito bem e definiu seu corpo perfeitamente. Curiosa ela começou a mexer nas gavetas, no meio de tantas roupas encontrou um álbum de fotos, abriu e viu que era o álbum de casamento de Kouyou, cada foto que ela olhava se emocionava, era visível a felicidade dos dois nas fotos. Depois de ver todas fotos Kaori se perguntava se um dia seria capaz de fazer Kouyou tão feliz quanto Ayuka fez. A babá acabou adormecendo por cima do álbum.
Kouyou se acordou com os pulos de Ayume na sua cama, ainda sonolento ele se sentou e olhou para o relógio, pegou Ayume em seu colo e lhe deu um beijo de bom dia. Levantou de sua cama e foi até o banheiro fazer sua higiene matinal enquanto sua pequena continuava a pular em sua cama, os dois desceram juntos para a cozinha e ficaram paralisados quando chegaram, a mesa estava pronta e o cheiro do café fresco exalava pela casa.
- KAOLIIIIII! – Ayume foi correndo até a babá que a abraçou forte.
- Bom dia minha pequena, dormiu bem?
- Sim. Você dumiu aqui? – A pequena olhava para o pai sem entender, ele apenas sorria.
- Bem... – Kaori olhava sem graça para Kouyou.
- Eu pedi pra Kaori vir mais cedo aqui hoje por que eu tenho uma surpresa pra você Ayu.
- Uma supesa? – Kaori continuava sem entender, ela só olhava para Kouyou.
- Sim. Hoje eu estou de folga, como eu sei que você gosta muito de ficar com a Kaori eu pensei em convidar ela pra passear com a gente no shopping, o que você acha?
- Eu amei papai! – A menina foi até seu pai e o encheu de beijos.
- Pa-passear com vocês? – Kaori tremia da cabeça aos pés. – Tem certeza senhor Takashima?
- Claro. A não ser que não queira, mas duvido uma certa pessoinha aceitar. – Ele olhava para Ayume que era só sorrisos para Kaori.
- Vamos Ka, vai se divetido.
- A Ayume precisa ficar com o pai, não acho que seria legal eu ir junto. É um momento familiar de vocês.
- Você já faz parte dessa família Kaori. – A babá ficou um pimentão, e seus olhos ficaram marejados. – Se disser não eu terei que leva-la arrastada e amarrada.
- Isso ai papai. – Kouyou sorriu com o que a filha falou.
- Bem... Se não tem o que fazer eu vou então. – Ayume começou a pular pela cozinha, os dois apenas se olharam e começaram a rir da felicidade da pequena. Kaori começou a conhecer um lado de Kouyou que ela nem pensava que existia, o lado familiar, e era o que estava fazendo ela se apaixonar cada vez mais.
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