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História Bughead: No Limite Da Atração - Capítulo 21


Escrita por: 6sprousehart

Capítulo 21 - Capítulo 21


BETTY

Quando eu me formasse no colégio, planejava pintar uma placa para a sra. Collins: Terapia é um saco. Rosa e branca com bolinhas, para combinar com as cortinas nas janelas.

- Desculpe por ter de reagendar sua sessão e tirar você da aula de informática. A conferência em Cincinnati foi fabulosa! Você está pronta para o Baile dos Namorados amanhã? Quando eu era adolescente, nossos bailes eram às sextas, e não aos sábados, como os de vocês. - A sra. Collins caçava meu arquivo entre as crescentes pilhas de papéis e pastas sobre sua mesa.

Como ela podia ter perdido essa coisa? Graças a sua fértil capacidade de anotar, meu arquivo de sete centímetros de espessura agora tinha dez.

Ela deixou um arquivo de lado e o nome chamou minha atenção: Jughead Jones.

Fazia uma semana e meia que não nos falávamos. OK, não era totalmente verdade. Na última semana, tínhamos passado trinta segundos antes da aula de cálculo montando nosso último plano de ataque.

Ele planejava interromper minha sessão de terapia para pedir algum tipo de formulário à sra. Collins. Esperava que ela saísse da sala para que eu tivesse acesso aos nossos arquivos. Mas isso não aconteceu.

O Jughead saiu correndo do escritório dela dez minutos antes do fim da sessão dele e não voltou. Eu queria ter conversado com ele na segunda-feira, quando ele, a Toni e o Sweet pra vieram para a segunda sessão de monitoria/conserto do carro, mas ele manteve nossa conversa restrita exclusivamente a cálculo.

Quando terminou de estudar, ele se juntou aos amigos, me deixando fora da trelinha deles de propósito.

Não que eu culpasse o Jughead por me evitar. Eu disse umas coisas bem horríveis para ele na minha garagem. Coisas que eu não tinha ideia de como voltar atrás.

Além disso, como eu poderia começar a explicar por que eu estava com um humor tão péssimo? Mais cedo naquele dia, descobri que a Ashley carregava um menino em sua preciosa barriga. Ela deitou na maca, encarando a tela barulhenta em preto e branco, e disse:

- Ah, Betty. Você vai ter um irmão de novo. - De novo. Como se eu perdido um cachorrinho e ela estivesse criando um novo para mim. Eu não estava interessada em uma substituição.

Então o Jughead foi até a minha casa naquela tarde e me deixou muito feliz com os conhecimentos automobilísticos do Sweet pea. Ele não precisava ter levado o cara nem compartilhado memórias de sua família.

Mais uma vez, ele me mostrou como é um cara incrível, e o que eu fiz? Joguei na cara dele que ele dormia com qualquer garota que se oferecesse. Eu falei que ele não sabia amar porque ele não me disse o que eu queria muito ouvir. Que ele queria mais do que o meu corpo - que ele me queria.

- Sim, estou pronta para o baile - eu disse à sra. Collins, voltando à realidade.

- Fantástico. Ah, aqui está. - Ela abriu meu arquivo e se recompensou com um gole do seu novo vício: Diet Coke. - Eu gostaria de falar sobre a sua mãe hoje.

- O quê? - Ninguém falava sobre a minha mãe.

-Sua mãe. Eu gostaria de falar sobre a sua mãe. Na verdade, tem um exercício que eu gostaria de tentar. Você consegue descrever a sua mãe em cinco palavras ou menos?

Bipolar. Linda. Instável. Talentosa. Irresponsável.

Escolhi a resposta segura.

- Ela adorava mitologia grega.

A sra. Collins se encostou na cadeira, revelando calças jeans e uma camisa social azul.

- Eu penso em biscoitos de chocolate quando penso na minha mãe.

- Tenho certeza que você sabe que a minha mãe não e do tipo que assa biscoitos. - Nem do tipo mãe.

