História By Chance - Jikook (em revisão) - Décimo Primeiro - A dor; 2.

Mais dez dias já tinham se passado e finalmente era o dia do enterro da Sra. Park Kang Noon – mãe do Jimin.

O hospital ajudou o Park nesse quesito, como Jimin é meramente “novo”, não tinha conhecimento algum sobre esse tipo de coisa e estava passando por uma fase tremendamente difícil, a funerária do hospital acreditou que ele não fosse conseguir sozinho, estava muito transtornado.

Depois de todas as “burocracias” antes do enterro, tudo ocorreu particularmente bem.

Já com o Jimin, nem tanto.

- Jimin, quer comer algo antes de ir? – Jimin tinha acabado de sair do banho para se arrumar, Jungkook já estava pronto. O enterro ocorrerá pela manhã, então Jimin precisava comer algo antes de sair.

- Não. Não estou com fome. – Soou ríspido, mas Jungkook sabia claramente como o menor estava se sentindo.

- Minie... me escute... – se aproximou do rosado, encostou a palma da mão fria nas bochechas quentinhas, acarinhando a região – você precisa comer alguma coisa antes de ir. Você não comeu direito ontem à noite.

Jimin apreciou o carinho singelo, ultimamente Jungkook estava um tanto carinhoso, não que fosse ruim, até porque o Jimin adora um carinho. Eles ficaram mais íntimos também, Jimin gostava de ficar abraçado ao Jungkook quando ia para a cama dormir, todavia chamava o moreno para dormir juntamente a si. Jungkook parecia gostar também, não ligava quando Jimin vez ou outra beijava sua bochecha, bem pertinho dos lábios.

- Hm? Eu vou fazer algo bem gostoso para você. – O moreno dirigiu-se até a cozinha, deixando o menor se arrumar enquanto pensava no que faria para comerem.

Foi fuçando algumas coisas no armário à procura de algo, até que teve a ideia de fazer panquecas.

Pegou todos os ingredientes e preparou-os apressadamente, talvez poderiam chegar atrasados.

Pouco tempo depois as panquecas já estavam preparadas e expostas em cima da mesa, juntamente com geleias doces e sucos naturais.

- Já está pronto, Minie! Vem comer. – Jungkook chamou-o, sentando-se na cadeira da mesa.

Jimin saiu de seu quarto já pronto, Jungkook tornou o olhar para o menor, que com paços lentos se direcionava até a mesa.

Ele vestia calça jeans preta, um suéter preto com detalhes branco e por cima um sobretudo preto. Calçava sapatos pretos bem engraxados. Por mais que o local que estivessem indo não fosse um dos melhores, Jungkook achou que o rosado estava tremendamente bonito. Sorriu fraco para ele.

Jungkook percebeu que Jimin estava possivelmente chorando, os olhinhos estavam vermelhos e inchadinhos, suas bochechas pareciam estar úmidas. – Suspirou.

Jimin sentou-se na outra cadeira, de frente à Jungkook, passando as mãozinhas sobre as bochechas.

- Coma, meu anjo. Não podemos atrasar. – Jungkook passou uma de suas mãos nas madeixas rosadas do menor, que sorriu fraco com o toque. Ajeitou os fios e logo voltou a fazer o que estava fazendo.

Jimin passou a geleia de morango na panqueca, mordiscou da comida e tomou um gole de suco. Parecia estar empurrando a comida, talvez realmente estivesse sem apetite.

Jungkook percebeu o desconforto do menor, observou que ele mal comia, então disse – Jimin, se realmente não quiser comer, eu guardo as panquecas e comeremos mais tarde, certo? – Disse gentil, terminando sua refeição, enquanto que Jimin mal havia começado a sua.

Jimin assentiu, tomando um gole do suco e abaixando a cabeça em seguida, pensativo.

- Está pensando no que, Minie? – Jungkook interrogou, já começando a tirar as coisas de cima da mesa.

- Eu estou preocupado... está tudo... desmoronando para mim, Jungkook. Eu estou querendo desistir de tudo. – Jimin disse choroso, a voz saía tremida, no entanto conseguiu controlar as lágrimas antes que saíssem subitamente.

Logo depois de terminar de guardar os alimentos, o moreno voltou-se para perto do rosado, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado dele. Viu que os olhinhos do outro já estavam marejados, puxou-o para perto de si, cobrindo o corpinho com seus braços másculos e grandes. Jimin encostou o rosto entre a curvatura do pescoço de Jungkook, fungando.

