História Broken Strings - Celebrate our friendship

O relógio marca dez horas e vinte minutos, enquanto o calendário aponta que é sexta-feira. Uma grande parcela das pessoas está saindo com os amigos para comemorar o fim de mais uma semana, mas Shen se encontra vestindo seu pijama de flanela, deitado embaixo dos cobertores, assistindo filme de terror trash. Na sua cabeça, esse era o melhor programa para os dias de folga tão merecidos: descansar o máximo possível. Contudo, seus planos claramente não iam de acordo com os planos dos seus amigos, que praticamente invadiram seu apartamento sem qualquer aviso prévio.

-Há que devo a honra? - Questiona, pausando o filme e encarando os dois.

-Se acha que vai desperdiçar uma das poucas folgas conjuntas que temos deitado num sofá com um pijama horrendo, está muito enganado, pode levantar essa bundinha empinada e durinha daí que nós vamos sair - Akali avança em sua direção, jogando os cobertores no tapete e forçando-o a levantar.

-Por que você é assim? Eu já não sou mais tão jovem para aguentar sair para curtir depois de uma semana pesada no trabalho - protesta, sendo empurrado em direção ao quarto.

-Pelo amor de Deus, Shen, você só tem trinta e dois anos - Kenny ri, se atirando no sofá e procurando algo para ver na televisão.

-Dá até pra diminuir alguns se tu não contar todos os anos que você passou única e exclusivamente com a cara enfiada nos livros. Agora trate de ir tomando seu banho que eu vou escolher algo para você vestir.

-Só não escolha nada muito ousado - resmunga, entrando no banheiro e começando a se despir.

-Como se fosse possível achar alguma coisa ousada nesse seu guarda-roupas, né meu filho.

-Ei! Não tem nada de errado com o meu guarda-roupas - Shen abre uma fresta na porta e encara Akali com o cenho franzido.

-Claro que não, está ótimo… Para um senhor de sessenta anos. Agora vá, vá que eu dou um jeito de garimpar algo legal aqui dentro.

Seu banho, como sempre, não demorou muito. Quando sai do banheiro, com uma toalha enrolada na cintura e os cabelos ainda úmidos, é recebido por assobios e palmas dos amigos que agora se encontravam deitados na sua cama.

-Uau, meu amigo, você está de parabéns hein - Kennen levanta e se aproxima dele, fazendo-o dar uma voltinha e finalizando com um tapa em sua bunda.

-Vocês ainda me matam de vergonha - nega com a cabeça, sentindo o rosto esquentar. - Vamos logo antes que eu desista dessa ideia idiota de sair.

Os dois apenas riem e então saem do quarto para deixá-lo se vestir. Ele suspira, já se arrependendo por ter aceitado, mesmo sabendo que não tinha escolha, e encara a roupa escolhida pela amiga: uma calça preta com alguns rasgos que ele nem sabia que tinha e uma camisa de listras verticais. Shen termina de se arrumar e volta para a sala, ainda estranhando a combinação de roupas.

-Eu estou parecendo um adolescente.

-Você está deslumbrante, só falta um detalhe - Akali se aproxima dele e segura sua camisa, abrindo os quatro primeiros botões. - Perfeito.

-Akali, o meu mamilo está aparecendo! - Protesta, começando a fechar os botões, mas ela agarra sua mão, lhe impedindo.

-Eles são tão bonitinho, talvez eles acabem conquistando alguém por você - pisca e sorri. - Agora vamos logo, temos que aproveitar que hoje o Kenny vai ser o motorista da rodada, então quanto antes chegarmos, mais poderemos beber.

Os três entram no carro, Kennen no banco do motorista e os outros dois no banco de trás. Akali conversa sobre várias coisas animadamente enquanto Shen apenas ri e balança a cabeça. Quando chegam em frente a uma casa noturna que já tem uma fila relativamente grande, Akali arrasta os amigos por trás da fila para uma porta lateral que geralmente era a entrada do músicos e dos trabalhadores.

-A gente deveria estar entrando por aqui?

-Ganhamos esse privilégio quando eu salvei o dono da boate.

-Você salvou? - Shen a encara com as sobrancelhas arqueadas.

-Por que a surpresa? Ele estava se engasgando e eu apenas apliquei heimlich nele - dá de ombros. - Como agradecimento pelos meus incríveis serviços prestados, ele deu passe livre para eu e meus amigos frequentarem aqui.

-Achei que ele tinha pagado seus serviços com uma noite de sexo, porque aquele dia eu te ouvi gritar a noite toda - Kennen provoca, recebendo um olhar divertido.

