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História Brotheragem (Romance gay, Yaoi) - Corações Ligados no Meio de Uma Verdade Escondida...


Escrita por: Equipe_Nerds

Notas do Autor


⚠⚠⚠AVISO⚠⚠⚠
Nesse capítulo é de extrema importância que vocês leiam a nota dos autores... Vocês entenderão no final...

Capítulo 43 - Corações Ligados no Meio de Uma Verdade Escondida...


7 anos atrás

(Um dia depois do incidente do aborto)


Thalles abre a porta do quarto de seu amigo com as mãos tremulas, pois os barulhos que escutara durante os minutos antecedentes a esse silêncio perturbador o assustaram de forma permanente.


Quando finalmente tem a visão completa do ambiente, se assusta. O quarto está uma zona e os velhos brinquedos de seu colega estão destruídos, quebrados e espalhados pelo chão.


— Olliver_


— Shiii! – Olliver sussurra saindo do meio do escuro, se apressa e tampa a boca de seu amigo com sua mão trêmula, suas palavras saem como súplicas choramingadas. – Por favor, me ajuda... Ninguém pode ver essa bagunça.


Thalles olhou para aqueles olhos na meia luz, olhos assustados e trêmulos, gritando, implorando por socorro, a expressão dolorida e tensa em seu rosto.... Foi essa vulnerabilidade e carência que fez o coração de Thalles bater a primeira vez em desespero, ao mesmo tempo que sentiu afeição e um calor ao lado do peito, sem ao menos entender o porquê, foi a primeira vez sentindo algo assim. Ele abaixou a mão de seu amigo carinhosamente e o ajudou a esconder tudo, a arrumar a bagunça e a contar uma boa desculpa para o que havia acontecido. Thalles nunca perguntou o motivo de tudo aquilo, pois ele já sabia e sempre se sentiu culpado por isso.


Quem criara o monstro, os ataques e pesadelos de Olliver?


Essa foi a pergunta que ele sempre temeu... Pois ele, na sua cabeça infantil, tinha uma resposta.


— Você causou isso...


 Foi isso que fez...


Todos esses anos... 


Thalles suportar a dor de seguir e cuidar de alguém... 


E isso o fez sofrer durante muito tempo... 


Por esse motivo...


Ele continuou...


Mas e agora?!


Thalles acorda encarando o teto da sala do seu tio, ele não demora muito para reconhecer isso e, muito menos, para lembrar da situação que está enfrentando. Ele se levanta com cuidado, está bem apesar de sua corrida desesperada em meio a chuva ontem. Quando olha o ambiente, percebe que está em um colchão de casal no meio da sala, sozinho.


— Bom dia! – Alice exclama, trazendo da cozinha consigo um comprimido e um copo de água. – Toma isso. Sei que você está bem, mas é melhor evitar uma gripe.


Thalles não a responde, apenas pega o comprimido e o engole logo em seguida, para depois beber a água. Alice pega o copo e faz seu caminho de volta para a cozinha, já que seu primo não perguntou, vai contar o que sabe do outro jovem problemático.


— Sua mãe ligou, disse que o Olliver está bem. Ele tá no hospital porque quebrou o braço, mas não foi nada grave. Parece que vai ficar em observação até amanhã, disseram que ele tá tomando uns remédios pra dor... – Alice diz exatamente o que Sandra a contou, enquanto prepara a mesa para Thalles tomar café.


O jovem escuta isso, mas realmente não sabe o que sentir, seu corpo não reage direito a essa revelação, sabe que provavelmente Olliver mesmo se machucou e deveria estar preocupado com isso...


Mas existe algo lá dentro atrapalhando isso... 


Ele se levanta e vai direto para a mesa, ainda confuso com seu próprio coração e emoções. Ele se senta para comer, sem ao menos ter feito suas higienes matinais, ele se sente insensível e deslocado o suficiente para nem se preocupar com isso.


— É por isso que eu esperei você acordar pra gente ir ver ele hoje. –  Alice diz soltando seu desejo, desde que recebeu a notícia horas atrás, anseia para ver o maior, mesmo não entendo toda a situação, quer ver Olliver.