- Acredite, é só uma fase. Infelizmente não é uma fase das melhores, mas com o tempo passa. Eu espero que você não fique com o pensamento de desistência, você não está sozinho... eu e o Yoongi faremos de tudo por você, pelo seu bem-estar. – Jungkook ditou sutilmente, acariciando os fios rosados, Jimin já começava a chorar... E eles nem estavam no velório ainda. – Quero que você me prometa algo. Que independente de qualquer coisa, se eu estiver longe e você ficar com esse pensamento, me ligue. Eu venho ficar com você.

Jungkook depositou um selinho ao topo da cabeça do menor, logo se levantando.

- Quer tomar um calmante antes de ir? – Jungkook interrogou.

Jimin concordou com um aceno, indo até o armário e pegando a caixa com pílulas de calmante. Jungkook estendeu-lhe um copo de água, o rosado logo tomou uma pílula e suspirou, sentindo-se esgotado.

- Vamos?

Jungkook pegou seu casaco de cima do sofá e dirigiu-se até a porta com Jimin, indo para o carro.

Jimin e Jungkook decidiram passar em uma floricultura antes de ir, Jimin queria levar flores para a sua mãe, então Jungkook apenas o levou.

Chegando na floricultura, Jimin sorriu fracamente para as flores que seus olhos admiravam, ele realmente gostava muito de flores, assim como sua falecida mãe. Foi até um ramo com flores brancas e amarelas, pediu para que a atendente fizesse um buquê com aquelas flores.

A mulher entregou-lhe o buquê, Jimin cheirou as flores perfumadas, lembrando um pouco de sua mãezinha.

Depois que Jungkook pagou pelas flores, eles voltaram para o carro, fazendo o caminho agora para o funeral.

[...]

Eles já estavam a caminho do funeral, não ficava tão longe de onde estavam, entretanto era um caminho longo.

Jimin encontrava-se inquieto, mas um tanto pensativo. Sempre trocava a posição na qual estava sentado, de modo que sua cabeça encostasse no vidro do carro.

Yoongi havia ligado um dia antes avisando que não poderia acompanhar no local, pois sua avó estava com problemas sérios, mas logo afirmou que iria vê-lo assim que pudesse. Jimin ficou entristecido por não ter a presença do amigo, ele lhe dava forças e pensamentos positivos, sua presença sempre o acalmava. Entretanto não se preocupou tanto, pois não estaria sozinho, Jungkook o ajuda tanto quanto Yoongi, então pode confiar na presença do moreno.

Jungkook ligou a rádio do carro para quebrar o silêncio irritante que estava estalado no carro. Jungkook tentou relaxar um pouco mais, procurando ficar confortável diante da situação. A verdade era que Jungkook estava um tanto preocupado com o que aconteceria com Jimin, pois vai ser um choque e tanto para ele, o que só vai dificultar as coisas. Entretanto, ele precisava transparecer calmo e relaxado, pois ele é o único suporte que Jimin terá no momento, não poderia transparecer triste e preocupado.

- Falta muito? – O rosado interrogou, observando a paisagem alheia que se encontrava do lado de fora do carro.

- Não, já estamos chegando. – Jungkook lhe respondeu calmamente.

O tempo não estava um dos melhores. Estava ameaçando chover, o vento que batia por entre as árvores era forte, Jungkook já previu que o dia não será bom. Além de não gostar de cemitérios, não gosta de tempos chuvosos e friorentos, mas estava fazendo tudo isso apenas pelo Jimin.

Minutos depois o carro já se encontrava estacionado no estacionamento do local, Jungkook e Jimin caminhavam agora vagarosamente até o local onde o corpo será velado.

Perceberam que não tinha tantas pessoas, pelo fato de que a família por parte de mãe do Jimin não moravam perto e sim em outra cidade. Jimin reconheceu algumas pessoas que entravam pelo portão de entrada, alguns eram primos e primas próximos, outros eram amigos próximos, mas felizmente não encontrou nenhum parente por parte de pai. Não fazia a mínima questão de vê-los.

Jimin suspirou logo quando passou pelo portão, já a frente podia notar que o caixão com o cadáver de sua mãe já estava exposto, o padre escolhido por Yoongi, que fará uma oração de encerramento, estava apenas esperando todos se juntarem.

Jungkook aproximou-se com Jimin, ficando ao lado dos parentes e amigos próximos.

Jimin não se importou com mais nada, nem prestou atenção no discurso do padre, apenas observou a sua mãe claramente desacordada, as mãos sobre o peito e a roupa escolhida por si que se destacava bem naquele corpo tremendamente pálido. Lembrou do quanto a sua mãe ficava bonita naquelas vestes quando estava viva, sorriu pela lembrança. Sentiu vontade de se ajoelhar diante o caixão, abraçar o corpo gélido da mãe e pedir para que fechassem o caixão apenas com ele dentro, todavia não faria isso.

