História Butterfly - Primeiro amor

Yugeyom

Mais uma vez revivo aqueles sentimentos que me destruíram um dia, sofrimento do qual demorei a me recuperar.  Levou um tempo significante de minha vida, até que eu percebesse que aquelas lágrimas não iam traze-lo de volta, eu não iria despertar a qualquer momento e descobrir que tudo não passara de um sonho ruim.

Sem dúvida essa foi a pior parte de minha vida, o dia em que ele me deixou e saiu sem olhar para trás para ver o quanto havia me machucado.

Eu costumava ver Bambam como meu parceiro de traquinagem, nós sempre pregávamos peças nos outros e corríamos rindo nos divertindo com isso. Bambam morou na ilha Jeju onde moramos até seus dezessete anos.

Claro que com o tempo as brincadeiras infantis começaram a perder a graça, então trocamos essas brincadeiras por videogames, cinema, baladas, etc.

Porém continuávamos feito unha e carne, como irmãos de verdade.

Até aquele dia, aquele momento inesperado que nos fez descobrir que se tratava de algo além de amizade.

Bêbados, gritando pela rua, corríamos desnorteados e tropeçando nas próprias pernas, e quando num momento desses fui ao chão, Bambam me ajudou levantar, e apesar de estarmos rindo, tive uma atitude que nos fez cessar o riso.

Abracei-o e fiquei assim por um tempo de olhos fechados, ele que tinha seus braços em volta de minha cintura, apertou mais o abraço. E como se fosse óbvio que aconteceria nos separamos e nos olhando fixamente, nos beijamos, deixando que as emoções falassem naquele momento.

Não foi fácil no dia seguinte entendermos o que estava acontecendo e por isso ficamos um tempo sem nos falar. Até que um dia me cansei daquela situação e exigi dele alguma resposta sobre sua atitude de se afastar.

- Não precisa se sentir mal por isso Bambam, podemos ignorar e fingir que nada aconteceu. Só não quero que deixe de ser meu amigo.

Disse e suspirei em seguida tentando não chorar, não queria parecer um idiota apaixonado na frente dele, mas sentia que a qualquer momento eu iria desmoronar.

- Eu não quero fingir que nada aconteceu, pelo contrário, eu prefiro que continuemos descobrindo mais sobre nossos sentimentos. Mas ao mesmo tempo tenho medo. – Disse ele com uma expressão sofrida.

- Eu sei, eu também estou com medo, não consigo entender o que está acontecendo comigo, ou melhor, não consigo aceitar.

- Eu me sinto assim também, tenho a sensação de que é algo errado que não deveria estar acontecendo, mas também perco o sono a noite de tanto pensar em como eu quero... te...  te beijar de novo.

E dizendo isso ele respirou fundo como se temesse minha resposta. E minha resposta foi colocar meus braços em volta de seu pescoço e beijá-lo como se ansiasse por isso a muito tempo.

A partir daquele dia passamos a vivenciar sentimentos intensos, momentos cheios de paixão, e muitas experiências inesquecíveis, como no dia em que tivemos nossa primeira noite de amor.

Tudo isso tenho fixo em minha memória, principalmente porque ele foi meu primeiro amor. E agora que estou aqui em sua casa, percebo que não deixei de amá-lo.

Na noite em que Bambam terminou comigo, ele me disse que conversando com seu pai, descobriu que ele desconfiava de nós dois e seu pai o alertara de que não podíamos continuar levando isso adiante, ele não concordava com isso e meu pai certamente quando descobrisse me expulsaria de casa.

Ele me disse que não queria me prejudicar e que apesar de continuar me amando muito, achava melhor que terminássemos nosso relacionamento.

Eu comecei a chorar descontroladamente e dizer que não me importava de ser expulso, que tudo que queria era ficar com ele.

Bambam então baixou os olhos deixando suas lágrimas caírem e disse:

- Nós somos apenas duas crianças estúpidas, como podemos lutar por nosso amor se não somos capazes de viver por nós mesmos?

- Bambam me escute, pare de agir assim, a gente dá um jeito, não importa.

- Não, me escute você. Como vamos arranjar um lugar para morarmos, como conseguiremos comer? Como sobreviveremos diante do olhar de desprezo das pessoas que não nos aceitarem?