Foi nesse momento que Thalles, pela primeira vez em anos, se sentiu indiferente com algo a respeito de Olliver. 


— Eu vou fazer o que lá? – pergunta com desdém para a menor que em resposta, o olha estranho do outro lado da mesa.


Só agora ele nota que a mesma está bem vestida, pronta para sair. Alice não sabe o que responder, achou que Thalles estaria mais ansioso que ela para ver Olliver.


— Ele não quer me ver, na verdade, ele me odeia agora. Então o que eu vou fazer lá!? – fala sério e frio, esse sentimento não é normal e reconhece isso, mas é como um escudo depois de tanto sofrimento.


— O quê?! – Alice se assusta, ela está realmente surpresa e brava. – O Olliver tá no hospital e você tá preocupado se ele te odeia ou não?!


Thalles escuta essas palavras e seu coração congela, ele realmente não quer ver Olliver agora... Ele não quer enfrentar o mais velho, não quer ver que tudo acabou.


— Só ele tem direitos aqui?! Só as vontades dele são visadas?! Ele é um coitado e o resto vira tapete pra ele pisar... Eu simplesmente não quero receber ódio na cara, então eu não vou. – ele diz firme e direito, pega um pedaço de bolo e o morde.


Alice se irrita, sabe que o jeito que Olliver tratou Thalles ontem foi errado, mas achou que o menor nunca agiria assim, achou que ele entenderia. Depois das confissões que escutara da boca de Thalles ontem enquanto ele soluçava de desespero, achou que o mesmo amanheceria preocupado com outro jovem.


— Você tá com raiva dele, então o resto que se dane! – Alice se levanta da mesa com raiva, e olha friamente para a pessoa a sua frente, pois vai jogar as verdades na mesa. – O Olliver é descontrolado e você sabe disso, ele não fez aquilo de propósito, ele tá sofrendo e você vai virar as costas por causa do seu ego ferido... Isso é egoísmo, você tá sendo egoísta!


Thalles escuta essa palavra, “egoísta”, e isso o atinge profundamente, agora ele não está indiferente, está bravo.


— Será mesmo que eu posso ser colocado no lugar de egoísta agora?! Depois de tudo que eu fiz e suportei, eu ainda tenho que levar desprezo na cara da pessoa pela qual eu mais sofri e me sacrifiquei! – ele altera sua voz, seu coração não aguenta mais e seus olhos expressão isso com clareza, enquanto sua boca acha um escape pra todo o sofrimento que passa. – Diz pra mim o que eu fiz! Explica pra mim porque eu levo a culpa também, sendo que eu sempre fiz o que me mandaram fazer!


Alice para sua raiva, quando vê Thalles nesse estado, desmoronando na sua frente.


— Eu sempre fiz tudo pra ele, sempre segui ele em cada burrada pra no final eu só me ferrar. E quando eu finalmente não quero fazer algo, que eu sei que vai me machucar, eu sou julgado como egoísta?! – ele olha pra ela com seus olhos marejados, fecha seus punhos de raiva. – Porque eu sei que quando eu chegar lá, ele não vai querer me ver. Que se me ver, vai jogar a culpa pra cima de mim, vai falar que eu traí ele! Porque aquele babaca sempre confiou em mim, quando eu nunca pedi pra ele confiar! Porque eu nunca pedi de volta tudo o que eu fiz pra ele... Então porque eu tenho que ficar nesse papel miserável de novo?!


Alice engole essas palavras a seco vendo o rosto de seu primo vermelho e choroso, mas não sabe se é raiva ou arrependimento.


Fica pensativa, reavaliando a postura do jovem. Após alguns segundos ela chega a sua conclusão...


— O Olliver pediu pra você fazer tudo isso? – ela diz sendo fria e leve nas suas palavras, olhando aqueles olhos com seriedade. – O Olliver realmente é o tipo de pessoa que coloca quem ama como culpado só pra suprir um sentimento de ódio? Olliver seria insensível o suficiente pra num momento como esse estar preocupado em achar um culpado?


