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História By My Side - ''Não pude esquecê-lo.''


Escrita por: Jinshinwoo

Notas do Autor


É a primeira vez que faço uma LongFic, como já sabem fiz outras duas Oneshot's do KageHina.
Essa fic intercala entre 1 pessoa (Kageyama) e terceira pessoa (eu?), então espero que entendam kkkkk
A fanfic tem um pouco de violência, um drama envolvendo-os constantemente e uma pitada de suspense :)

Na verdade fiquei bem nervosa quando escrevi, porque não parece ser muito os personagens, sabem? Mas a inspiração de escrever essa história veio tão rápida, e já com esses dois personagens prontos para completar. Então não deixei de utilizá-los <3 Provavelmente vocês acharão um tanto estranho o modo como os descrevo, mas é porque queria deixá-los mais ''humanos''. Sério, vão entender quando lerem.
Mas, enfim!
Tenham uma ótima leitura meus amores <3

Capítulo 1 - ''Não pude esquecê-lo.''


Fanfic / Fanfiction By My Side - ''Não pude esquecê-lo.''

As vezes gostaria de saber porque realmente precisamos de surpresas inusitadas em nossas vidas. Sejam elas boas ou ruins. Especialmente as ruins.

E exatamente nesse dia em que meu coração está transtornado, aconteceu uma surpresa ruim. Para mim era ruim, mas para os outros parecia ser de grande alegria.

Hinata beijara aquela pirralha loira na frente de todos, no final de um dos treinos. Transbordando coraçõezinhos invisíveis ridículos e demonstrando que começaram a ter uma relação.

Tudo parecia estar ruindo. Abaixo de meus pés o chão aumentara a gravidade, deixando difícil caminhar e até mesmo respirar. A bola que antes estava sendo segurada firmemente em ambas as minhas mãos, resvalaram entre os dedos e apenas pude escutar o quicar da bola de encontro ao chão.

Todos aqueles sorrisos, todos aqueles toques nas costas de Hinata dando-lhe um apoio, toda aquela brincadeira e todos tão felizes. E principalmente aquele olhar procurando-me para distribuir apenas um sorriso alegre para mim. Tão cínico.

Revirou minha barriga.

Impulsionamente tampei a boca com uma das mãos e com a outra pousei por cima do estômago fragilizado. Senti a ânsia subindo para a garganta. Cerrando os olhos para que pudesse dar uma amenizada, mas parecia que piorava.

—Kageyama-Kun, está se sentindo mal? -perguntou Sugawara, pousando a pequena mão no ombro do moreno.

—Acho que vou vomitar. -disse abafando a boca, tremia um pouco e suava frio.

—AH! -a surpresa ruim lhe proporcionou um grito alarmado. Empurrou as costas do moreno para que ele começasse a andar em direção ao banheiro. -Se segura até chegar ao banheiro!

Aquele murmurinho irritante parou. E todos estavam se virando para onde Sugawara estava, afinal ele acabara de soltar um grito. Hinata que estava com aquele sorriso radiante, no mesmo momento que viu as feições contrariadas do moreno, parecia uma flor murchando. Soltou a mãozinha da Yachi e caminhou apressado até ficar na frente de Kageyama.

Não era possível escutar a sua voz totalmente, era como se fosse um rádio com interferência. Em alguns momentos escutava-se a metade da palavra outra hora não. Formando então, fragmentos que o moreno não soube entender. Sendo assim quem respondeu provavelmente foi Sugawara que ainda o empurrava apressado.

—Cale a boca. - murmurou com a respiração agitada. E mesmo que as palavras saíram de sua boca, o som parecia estar em baixo d'água. Sentiu a tontura lhe atingir também.

Seus olhos abriram-se pesadamente. Ao fitar o ruivinho na sua frente e Yachi logo atrás, não pode mais se conter.