-Isso, meu amigo, era eu demonstrando minhas outras habilidades para ele.

-As quais foram muito apreciadas - um homem alto aparece pelo corredor, sorrindo. Ele passa o braço por cima dos ombros de Akali e sorriu maliciosamente para ela. - É sempre uma honra te receber aqui. Ainda mais quando você traz amigos.

-O Kenny você já conhece, e esse - ela aponta para Shen e o homem o encara de cima a baixo. - É o ômega mais gostoso e careta de Ionia. 

-Obrigada pela parte que me toca - revira os olhos, arrancando risos dos presentes.

-Bom, é um prazer conhecê-lo. Vou deixar vocês aproveitarem a noite porque eu ainda tenho uma briga com fornecedores para resolver.

-Então, vocês estão prontos? - Akali pergunta, voltando a arrastá-los pelo corredor até chegarem no meio da pista, onde toca uma música eletrônica e uma grande quantidade de pessoas dança animadamente. - Porque eu estou.

-Para eu ficar realmente animado, faltam algumas coisas ainda - Shen grita por conta do som alto e chama atenção dos amigos, que lhe encaram confusos. - Faltam várias doses de qualquer bebida forte.

-Então vamos resolver seu problema - Akali ri e o agarra pelo pulso, puxando-o mais rapidamente na direção do bar. - Vê algumas doses de tequila, por favor - ela se debruça sobre o balcão e pisca para o barman, que apenas sorri e coloca alguns copos sobre o local, enchendo-os em sequência. - Pronto para ficar bêbado até não lembrar do próprio nome?

-Não - ele balança a cabeça, mas mesmo assim pega um dos copos e vira, fazendo careta ao sentir o líquido descer queimando por sua garganta.

-Esse é meu garoto - Kennen assovia, batendo de leve em suas costas.

E esse foi o primeiro dos muitos copos de bebida que vieram a seguir. Bebidas que ele sequer sabia da existência, mas que quando Akali lhe oferecia, ele apenas botava para dentro sem questionar. A essa altura do campeonato, tanto Akali quanto Shen já se encontram bastante alterados, o suficiente para não perceberem os olhares curiosos de um par de olhos violetas sobre si, eles apenas se concentram em dançar animadamente no meio daquela multidão.

-Vou ao banheiro - ele grita no ouvido de Akali, que apenas assente, não dando muita importância. Shen vai abrindo caminho por entre as pessoas sem muito problemas até que acaba se chocando com uma pessoa. - Me desculpe.

-Tudo bem - a mulher sorri, colocando uma mecha do cabelo branco atrás da orelha. - Eu derramei bebida na sua roupa.

-Não tem problema, você não foi a primeira pessoa a fazer isso - ele olha para a camisa molhada e grudenta e então volta a encará-la, sorrindo de maneira que fez seus olhos se estreitarem e seu nariz franzir levemente.

-Agora eu entendo todo o transtorno - ela ri e então toca seu ombro. - Boa noite.

E como se nada tivesse acontecido, ela apenas vai embora, deixando um Shen confuso para trás. Ele franze o cenho, mas apenas balança a cabeça, voltando à sua tarefa de chegar ao banheiro. Quando ele finalmente retorna para junto de seus amigos, Akali lhe empurra outro copo de bebida e lhe encara com aqueles olhinhos puxados brilhando maliciosamente. Tudo sobre a sua expressão dizia que ela estava aprontando alguma coisa, mas o nível de álcool em seu sangue não permitia que seu cérebro trabalhasse direito o suficiente para impedi-la de fazer o que quer que estivesse tramando.

-Por que você demorou tanto?

-Eu…

-Não importa, venha - ela lhe interrompe e agarra seu braço, conduzindo-os em direção à porta de saída. Kennen, que estava sóbrio, apenas ri e segue os dois.

-Para onde você está nos levando? - Dessa vez é Kenny que questiona, assim que eles chegam do lado de fora.

-Como o Shen voltou depois de tanto tempo longe da gente, deveríamos fazer algo para comemorar nossa amizade - ela joga os braços para cima e sorri abertamente.

-E como você pretende fazer isso? Achei que já estivéssemos comemorando.

-Não reclama, só vem - Akali se vira e dá um puxão em Shen, que tropeça nos próprios pés e, por muito pouco, não cai no chão. Kennen nega com a cabeça e se obriga a correr para alcançar os dois, que a essa altura do campeonato já haviam dobrado a esquina indo em direção a só Deus sabe onde.

