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História Bruxos e Príncipes Hiatus - Eight Moonchilds


Escrita por: Eros_buddy

Notas do Autor


Hi, pessoinhas! :)
Eu não estou muito contente com esse capítulo porque acho que não está muito do meu agrado. A insegurança está gritante, mas vou dar um voto de confiança para mim mesmo. Pelo o menos eu espero que esteja ao menos agradável, é isso.

Só quero lembrar que a história possui Mpreg, já citei isso em alguma notas, e está nas tags e na sinopse. Então estejam avisados.
Contém cenas violentas, mas acho que nada de explícito. Mas qualquer coisa estou deixando esse sinal ♧ para você pular se preferir. Só que o ruim é que a cena é importante para a história.
Boa leitura, meus amores.


P.S. Não me matam.

Capítulo 19 - Eight Moonchilds


Fanfic / Fanfiction Bruxos e Príncipes Hiatus - Eight Moonchilds

Castelo real, Seul, 3025

28 de abril


O príncipe Tamura tinha chegado naquela manhã, com uma pequena comitiva que se resumia nos seus pais e alguns seguranças. A rainha tinha uma expressão deveras desgostosa no rosto, já o rei não demonstrava nada. Hayato continuava com aquela aura soberba em volta, mas havia um certo medo nas suas orbes. Ou podia ser outra coisa. Não estendi a trocar de olhares porque era mínima a minha vontade de encara-lo. 

As majestades não podiam seguir o filho à partir dali, então os mesmos foram embora para o Japão, não antes de sussurrar alguma coisa para o herdeiro. Preferi não ouvir, era algo pessoal entre eles. 

A viagem aconteceria às duas da tarde, e não demorou muito para que os minutos passassem e o momento chegasse. Meus pais se despediram dos Jeon's, Hirai e Hyujin chorando enquanto se abraçavam, mesmo que fossem se ver daqui à alguns meses. Elas eram amigas de verdade. Heechul e Chung-Ho se abraçaram fortemente, um batendo na costa do outro, porém eu consegui ver os dois pares de olhos umedecidos. Ri discreto, achando a situação hilaria. 

Eles dispensaram o carro que foi oferecido, pois era um caminho secreto, humano nenhum podia saber. E era melhor assim. Havia muito em jogo. Por isso, o Tamura fora adormecido quando minha mãe tocou na sua testa, o corpo mole sendo segurado sem dificuldade pelo o grão mago. Se teletransportariam até o portal. Havia um em cada reino, e eram por eles que entrávamos em Odnum sem fazer alarde. 

Os mais velhos hesitaram quando disse que tinha algo que eu precisava resolver antes de voltar. Ficaram curiosos e preocupados, mas fiz o possível para os acalmarem. 

- Eu vou ficar bem, mãe - sorrio para a ruiva. 

- Requer energia para você abrir o portal, filho. Vai conseguir? 

- Senhora Kim, eu já estou no quarto grau. Conseguirei abrir um mísero portal, ok? Não precisa se preocupar. 

- Taehyung está certo, querida. Nosso filho é um bruxo crescido. Ele vai saber se cuidar. Não é, tae? 

- Sim, pai - pisco agradecido para ele - Melhor vocês irem logo, antes que esse aí acorde - aponto para o homem pendido nos ombros do meu genitor. 

- Vamos te esperar em casa. Tome cuidado e não demore - minha mãe bagunça os meus cabelos. 

- Humhum - resmungo - Até mais tarde - aceno sorridente, vendo os dois sumirem da minha frente segundos depois. Olho para o gramado e o céu azul, voltando para o castelo, levitando, claro. 

Encontro Jungkook no meu quarto, deitado no divã do closete, fones nos ouvidos. Bufo, o assustando quando sento no seu colo, fazendo que abrisse os olhos e me observasse com uma sombrancelha arqueada. 

- O que? - as suas mãos vão para a minha cintura, erguendo somente o tronco, afundando o rosto no meu pescoço. Estremeço levemente quando ele funga na derme, inspirando o aroma doce do hidratante. 

- Você fez o que tinha que fazer? - mordo os lábios ao sentir os beijos molhados nos ombros e na clavícula quando três botões da camisa rosa são abertos. Suspiro com deleite, prensando ainda mais o meu colo ao redor do quadril alheio, sentindo uma certa elevação cutucar a minha bunda. Rio deliciado, gemendo baixinho por causa do chupão que a boca do moreno provocou bem em cima do meu mamilo - Foco, general. 

- A culpa não é minha se você me distrai tanto, hyung - sussurra, dando um selinho casto na linha do meu maxilar. Abraça o meu torso como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, e eu gostei da sensação - Eu pedi para que Sehun me encobrisse se alguém perguntasse sobre o meu paradeiro. Para os meus pais, eu vou estar viajando à trabalho, e para a minha equipe vou estar ocupado com uma questão pessoal. Simples, não é? 

