Seul, Palácio Real, 3025.
Taehyung ajeita a flor de renda preta, apertando o broche na gola da sua camisa, a qual tinha alguns babados. Veste o paletó branco de um botão, com uma silhueta de uma coruja bordada com fios de ouro no lado direito. A camisa preta de tecido fino era colada a sua pele, deixando perfeitamente amostra o seu peitoral liso. A calça também branca era no equilíbrio certo, confortável, porém deixava suas coxas e seu traseiro avantajado marcados sem estar apertada. Nos pés, um sapato de couro cinzento brilhando de tão limpo.
Enche os dedos de anéis e nas orelhas, não deixa espaço nos lóbulos, os enfeitando com brincos pequenos de prata. Chunga lhe faz uma maquiagem leve, quase não usando base. Ela sempre diz que sua pele era lisa como bumbum de bebê e não sofria com a oleosidade. Taehyung não discute, observando pelo o espelho a mulher morena acabar de passar a sombra preta nas suas pálpebras com sutileza e em pouca quantidade, mas o suficiente para destacar ainda mais seus olhos castanhos. Agradece-a com um sorriso pequeno, esperando ela sair do quarto. Quando se encontra sozinho, passa com o dedo o hidratante labial de morango. Movimenta os lábios, satisfeito com a boca bem avermelhada.
Antes de levantar, borrifa um pouco de perfume com fragrância de jasmin e gengibre. Se olha no espelho, conferindo se estava impecável. É, não estava nada mal.
A cabeleira ruiva da mãe é a primeira coisa que lhe chama atenção quando vira o corredor. Enquanto caminhava em passos curtos e calmos, suas orbes passavam pelo o corpo da Kim. A feiticeira usava um vestido tão vermelho quanto seu cabelo, com um decote canoa, nada ousado, mas que mostrava o colo dos seus seios pequenos. A seda camersim ia até os seus pés, e na frente batia abaixo dos seus joelhos. Ela usava um penteado trançado em forma de tiara, deixando fios ondulados cair em cascatas. O rosto carregava olhos pintados com dourado, e um batom preto na boca. Hirai calçava saltos agulha escuros, a deixando centímetros mais alta.
Ela parecia delicada como uma rosa, mas poderosa como um canhão. Aliás, sua mãe sempre era assim. A Kim vivia nessa linha tênue. Era firme quando precisava, e doce quando necessário. Antes de ser uma Bruxa do grau mais alto, era uma mulher forte e um grande exemplo para o filho. Também era uma das pessoas que o lembrava constantemente que era lindo e perfeito do seu próprio jeitinho. Taehyung nunca conseguiria agradecer pela a importância da genitora na sua vida.
- Uau, meu filho está tão belo - é a primeira coisa que ela diz ao romper o abraço. Hirai segura os seus ombros com ambas as mãos - E nem digo isso porque fui eu que fiz.
O de cabelos um pouco comprido e castanho escuro ri breve, sorrindo pequeno.
- Você também está maravilhosa, mamãe. É capaz de enfartar todo mundo naquele salão.
- Que nada - diz, mas contradizendo com a postura confiante e o sorriso orgulhoso que carregava - Sou muito velha para isso. Só o seu pai que ainda permanece cego.
- Modéstia não combina com a senhora, mãe - Taehyung fala - Aliás, 45 anos não é uma idade nada ruim, Sra. Kim. Você ainda é a mesma jovem que o papai se apaixonou e continua linda como sempre foi.
- Verdade, verdade. Além do mais, eu sou maravilhosa por ter dado à luz a um filho tão bom.
- Ei, o seu marido não vai gostar nadinha de não ter créditos nisso - brinca, aceitando a capa que ela oferecia para si. A ruiva também tinha uma igual, e estava colocando-a sobre ela mesma.
O tecido da capa era macio, preto por fora e prateado por dentro, chegando até o chão. Fecha o botão de ouro no início da sua clavícula, não permitindo a capa cair ou escorregar. Assim como quase todas as suas roupas que usavam em público, ela possuía o símbolo da comunidade mágica, a silhueta de uma coruja adulta e com o pescoço virado de lado. Muitos magos diziam que o animal era a marca da Deusa Moanne, a deusa primordial que criou a chama da magia, e os dois mundos em um só. Por isso, dos tempos antigos até hoje, a coruja continuava sendo o patrono e o resguardo das linhagens dos feiticeiros.