Thalles fica mudo vendo a pequena menina tomar o controle da discussão, com uma postura reta e forte, por um segundo fez ele lembrar de Ollavo. Mas nos próximos minutos ela fez ele ver o óbvio, seu coração está escutando cada palavra proferida por ela.


— Você percebeu que, indiretamente, você está jogando a culpa pro Olliver!?...


Thalles se atormenta, não foi isso que ele quis expressar, mas percebe que é isso que fez quando não tem como retrucar.


— Sabe, você é o típico garoto bobinho e bonzinho da história. Sempre sendo enganado e escolhendo o caminho mais fácil. – ela diz com frieza mas ainda sendo suave com seu tom de voz, tentando convencer seu primo do seu erro de pensar dessa maneira.


Thalles não está entendendo o rumo que essa conversa está levando, mas antes que possa questionar a menor, a mesma tona a voz de novo.


— Você escolhe passar a vida toda ao lado do Olliver se sacrificando por causa das ordens de outras pessoas OU você enfrenta sua mãe, tia e avó, e se nega a fazer isso... Você escolhe esconder junto com elas um segredo horrível OU você conta a verdade pro seu melhor amigo e enfrenta as consequências disso... Você escolhe fugir e deixar tudo do jeito que está OU você prefere ir naquele hospital, enfrentar sua família e mostrar pro Olliver que nada passa em cima do que você sente...


Essas palavras, fez Thalles acordar pra algo que ele nunca havia notado...


— Você nunca faz mais do que o esperado. Você sempre escolhe o caminho mais fácil. No final, você não é egoísta... só é medroso.


Alice joga essas palavras sem remorso algum, foi assim que matou toda a frieza que amanhecera plantada no coração do seu primo. Thalles não consegue se mexer, essas verdades ele nunca achou que escutaria e ainda dessa forma.


— Eu vou visitar o Olliver... – Alice sai da mesa e pega sua bolsa em cima do balcão, vendo que o jovem ainda está paralisado. – Sozinha!


Ela conclui isso com peso, pois está morrendo de raiva, antes de sair pela porta, vai deixar Thalles pensando em mais uma coisa.


— Se estava tão difícil e você estava sofrendo tanto, por que continuou do lado do Olliver? – uma pergunta que os dois sabem a resposta, mas nenhum a pronunciaria.


“Porque eu amo ele.” – conclui isso em pensamento, fechando os olhos e deixando seu peso cair, desmontando sua postura. A porta se fechando foi o único som depois disso.


Thalles abaixa a cabeça em frustração e sente ódio de si próprio, ele continua se sentindo culpado... Ele quer desistir, pois esse é o caminho mais fácil, o medo que sente e sempre sentiu ainda está ali. O único motivo pra ele ter deixado Olliver naquele quarto...


“Eu fico e enfrento ele ou saio e deixo ele se ferrar sozinho?!” – por mais que isso seja duro de enfrentar, foi um pensamento semelhante a esse que ele teve na noite passada. Ele se odeia por isso, porque não estava tão óbvio antes o seu único erro.


Mas... 


Por mais que queira ir naquele hospital, pois seu coração está morrendo de saudades do seu amado, existe algo o segurando. O seu maior defeito que nunca fora jogado na sua cara com tanta clareza até agora...


Eu sou medroso...



_________________


Alice se frustra ao perceber que está indo sozinha ao hospital, ela precisa de alguém maior de idade para a acompanhar, não pode simplesmente ir sozinha. Ela queria ver o rosto de todas as “bruxas” quando Thalles aparecesse lá tomando o controle da situação. Ela acaba rindo lembrando que seria uma típica cena de Drama, quase se esquecendo que vive na realidade.


No meio da sua caminhada, liga para sua única companheira nesses momentos, sua amada Tati que aceita de primeira a proposta de levar Erico com elas como responsável. As duas irão faltar a escola, o que Dona Neide não gostou nem um pouco, mas após escutar Alice com sua explicação emocionante, Neide reavaliou sua decisão e acabou indo junto com os jovens.