Pensar em surpresas ruins que na verdade eram boas, me tornava uma pessoa extremamente egoísta e tão malvado quando um vilão de um desenho animado. E a última surpresa que presenciei naquele momento, que não era nada boa. Foi o borbulhar do meu estômago, foi a inclinação que eu fiz para a frente, foi o terrível gosto que ultrapassou minha garganta e por fim, foi a gritaria de todos naquele ambiente quando despejei aquele líquido nos pés de Hinata.

 

X

 

Três meses se passaram.

Parecia bastante tempo para a maioria das pessoas, mas para quem está em conflito interno -que não significa que sua barriga está brigando consigo por estar com fome- mas sim, o conflito de sentimentos trancafiados no coração e o consciente da mente, era pouco tempo para virar uma zona.

O moreno soltou um espirro alto desejando que todos os sentimentos saíssem e fossem levados pela brisa fria. O que não aconteceu, é claro.

Não sentiu quando o pequeno trombou em seu braço para chamar atenção. Não notou o quão feliz e radiante ele parecia estar. E não conseguiu cogitar o quanto seus olhinhos brilhavam de empolgação. Porque ele estava tão feliz? Será que era tão insensível a esse ponto?

—Ka~ge~ya~ma-saan! -pronunciou cutucando com o dedo indicador onde ficava a costela do lado direito do moreno por cima das roupas quentes. Sabia que Kageyama não gostava que tocassem ali, pois era uma área sensível.

—Ai! Caramba, qual é o seu problema? -disse irritadiço virando o rosto corado do frio para o pequeno que lhe sorria.

—Opa! Desculpa. Mas é que você ultimamente anda muito distraído. -murmurou colocando as mãozinhas avermelhadas na frente da boca e soprando para que elas ficassem um pouco aquecidas. -As vezes poderia ser mais comunicativo. -riu baixinho.

Houve um breve silêncio. Somente sendo cortado pelo som dos ventos, que estavam cada vez mais gelados. Chicoteando seus rostos descobertos. Kageyama parou repentinamente de caminhar, olhou para o chão e suspirou baixinho. Hinata parou logo atrás do moreno, sendo possível visualizar suas costas e os ombros tensos.

—Kageyama? -chamou puxando a barra do casaco do maior. Assustou-se quando o moreno virou-se rapidamente para o ruivinho, fazendo com que, ele o soltasse. Não teve coragem de encará-lo, portanto fixou-se nos seus sapatos.

—Como você pode ser tão ignorante? -perguntou rispidamente, encarando o topo do cabelo ruivo, onde conseguia ver um redemoinho fofo enrolando-se suavemente ali. -Como pode ser tão... tão, cruel comigo? -questionou-o com a garganta rasgando de seca, forçando a deixá-la limpa para dizer tudo o que deveria dizer naquele momento. Entretanto o pequeno não o olhava, e isso o irritou profundamente. -HEIN?! OLHA PARA MIM! -gritou alto sobressaltando Hinata que voltou-se rapidamente para o par de olhos negros do maior, cheios de mágoa.

—Foi melhor assim. Para você e para mim. -disse firmemente sem desviar os olhos. Viu o moreno erguer as sobrancelhas surpreso.

—Oh. Então fazer aquela palhaçada toda foi o melhor para mim? Quero dizer, esquecer tudo o que tivemos é o melhor para nós? -disse tocando o peito como se as palavras do ruivo lhe fossem facadas precisas no coração. Suspirou alto, olhou para o céu e completou: - FICAR COM AQUELA VAGABUNDA NA MINHA FRENTE, FOI O MELHOR PARA MIM?!

—Não a chame assim! -berrou com a voz embargada. -Eu sei o que eu fiz! Já estou arrependido, ok? Tente entender o que pode acontecer com você!

—Arrependido né? Seu insensível de merda! Ignorante dos nossos sentimentos! Me traindo na minha frente! Acha isso bonito? -indagou aproximando-se do pequeno que não recuou. Ele sabia que devia ouvir tudo, mesmo que no fundo estivesse destruído. -E tente entender você, porcaria! O que eu já enfrentei por gostar de garotos, eu realmente posso fazê-lo de novo. VOCÊ É UM COVARDE!