- Vamos?
- Sim - o Kim suspira subitamente nervoso. Realmente não gostava de ir nessas festas no "mundo" dos humanos. Só fazia isso pelos os seus pais e seus tios, e pelo o amigo que chegaria naquela mesma noite. Seria melhor se Heechul tivesse ali, mas seu pai tinha mais coisa para se preocupar do que um baile para o príncipe. Assim como o Rei Jeon, que com certeza devia estar naquele momento com seu genitor em alguma reunião diplomática.
Os dois cobrem a cabeça com o capuz, deixando os rostos banhados na sombra. Estavam vestidos como a etiqueta mágica pedia. E ambos sabiam que quando chegassem naquele salão, todos saberiam que eram bruxos. Mas já se foi o tempo em que se incomodavam com a opinião alheia. Não eram dali, então não ligariam para a rejeição de alguns que não aceitavam as diferenças entre os dois povos, mesmo que ambos dividissem desde o início a imensidade daquela terra.
Com frio na barriga, Taehyung começa a descer degrau por degrau na escada de marfim bege. Sua mãe descia pela a escada ao lado, as duas separadas por um paredão. Engole em seco, observando muitas pessoas em um único lugar. Não se sentia confortável com tanto olhares, diferente de quando estava em algum baile na sua cidade. Eram desconhecidos e humanos, e o moreno não se agradava com nenhum dos dois.
Se junta novamente a Hirai no fim das escadarias, se pondo ao lado da mulher onde a altura batia no seu queixo. A olha de soslaio, respirando fundo e tomando coragem para se misturar entre as pessoas. Ela tinha mais facilidade, já que muitos dali sua mãe conhecia por causa do cargo de ministra de magia e das reuniãos que sempre fazia parte. E pensar que daqui à alguns anos também seguiria os passos dos pais, herdando o título de Grão-mago e a responsabilidade no conselho. Se sentia arrepiado somente em imaginar.
- Puxe conversa com alguém, meu filho. Tens que começar a ganhar a simpatia desses asistrocatas e nobres. É uma base importante para manter a aliança - ela aconselha, lhe lançado uma piscadela em conforto.
Mas eu não quero nem uma simpatia, Taehyung quis gritar, porém não o fez. Seu futuro era uma das poucas desavenças que tinha com os genitores, e o Kim sabia muito bem dos problemas deles para encher os seus ouvidos com isso. Era um adulto, então devia agir como um. Mesmo que fosse tão difícil às vezes. Então, seguindo o pedido de Hirai, pega um copo de vinho da bandeja de um garçom que passou ao seu lado, se aproximando de um dos poucos lordes que se lembrava de já ter mantido um diálogo.
Como era mesmo o seu nome? Vamos, Taehyung, você consegue. Pense. Hum... Ah, sim, Lorde Lee, fazendeiro e dono de uma das empresas mais conhecidas de armas. Um bom aliado.
Antes de abrir a boca, abaixa o capuz, deixando seu rosto descoberto.
- Lorde Lee, que bom lhe ver novamente! - o Kim chega, mantendo uma expressão de falsa animação. Seus dotes de atuação eram muitos bem vindos naquelas horas.
Ele vê o senhor de cabelos grisalhos, talvez com uns 50 anos, ajeitar o óculos de garrafa no rosto, e estreitar as orbes, parecendo tentar enxergar com clareza quem falava consigo. Taehyung quase ri debochado ao ver Lee conseguir e lhe lançar um olhar surpreso e assustado. Porém ele logo se recompõe, sustentando um sorriso forçado.
- Oh, jovem feiticeiro, que honra lhe encontrar aqui. Também foi convidado?
- Claro! Sabe, somos muito próximos das Majestades. E obviamente, eu não perderia por nada a volta do seu príncipe.