Quando finalmente chegam, ainda é hora do almoço e logo são avisados que terão que esperar os pacientes serem liberados do almoço para poderem ir ver Olliver. A menor quase desanima quando escuta através da enfermeira responsável pela ala de observação que o paciente do quarto 9 insistira para ficar sozinho, foi quando algo veio á sua memória.


Talvez Thalles tenha razão, Olliver provavelmente não quer ver ninguém. Talvez ele esteja com raiva. Será que ele tá culpando o Thalles também?!” – se frustra novamente, nada está indo como pensara, imaginou que essa situação se resolveria em um piscar de olhos e tudo ficaria bem, mas há um porém, nada e nem ninguém está bem.


E as coisas não são tão simples assim, já havia se passado do horário de visita e Alice é menor de idade.


A enfermeira, após um bom tempo conversando com a menor, se dá por vencida pegando a identidade de Alice e Erico, escolhido pela menor para entrar com ela na visita. Após dar baixa nos nomes, a mulher finalmente foi até o quarto do paciente perguntar se o mesmo receberia a visita de sua prima e seu amigo.


Nesse momento, Alice está apreensiva e ansiosa, tanto que não percebe quando suas tias e avó entram em cena voltando do almoço. Tati cutuca sua amiga para a mesma acordar e cumprimentar as quatro mais velhas. Uma confraternização obviamente forçada, pois nenhum dos quatro (Alice, Tati, Erico e Neide) queriam cumprimentar as quatro mulheres (Dulce, Sandra, Célia e Fernanda), foi quando veio a notícia de que Olliver finalmente amoleceu o coração, e que quer ver sua prima e amigo.


Alice, no meio de sua euforia por causa da notícia, antes que fosse encarregada de qualquer tarefa vindas de suas tias, juntou forças e, com sinceridade, falou ás mais velhas.


— Eu vim aqui visitar o Olliver como uma amiga, então eu não vou mandar mensagens através da minha boca por ordem de vocês. – ela foi firme e direta para logo depois se virar e acompanhar a enfermeira á sua frente para o quarto do jovem problemático.


Dulce e Fernanda não conseguem entender porque é mais fácil Alice ver o jovem do que elas... Mas logo desistem de sua revolta, nenhuma delas tem direito a isso. Não querem mais agirem como egoístas e pretenciosas, já que elas mesmas causaram essa situação.


Tati aconselhou sua amiga durante todo o caminho para a mesma não persuadir ou questionar Olliver sobre a situação, será mais agradável se ela apenas o deixasse se expressar adequadamente.




____________



Olliver está sentado tranquilo na cama, depois de sua conversa com Levi, seu coração voltou ao normal, cada pedaço dele está pulsando em ordem, as pessoas que ama ainda estão ali no final. Porém sua cabeça continua uma confusão, mas todos achariam engraçado se ele dissesse em voz alta o porquê disso.


— Eu vim lhe oferecer todo o meu amor e carinho. – uma voz meiga e fofa soa atrás da porta.


Depois do susto de ouvir a frase subitamente, vê um rosto único aparecer e isso o faz rir. Logo após vê Erico entrar, todos se cumprimentam e o mais velho resolve ficar no canto do quarto para não atrapalhar a conversa dos dois “irmãos”.


— Você está bem? – Alice realmente não queria começar uma conversa com essa frase habitual, mas o que ela poderia dizer?


Olliver olha para a pequena pessoa ao lado de sua cama e resolve ser sincero.


— Sim, mas estou com medo. – essa frase sai natural, sem dor ou peso.


Alice não quer que isso seja sério, não foi para isso que veio aqui, então resolve brincar.


— Soldada Alice se apresentando, Senhor. Vim trazer todo o amor do mundo para curar seus medos. Fui encarregada de cuidar de você e tratar seus ferimentos, Senhor. – Alice está com uma postura de Militar, o que faz Erico rir do ridículo vexame da menor junto com Olliver. – Só aviso que não posso te dar banho, pois isso é constrangedor para uma menina de 12 anos como eu.


— Nessa tarefa eu posso ajudar, Senhor. – Erico finalmente diz algo.


— Erico! – Alice o repreende rapidamente.