O pequeno desviou os olhos já com lágrimas brotando, olhou para baixo e sentiu as lágrimas quentes deslizarem nas bochechas geladas. Pressionou os lábios, fungou baixinho. Limpou o rosto com a costas das mãos e por fim encarou-o.

—Me perdoe por tudo. Sou tudo o que você disse. -via os olhos do moreno que ainda o encaravam com raiva. -Mas ainda o amo, mesmo que não acredite.

O moreno não pode escutar, mas conseguiu ler os lábios do pequeno em um simples e sussurrado ''Eu te amo, adeus''. Então Hinata mexeu nas alças da sua mochila desconfortável, virou-se e começou a correr para o lado oposto de onde Kageyama ia.

Quando o moreno pensou em retribuir um ''Adeus''  sua garganta fechou-se e de lá soltou um soluço. Não enxergava mais nada, pois sua visão ficou embaçada pelas lágrimas tristes e magoadas, seu coração estava totalmente partido.

 

    X

 

Alguns anos depois.

Sentado nas escadas, com a cabeça encostada na parede, seus olhos fixos em um ponto ao longe, pensava no rostinho do ruivo rindo alegre. Aqueles olhos grandes e brilhantes que o cativavam tanto. As pequenas e quase imperceptíveis sardas que possuía no nariz e distribuído pelo rosto todo.

—Kageyama-san, por favor vá se aquecer com o restante do time. -disse um homem alto, com olhos marrons escuros e cabelo preto ralo. Tendo um porte físico adequado para sua idade, na casa dos 30 anos.

—Ah, sim, treinador. -dissipou-se dos pensamentos que sentia tanta falta e nostalgia. Mas, tinha aquela pontada de mágoa e culpa rondando-o tão intensamente ainda.

Na verdade após todos os anos que passara, exatamente 6 anos. Estava focado em seu desempenho como atleta profissional, integrado no time do seu país, o Japão. Participando de jogos internacionais, fazendo participações em escolas e em outros times amigos -para palestras e conversar com todos-, e claro, televisões, revistas, etc. Era no momento o primeiro no ranking de melhor levantador do mundo, ganhando até mesmo de Oikawa Tooru. No auge dos 24 anos, conquistara todos seus sonhos.

Mas, simplesmente faltava alguma coisa.

Levantou-se e caminhou logo atrás do seu treinador, um dos que o ajudaram a chegar onde ele estava naquele momento. Passou por um corredor em linha reta que levava diretamente para a quadra. Estava distraído olhando para frente quando de repente vislumbrou um rapaz de estatura mediana, esguiou e que possuía cabelos incrivelmente ruivos.

Seu coração parou.

Talvez fosse uma coincidência, poderia ser outra pessoa. Mas porque seu coração não parava de palpitar? Era como se sentisse a presença de Hinata. Um Hinata mais adulto, mais maduro.

Percebeu suas costas que estavam mais largas conforme seu tamanha atual, sua nuca amostra, pois o cabelo encurtara, a parte de baixo rente, mais curto do que a parte de cima que estava do mesmo jeito que ainda se lembrava. ''Ah merda'' , pensou, sentindo todo o corpo tremer de empolgação. E se realmente fosse ele? O que iria fazer?

Parou de andar, alguns metros de distância dele. Viu-o se acocorar-se e segurar pequenas mãozinhas nas suas que era maiores agora.

—''Uma criança?'' -pensou um pouco confuso. -''Oh...''

Na frente do ruivo estava uma garotinha de cabelos presos em um rabo de cavalo, cabelos incrivelmente loiros e brilhosos. Parecia ter por volta de 2 ou 3 anos de idade. Sua roupa era fofa, parecia uma bonequinha com aquele vestido cor de rosa e a estampa de flores de tons vermelhos.

—Loira... -murmurou baixinho. Franzindo o cenho, olhou para sua mão e contou nos dedos. -Dois ou três anos? Será?