- Espero que saiba o que esteja fazendo. 

- Sei muito bem, amor - dá um bunny smile - Mas e você? Como vamos entrar em Odnum se os seus pais já foram? 

- Eu sei o caminho, bobinho - tiro uma mecha de cima dos seus olhos - E chegaremos até lá nos teletransportando. 

- Como? - Jungkook engole em seco. 

- Eu já treinei isso com a minha mãe, está tudo sob controle. 

- Quantas vezes? 

- Cinco - sorrio forçado. 

- Todas deram certo? 

- É...

- Hyung? 

- Só a última - me apresso a falar quando ele abre a boca para retrucar - Então não tem nada para se preocupar. 

- Se você está falando, vou confiar a minha vida nisso. Meu Deus, hoje eu morrerei. 

- Para de ser pessimista, Jeon Jungkook! - ralho, me afastando do calor corporal do mais novo, escutando o seu choramingo manhoso - Você está parecendo um bebê - rio amável, acariciando a maçã coradinha. 

- Mas eu não sou? - desafia, me puxando novamente para perto, enlaçando a minha cintura, me olhando de baixo enquanto eu o olhava de cima. 

- Sim, você é - aperto ambas bochechas, fugindo das mãos branquinhas que não queriam me soltar - Precisamos nos apressar para eu poder lhe mostrar um pouco de Odnum antes que escureça. A noite eu vou ter que ir para casa antes que a minha mãe surte. 

- E eu vou ficar aonde? - ele me observava trocar a calça jeans por uma larga vermelho escuro e de cintura alta, passando a camiseta florida e escura para dentro da mesma. Eu não me incomodava mais com a minha nudez com o Jeon. Ao contrário, me sentia mais confiante ao ver que aquele brilho nas íris de ônix eram direcionadas somente para mim. Acho que isso podia ser egoísmo, eu não sei - Você vai precisar trocar essas roupas. 

- Por quê?

- As pessoas costumam usar roupas folgadas em Odnum - aponto para o terno bem formal que ele vestia - E se você quiser passar despercebido, tem que se portar como a maioria. Então vista isso - lhe estendo uma calça verde parecida com a minha e uma camisa de algodão. Nunca fazia calor em Odnum, sempre entre 15° para baixo - E a capa também. Você não tem nenhuma marca no pescoço, vai ser muito suspeito. 

Sento no divã, e agora era eu que o observava com óbvia admiração. Me embebedo com a visão do seu abdômen, o V que descia perigosamente, com uma trilha de pelos ralos do umbigo até sumir dentro da boxer; as pernas torneadas, os ombros largos, as omoplatas firmes, a cintura estreita e as pintinhas no seu corpo alvo. E as marcas que a minha boca tinha feito. Era tudo perfeito. Malditamente lindo e gostoso. 

- Como estou? - da uma voltinha, um sorriso prepotente no rosto. Ele sabia muito bem o efeito que tinha sobre mim. 

- Explêndido - sorrio, envolvendo-o nos meus braços quando se acomoda em cima das minhas coxas, a face nos meu cabelos - Não vamos precisar levar nada, meu amigo tem tudo na casa dele. E eu te empresto algumas roupas. 

- Você acha que não tem perigo dele saber?

- Não, confio nele - beijo o seu queixo - Pronto? 

- Não - ri nervosamente - Mas vamos lá. 

Levantamos, nossas mãos juntas e os dedos entrelaçados em um encaixe simétrico. Sorrio encorajador para o moreno, pedindo para que ele fechasse os olhos e segurasse firme. O aproximo de mim com o braço livre, deitando a sua testa no meu ombro. 

- Não abra os olhos por nada - mando suavemente. 

- Acho que vou desmaiar. 

- Nem ouse - repuxo os lábios. 

Respiro fundo, imaginando os dois corpos se transformando em energia. Era complicado, mas não impossível. Depois do que pareciam séculos, finalmente sentimos algo nos sugando para um funil invisível. Naquele momento estávamos quebrando todas as leis de espaço. Em menos de dez segundos, materializamos. Seguro o Jeon antes que ele fosse ao chão. Ele estava pálido, o rosto em uma carranca enjoada e tonto. Sinto dó, e afago as suas costas, esperando que a vontade de vomitar passasse. A primeira vez sempre era difícil.

- Melhor? 

- E-eu nunca m-mais vou fazer isso - ofega, me olhando de cara feia quando rio sem querer.

- Pelo o menos chegamos rápido. 

- Rápido demais para o m-meu gosto - reclama, ainda apoiado em mim - Onde estamos? 