Olliver ri da cena.


— Não gente, tudo bem, tem enfermeiras muito bem preparadas aqui pra cuidar de mim. – Olliver diz sorrindo.


— Ai, que nojo, sobre os meus cuidados, você ficaria muito mais satisfeito. – Erico fala se sentando na beira da janela, ele enfatizou a palavra “satisfeito” deixando claro o duplo sentido disso, fazendo Olliver rir de novo.


Alice pega a almofada na poltrona e joga em Erico com força, que para desviar, acaba batendo a cabeça no vidro da janela e resmunga, Olliver não para de rir.


— Se falar mais besteira, te jogo da janela, aí é você que vai ter que ser cuidado. – ela fala irritada.


— Então por favor, chama seu pai pra cuidar de mim. – ele joga o travesseiro de volta, rindo.


Mas antes que Alice pudesse revidar tal pedido, sente a mão de Olliver pegar na sua.


— Obrigado. – ele diz com um sorriso meigo no rosto, vai ser sincero. – Você é a melhor parte nessa história.


Alice olha para aqueles olhos, ela entendeu o que ele quis dizer, ele acabou de deixar claro que está feliz em ter ela na sua vida como uma família. Ela inutilmente tenta segurar suas lágrimas.


— Bicho besta! Eu te faço rir e você me retribui fazendo eu chorar. – ela deixa suas lágrimas cairem, agora ela tem um irmão.


O jovem puxa ela para um braço, que não durou muito e nem pode ser apertado, mas foi o suficiente para os dois se reconfortarem. Quando se separaram e com algumas lágrimas ainda no rosto de Alice, ela sente que tem que perguntar, quer ter certeza de algo.


— Olliver, você está com raiva? – ela pergunta meio hesitante.


— Não. – seus olhos mostram sinceridade.


— Nem do meu pai? – pergunta com medo da resposta, não quer ouvir mais coisas ruins sobre seu pai, ainda mais da boca de seu novo irmão.


— Não. – ele responde naturalmente, vendo Alice duvidar. – Eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Mesmo eu não entendendo aonde essa história começou ou terminou... O Ollavo não tem culpa.


Alice absorve essas palavras, ela está feliz, mas...


— Da sua mãe? 


— Não. – ele nunca sentiria ódio dela, afinal não tem motivos pra isso, está tudo feito, o que aconteceu é passado.


Para Alice, falta apenas uma pessoa, a mais importante...


— Do Thalles? – pergunta sentindo-se confiante, mas Olliver demora demais pra responder.


Não é raiva que Olliver sente... Ele sente culpa. Respira fundo e deixa seu coração falar.


— Eu nunca vou sentir, nem por um segundo sequer, raiva do Thalles. Eu não tenho esse direito. – ele diz sentindo todo o peso de todos esses anos cair sobre seus ombros.


Depois de sua conversa com Levi analisou tudo que passou e percebeu que existia algo no meio de toda a sua historia que nunca muda, Thalles continua com ele. Erico para de olhar para o dia lá fora e começa a prestar atenção na conversa. Alice não entende aonde o jovem quer chegar, mas vai ouvir, já que está aqui para isso.


— Sabe por quê?! – ele pergunta sem esperar a resposta. – Pois ele foi a única pessoa no mundo que ficou do meu lado todos esses anos. E por causa de um segredo, que eu juro, eu preferiria não saber, eu vou começar a odiar ele?!


Ele dá uma pausa, ele é o errado todo esse tempo.


— Alice, eu amo ele demais, tanto que sou egoísta. E mesmo que eu queira que ele esteja aqui cuidando de mim, como eu posso pedir isso pra ele?! Ele já fez tanta coisa, já suportou o pior de mim, ele não merece alguém como eu. – Olliver vai deixar isso claro, pois isso talvez seja o certo, afinal, agora ele entende porque Thalles lutou tanto contra isso. – Chegou a hora de eu deixar o Thalles em paz...


Alice não consegue entender, entra em negação. Afinal, o medo de Thalles é real, mesmo que não seja pelo mesmo motivo, Olliver quer deixar ele. Erico de repente salta um sorriso travesso e ao mesmo tempo fica sério do outro lado da sala, chamando a atenção dos outros dois.