Poderia ser novamente outra coincidência. E queria acreditar que não fosse verdade. Afinal, Hinata ter uma filha com Yachi o deixava tão enjoado e irritado que não queria saber a resposta. Não olhou novamente, pois quando ouviu o ruivo se pronunciar ficou sem fôlego.

—O que foi? Está com dor na barriga de novo? -perguntou em uma voz tão doce e calma que fez o moreno quase perder o equilíbrio. Ele estava com uma voz madura, mais grave e um pouco rouca.

—Papai, pare com essa preocupação. Já falei que estou bem. -bufou a menininha cruzando os braços. Desde quando uma criança pode falar assim?

Espera... Papai?

—Kageyama! Anda logo. -gritou o treinado quase na saída do corredor.

—Sim! -disse saindo do transe, mas sem parar de olhar para a garotinha. Que logo olhou para Kageyama com uma careta de felicidade, abrindo um sorriso faltando alguns dentinhos. O ruivo continuou olhando para a garotinha, parecia que tinha travado, ainda segurava as mãozinhas dela. Mas ela desvencilhou-se de suas mãos e apontou para o moreno.

—Aquele é o Kageyama-san papai? -indagou excitada e ansiosa. Seus pesinhos fazendo movimentos como se ela fosse decolar. Ia para frente e para trás. E isso fez com que o moreno desse um risinho baixo e desanimado.

O tempo parou.

''Percebi o que ainda sentia por ele. Pensei que poderia tê-lo retirado da zona de pessoas que amava. Mas, simplesmente não conseguia. Eu realmente o amava. Mesmo depois da traição, da sua covardia, e depois dos anos com uma despedida ridícula e totalmente destruidora.

Seus olhos se encontraram com os meus, com tanto receio que suas mãos tremiam.

Foi ai que percebi outra coisa. Havia uma corrente entrelaçando nós dois, ligando-nos um no outro. Seus olhos diziam isso.

Os nossos sentimentos ainda não tinham acabado.

Sua boca, com lábios rosados entreabriu-se para se pronunciar, mas de lá nada saiu. Talvez um suspiro, apenas. Seu rosto estava firme e diferente, não diferente de um modo ruim. Ele tinha se tornado adulto, assim como eu. E seus traços maduros -como havia advinha antes- o tornavam tão bonito e másculo. E seus olhos? Ah, nossa. Com aqueles cílios em um tom ruivo, longos e delicados. E seus cabelos, é claro, estava mais curtos do que eu me lembrava, mas só o tornava mais atraente. Esperava poder enxergar suas sardas quase imperceptíveis, mas não pude vê-las. ''

—Oh, eu não sei. Porque não pergunta á ele? -questionou o ruivo sorrindo para a menina que concordou com a cabeça. É claro que ele sabia que era Kageyama, mas queria escutar isso do próprio, para ter certeza.

A menininha loira correu até chegar na frente do moreno. Ela puxou delicadamente a barra do casaco dele, como o ruivo fizera na sua despedida. Então Kageyama acocorou-se na frente dela e ergueu as sobrancelhas com um sorriso gentil, não demonstrando o quanto se sentia culpado por aquela criança ter nascido, era ridículo, não é mesmo? Que culpa ela tinha por tudo isso, que culpa Hinata tinha por querer seguir sua vida sem ao menos olhar para o passado?

—Você é o levantador Kageyama-san? -perguntou num tom tão infantil que agora o moreno lembrava o quão criança ela realmente era.

—Sim, sou eu. -ela deu um pulinho feliz e olhou para Hinata alegre. Ele apenas se ergueu e sorriu de volta, esperando parada no seu lugar. Ela pegou um caderninho de dentro da mochilinha que tinha nas costas e um lápis colorido, ergueu para Kageyama e disse:

—Por favor, o senhor pode assinar? Sou sua fã. -o moreno assentiu e pegou o caderninho, assinou e escreveu outras coisas. Fez algumas perguntas e brincou com a garotinha, fazendo com que ela soltasse risinhos histéricos de felicidade. Ignorando totalmente o fato de seu coração reclamando de angustia.