- Não posso dizer a localização exata, mas estamos em um dos pontos mais fracos da barreira - respondo. 

- Então existe pontos fracos? 

- É propósital. Facilita para a nossa entrada e saída. 

Árvores centenárias e gigantes nos cercavam, enquanto estávamos em pé quase na beira de um precipício, e embaixo só víamos morros e mais morros. Era bonito e assustador. Porém eu sabia que não passava de uma ilusão. 

Pego uma tira de tecido que tinha no bolso, a levantando na direção das orbes alheias. 

- Desculpe, mas você não pode ver isso.

- Está tudo bem, hyung - sorri, e eu a amarro sem força, virando para frente, afastado do Jeon. 

Inspiro e expiro diversas vezes, abrindo as pernas proporcionalmente com os quadris, mexendo os braços na altura do peito, vendo pouco a pouco uma bola de água se formar. Continuo sussurrando, impulsionando a bolha para fora do precipício. O chacra avermelhado ou alaranjado, tanto faz, saia das pontas dos meus dedos em raios finos, provocando a extensão do portal, até que fosse uma entrada aquosa de dois metros de diâmetro e largura. Não abaixo a mão, tirando a venda do mais novo. 

- Você está bem? - alarma quando me vê com o peito subindo e descendo, a testa suada e as pernas franquejando um pouco. 

- Só cansado - confesso. Abrir um portal era cansativo, muito mais que se teletransportar. E sinceramente, eu não entendia essa lógica - Quer fazer as honras? 

- Eu não vou me molhar? - pergunta desconfiado. 

- Não, você não vai. 

- Ok - hesita, caminhando em passos tortos até o portal. Olha para trás, amedrontado. 

- Pode ir - me aproximo, o empurrando gentilmente - Vou está atrás de você. 

Jungkook balança a cabeça, atravessando a barreira de água, sumindo. Sussurro uma última vez, também passando pela a mesma, sentindo arrepios enquanto fazia o caminho curto. Então piso em terra, respirando o ar puro de Odnum. Sorrio feliz, fechando os olhos para aproveitar a brisa fria. Tinha sentido saudade do clima gelado. 

Odnum, 3025

- Chegamos? 

- Sim! - exclamo eufórico, contente por estar em casa - Eu vou te mostrar tudo! 

- Comece dizendo onde é que nos encontramos - ele se contagia com a minha animação, me abraçando de lado. 

- Esse aqui é o bosque dos espíritos anciãos - murmurou com respeito - É um lugar sagrado para os bruxos. Nas noites de lua cheia, muitos vem aqui para se reunirem ao redor da fogueira. É maravilhoso. 

- É tão lindo - Jungkook olhava as flores, a grama e às árvores com reverência. Mesmo ele sendo humano, o Jeon conseguia sentir a magia poderosa que havia naquele lugar. Trazia uma paz inexplicável aos nossos âmagos. 

- Mas precisamos sair daqui - interrompo qualquer que seja o devaneio que o outro estava tendo. 

- Estou ansioso - bate palmas, cruzando os nossos braços. Sorrio abobado, o guiando para uma trilha feita de folhas amareladas que caiam dos galhos. 

- Não abaixe o capuz, Gguk. Entendeu? 

- Sim, tae. 

Saímos do bosque, chegando em uma estrada de paralelepípedos, onde várias carruagens trafegavam, sem a presença de nenhum cavalo. Não precisa de um quando havia magia. Rio pelo os olhos arregalados do general, atravessando a rua para uma outra, essa cheia de bruxos levitando, ao mesmo tempo que conversavam e riam com os amigos e conhecidos. 

- Uau - o príncipe estava com a boca escancarada. 

- Uau tipo UAU? Ou Uau, uau? 

- Uau, tipo UAU - ri. 

Algumas senhoras sentadas na frente de uma doceria acenam para mim, e eu retribuo cordialmente. Quando um grupo de garotos passam todos atrapalhados ao meu lado, eu rio, achando graça. Ninguém olhava uma segunda vez para o Jeon ou com desconfiança. A capa preta ao redor dele era um item normal na vestimenta dos bruxos. E eu agradeço por isso. 

- Você é algum tipo de famoso aqui? - Jungkook pergunta divertido. 

- Quase isso. 

Todas as ruas eram feitas de paralelepípedos, as calçadas com lojas de tudo que podia pensar. Havia uma para vender ingredientes para porções, outra para saber o seu futuro, uma terceira de objetos antigos e assim por diante. Não se encontrava automóveis em Odnum, por isso que o ar era tão puro e limpo. Os bruxos eram profundamente ligados com a natureza, poluição não era uma opção. Em cada canto podíamos achar um canteiro florido e fauna, contrastando com as roupas coloridas que as pessoas usavam. 