- Eu não me importo, a gente planta e cultiva nossa própria comida, construímos nossa casa, só não precisamos abrir mão de nosso amor.

- Por favor, não me odeie por isso, mas eu simplesmente não consigo ir além com tantas coisas contra nós. Não temos chance.

E dizendo isso, ele deu meia volta e saiu andando.

Comecei a gritar chamando por ele, mas ele nunca virou para me olhar.

Estava deitado, tentando processar alguns sentimentos confusos que me perturbavam naquele momento. Pensava em como nos últimos dias eu me sentia vivo novamente por ter encontrado em Tae uma chance de poder ser feliz novamente. Queria muito acreditar e apostar em nós dois, claro que não sou idiota ao ponto de não perceber que ele não tem sentimentos por mim. Eu mesmo sinceramente não sei o que sinto por ele, mas me sinto bem em sua companhia.

A porta do quarto se abriu, e entrou quem eu tanto ansiava ver, porém temia que realmente acontecesse.

Bambam me olhou sério ficando algum tempo sem falar, e depois disse:

- Precisamos conversar.

Eu que olhava fixamente para ele, sem conseguir expressar uma reação respondi.

- Não tem nada para conversarmos, e eu na verdade não tenho interesse em ter nenhuma conversa com você.

- Yugyeom, por que está falando assim comigo, você sabe que eu sofro tanto quanto você com esta situação.

- Ah, não me faça rir, para você foi muito fácil abrir mão de nós dois, como se atreve me dizer que sofre tanto quanto eu? Você não faz idéia do que passei, da sensação de ser rejeitado, dispensado quando estava tão apaixonado.

- Yugyeom, não tenha dúvida de que também vivenciei um inferno, enfrentando depressão e a necessidade de me isolar do mundo, necessidade essa que me fez começar uma faculdade longe, e me enterrar nos estudos, ignorando tudo lá fora.

- Onde você quer chegar me falando essas coisas?

Bambam respirou fundo e então disse:

- Eu quero você de volta, eu já sabia que queria, e no momento que te vi aqui em minha casa, percebi o quanto preciso de você.

- Você demorou muito para perceber isso, e agora é tarde demais, eu já tenho alguém.

- Como assim já tem alguém? Depois tem coragem de dizer que foi fácil para mim desistir de nós? O que dizer de você que já encontrou outra pessoa?

- Por que isso é importante? Você não se preocupou em saber quanto eu fiquei magoado quando me deixou, porque se importa com o tempo que levei para superar?

Bambam se aproximou de mim, que estava sentado na cama, e segurando meu rosto com ambas as mãos disse:

- Diga olhando nos meus olhos que você não me ama mais.

 Balancei a cabeça para que ele me soltasse e ele continuou insistindo.

- Diga Yugyeom, diga que não me ama mais e aí realmente vou desistir de você para sempre.

- Eu não tenho que dizer nada, me larga.

Bambam então me beijou ferozmente, exprimindo paixão e raiva ao mesmo tempo. Não pude me desvencilhar de seu beijo, uma vez que eu também estava absorto no mesmo desejo de beijá-lo.

Ele então se afastou e disse:

- Eu sabia, você quer apenas me ferir dizendo que me esqueceu mas você não esqueceu coisa nenhuma. Inclusive seu corpo não deixa dúvida alguma de que você ainda me deseja.

Disse ele olhando para minha ereção recém formada, fiquei envergonhado e desviei o olhar.

- Eu não vou desistir de nós novamente, não vou descansar enquanto não conquistar sua confiança novamente. Agora vou deixar você pensando sobre esse momento para que possa se preparar para aceitar meu amor de volta.

Bambam saiu sem esperar por minha resposta, me deixando completamente confuso e inseguro, porém com um sorriso nos lábios.

Foi amor em cada detalhe, em cada olhar. Foi amor em cada abraço, em cada beijo, em cada primeira vez juntos.

Foi amor inocente, de criança que a muito se conhece e quer conhecer tudo do outro. Foi descoberta, foi paraíso no meio do caos e foi caos também. Foi amor e foi… embora.

 Foi, talvez, meu único amor até hoje.

Pode ser que amanhã eu dê de cara com o amor da minha vida e descubra que ainda sinto falta, mas do que eu pensava na verdade e sei que nunca vou dizer que não foi amor.