Ela deu uma risadinha. Eu não pretendia que a frase fosse engraçada.

- Ela te ensinou os mitos?

- Ensinou, mas ela se concentrou nas constelações.

- Você está sorrindo. Eu não vejo você fazer isso com muita frequência na minha sala.

Minha mãe. Minha louca, louca mãe.

- Quando ela estava ligada, minha mãe estava ligada. Sabe?

- Não. Por favor, me explique.

Meu pé começou a balançar.

- Ela... humm... não sei.

- O que você quer dizer com sua mãe estar ligada?

Minha boca secou como se eu não bebesse nada havia dias. Eu realmente detestava falar dela.

- Eu percebo agora que meus momentos preferidos com a minha mãe eram nos surtos maníacos. Isso é meio chato, porque agora as únicas memórias boas que tenho estão manchadas. O jeito como ela me fazia sentir muito importante. Ela pintou constelações no teto do quarto com tinta fluorescente. A gente ficava deitada na cama e ela contava as histórias várias vezes. Algumas noites ela me sacudia para me manter acordada.

A sra. Collins batia com a caneta no queixo.

- Constelações, é? Você acha que ainda consegue identificar as estrelas?

Dei de ombros, me ajeitando na cadeira.

Meu pé batia ritmado no chão. Que temperatura ela tinha colocado na sala? Trinta e cinco graus?

- Acho que sim. Faz um tempo que não olho para as estrelas.

- Por que não? - A atitude da sra. Collins mudou de labrador amigável para puro interesse.

O suor descia pela minha nuca. Enrolei o cabelo num coque e fiquei segurando.

- Humm... Não sei. Nuvens? Eu não saio muito à noite.

- Sério? - perguntou ela, indiferente.

A raiva ardeu na minha corrente sanguínea. Desejei que um raio laser saísse dos meus olhos.

- Acho que perdi o interesse.

- Quero te mostrar umas imagens que podem despertar alguma memória. Está bem para você assim, Betty?

Humm... Na verdade não, mas como eu poderia dizer "não"?

Assenti com a cabeça.

- Sua professora de artes me deu essas pinturas que você fez no segundo ano. Posso estar errada, mas acho que são constelações.

A sra. Collins levantou a primeira. Um aluno do primeiro ano do ensino fundamental poderia dizer o nome dela.

- Na mitologia grega, é conhecida como Ursa Menor.

A próxima pintura era familiar para mim, mas talvez não para outras pessoas.

- Aquário.

A terceira me desafiou por um segundo. Minha mente estremeceu naquela área cinza nebulosa que eu detestava. Soltei a resposta antes que o buraco negro a devorasse. Eu estava desorientada pela tontura, que só me permitiu sussurrar:

- Andrômeda.

Meu coração batia forte, e soltei o cabelo para secar o suor que se formava na minha testa. A náusea embrulhava meu estômago e minha garganta. Meu Deus, eu ia vomitar.

- Betty, respire pelo nariz e tente abaixar a cabeça.

Mal ouvi a sra. Collins por causa do zumbido nos meus ouvidos. O buraco negro crescia, ameaçando me engolir. Eu não podia deixar isso acontecer.

- Não. - Ele não podia crescer. O buraco negro já estava grande demais, e isso já tinha acontecido antes. Naquela época, eu quase enlouqueci.

- Não o quê, Betty? - Por que a voz dela parecia tão distante?

Apertei a cabeça com as mãos, como se o movimento pudesse fisicamente me impedir de cair no abismo negro. Uma luz forte atravessou a escuridão e, por uns breves segundos, vi minha mãe.

Ela estava deitada ao meu lado na sala de estar. O cabelo loiro cacheado pendurado por uma presilha dourada. Os olhos arregalados - arregalados demais. Meu coração se acelerou ainda mais. Ela estendeu os braços na minha direção, sussurrando as palavras: "E Perseu salvou Andrômeda da morte. O charles era o nosso Perseu. Estaremos com ele em breve".