—Hana-chan, vamos logo. -pediu o ruivo.

—Vou com você até a entrada, eu posso? -ela pediu com os olhinhos castanho-claros brilhantes.

—Claro, venha. -concordou estendendo a mão e ela o pegou com facilidade. Mão pequena e macia, olhou para ela curioso. Uma criança da pessoa que ele mais amava. No entanto, reparou que ela era muito parecida com a Yachi, mas não havia nenhum resquício que se parecia com Hinata. Isso o aliviou um pouco.

Kageyama teve a chance de ver o corpo inteiro do ruivo. Ele estava com um casaco preto, como o do colégio Karasuno que a anos tinham ganhado. No peito estava escrito em uma letra muito bonita: ''Professor''. Usava uma calça de abrigo da mesma cor e um tênis branco com listras pretas. Infelizmente ele não conseguia ver o corpo de Hinata apropriadamente, mas percebeu o quanto ele estava mais forte, musculoso e em forma.

Tão bonito.

Ambos se cumprimentaram formalmente, abaixando a cabeça e se olhando com receio. Com saudade, na parte de Kageyama. E por fim, seguiram o corredor até o final. Minutos que passaram muito rapidamente, um treinador irritado, uma criança feliz, e um recontro com a pessoa que ele ainda amava. Que dia.

Se despediram sem ao menos trocarem uma palavra. A menina acenou e saiu saltitante. Hinata desviou os olhos depressa com certo desconforto. O moreno queria segui-lo, queria abraçá-lo, desculpar-se. Mas simplesmente não conseguiu. Portanto seguiu sua programação de treinos. E descobriu que naquele dia uma escola estava lá assistindo aos treinos. Tinha crianças e adolescentes. E Kageyama podia ouvi-lo falar com eles, dizendo o que cada jogador fazia. Respondendo as perguntas das crianças, e os incessantes questionamentos se realmente era Kageyama que estava na quadra.

O intervalo dos jogadores chegou. E nisso os jovens e professores estavam retirando-se para voltar para a escola. Kageyama percebeu a movimentação e seguiu Hinata, olhando para as arquibancadas, quando ele piscou o ruivo não estava mais no mesmo lugar. E isso o deixou alarmado.

—Preciso encontrá-lo. -resmungou, largando sua garrafa em qualquer lugar e começou a correr.

''Preciso achá-lo. Quero vê-lo de novo. Quero saber sobre aquela criança. Sobre sua vida. Quero amá-lo novamente. Isso é errado ou uma burrice? Eu não sei. ''

Ele correu pelos corredores. Chegou no estacionamento e correu mais um pouco, olhando sempre para todos os lados . Ao se sentir quase sem esperanças, descuidadamente virou para olhar outro corredor e acabou por trombar em alguém menor que ele. Empurrando-o diretamente para o chão, Kageyama caiu de joelhos com as mãos no piso e seus olhos cerrados.

—Ai! -resmungou a pessoa que acabara de derrubar.

''Fiquei sem fôlego. Era ele! ''

Abriu os olhos e lá estava Hinata caído totalmente de lado no piso, com uma mochila e duas lancherinhas caídas do seu lado. Seus olhos fechados e os cotovelos em posição para levantar-se. Kageyama caiu com os joelhos ao lado dos pés dele e as mãos espalmadas uma de cada lado da cintura do ruivo.

—Hinata. -disse num suspiro, recuperando o fôlego.

Então o ruivo abriu os olhos ligeiramente arregalados, assustado. Olhando para os olhos negros do moreno, quase engasgando com a própria fala.

—Kageyama! -falou rápido. Suas bochechas ganhando um tom ruborizado. O moreno notando a situação estranha, levantou-se e estendeu sua mão para ele, que aceitou sem hesitação. Ajudou-o a pegar as lancheirinhas. Sem a intenção -ou talvez um pouco dela- Kageyama tocou nas mãos de Hinata quando o mesmo pegava as lancheirinhas de volta. Sentiu sua pele macia, e o breve susto dele.