Todas as casas eram de madeiras para aguentar o frio, a arquitetura variando de uma para outra. Mas havia uma particularidade em comum - a coruja preta em cima do umbral da porta principal. Os antigos acreditavam que o animal afunguentava os espíritos maus.

E as montanhas com picos brancos servia de segundo plano para toda a paleta de cores da copa central, assim como as cachoeiras que refletiam os raios solares. As águias que sobrevoavam no céu não colocavam medo em ninguém, ao contrário, nós pensávamos que os olhos afiados delas eram os olhos dos deuses. A comunidade bruxa não sabia o que era viver sem a autencidade dos seus poderes, então tudo continha uma pitada de magia.  

Resumindo, Odnum era um país coberto por toda a beleza que aquele mundo proporcionava. Um canário retrô com uma pincelada de modernidade. 

- Aquela foi a primeira escola em que estudei - digo para o moreno que parecia uma verdadeira criança descobrindo alguma coisa bastante excepcional. A escola na verdade era um galpão gigante revestido do aço mais fortificado - Ela recebia bruxos só do primeiro grau. 

- E quando você alcançou o segundo? 

- Tive que mudar para outra, mas ela está do outro lado da cidade - falo - Olha! Aqui é que acontece o campeonato de corrida bruxa - aponto para uma arena do tamanho de uma dos humanos. 

- Como é essa corrida? - indaga curioso, encarando-a minimamente, que estava alguns bons metros longe - Você participa? - o pensamento de me ver correndo parece engraçado para ele, se o sorriso na sua boca contasse.

- É bem diferente das que você conhece. Nós corremos pelo o ar e os obstáculos são feitiços que precisamos reverter ou nos proteger dos ataques. Uma vez eu quase fiquei careca quando precisei apagar as chamas que impedia o caminho. 

- Nada perigoso - ironiza - Queria ter visto isso. 

- Com certeza não! Eu passei o maior vexame, tenho trauma até hoje - falo dramático - Além de que o menino que eu gostava estava vendo tudo. Um desastre. 

- Gostava, é? 

- Foi só nisso que você prestou atenção? - reviro os olhos, o empurrando de lado - Sim, gostava. Está no passado, seu ciumento. 

- Eu não estou com ciúmes - se defende. 

- Ah não? - debocho. 

- Aigoo, que tal você voltar a incorporar o meu guia turístico, hu? Preciso conhecer a casa do meu futuro esposo. Será que devo comprar uma aliança de diamante ou... 

- Cala a boca, idiota! - falo alto, arrancando uma gargalhada do general. Bufo, enraivecido com o rosado do meu rosto. 

- O que? Você não imagina nós dois nos casando? 

- N-não é isso - balbucio baixinho, tomando cuidado para não chamar a atenção de quem passava por nós. Eles nos encaravam, mas não se aproximavam - Você sabe que isso é algo impossível, Gguk. Você é um bruxo e eu um príncipe - repito a mesma frase de sempre, eu realmente achava que era um argumento sólido. 

- Não importa, eu podia ser uma fada e você um vampiro, isso não impediria nada, hyung - para quando chegamos em uma praça pequena. Sentamos em um banco, nossos joelhos se esbarrando - Eu ainda iria me apaixonar por você, tae. E futuramente o amaria como merece, com todo o meu ser. Para ser sincero, não é uma tarefa difícil. 

- Jungkook... 

- Não, escute. Eu sei que tenho responsabilidades, mas podemos achar uma saída para tudo se tivermos objetivos. A vida é repleta de possibilidades, só temos que correr atrás. O que eu quero saber é se você está comigo. 

- Eu sempre estarei, amor - sussurro.

- O mundo é cruel, tae. Ele é cheio de armadilhas que ora ou outra vão nos ferir, mas ele também tem um lado bom. E foda-se o que vão falar ou pensar, a nossa felicidade pertence somente a nós. Então o que me diz? Será eu e você contra todos? - sorri pequeno, a mão na minha bochecha. Inclino a cabeça, o peito comprimido. Droga, eu tinha em mente que não seria fácil, mas queria tentar, nem que no final não desse certo. 

Talvez Jungkook se casasse com alguma mulher linda e tivesse filhos, e eu viraria o Grão mago com o coração partido. Ou talvez eu fosse morto pelo o líder dos Vkhuner e o moreno seguisse em frente. O futuro era incerto, porém podíamos molda-lo com as escolhas que fazíamos no presente. 

- Até que o para sempre tenha fim, Jeon. 

- Acho que esse é o nosso lema, não? 

- Sim - rio leve - Gosto de como essa frase soa. 

- Eu também. 

- Então é isso? Vamos nos jogar de cabeça?

- Estava pensando com o corpo todo.