Quando ele finalmente os alcança, Shen está escorado na parede, parcialmente curvado, rindo de algo que era aparentemente muito engraçado e Akali jogava pedras em uma janela, chamando por um tal de Bo’liii. Enquanto isso, há apenas algumas quadras dali, dois pares de saltos que mediam mais de quinze centímetros cada um clica contra o concreto da arena. As pessoas automaticamente se afastavam para que ambas mulheres passassem. As duas pararam em frente ao ringue onde dois homens se preparavam para lutar.

-Quanto tempo você acha que aquele ali dura? - Syndra questiona, apontando para o brutamontes parado em um dos lados do ringue.

-Ele é grande demais para se mover com agilidade - comenta, puxando os óculos escuros para baixo com uma de suas unhas enormes. - Eu dou uns oito minutos para ele.

-Ah, Eve, você está sendo otimista. Seu humor melhorou tanto assim só de ver sua enfermeirinha mais cedo? - Syndra provoca, olhando de relance para Evellyn, que ri divertidamente e balança a cabeça, agitando os longos cabelos platinados.

-Você sabe que eu tenho um fraco por garotas musculosas e tatuadas - sorri maliciosamente. - Mas sabe, hoje ela estava acompanhada de uma pessoa diferente. Um ômega. Não me lembro de tê-lo visto por aqui antes, mas certamente ele é interessante.

-É uma pena que aquela figurinha nunca vai entrar para o seu álbum.

-Comprometido? Não tem problema, nunca fui uma pessoa ciumenta, até acho gostoso quando tem mais de uma pessoa.

-Se o único problema fosse esse… 

Elas trocam um olhar significativo e quando voltam a encarar o ringue, o brutamontes está caído no chão enquanto o juiz anunciava o campeão da noite.

-Bom, ele durou menos do que eu esperava.

-Eu disse que você estava sendo otimista - dá de ombros, fazendo pouco caso, e então se vira para o homem que vem na direção delas. - Você bateu bem hoje. Mais quantos milhares para a soma?

-Isso é com você - responde, pegando uma toalha que lhe foi oferecida e secando o suor no rosto machucado. Ele vai andando na frente em direção ao vestiário sendo seguido pelas duas.

-Saber que você luta apenas pelo prazer de bater em outras pessoas me excita, paixão - Evelynn comenta num tom sedutor, passando a unha pelo seu ombro, deixando uma leve marca.

-Eu não vejo isso como um elogio - ele para por um momento e segura o queixo alheio com a ponta dos dedos. - Qualquer coisa que se mexe te excita.

-Você não pode me culpar por aproveitar as coisas boas da vida - ela dá de ombros, e por fim os três riem.

-Vamos coletar enquanto você vai se limpar.

-E não demore muito, ainda preciso conhecer sua casa e a coisinha preciosa que você adotou. Syndra me disse que ele é um pecado de lindo.

Eles se separam momentaneamente e voltam a se encontrar no carro que estava estacionado próximo ao local. Quando eles chegam na casa, o sol já está começando a dar as caras no horizonte. As duas mulheres vão direto para o sofá da sala, tirando os sapatos e os abandonando em algum canto enquanto Zed vai até a cozinha procurar algo para comer nos armários recém abastecidos.

Ele encara a geladeira aberta por alguns instantes, sem muita vontade de cozinhar qualquer coisa. Zed deixa um suspiro escapar e esfrega o rosto com as mãos. Sua atenção é atraída por uma risadinha e ao se virar, encontra Kayn escorado no batente da porta, vestindo uma camiseta comprada em uma loja de conveniências, porque Zed simplesmente não podia concordar com a ideia de ele voltar para o lugar de onde veio apenas por causa de roupas. Os cabelos estão presos em um coque e sua bochecha está marcada pelas dobras da fronha. O alfa não pode deixar de sorrir com o pensamento de que ele se assemelhava muito a uma criança.

-Faz tempo que vocês chegaram? - Zed nega com a cabeça e volta a encarar a geladeira. - Você quer que eu faça algo para você?

-Você sabe cozinhar? - Kayn ri da expressão de surpresa do outro e se aproxima da geladeira.

-Tem algumas coisas que você aprende quando é obrigado a viver sozinho por toda sua vida. Agora me dê licença, que ficar encarando aí dentro não vai encher seu estômago - brinca, empurrando-o para longe.

Zed apenas deixa que Kayn faça o que quer e este estava tão concentrado em sua tarefa, que só quando colocou o prato sobre a mesa, ele percebeu que Zed dormia com a cabeça apoiada no braço.