Taehyung observa o momento em que o sorriso do Lee vacila, durando mais que dois segundos. Era sempre a mesma reação. Eles não aceitavam o fato de que os Kim's além de serem bruxos e não aceitarem a autoridade dos seus Reis, ainda por cima eram mais próximos da família Real do que qualquer nobre do país. A aristocracia coreana achava isso um ultraje, e só não reclamavam porque sabiam que o Rei repudiava todo o comentário que manchava a imagem dos seus amigos e a aliança entre a comunidade mágica e o mundo, a qual durava a mais de milhares de anos.
Eles tinham o próprio governo, e sempre deixavam isso claro.
Após uma conversa sobre a economia do país com o empresário, Taehyung também falou com alguns outros nobres e ministros, sempre os mesmos assuntos, política e coisas banais demais para serem citadas. Até se arriscou em conversar com algumas senhoras e damas, que o olhavam com curiosidade.
E na sua mão nunca faltava uma taça de espumante ou vinho. Podia até ser forte em algumas coisas, mas o álcool não era uma dessas. Então por isso na sua quinta taça parou de beber. Sorte sua que o teor do álcool era baixo.
Coloca novamente o capuz na cabeça, não para passar despercebido (coisa que seria impossível com aquela vestimenta) e sim para esconder as caretas nada satisfeitas que fazia. Era uma forma de extravasar a irritação, não tão eficiente como quebrar as coisas, claro. Taehyung caminha até o outro lado do salão, uma parte meia vazia, onde se tinha um ótimo ângulo dos três tronos, menores do que da Sala do Trono.
O salão de festa era grandioso e o que não faltava era demonstração de riqueza. O teto em forma de cúpula era sustentado por vários pilares de mármore mesclado entre o branco e o bege. No meio da cúpula havia uma área circular de vidros, e ao redor desse tinha várias pinturas clássicas, das mais simples até as mais complexas. Os lustres ricamente detalhados iluminavam todo o lugar, alguns servindo só de decoração, os mesmos banhados em ouro puro. Fileiras de janelas sem madeira ou vidro para fecha-las, se encontravam nas duas paredes laterais, e sempre embaixo de uma, havia um banco de madeira eucalipto.
Estátuas de gesso também eram encontradas em cantos do salão, muitas vezes sendo apreciadas pelos os visitantes. Nas extremidades tinham os banheiros, e uma cozinha bem escondida, onde se eram feitos os petiscos e as bandejas de bebidas que vários garçons carregavam por todo o salão. E também, não podia faltar a pista de dança, que na verdade era um círculo dermacado por seis pilares afastados um do outro. E no meio se passava o tapete vermelho, que começava desde o começo da escadaria, após os portões, e acabava ao pé do Trono do Rei.
As duas escadas em que Taehyung e sua mãe desceram ficava no lado direito, onde tinha o corredor que levava direto para o interior do castelo.
O moreno se encosta em um pilar e cruza os braços, pensando em que momento a Rainha chegaria. Hyujin tinha ido ao aeroporto esperar pelo o príncipe fazia quatro horas, e Taehyung já tinha chegado ao baile à 1:30. Talvez estavam demorando tanto pela a confusão que o aeroporto devia estar, cheio de papparazzis e repórtes loucos para uma entrevista. Também havia o fato de que seu amigo deveria trocar de roupa. Nunca que sua tia deixaria o jovem Jeon aparecer em uma festa com moletons e coturnos, look que Taehyung tinha certeza que o mais novo tinha usado para viajar.
Porém, foi só pensar nisso que o ambiente foi preenchido por sons de cornetas, deixando claro a chegada da família real. E logo os dois portões foram abertos por uma dupla de guardas, deixando livre a visão de uma limusine no final da escadaria larga.
Um homem de terno totalmente preto abre a porta de frente para o salão, enquanto o outro abria a do lado. Primeiramente, a Rainha Jeon sai do automóvel, impecável com seu vestido de renda azul-marinho, com mangas até os cotovelos e o comprimento até os pés. No cabelo escuro, uma coroa prateada, com pedras de rubis em cada círculo. Mesmo de longe, Hyujin estava majestosa, sem deixar brechas para críticas.