- Hum, isso é muito melhor! - dou uma bitoquinha nos lábios do moreno, não me preocupando se estávamos em público. Em Odnum, eu não precisava me preocupar com esse detalhe. Ali, nossas máscaras podiam cair sem receio. 

Suspiro, ficando com água na boca quando meus olhos param em um carrinho de sorvete, uma senhora empurrando-o. Me coloco em pé rapidamente, o príncipe me olhando confuso. 

- Que foi? Você já tem que ir embora? Ah, eu queria ver mais...

- Não é isso. Sorvete! 

- Ahn? 

- Vamos tomar sorvete, saeng - o levanto, andando até a mulher idosa. 

- Tem sorvete aqui? 

- Por que a surpresa? 

- Eu pensei que não tinha essas coisas aqui. 

- Sério? Nós somos bruxos, não homens das cavernas, general. 

- Ok, não precisa ficar com raiva - fala manso, me fazendo rir. 

- Que sabor você quer? 

- Chocolate com cobertura de morango. 

- Você nunca muda? 

- Não - dá de ombros

- Olá, Ajumma! - sorrio educado. 

- Boa tarde, Taehyung. Como você está? - não me surpreendo por ela saber quem eu era. 

- Estou bem, obrigado por perguntar - me curvo respeitosamente.

- O que vocês vão querer? - abre a tampa do carrinho, mostrando várias vasilhas brancas com os sorvetes. 

- Eu quero duas bolas de morango com calda de chocolate, e duas bolas de chocolate com cobertura de morango para o meu amigo.

- Amigo? - a voz cínica toma a minha atenção, assim como da mais velha, que discretamente ri - Me apresente direito, Taehyung. 

- Eu devo dizer o que? - murmuro entredentes em um sorriso forçado e perdido. 

- Que tal como o seu futuro... 

Me apresso em tampar a boca do Jeon, beliscando o seu braço, ganhando uma mordida fraca na palma. Jungkook ri sapeca, nem um pouco intimidado. Era um petulante mesmo. 

O meu petulante. 

- Ah, o amor jovem é bonito de ser ver, crianças - ele cora, parecendo se ligar na Ajumma. Não controlo a vontade de apertar as bochechas, ouvindo o resmungo alheio - Vocês formam um casal bonito - me entrega a casquinha. 

- Eu sempre falo isso para ele - mentira! 

- Nós não somos um casal - retruco, mostrando a língua infantilmente. 

- Ajumma, ele não está dizendo a verdade - confidência para a vovózinha, que nos observava amorosamente - Mentir é feio, hyung. 

- Amor! - um bico aparece na minha boca quando noto o sorriso convencido. 

Droga, eu tinha me entregado. 

- Aish - tento não amolecer no momento em que a mão dele pousa na lateral do meu quadril, o capuz me impedindo de ver com clareza as facetas do príncipe - Nem vem, seu traíra. 

- Para de fazer birra, bebê - os narizes se encostam em um beijo de esquimó. 

- Aqui, o seu sorvete - ele lambe o chocolate, uma expressão graciosa surgindo na face - Que delícia! 

- Os sorvetes de Odnum são deliciosos, Gguk - comento orgulhoso. 

- Seu amigo é novo por aqui, não? - meu corpo tensiona quando ouço a indagação da senhora, assim como Jungkook aumenta a pegada na minha cintura. 

Pigrreio. 

- Sim - sorrio o mais sincero possível - É a primeira vez dele conhecendo a copa central, ele veio do Oeste. 

- E como estão as coisas por lá, jovem? Ouvi dizer que os Vkhuner andaram atacando as suas fontes. 

Ele busca pelo o meu olhar, sem saber o que dizer. Aceno a cabeça com discrição. 

- Estamos nos recuperando, Ajumma. 

- Que bom. Eles esqueçam que somos filhos da noite, ninguém mexe com a gente. 

- Isso aí, vovó! - arqueio a sobrancelha para o mais novo, porém a outra não parece se preocupar com honorífico. 

- Seu amigo é muito fofo, Taehyung. 

- Não é? - sorrio grande. 

- Tae!

- Agora eu estou indo porque tenho que vender o restante. Aproveitem o passeio, meninos. E que Moanne os guarde. 

- Obrigado, Ajumma! - vejo o carrinho virar a esquina, junto a mulher. 

- Ufa, essa foi por pouco.

- Eu vou te matar! - rosno para o moreno, recebendo um sorriso arteiro de volta. 

- Vem me pegar primeiro. 

- Volta aqui! 




- Como vamos entrar no parque, hyung? 