Um medo bruto - medo de surtar, de filme de terror, de gente com serra elétrica - lançou adrenalina pelo meu corpo.

- Não! - gritei, mexendo as mãos na minha frente para impedir que ela me tocasse.

- Betty! Abra os olhos! - gritou a sra. Collins, o hálito quente atingindo meu rosto.

Cada centímetro do meu corpo tremia, e tentei me equilibrar, mas a sra. Collins me pegou. Pisquei rápido e sacudi a cabeça. Isso não podia estar acontecendo de novo.

Eu não tinha memória de ter me levantado. Várias das pilhas de arquivos antes empoleiradas na mesa dela agora se aglomeravam no chão. Engoli rápido para aliviar a boca seca e acalmar os nervos.

- Desculpa.

A sra. Collins afastou o cabelo do meu rosto, com uma expressão que era um misto de satisfação e compaixão. Se ela tivesse rabo, o teria abanado.

- Não precisa se desculpar. Você vivenciou uma memória, não foi?

Eu não sei. Foi?

Apertei os braços da sra. Collins.

- Ela estava me contando a história de Andrômeda e Perseu. Ela respirou fundo, acenou com a cabeça e me ajudou a abaixar até o chão, perto dos arquivos derrubados.

- É, ela fez isso.

O calor que tinha me sufocado mais cedo diminuiu, mas foi substituído por frio, arrepios e tremores incontroláveis. A sra. Collins me deu uma Diet Coke fechada antes de voltar à mesa dela.

- Beba. A cafeína vai ajudar. Acho que fizemos o suficiente por hoje. Na verdade, acho que você devia ir para casa. Se quiser, claro. Encarei a garrafa, sem ter certeza se tinha força suficiente para abrir a tampa.

- Por que ela estava me contando histórias? E por que ela disse que nós estaríamos com o charles em breve? Será que ela esqueceu que ele morreu?

A sra. Collins se agachou na minha frente.

- Vamos parar por hoje. Você fez uma grande descoberta e precisa deixar sua mente e suas emoções descansarem.

Betty? - Ela esperou até ter minha atenção total. - Você não enlouqueceu. Inspirei fundo.

Eu não tinha enlouquecido. Eu me lembrei de uma coisa e não enlouqueci. A esperança cresceu dentro de mim. Talvez fosse possível. Talvez eu conseguisse lembrar e continuar inteira.

- Agora, me diga: casa ou escola?

A Diet Coke tremia na minha mão.

- Não tenho certeza se consigo lidar com a escola.

Ela me deu um sorriso suave.

- Tudo bem. Posso ligar para o seu pai e para a Ashley e contar a eles o que aconteceu e que você está indo para casa?

- Claro.

- A propósito - disse ela -, estou orgulhosa de você.

A sra. Collins saiu e fechou a porta. Graças a Deus. A última coisa que eu precisava era que alguém de lá me visse tremendo no chão como uma vara verde, cercada de uma confusão de arquivos. Arquivos. Arquivos!

Vasculhei o chão e em poucos segundos encontrei o do Jughead, mas o meu estava sobre a mesa - aberto.

Estava tudo lá - cada momento, cada segredo, cada resposta.

O Jughead primeiro. Mas meus olhos se voltavam para o meu. A necessidade de preencher o buraco negro me pressionava. Mas o Jughead precisava de coisas pequenas - coisas rápidas: sobrenome, endereço, telefone e... Eu tinha gritado com ele.

Primeiro o dele, depois o meu. Engatinhando, peguei o arquivo dele e rapidamente vasculhei as páginas, buscando qualquer traço dos nomes Jacob e Tyler. Na primeira página, nada. Na segunda página, nada. Terceira, quarta, quinta. Meu Deus, eu estava ficando sem tempo. Sexta página, sétima, oitava. Nona - Tyler e Jacob Hutchins.