— Egoísta?! – Erico o questiona, a fala anterior do jovem o irritou muito. – Você notou aonde você tá?! Você percebeu como você está?!


Erico está sendo sincero e firme, Olliver olha pra ele em dúvida.


— Você acabou de descobrir que todo mundo mentiu pra você, mas você ainda pensa na pessoa que mais ama e em como ela se sente. Consegue achar seu erro e ainda se sente culpado por isso. E você chama isso de egoísmo?! – Erico está tentando mostrar o óbvio.


Olliver está entendendo aonde ele quer chegar, mas mesmo assim ele abusou do amor de Thalles todos esses anos sem pudor algum, sabe que quase fazia de propósito. Quando ele ia dizer algo, Alice rouba sua vez de falar.


— Sabe, acho que você e o Thalles combinam demais um com o outro. – ela diz isso com um sorriso no rosto desmontando todo o clima pesado, ela está feliz no final.– Vocês dois conseguem chegar em uma mesma conclusão tola e imbecil mesmo estando separados. Como vocês conseguem?! Telepatia?! Uau, vocês são sempre assim ou é só pra fazer drama?!


Erico e Olliver olham em dúvida para face animada e descontraída da menor.


— O que você quer dizer? – Olliver pergunta em dúvida. 


Mas antes que Alice possa responder, uma enfermeira aparece subitamente dizendo que a visita tem que terminar. Olliver pede mais 2 minutos para esclarecer as coisas com Alice que não dá a mínima e vai logo saindo como o mandado pela enfermeira.


— Sabe, quando você ver o Thalles, fala exatamente o que você acabou de me dizer. – ela fala saindo da sala logo atrás de Erico, que está louco para saber como a menor chegou a essa conclusão no assunto, mas antes que ela saia, diz algo para o jovem inquieto na cama. – Não, melhor, pede ele logo em casamento, evita todo o sofrimento desnecessário. Okay?!


Olliver não responde e fica sem sua resposta em um quarto sozinho, encarando a porta, pensa que Thalles possa ter dito algo á menor sobre ele e isso o deixa curioso. 


"Será que Thalles não vai cortar nossa ligação primeiro? Será que mesmo assim, ele não vai desistir de mim? Mesmo com toda essa confusão?" – seu coração anseia pela resposta ao mesmo tempo que palpita de medo.


Mas Erico ainda não entendeu.


— Mas o que você quis dizer com aquilo? – ele pergunta enquanto andam de volta para recepção. 


— Falta de comunicação. – ela joga as palavras com desdém como se fosse óbvio. – Sabe quando um casal briga, os dois não se comunicam e acabam chegando em uma conclusão sozinhos? É isso aí, a merda da falta de comunicação.


Ela conclui consigo, Thalles está com medo de ser acusado e Olliver se sente culpado, no final é só uma bagunça da própria cabeça dos dois por causa de um coração medroso perante essa situação, apenas uma simples falta de comunicação. Mas o que a deixa feliz é que essa situação não afetou de forma alguma o que um sente pelo outro, os dois estão com medo de se separarem e com medo de machucarem um ao outro. Alice solta um riso quando finalmente chegam na recepção, mas logo some quando a menor nota falta de algo, entre os outros, não encontra Sandra e nem Fernanda.


— Aonde as tias foram? – Alice pergunta para as duas mais velhas, Dulce e Célia que estão sentadas lado a lado, parecem irritadas uma com a outra.


— Foram ver o psiquiatra. – Tati responde saindo da parede aonde estava encostada e indo para perto de sua amada, dando a Alice o conhecimento de que a situação é seria.


— Psiquiatra?! – ela pergunta assustada, ninguém havia citado isso até agora.


— Acho que vão dizer o que ele realmente tem agora. – Dulce diz melancólica e exausta, pois não pregara o olho desde o incidente do jovem.


— O que você acha que vão dizer, ein?! – Célia olha com raiva para a outra mais velha. – Por causa da sua língua maldita, estamos aqui. Que diagnóstico acha que vão dar?! 