Jungkook coloca as mãos na cintura, olhando duvidoso para os cinco metros de água que separava o dito com a rua. Não havia uma mísera ponte, pois não era necessário. Os bruxos levitavam sobre o córrego que fazia parte do rio que cercava o sudoeste da copa. Mordo os lábios, tenho uma ótima idéia. E faria logo porque tinha pouca gente por ali. Era dia de semana, o parque não ficava muito lotado. 

- Abrace a lateral do meu corpo com força - digo, sentindo os braços me envolverem - Finja que também está levitando, ok? 

- Você não vai me deixar cair, certo?

- Nunca - prometo, as solas dos sapatos se separando do chão até que eu estivesse no ar. Jungkook arqueja, parecendo estar lutando para não pirar. 

Sem demora atravesso o córrego, pisando novamente em terra firme. Ele suspira aliviado ao meu lado, sem me soltar. E eu não reclamo, começando a caminhar com o mais novo grudado a mim. A sensação tinha sabor de casa e abrigo. Também lhe abraço de lado, passeando por entre os caminhos de terra, as sombras das árvores nos escondendo do sol. A tarde estava agradável, o vento bagunçando os cabelos. Fico em silêncio, só respondendo as perguntas do Jeon, explicando a história do lugar, o qual foi planejado pela as cinco famílias principais à um bom tempo. Tinha vários brinquedos para as crianças, pontos para tirar fotos, gramados para piqueniques, lago para andar de canoa ou dar pão para os patos. 

Jungkook sorria feliz, genuinamente alegre. E isso me deixa satisfeito em níveis altos. Ver ele assim aquecia o meu coração. Talvez poderia trazê-lo mais vezes para Odnum se isso significasse vê-lo como o homem carismático e sorridente que ele era. 

O levo até a fonte que tinha no meio do parque. Era uma piscina circular com azulejos azuis e com pouca profundidade, duas corujas com os bicos abertos, por onde a água saia sem parar. No fundo podia ver várias moedas de ouro e prata, todas jogadas em troca de ter o seu pedido atendido. 

- É uma fonte de desejos - falo, procurando moedas no bolso. E quando encontro, dou uma para o príncipe - Faça um desejo, amor. 

- Você sabe que isso não funciona, certo? 

- Funcionará se acreditarmos. 

Fecho os olhos, não sabendo o que pedir. Então desejo a primeira coisa que vem a minha cabeça. 

Que ninguém que eu amasse se ferisse, nem que isso significasse o meu sacrifício. 

Jogo a moeda na água cristalina, colocando fé na fonte. Me viro para Jungkook, vendo que ele continuava de olhos fechados. Devia ter uma lista de desejos. Sorrio quando olha para mim, o rosto enigmático. Não dissemos o que pedimos porque dava azar, e eu me ocupei em tagarelar, continuando a excursão informal, aceitando todos os beijinhos roubados e os risos meninis. 

- O conselho plantou essas árvores quando Odnum foi atacado pelo os Vkhuner, e a maioria da fauna foi completamente destruída. Mas eles haviam guardado sementes no templo sagrado e por isso que aqui é tão importante para os bruxos... 

- Hyung. 

- Oi? - cesso o falatório, encarando o general. 

- Me diga que eu não estou louco - sussurra, apontando para dois homens que andavam com os braços entrelaçados. Mas não foi isso que prendeu a atenção do mais novo, e sim a elevação que tinha na barriga de um dos bruxos. 

Xingo mentalmente por ter esquecido daquilo. Eu deveria ter preparado o outro para uma visão tão estranha e surreal para um humano. Nossos povos eram tão diferentes. 

- Ele... ele está grávido?! - Jungkook estava em choque. 

- Acho que sim - rio nervosamente - Quer dizer, ou essa barriga pode ser de algodão. 

- Mas... mas... 

- Ei, Gguk, olha para mim - faz o que peço - Seu mundo e Odnum são bastante distintos um do outro. Há coisas que para vocês são loucura, mas para nós é o normal. Voar não é impossível, e homem engravidar também não. Entendeu? 

- Sim.

- Compreendo que é um choque de realidade, mas eu te conheço, sei que você sabe que existe muita coisa além dos nossos conhecimentos. Forças mais poderosas do que a gente. Está vendo essa marca aqui? - levanto a manga da camisa, lhe mostrando a meia lua no meu pulso, rodeada por doze estrelas douradas. 

Ele balança a cabeça em afirmação.

- Uma parcela pequena de bruxos homens a tem. Ela significa vida nova e fertilidade. Os anciãos falam que os deuses nos presenteou com um ventre para que as terras de Odnum se encham e o nosso sangue se perpetue. É uma dádiva, amor. 

- Então quem tem essa marca pode engravidar? 

- Sim.

- Você também...? 

- Posso gerar um criança dentro de mim, Jungkook - abaixo a cabeça, com medo da reação - Acha isso estranho? 