E após alguns segundos, o príncipe apareceu ao seu lado. Sua presença arrancou alguns cochichos dos nobres presentes, todos ansiosos pela a volta do Jeon após cinco anos no templo japonês.
A primeira impressão do Kim era que Jungkook estava diferente. Não parecia nem um pouco com o adolescente de 15 anos que saiu dali. Estava mais alto, com mais músculos e uma silhueta mais adulta, um jovem que deixou a sua fase de puberdade.
Vestia uma camisa cinza de gola alta e sem detalhes, por cima um sobretudo preto que ia até metade das suas coxas. Nas pernas torneadas, uma calça social preta e um cinto de couro escuro. Calçava sapatos também pretos. Parecia roupas simples, mas no corpo de Jungkook, elas realmente deixavam claro a sua marca cara e o ar da sua elegância. E nos cabelos pretos longos que chegava no meio das suas bochechas, havia uma coroa prateada assim como da sua mãe, mas com pedras roxas.
E em ambos Jeon's, uma capa vermelha esvoaçava ao redor de seus corpos, no seu peito, a figura de um leão rugindo com as patas no ar e uma serpente negra enrolada ao seu redor, com a cabeça da cobra no coração do felino. Era o brasão da realeza sul-coreana.
As cornetas tocam novamente, e o barulho de tambores vem logo em seguida. E a cada soar da percussão, os dois pareciam dar um passo. Era um cenário sincronizado e belo de se ver. Caminhavam como se estivessem em uma passarela, e de uma certa forma estavam. Os poucos fotógrafos que foram permitidos esperarem a chegada dos Jeon's, não perdiam tempo e sempre achavam um novo ângulo para mais flash's. E ao redor das Majestades haviam 12 seguranças, 6 de cada lado do tapete vermelho. Podia parecer exagero, mas esses poucos metros eram o bastante para terroristas e pessoas com má intenção.
Quando sua tia e o amigo pisaram dentro do salão, o burburinho logo se cessou. Taehyung só observava as damas encararem o príncipe com desejo, e até alguns homens não escondiam o fascínio. E escondido no capuz, um pouco afastado do tapete vermelho, o moreno ri divertido. Jungkook mal tinha chegado e já tinha uma fila de pretendentes.
O Jeon não desviava o olhar, sempre olhando para frente, nunca para o lado ou qualquer outra direção. Postura reta, cabeça erguida e rosto sério. Era o lema da sua professora de etiqueta. Cansou de imitar a voz aguda da senhora na infância, a qual sempre o obrigava a passar tardes treinando o seu andar no pátio. Porém naquele momento agradecia a mulher já falecida.
Era simplesmente sufocante e desesperador tantos pares de olhos em cima de si. Tinha que exalar confiança, mesmo que por dentro estivesse tremendo de nervoso. Respirou fundo, regularizando o movimento do peito. Não podia ter uma crise de pânico justo no primeiro dia da sua volta.
Precisava ganhar a confiança e a admiração daqueles lordes. Eles eram responsáveis pela a maior parte da economia do País que um dia seria governado por si. "Mostre que tens força na voz e jamais fraqueje na frente deles. Podem ser ótimos aliados, mas se virem que o seu rei não consegue governar, eles são piores do que urubus. Sempre deixe claro que quem usa a Coroa é você , e jamais, jamais permita que alguém aumente a voz para você. És um Jeon, e herdeiro do trono, não limita a sua liderança". Lembra do conselho do pai, o qual recebeu assim que pisou no aeroporto. Ele e o Sr. Kim tinham ido lhe dar as boas vindas, antes de partirem em uma viagem para Daegu.
O bruxo se aproxima um pouco mais do final do salão, vendo Jungkook e Hyujin sentarem nos respectivos tronos, deixando o do meio vazio. Uma mulher vestida com um terno preto e cabelo preso em um rabo de cavalo aparece ao lado da Rainha, junto a um senhor que carregava uma almofada vermelha, com uma espada de ouro.