Colocados em um lar adotivo pelo estado do Kentucky depois da morte dos pais. Atualmente localizados com Carie e Joe... A porta se abriu com um clique e joguei o arquivo no chão.

- Betty, você esta bem? Eu me sentei sobre os joelhos.

- Eu tentei levantar, mas fiquei meio tonta. - Pisquei três vezes seguidas. Ela se apressou na minha direção, com um tom preocupado.

- Me desculpe. Devo ser a pior terapeuta do planeta. Deixei você aqui sozinha, fraca como um gatinho. Seu pai teria pedido a minha cabeça, tenho certeza. - A sra. Collins me ajudou a levantar. - Vamos até a enfermaria e você fica deitada lá por um tempinho. A cama de lá deve ser mais confortável que o chão.

___________________________________________

- Jughead! - Ele me ignorou na primeira vez em que gritei seu nome.

A enfermeira finalmente tinha me liberado, quando faltavam apenas dez minutos para terminar o almoço. Assim que entrei no refeitório, ele, Seewt pe e a Toni pegaram suas coisas e saíram. Ele pode não ter me ouvido chamar no refeitório, mas eu tinha certeza de que tinha me ouvido no corredor.

Eu mal tinha energia para correr atrás dele enquanto os três iam em direção aos armários no andar inferior. Agarrando o corrimão para me apoiar, eu me arrastei escada abaixo.

- Jughead, favor. Eles continuaram andando, mas ele olhou rapidamente sobre o ombro e parou de repente.

Largou os livros e voltou correndo na minha direção, me segurando quando tropecei ao descer o último degrau.

- O que aconteceu? Você esta péssima.

Gatinho fraco? Eu mais parecia uma água-viva em coma.

Minhas pernas cederam, e o Jughead me ajudou a descer até o chão. Ele sentou ao meu lado, a mão forte alisando meu rosto.

- Você está me deixando apavorado.

- Peterson. Os pais adotivos do Tyler e do Jacob são Carrie e Joe Peterson. Desculpa. A sra. Collins voltou antes que eu conseguisse mais informações. - Encostei o rosto quente na parede de cimento frio. Ah, Isso era tão bom.

- Não precisa pedir desculpa. Eu poderia te beijar agora mesmo. - A julgar pelo olhar naqueles olhos verdes, ele falava sério.

- Não faz isso. Acho que vou vomitar. - Eu adorava o jeito como os lábios dele se curvavam para cima, parte sorriso safado, parte homem misterioso.

- Jughead- gritou o Sweet pea. Ele e a Toni estavam esperando na outra ponta do corredor.

A mão dele caiu do meu rosto e respirei fundo. Não éramos mais amigos. Por que isso magoava meu coração?

- Vai lá. Eu estou bem.

- Já vou. - Os olhos dele não se afastaram de mim. - Então você conseguiu ver seu arquivo?

- Não consegui. Fui ver o seu primeiro.

O Jughead passou a mão sabre o rosto.

- Por quê? Por que você leu o meu primeiro?

- Estava mais perto. - Porque eu precisava fazer isso, por ele. - Além disso, eu tive um flash daquela noite. Não foi muita coisa, mas foi o suficiente para me apavorar. - E dar mais combustível para os pesadelos nas próximas semanas. Quem precisava de mais de três horas de sono por noite? Eu não.

O sinal tocou, encerrando o horário de almoço.

O Jughead se levantou e me ajudou a levantar.

- Vem, vou te levar para a sala. Segurei a mão quente dele só porque eu queria.

- Eu vou pra casa. A minha cabeça está meio fraca. A sra. Collins ligou para a Ashley e avisou que estou indo, e ela provavelmente vai ficar neurótica se eu não aparecer logo. Eu não sabia que ia ter que te perseguir pela extensão de um campo de futebol.

Ele apertou minha mão.

- É. Desculpa. Eu estava... sendo um escroto.

Pelo menos ele admitia. Soltei a mão dele e abri a porta lateral.

- Tudo bem. Me diz na segunda o que eu perdi da aula.



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