Pela primeira vez, Dulce abaixa a cabeça para alguém da mesma idade que ela. Erico estranha tal postura, Neide não é muita afeiçoada á família de Alice, mas sabe do que Célia está se referindo, pois a mesma se lembra dessa época de guerra entre as famílias, afinal ela era vizinha de Dulce á 20 anos atrás.


— Você não acha que é tarde demais pra me culpar pelo que eu disse? – Dulce levanta a cabeça com a voz firme. – E se é realmente minha culpa, significa que eu tinha razão em separar os dois. 


Erico, Alice e Tati estão tentando entender do que as mais experientes estão falando.


— Então você não se sente culpada?! – Célia diz grossamente, sentindo a raiva subir á cabeça.


— Que culpa eu tenho que minhas palavras se cumpriram? Olliver é retardado! Eu apenas avisei que se eles tivessem um filho, ele nasceria doente. Que culpa eu tenho nisso?! – Dulce levanta a voz, mostrando o óbvio. – Eu não sei aonde isso começou, aonde tudo deu errado, mas por que eu sozinha levo a culpa?!


Todos estão surpresos com esse descontrole de Dulce, mas não conseguem entender o porquê disso.


— Eu sei quando deu errado... – Célia está morrendo de raiva por ouvir essa palavra novamente, “retardado”, mas o pior é que talvez, ela se aplique nessa situação, pois Olliver é doente de fato. – Quando meu irmão resolveu casar com uma put* como você.


Todos estão surpresos e param diante disso, as duas mais velhas estão se olhando intensamente.


Isso significa que... – Erico sussurra isso pasmo com o que acabara de descobrir.



_________________



Fernanda e Sandra estão sentadas na frente da mesa do psiquiatra olhando seriamente para Levi, depois do almoço, ele prometera falar com as duas e, com sinceridade, dar seu parecer no caso de Olliver.


— Então?! – ela pergunta ansiosa pela resposta, quer saber o que seu filho tem, apesar de querer muito que ele diga que não é nada.


Levi não pode chegar a uma conclusão só com a conversa que teve com Olliver, apesar de suspeitar muito de algo que é realmente grave, não pode dizer com clareza.


— Eu não posso afirmar o que seu filho tem ainda, pois precisamos de uma análise detalhada para isso, mas... – ele pensa vendo os olhos delas tremerem em ansiedade. – Com certeza Olliver não sofre de transtorno explosivo intermitente.


— Como assim?! – Fernanda sentem suas mãos tremerem e seu coração apertar. – O que você quer dizer?


— Olliver foi diagnosticado errado. – ele fala calmo tentando não assustar as duas mulheres na sua frente, vai explicar a situação. – Não foi um erro médico em si, Olliver mentiu desde o começo por sentir medo do que ele tem de verdade.


— Ele mentiu?! – Sandra se surpreende, como um psiquiatra não saberia quando um paciente mente, como ele pode ter sido tratado errado todo esse tempo.


— Olliver ontem não perdeu o controle, ele perdeu a consciência muito antes de desmaiar. Ele sofreu um sintoma incomum chamado de desrealização, aonde a pessoa perde a noção da realidade. Ele mesmo disse que no momento ocorrido, não se sentia como se estivesse ligado ao próprio corpo, como se sua imaginação virasse arealidade e o real sumisse de seus olhos... – ele respira fundo para continuar, o paciente enganou a todos e isso é surpreendente. – Em todas as vezes que ele sofreu uma perda de consciência, vocês acharam que era apenas ele sendo explosivo, mas na verdade, ele nem se lembra dos ocorridos. Ele me contou que escondeu o quadro dele durante seis anos, toda vez que ele sentia que a perda de consciência ia o afetar ele se traçava em algum lugar, mas dessa vez ele acabou atentando contra seu própria corpo... O que pode virar, se o caso se agravar, um atentado contra a própria vida.


Ele explica tudo que ouvira do paciente, respira fundo ao ver o rostos das duas com uma expressão tensa.


— Qual é o próximo passo? – Sandra pergunta após perceber que sua amiga está muda e paralisada.