As últimas palavras do discurso foram ditas pelo padre, Jimin encontrava-se sobre os braços de Jungkook, enquanto chorava intensamente.

Os parentes o observavam com pena, nenhuma pessoa merece perder a mãe assim, ainda mais o Jimin que sempre teve uma vida difícil com relação à família.

Jimin soltou-se do corpo do moreno, foi até o caixão, ficou frente a frente ao corpo pálido de sua mãe enquanto que as lágrimas ainda caíam de forma intensa sobre suas bochechas. Jimin se ajoelhou, encostou na mão gélida do corpo da mulher, aproximou-se um pouco mais e disse – Entender a vontade de Deus, mãe, nem sempre é fácil. Hoje não estou muito feliz, já se passou vinte dias desde que a senhora se foi, mãe – pausou suas falas, controlando a respiração ofegante, tornando sua voz mais calma –, mas eu estou fazendo o possível para levar minha vida sem o meu tesouro mais precioso. Não importa quanto tempo passe, a sua memória continuará sempre viva e resplandecente no meu coração. Minha vida está vazia, mãe... mas não se preocupe, eu vou ficar bem. Deus vai cuidar de você no céu, e espero que você possa cuidar de mim de lá de cima. Eu te amo muito, mãe. – Cessou as palavras que saíram inaudíveis, se afastou do caixão ainda chorando e um tanto trêmulo, observando-o ser fechado.

Os parentes encaminharam-se até a tampa do caixão, colocando ali por cima algumas flores, cartas e fotos. Jimin fez o mesmo, colocando o buquê das flores que tinha, em cima da tampa, afastando-se logo em seguida.

Grande parte das pessoas que estavam ali foram até o Jimin, confortando-o sobre a situação.

- Fique bem, Jimin. Ela está em um lugar melhor agora, estarei rezando por ti. – Uma amiga próxima de sua mãe lhe disse, logo em seguida abraçando-lhe gentilmente, indo embora em seguida.

- Foi a vontade de Deus, querido. Eu agradeço ao Senhor por você estar intacto e com a saúde boa. Me procure quando precisar, você não está sozinho! – Uma outra prima se aproximou e disse as palavras calmamente, conquanto estava chorando.

Mais algumas outras pessoas vieram conversar com o rosado, enquanto que o caixão já estava à sete palmos abaixo da terra.

- O que acha de irmos? – Jungkook interrogou, segurando o menor pelo ombro.

- S-Sim. – Jimin ainda chorava, não mais com tanta intensidade, mas as lágrimas ainda caíam dos seus olhinhos.

O moreno pegou na mãozinha do rosado, direcionando-se para a saída do cemitério, logo indo para o estacionamento.

Os dois adentraram o carro, logo partindo do local. Já estava começando a chover.

Jimin fungava freneticamente, Jungkook já não soube mais o que fazer para acalmá-lo enquanto estavam no carro.

- A agência ligou dizendo que a partir dessa semana você vai começar a receber a pensão devido ao falecimento da Sra. Kang. Eles só estão esperando os papéis assinados serem confirmados. – Jungkook disse calmamente, olhando-o de relance.

Jimin não disse nada, apenas continuou fungando, passando as mãozinhas nos olhinhos inchados de tanto chorar. O rosado suspirou, acalmando a respiração, relaxando-se no banco. Encostou a cabeça no vidro do carro e passou a observar a chuva que caía sobre o asfalto.

- Jimin, me dê a sua mão. – Jungkook disse baixinho, conquanto Jimin não entendeu o que ele queria, mas o fez. Com uma mão no volante, a outra livre agora acariciava a mão pequena do rosado, tentando de alguma forma confortá-lo.

O moreno achou que talvez o ajudasse a ficar calmo, pois lembrou de sua antiga paciente, apenas um carinho sutil nas mãos já a acalmava.

Jungkook tornou a olhá-lo, percebeu que as bochechinhas do outro já estavam rubras, e que um pequeno sorrisinho já se formava nos lábios carnudos – Isso te acalma?

- Eu acho que sim. Mas na verdade, você me deixa calmo... Eu gosto tanto da sensação que você transmite à mim. – Jimin ditou com sinceridade, encarando o moreno que agora prestava atenção na estrada, enquanto dirigia. Jungkook sorriu com as palavras dóceis do rosado, apertou de leve a mãozinha que ainda segurava.