- Tenho que confessar que é meio difícil de digerir - levanto as orbes, hesitante. 

- Você acha que eu sou algum tipo de aberração? - pergunto em tom baixo. 

- Não! Não, claro que não - se apressa em dizer, pegando as minhas mãos, descendo minimamente o capuz para que eu pudesse ver o seu rosto com mais facilidade - Você é perfeito do jeitinho que é, tae. E se você é um homem que pode ter filhotinhos na sua barriga, isso não vai mudar nada o que sinto. 

- Tem certeza? 

- Absoluta, neném - sorri ameno, me trazendo para perto - Já pensou você todo rechonchudo e com essa barriguinha fofa bem grande? - a sua face se ilumina com a possibilidade - Seria a coisa mais linda desse mundo. 

- Gguk! - escondo o rosto no seu peitoral, as palmas espalmadas nas costas dele. 

- Imagina uma menininha com os seus olhos e o sorriso quadrado, e com o cabelo igual ao meu? - suspiro com o pensamento. Céus, tire essa vontade de mim - A nossa princesinha, hyung. Vocês dois seriam a minha vida. 

- Aigoo, você ama me deixar envergonhado - reclamo, ronronando quando os lábios do moreno descansa na minha testa. 

- Amo muito - acaricia o meu rosto - Bruxinho, talvez isso seja o que fará que tudo dê certo. 

- Não vamos falar sobre isso por enquanto, ok? 

Aquela idéia já tinha passado pela a minha mente, mas não era tão simples assim. Somente os cientistas mudanos sabiam disso, a notícia de que um homem podia ter um útero podia não agradar os humanos. Além de que a sociedade ainda era preconceituosa com uma relação homoafetiva. E se juntasse os dois? Pronto, a confusão estava armada. 

- Uma hora teremos que tocar nesse tópico, está bem? 

- Futuramente, Jungkook - me afasto do mais novo - Agora eu quero te mostrar um lugar. 

- O que é? 

- Você vai descobrir. 



Passamos por uma ponte curta e um arco feito de pedra, as paredes resumidas em espinhos e folhas. Entramos no jardim silvestre, totalmente diferente do tradicional. Ali não havia designs ou vasos. As flores nasciam em todo canto, as ervas daninhas enfeitando o chão arenoso. Árvores frutíferas estavam espalhadas pelo o terreno grande, os frutos pendendo dos galhos. O crepúsculo dava um ar mágico no ambiente selvagem, livre das amarras da humanidade. A vida vibrava naquele santuário. 

- Uau! 

- Gostou? 

- Eu amei, hyung. Aqui é tão bonito - sorri. 

- Ninguém vem muito aqui. É afastado demais - balbucio, girando com os braços abertos. 

- Eles não sabem o que estão perdendo. Queria tanto meu material para poder desenhar. Minha mão 'tá coçando. 

- Da próxima vez você trás. 

- Terá uma próxima vez?

- Só se você quiser voltar.

- Eu quero sim, tae! - exclama animado. 

- Mas tem uma condição. 

- Qual? - me olha desconfiado. 

- Você precisa me dar um beijinho. 

- Com prazer, bruxinho. 

Grito quando ele me ergue e faz que as minhas pernas rodeassem a sua cintura. Gargalho, puxando as madeixas escuras enquanto recebia sugadas fracas no pescoço. As bocas se encontram em um ósculo ousado e sedento, os lábios desesperados por mais contato. O beijo era de tirar o fôlego, as mãos inquietas, ora na minha bunda, ora apertando possessivamente o meu quadril. Era Kim Taehyung e Jeon Jungkook.

Encerramos com selinhos estalados, juntando as testas para estabilizar a respiração ofegante. 

- Isso foi intenso - rio, não me importando mais com a face descoberta do príncipe. Estávamos sozinhos. 

- Sempre é - dá uma mordidinha na ponta do meu nariz antes de me soltar. Pego na sua mão, o levando para as profundezas do jardim. Estava escurecendo, e eu precisava logo encerrar o passeio para poder voltar à casa.

Jungkook caminhava ao meu lado, calado. Lhe estava dizendo o significado de cada flor. 

- A rosa azul significa amor eterno e raro, mas é só um mito... Amor

Franzo a testa ao perceber que não estava mais ouvindo os passos do outro. Vasculho o derredor, sem sinal do Jeon. 

- Gguk? - tento de novo, não recebendo respostas. 

Estava em uma trilha rodeada de macieiras, e só tinha um segundo atalho que ele poderia ter entrado. Talvez tivesse decidido brincar de pique-esconde. Porém um mau pressentimento faz eu concluir que não era isso. Subitamente aflito, ando à procura do general, uma energia ruim me desestabilizando por um segundo. 

Não, não, não. 