A morena levanta, fazendo que todos conseguissem vê-la. Ela abre a boca, começando a falar com a sua voz suave, mas firme. A Jeon tinha uma presença firme naquele momento, e era indiscutível a pose de líder nata que demonstrava.
- Antes de tudo, desejo um boa noite para todos os senhores e senhoras nesse salão, e agradeço a presença de cada um nessa noite importante para o nosso reino. Como devem saber, meu esposo, o Rei, anda muito ocupado com os problemas da última provocação do nosso país vizinho, então ele não pode comparecer. Mas o mesmo deixou uma saudação para Vós. Como já viram, o príncipe Jeon Jungkook chegou hoje da sua jornada no território japonês, um dos países do nosso conselho asiático. Desde a antiguidade, príncipes de toda Ásia eram enviados para o Templo do Sol, onde aprendiam todas as artes da guerra e o real significado da vida. E até os dias de hoje, essa tradição não se perdeu. Assim como o Rei fez, a Vossa Alteza também passou por essa etapa essencial para as famílias Reais. Com longos cinco anos, ele finalmente está apto para governar o nosso país e hoje, o irei dar a bênção e o nomear como o general do nosso exército.
Todos prestavam atenção em Hyujin, que mantinha um sorriso orgulhoso e ia até as duas pessoas. Taehyung só reconhecia o homem, que era um monge do templo de Seul. O Kim não era budista, já que acreditava em seus próprios deuses, mas gostava de visitar o lugar sempre que ia na capital. Se sentia bem no ambiente calmo e que era banhado de essências exóticas. O silêncio do templo o fazia meditar e se perder dentro de si mesmo. Era a mesma experiência de quando ia no seu santuário secreto.
A rainha pede para Jungkook ajoelhar a sua frente, de costas para o público, que observavam a cena com expectativa. Os lordes e nobres estavam satisfeitos. Eles confiavam na família Real e sabiam que ninguém seria melhor em guiar aquele país.
A Jeon ergue a espada, enquanto o príncipe curvava a cabeça e esperava o momento em que seu destino seria selado.
- Em nome de todo povo Sul-Coreano e dos nossos antepassados, que governaram esse Reino com sabedoria, eu, Rainha Jeon Hyujin, e a represente do conselho nessa noite, eu o faço oficialmente o primeiro na fila de herdeiro do Trono, e lhe anúncio apto para o peso da Coroa. Diante de todos nesse Salão, você, Jeon Jungkook, está de acordo com a nossa constituição, sendo novamente apresentado como Príncipe Jeon Jungkook, a terceira pessoa mais poderosa da Coréia do Sul.
Ao terminar de falar, ela move a espada, a encostando levemente nos dois ombros largos do moreno, selando uma promessa no jeito antigo.
- E com o consenso do conselho real em seguir a tradição mais antiga do que esse próprio castelo, eu o faço geneal do nosso exército e lhe dou toda a autoridade em governar a força ibérica e marítima do nosso Reino. A Marinha, as forças aéreas e o exército, a partir de hoje, obedecem a sua voz.
E de novo, Hyujin move a espada. Jungkook suspira, controlando as mãos que tremiam. As palavras que saia da boca da sua mãe tinham um peso muito grande. Pela a primeira vez, realmente entendeu a intensidade do sobrenome que carregava. Céus, tinha só 21 anos, como conseguiria governar tudo isso? Agradecia aos céus por não estar sozinho naquilo. Seu pai e sua mãe estariam ali quando precisasse. Porém teria que se acostumar. Quando fosse a hora de ser coroado rei, esperava que estivesse pronto e com experiência. Entendia esse grande passo que deveria dar. A base de quedas, aprendeu que a vida era levada a partir de escolhas, que um dia se mostraria se foi a correta ou não. A experiência era a base de tudo.
- Senhores, saúdam a Vossa Alteza Jeon Jungkook, general das forças armadas sul-coreana.