Jungkook não soube o que dizer, sentiu seu coração bater fortemente contra seu peito em uma sensação boa.

[...]

Jungkook deixou o carro na garagem da casa do Jimin, em seguida adentraram a residência. Chegaram às uma e meia, demoraram mais que o previsto.

Jimin retirou o sobretudo e o jogou no sofá, dirigindo-se até o filtro de água – enchendo um copo e bebendo em seguida.

- Jimin, acho que é para você... – Jungkook estendeu o telefone fixo para o menor, todavia o mesmo tocava sem parar, tinha seis chamadas perdidas.

Jimin atendeu a ligação, logo reconhecendo a voz de sua tia, irmã de sua mãe.

- Condolências a sua mãe, e a você querido sobrinho. Saiba que não tivemos condições de viajar para o enterro, mas saiba que todos aqui sentimos falta de vocês, e estaremos aqui para o que precisar, certo?

A voz da mulher era audível, logo Jungkook percebeu que era alguém próximo a família.

- Oh... obrigado, tia. Com certeza a mamãe também sente falta de vocês de lá do céu. Sempre que puder, ligue, tia. Saudades.

Jimin encerrou a ligação depois de alguns minutos, sentou na cadeira da mesa e apoiou a cabeça nos braços em cima da mesa.

- Tudo bem, Minie? Não quer tomar um banho quentinho e descansar um pouco? – Jungkook aproximou-se dele, passando os dedos por entre os fios rosados.

- E-Eu preciso tomar um remédio antes, Jungkookie. Não vou conseguir dormir. – Jimin o encarou com os olhinhos marejados, formando um biquinho adorável nos lábios vermelhinhos.

- Eu vou me deitar com você, tenho certeza que você vai conseguir dormir sem remédio. Você não pode se acostumar com remédios para dormir, isso só faz mal, uh? – O moreno ditou gentil, com um sorriso sereno nos lábios.

Jimin concordou em um aceno, logo levantando-se e indo até o banheiro. Jungkook foi até o quarto e separou uma roupa quentinha para o menor, deixou as vestes em cima da pia do banheiro, já que Jimin tinha deixado a porta encostada.

Arrumou a cama e ligou a TV para assistir algo enquanto o rosado estava no banho.

Minutos depois o rosado saiu do banheiro, preferiu não lavar o cabelo, estava frio demais e estava sem secador. Sentou-se na cama onde Jungkook já estava deitado, colocou o par de meias quentinhas e logo deitou-se junto ao moreno. Jungkook o puxou mais para perto, de modo que seus corpos ficassem próximos e o rosado pudesse deitar a cabeça em seu peito. Direcionou uma de suas mãos para a cabeleira do mesmo, acariciando os fios rosados suavemente. A outra mão desceu para a cintura fininha, segurando fortemente ali, passando a acariciar. Sentiu os pelinhos do Jimin se arrepiarem com o toque, mas não se importou, apenas continuou a carícia gostosa na região. Sentiu a pele macia da cintura fininha, era tão gostoso acariciar ali que apenas continuou os movimentos, subindo e descendo vez ou outra.

Baixou o som da TV para que o menor pudesse dormir mais rápido, aconchegou-se melhor no corpinho cheiroso, apertando-o de leve. Ouviu um ronronado baixinho saindo dos lábios carnudos, parecendo mais um miadinho, após o aperto.

- Jungkook-ah, com esse cafuné eu vou dormir rapidinho. Qual é a mágica? – O menor disse quase que inaudível, ainda com os olhinhos fechados, a voz estava em um timbre sonolento.

- Não tem mágica, meu anjo. – Jungkook ditou minutos depois, observando que o rosado já estava dormindo feito um anjo.

Jungkook não estava com tanto sono, todavia não conseguiu dormir. Virou-se para o menor que dormia pesadamente, soltando ronronados manhosos vez ou outra. O moreno apertou o corpinho leve e cheiroso do rosado, puxou o edredom até o queixo do mesmo, na intenção de deixa-lo ainda mais quentinho. Depositou um beijinho demorado na testa do Jimin, em seguida desligou a TV na tentativa de conseguir dormir. Jungkook aproximou um pouco mais seu corpo ao de Jimin – como se fosse possível –, encostou seu rosto ao do outro, sentindo o cheirinho doce dos fios rosados que estavam caídos de modo desajeitado na testa dele. Sentiu o calor do corpo do menor, isso lhe transmitiu uma sensação boa e estranha. Fechou os olhos e relaxou, sentindo essa sensação lhe corroer, isso lhe ajudou a dormir.

[...]