—Está com medo de mim? -o moreno perguntou olhando para as mãos ocupadas do pequeno.

—Não! -disse alto, fazendo o moreno prestar total atenção nele. Hinata balançou a cabeça negativamente. -Não estou com medo. Surpreso, estou surpreso por vê-lo aqui. Depois de tanto tempo, achei que não iria mais te ver.

—Por que não? -quis saber. Seu tom de voz estava calmo, mas no fundo estava nervoso.

—Você sabe. -ele deu de ombros. -Agora que é um atleta profissional, nós meros mortais quase não podemos vê-lo. Somente nas Tvs é claro.

—Só por isso? -perguntou erguendo as sobrancelhas em dúvida. Hinata pigarreou tentando limpar a garganta.

—Por tudo que aconteceu também. -ele suspirou, trocando o peso do pé direito para o esquerdo. -Sobre nós dois. Agora que somos adultos, é melhor dizer tudo com sinceridade, não é?

—Sim. -concordou , e por nenhum motivo especifico, notou que Hinata usava um pequeno alargador na orelha direita. Deixando-o com um certo charme. -Me mudei algumas vezes, então não o culpo por achar que não me veria mais.

—Entendo. -ele ficou quieto por um breve momento, ao achar que o pequeno não iria se pronunciar, ele disse subitamente. -É bom te ver de novo. É tão estranho, porque parece que parei no tempo e você cresceu e se tornou um adulto. -riu baixinho, equilibrando as lancherinhas no braço esquerdo. Com a mão direita retirou um cartãozinho de visita simples. Estendeu para o moreno que aceitou sem questionar. -Eu sei que pode ser uma insensibilidade da minha parte novamente, mas será que não poderíamos nos acertar? Pôr tudo em pratos limpos e seguir em frente?

Seguir em frente. Será que ele havia notado que Kageyama de um jeito ou de outro ficou com os sentimentos lá no passado? Se reconciliarem, poderia significar acabar de vez com o relacionamento deles, ou simplesmente tornarem-se amigos novamente? Era egoísta de mais para querer se desvencilhar do sentimento guardado por tempos no coração. E egoísta de mais para querer apenas sua amizade. Afinal, o que sentia era muito mais do que aquilo.

—É claro. -respondeu calmamente. Um sorriso lindo iluminou o rosto de Hinata. Seu coração bateu forte.

—Obrigado. Estou mais aliviado agora. -disse suspirando, tocando o peito com a mão desocupada. -Achei que não iria querer me ver nunca mais, por isso que fiquei tão desconfortável. Achei que iria me bater.

—Não faria uma coisa dessas. -Hinata o olhou com divertimento nos olhos, ergueu a sobrancelhas. -Não faria agora, quando éramos adolescentes você pedia para apanhar. -o ruivo deu uma gargalhada gostosa que fez Kageyama o acompanhar na risada.

Desde quando conseguiam conversar normalmente? Mesmo que o ressentimento não tenha ido embora. Nem mesmo entendia como poderia ficar tão perto dele, sem esquecer que ''possivelmente'' ele tinha uma filha e uma vida que todas as pessoas almejam, ter uma família. Sem esquecer de provavelmente tudo.

—Eu quero conversar corretamente com você, é por isso que queria sim, te ver novamente. Mais do qualquer outra pessoa na minha vida. -o moreno disse, sem esconder o fato que seus sentimentos estavam aflorando.

—Fico feliz. -eles se olharam, sem se desviarem. -Agora eu tenho que ir. Por favor me ligue quando tiver um tempo. Podemos marcar para nos encontrarmos novamente.

—Sim, é claro. -concordou.

Não disseram mais nada. Sorriram tímidos, fizeram um sinal de reverência com a cabeça, então Hinata caminhou para o corredor que dava para o estacionamento. O moreno não desviou os olhos. Parecia um sonho, gostaria de não estar sonhando. Apertou com força o cartão de visita, tanto que amassou-o sem intenção.