E após isso, uma série de aplausos foram ouvidos junto aos tambores. Taehyung sorriu com sinceridade, feliz pelo o mais novo. Estava orgulhoso, mesmo que achasse tudo aquilo uma baboseira. Mas para os humanos era vista de uma outra forma. Na comunidade mágica, não havia nenhum rei, somente o conselho das cinco famílias mais poderosas, as quais estavam ali para não deixar as coisas bagunçadas. Não viviam obcecado pela a política. Tinham preocupações maiores do que isso. Como os pequenos bruxos que não tinham controle sobre seus poderes e a briga com os Vkhuner.
Jungkook levanta, virando o corpo, permitindo que Taehyung observasse com mais perfeição o amigo de longa data. O moreno estava discursando alguma coisa, mas o Kim não prestava atenção nas palavras, estava ocupado em perceber os detalhes do seu dongsaeng.
Os cabelos negros como carvão estavam maiores, ondulados, e pareciam tão macio. O bruxo imaginou a textura deles novamente nos seus dedos. Ele sempre amou brincar com as mechas do amigo, fazendo moicanos com as mãos. O rosto do Jeon continuava o mesmo que se lembrava, porém parecia mais maduro. A mandíbula era mais de homem do que de garoto. Os olhos perderam o ar ingênuo de antes e estavam afiados, espertos e malandros. Mas ainda continuava as mesmas jabuticabas de antes, que se esbugalhavam quando Jungkook estava surpreso ou viajando para outro mundo.
O tronco e os braços estavam malhados e as coxas incrivelmente grossas. Seu pequeno tinha crescido muito, e Taehyung ainda estava tentando processar. Estava deveras acostumado com o príncipe bebê chorão e magricelo. Agora, ele estava da sua altura, talvez um centímetro mais baixo.
O mago acorda do transe quando a Rainha convida todos a se divertirem. Taehyung se afasta, seguindo o Jeon com os olhos, o qual conversava com um nobre. Depois ele chama algumas damas e senhoras para dançarem, sempre com um sorriso cortês no lábios finos e avermelhados.
Avista a cabeleleira ruiva da mãe entre algumas mulheres, que pareciam estar se divertindo. Sorri, feliz por Hirai estar sorridente. Muitas das vezes, festas assim sempre a deixava cabisbaixa.
Senta em um dos bancos colado a parede, aceitando uma taça de vinho tinto que um garçom o ofereceu. Beberica um pouco, suspirando de prazer pelo o gosto da bebida na sua boca. Nada melhor do que um vinho. Abaixa o capuz, cruzando as pernas e fechando os olhos. Tampa os ouvidos para as vozes e se concentra somente na música clássica que a orquestra tocava.
Sente uma presença sentar ao seu lado após alguns minutos e não precisa abrir os olhos para saber quem era. Soube somente pelo o cheiro; seu olfato apurado permitia tal coisa. Ele continuava com o mesmo aroma de hidratante de cereja e shampoo de lavanda.
- Estava lhe procurando, hyung - disse, e Taehyung pode perceber o sorriso na voz. Os dentes proburantes deveriam estar em destaque, em um sorriso de coelho que era a marca de Jungkook. Os cantos dos olhos e o nariz também deviam estar enrugados.
- Parece que me achou, então.
- Não é difícil quando você está com essa capa - ouve a risadinha fina dele, sorri junto, contagiado.
- Com certeza.
Abre os olhos, virando o corpo de lado, se deparando com o moreno lhe olhando com curiosidade e uma emoção que também compartilhava. Saudades.
- Eu estava com tanta saudade - Taehyung confessa, quebrando o silêncio de ambos.
- Eu também, hyung.
É surpreendido pelo o abraço apertado do outro, mas logo retribui, o apertando mais do que ele fazia consigo. Escondeu o rosto no peito do Jeon, enlaçando a cintura fina, enquanto Jungkook abraçava suas costas e tinha o nariz nos seus cabelos.
O cabelo do Kim cheirava a terra molhada e amêndoas, o príncipe conclui.
Mesmo sem querer, Taehyung deixa algumas lágrimas escaparem, se almadiçoando por não conseguir se segurar.
- Ei, Tae-sii, está bem?
- Estou - diz embargado, arrancando uma risada bonita do amigo.