— Bem, vou pedir uma tomografia e uma ressonância magnética, vamos também solicitar algumas consultas semanais até eu ter uma avaliação melhor da situação dele, quando tiver meu diagnóstico, poderemos começar um tratamento específico. – ele diz olhando atentamente para as duas.


— Mas o que você suspeita que ele tem? – Sandra pergunta novamente com medo da resposta, Fernanda continua muda.


Levi não queria falar de suas suspeitas, mas o que ele pode fazer.


— De acordo com o que eu avaliei, ele pode sofrer de simples alucinações, ou demência. Mas no caso dele, também há grande possibilidade de ser uma epilepsia ou esquizofrenia. – ele fala isso e vê os olhos das duas em preocupação.


— Meu Deus! – Fernanda exclama, tudo que ela não queria ouvir foi dito.


Sandra segura a mão de sua amiga em reconforto, pode ver o desespero da outra.


— É por isso que eu tenho uma pergunta a fazer á vocês. A alguém na família de vocês, ou há um histórico familiar com problemas psiquiátricos? – Levi pergunta calmo.


— Você está perguntando se há algum retardado na família?! – Fernanda não quis ser grosseira, não queria descontar no médico, mas realmente não sabe como agir.


— Bem, temos que avaliar isso, pode ser algo genético também... Talvez alguma alteração, ou problemas na gestação do Olliver, ou até no parto.


Fernanda sabe ao que ele está se referindo, ela quer chorar só de lembrar. Sandra percebe aonde isso parou, a mão de sua amiga fica fria e para de tremer, essa maldição. Chegou a hora de assumir seu erro.


— Existe algo... – ela fala com os olhos vermelhos, o que pretende dizer vai a machucar profundamente, mas com confiança e seriedade diz a verdade. – Olliver é fruto de um incesto... O pai do Olliver é meu primo.


Notas Finais


❎❌Nota dos Autores:❌❎

O incesto é uma prática vista na nossa cultura como imoralidade e uma deturpação social, isso através de contextos religiosos e estudos científicos. De acordo com a ciência, um casal incestuoso com genes idênticos podem virem a gerar filhos com deformação ou problemas mentais com mais facilidade por causa do DNA parecido. De acordo com a religião no nosso país, Deus abomina essa prática e assim amaldiçoa os casais com filhos deformados (ideologia antiga, talvez a religião tenha outra posição agora)... Na fanfic nós não estamos julgando como errado ou taxando como pecado. Até porque conhecemos pessoas fruto desse tipo de relacionamento que nasceu perfeitamente saudável. Espero que não aja comentários do gênero preconceituosos ou grosseiros, vocês podem deixar suas opiniões, mas por favor, respeite quem acha isso natural ou quem tem um caso desse na família. Pois se formos analisar por uma linha crítica e ideológica, o incesto ser errado é apenas uma questão de cultura e criação. E não pensem que esse momento é desnecessário na estória, pois pensamos muito em corta-lo inúmeras vezes, mas é realmente importante pro desenvolvimento do enredo. Se de alguma forma isso te afetou moralmente, fique á vontade para parar de ler, afinal não queremos mudar seus conceitos através de nossa estória. Agradecemos por ter lido e nos entendido.

BEM, chega por hoje?!

Acho que sim, esse é o momento ápice, sei que provavelmente alguns não iram gostar, mas não podemos agradar a todos...

Queremos agradecer profundamente os comentários no último capítulo. Sério, Papai Noel nós deu o maior presente de Natal que poderíamos receber. Agradecemos a cada um de vocês ☆☆☆☆♡♡♡♡400♡♡♡♡☆☆☆☆
Leitores fies e os que sempre comentam vocês dão gás pra gente continuar com a nossa Fanfic.

E sim, desculpa a demora, mas uma pessoa em nossa equipe ficou um pé atrás em postar esse capítulo.

Bjss no core de vocês e até o próximo capítulo!

E não deixem de comentar, pois mesmo sendo uma crítica isso nos faz melhorar!!!!
💟💗💞💘💝💓💜💕💖


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