Angustiado, corro na direção das vozes que vinham detrás das moitas grandes. Eu o encontro. O corpo tremendo levemente, os olhos úmidos e uma expressão assustada. A imagem é como uma facada, me fazendo curvar o corpo. Então noto uma segunda pessoa, vestida com uma capa completamente preta, os ossos saltando do seu rosto magro. Era branco como um fantasma. 

Com uma dor insuportável, entendo que o homem tinha feito um feitiço de paralisação no Jeon e as íris pareciam clamar por socorro. O Vkhuner estava machucando o meu amor. Trinco os dentes, dando três passos para frente, ignorando o latejo nos músculos e a aura maléfica que rondava o bruxo. Instantaneamente, a coruja queima como nunca, a magia pulsando descontroladamente nas veias. Eu desejava mata-lo. 

- Solte-o - a minha voz sai rouca, ameaçadora. 

- Olha se não é Kim Taehyung - ri cínico - O bruxo que carrega a marca dos deuses. Que honra. 

- Eu falei para você solta-lo - me aproximo mais - Agora! 

- Vejo que esse humano é importante para você, não? Que coisa interessante. 

Em seguida um grito estridente escapa da boca pálida do general, arrancando lágrimas frutadas e raivosas de mim. Levanto a mão para atacar o Vkhuner, mas paro quando ele fala. 

- Se fizer isso, irá se arrepender. Esse aqui irá morrer se você ousar em fazer mais um movimento. 

- Você se arrependerá por isso, filho da puta - rosno, e sem aviso lanço um raio no meio do seu peito. Ele cai com um grunhido, se erguendo rapidamente. Aponta o dedo na minha direção, mas em vez disso os estala, e Jungkook vai ao chão em um baque quase surdo. 

- Amor! - grito, correndo até o general, o sacudindo com força - Gguk, ei. Por favor, bebê... - soluço, checando o seu pulso. Respirava. 

- Humanos são tão fracos. 

- Seu fodido do caralho! - me ponho em pé em um rompante, o ódio transbordando por cada poro. Minha cabeça só pensava em destruir o bruxo. O destrui-lo até ver o seu corpo ficar irreconhecível. 

Sou rápido em projetar escudos acima da minha cabeça quando ele começa a atacar com raios potentes. Faço outro escudo para proteger a retaguarda, contra-atacando no mesmo nível, fazendo que raízes saíssem do fundo da terra e agarrassem os tornozelos do outro. Mas isso não é o bastante para o derrubar, e logo meu ombro direito queima com o calor do chacra alheio. Não me importo com a ferida, desviando das pedras que tentavam acertar o meu tronco. 

Eu levito cinco metros acima do chão, seguido do Vkhuner que atacava incessantemente. Formo um redemoinho de ar, o empurrando na direção dele, fazendo que o mesmo voasse para longe, baixando a guarda por milésimos segundos. Aproveito a oportunidade para dá um soco na bochecha ossuda, e espalmo a mão no seu estômago, o eletrocutando com toda a itensidade possível. Sorrio ao ouvir o seu grito agoniado, o jogando novamente à superfície. Agora eu conseguia me defender com destreza dos raios, continuando a feri-lo com lentidão. Era prazeroso ver a sua carranca de dor. 

Ele não deveria ter tocado em quem eu amo. 

Cansado daquilo tudo, dou um fim. Em um último golpe, formo uma bola avermelhada de chacra, o alvo sendo o coração do Vkhuner. Observo-o morrer enquanto cuspia sangue, engasgando com o líquido viscoso. A visão me enoja, e por isso lanço chamas no corpo flácido, o queimando. Daqui à um tempo os únicos vestígios seriam as cinzas. 

Cambaleando, ando até o Jeon, sujando o seu rosto com o sangue do bruxo. Limpo com pressa a sua derme que não merecia entrar em contato com algo tão nojento. 

- B-bebê... - os joelhos fraquejam - Amor... a-acorda... ele já foi... Gguk... - berro, sentindo a queimação familiar se alastrar pelo os meus membros - Não, não pode... AHHH! - soluço com violência. Eu não iria suportar novamente - A-alguém... m-mãe... pai... 

De repente tudo se torna breu. Um breu que não era pacífico como o escuro da noite. 

A quinta trave tinha se aberto. 

 





Notas Finais


Heheh eu falei que as coisas seriam intensas nesse segundo arco.
E aí? Tá bom? Uma bosta? Estou prestes a apagar esse capítulo e fazer outro, socorro.

Encontro vocês na próxima att. E agora vou tentar sempre atualizar nos finais de semana, ok?

P.S. Estou com um plot maravilhosa no papel com taekook como principal também, mas o diferencial é que é no mundo ABO. Vocês leriam?

👀


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