Jungkook ergue o seu rosto, passando os polegares nas suas bochechas, enxugando os caminhos molhados que as lágrimas deixaram. Ele lhe encara com carinho, porém o olha confuso quando recebe seus tapas fracos no peito.
- Seu idiota. Sabe o quão ruim foi quando você parou de me responder no Kakao nesses últimos dois anos? Aliás, porque parou? Por acaso achou outro melhor amigo? - indagou de braços cruzados e uma expressão chateada.
O Jeon perde a faceta confusa, rindo baixo pela a pergunta do Kim e a pitada de ciúmes que pegou no ar. Não julgava. Também era muito ciumento quando o assunto era seu amigo. Ainda não conseguiu entender como que passou aqueles anos sem seu hyung. Desde que se conhece como gente, Taehyung sempre fora seu lugarzinho que podia desabafar e contar seus pensamentos sem nexo.
- Juro que não foi de propósito, bruxinho - balbucia o apelido antigo que dera para o mais velho - Aparelhos eletrônicos não era permitido no templo, e eu só consegui um escondido por causa de um garoto que dei dinheiro para conseguir um para mim. Mas houve uma situação, e eu tive o celular tirado. Sabe, os monges e professores daquele lugar são a encarnação da chatisse. Por Buda, o meu professor de Taekwondo era horrível.
- Meus sinceros pêsames.
- A falsidade até escorre - brinca, vendo Taehyung revirar os olhos.
- Hum, vou aceitar essa desculpa suspeita - o Kim fala com uma sombracelha arqueada e um olhar estreito.
- Você acha mesmo que eu ia parar de falar com o meu amigo preferido se não fosse necessário?
- Acho bom mesmo.
O moreno balança a cabeça em negação, rindo baixo. Respira lentamente, seguindo o exemplo do mais velho e se debruça na janela. A noite estava linda, e Jungkook não se arrependia por preferi-la do que o dia.
Assim como Taehyung que também amava-a. Jamais trocaria as milhares de estrelas pintadas no céu e a lua grande e amarelada que apreciava naquele momento. O ar gelado e fresco acariciava a sua pele bronzeada, enquanto o vento parecia o levar a uma outra dimensão. A noite era misteriosa e excitante, e ambos adoravam isso.
- Você está muito lindo, hyung.
O bruxo sorri pequeno, sentindo as bochechas corarem pelo o elogio. Céus, não sabia que estava sentindo tanta falta desses elogios até ouvi-los de novo.
- Você também, coelinho.
Jungkook franze o nariz para o apelido que o outro teimava em usar. Dá de ombros.
- É, eu sei.
- Minha deusa. Onde foi parar o meu Jungkookie?
- Cresceu - diz simples.
- Estou orgulhoso de você, saeng.
- Por que? - pergunta com os olhos curiosos, os arregalando como Taehyung disse.
- Não sei. É que você está tão diferente.
- Eu sou o mesmo, hyung.
- Não de um jeito ruim, Jungkook. Você amadureceu bastante. Só com essa conversa, percebi que você mudou. Virou um homenzinho com cara de criança.
- Yaa!
- Mas continua o mesmo chatinho de antes.
- Seu idiota. - resmunga emburrado.
- Ih, está bravinho, é? - provoca, sendo empurrado de lado pelo o outro.
- Pode sair, bruxinho.
Taehyung ri, envolvendo com um braço o ombro do mais novo, puxando-o para perto de si, aproveitando para enrolar as mechas escuras nos dedos. Mas a coroa não facilitava para si; a mesma parecia estar colada na cabeça do moreno, pois não tinha escorregado até aquele momento.
O Kim tinha noção dos olhares que eram direcionados para ambos, mas ignorava. Não era comum dois homens estarem em um contato tão íntimo e nem um príncipe compartilhando o mesmo espaço com um bruxo. Estereótipos e uma cultura enraizada desde milhares de século. Nada de novo.
- Me diga como foi passar o tempo em um templo cheio de príncipes mimadinhos?
- Sinceramente? Uma completa merda. A única coisa que se salvava era a falta de babaquice em alguns e as coisas que aprendi ali. Sabe, mesmo que hipoteticamente, o templo seja um lugar pacífico, aquilo parecia mais uma zona de guerra. Todo dia tinha algum herdeiro brigando com outro. O príncipe da Tailândia era o mais briguento, mas estranhamente o menos idiota. Irônico, não?
- Sim.
- Foi longos cinco anos de sofrência, porém me fez crescer e ver o mundo de outra forma. Eu não amadureceria de verdade se continuasse protegido por essas muralhas. Percebi que o mundo não é só a Coréia, há muitas coisas para se aprender e ver. É algo complexo de se passar, mas necessário. Entende?
- Acho que sim. Sabe, no nosso país passamos por uma situação parecida.
- É?
- Sim. Quando chegamos no nível médio, momento em que conseguimos controlar nossa magia sem ajuda, somos levados a um tipo de gruta em uma montanha que ninguém sabe onde fica, exceto os grandes Bruxos. Há centenas dessas nela. É difícil de compreender, mas é como se estivéssemos ali, mas ao mesmo tempo não. Em um período de três dias, um grupo de doze pessoas ficam na gruta, entrando em total alinhamento com o que chamamos de Thauw. É o contato direto com os deuses primordiais feito através da meditação. Ali ganhamos a marca da deusa e somos reconhecidos pela a comunidade como bruxos. É tipo um ritual de passagem. Não consigo explicar com coerência, só posso dizer que é algo mágico.
- Que surpresa - Jungkook retruca irônico - Eu me lembro de você dizer que a sua marca da deusa é diferente.
- Ah, sim. É que todas as marcas são brancas, mas a minha é preta. Uma coruja preta. O animal patrono da nossa deusa. Meus pais nunca me explicaram o porquê. Mas acho que deve ser algum mal-entendido. Acho que o sacerdote trocou de tinta sem querer quando foi fazer em mim.
- Acontece com os melhores - consola - Mas sabe, acho ela muito bonita.
- Você ainda lembra dela?
- Claro, Taehyung. Foi cinco anos não vinte.
- Tá, tá.
- Eu também lembro de outra marca no seu pulso.
Jungkook pega o seu braço direito, afastando o tecido preto da capa, deixando o seu pulso nu. O príncipe esfrega o anelar suavemente na meia lua vermelha, rodeada por doze estrelas, cada uma se interligando a outra por uma linha dourada.
- Ela é linda.
- Eu também acho.
- Hyung, você nunca me disse qual o significado dela.
- Ah... Hum... É... - Taehyung resmunga, se sentindo constrangido. Céus, como responderia aquilo?
Felizmente, uma alma boa o salvou, o livrando da explicação que teria que dar ao Jeon. Mas infelizmente, seria somente por hora. Conhecia muito bem a curiosidade e insistência do príncipe.
- Filho, você sumiu, menino. Estava lhe procurando.
- Que foi, mãe? - o moreno põe sua atenção na rainha.
- Vim lhe puxar para parar de ser cabeça dura e conversar mais com esses lordes. Eles são uma chave importante para o seu reinado. Tens que conhecê-los se quiser ter algum êxito - diz em tom baixo, estendendo a mão para ele, que logo aceitou e se ergueu - E nada melhor do que um baile e uma taça de bebida. Não tem estratégia melhor do que um bom diálogo com álcool. Ele deixa a língua desses senhores solta. Não sabe o quanto que eles falam. Não acha, Tae?
-Ahn? Ah, claro!
- Te espero ao lado do ministro da educação.
Então ela se afasta, arrancando um suspiro com pesar do Jeon.
- Acho que está na hora de eu encarar esses velhos rabugentos.
- Boa sorte, chatinho.
- Cala a boca, bruxinho.
Taehyung sorri, observando Jungkook sumir da sua vista. Beberica do vinho esquecido no vão da janela, imaginando que as suas semanas ali seriam menos monótonas com a chegada do amigo. Foram anos longos, mais em horas, com certeza conseguirão por as notícias (as fofocas, para ser mais exato) em dia.
Fecha as pálpebras, se sentindo leve. E não é surpresa nenhuma que em poucos minutos, adormece no salão cheio de pessoas importantes. Deuses, que vergonha.
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