Finalmente podia escutar de Hinata a sua explicação. Por sua traição, por que esteve com tanto medo de dizer que era Gay, medo pela segurança do moreno.

 

     X

 

As semanas se passaram rapidamente, sem dar nenhum sossego a Kageyama. Fizera entrevistas na parte da manhã, assim como dava algumas palestras nas escolas e todos os dia, no turno da tarde muito tardiamente da noite dedicava-se ao esporte. Praticando fielmente, exercitando seu corpo, tornando-se melhor todos os dias.

Por um momento sua cabeça inclinou-se para frente, os olhos fechados e os braços cruzados na altura do peito. Ao entrar no sonho completamente sentiu que cairia, assustou-se e olhou para os lados. Bocejou ouvindo em seguida um ronco da barriga. Levantou-se do sofá confortável arrastando-se à cozinha com preguiça. Com as panelas ao fogo encostou-se na bancada olhando atentamente o celular que pousava na sua mão esquerda e o cartão de visita que o ruivo lhe dera.

—E agora? -perguntou-se com um suspiro.

Jantou sozinho. O apartamento que vivia era discreto e simples. Com uma cozinha que juntava-se com a sala, separadas apenas por um balcão, um quarto , um banheiro e uma pequena sacada que dava vista da cidade.

Jogou-se na cama de qualquer jeito e imediatamente adormeceu exausto. Naquela noite quente de verão sonhou com Hinata depois de tanto tempo e não mentiu para si mesmo, tinha ansiedade de poder sonhar com ele novamente e finalmente poder usufruir da sensação.

Tudo estava escuro, um véu negro cobria-se em seus olhos. Sentiu um beijo suave, as mãos lhe tocando a cintura e puxando sua blusa com pressa, o cheiro de shampoo. Um suspiro prazeroso lhe escapou os lábios. Lembrava-se desse dia.

—Hinata. -chamou baixinho, o manto dissipando-se serenamente de seus olhos. No momento em que visualizou o pequeno a sua frente sorriu docilmente.

—O que? -perguntou roucamente tocando nos braços de Kageyama, acariciava as costas das mãos dele e subia com as pontas dos dedos até seus ombros. -Está sorrindo feito um bobo.

—Estou feliz por estar com você. -disse franco. Com o polegar percorreu pelos lábios pequenos e rosados de Hinata. Ele por sua vez lambeu sensualmente o polegar do moreno olhava-o com um olhar lascivo.

Kageyama puxou a blusa do pequeno com a mão desocupada, mas perderam o contato na movimentação que a blusa tinha que fazer ao sair pela cabeça. Entretanto não perderam a sua vontade. Hinata havia se sentado no colo do moreno, notara que encontravam-se sem as calças e o ruivo sem a cueca também. Estava tão apressado.

—Estava com saudades. -explicou beijando e mordendo o pescoço de Kageyama. Ele normalmente era o mais atrapalhado quando se tratava de sexo, estava sempre com muita vergonha e travava na hora. Mas hoje, ele estava diferente, mais a vontade.

—Eu também. -disse trocando de posições, empurrou o ruivo contra a cama pressionando seus corpos. Hinata ofegou, as mãos firmes nos ombros dele.

Olharam-se brevemente, os olhos travessos de dois adolescentes descobrindo a estupefação da relação. Não apenas o sexo presente, mas a pura e inocente paixão incandescente que sentiam um pelo outro. Fazia algum tempo que estavam juntos, no entanto, já haviam transados algumas vezes. Não muitos, afinal Hinata ficava assustado com os convites. Acabou sendo tudo no tempo dele, com calma e paciência. Kageyama não se importava com longos tempos sem fazê-lo, o ruivo o amava, e isso era o primordial para ele.

—Kageyama. -chamou-o fechando os olhinhos âmbar, os lábios fazendo um biquinho fofo e chamativo.

Kageyama o beijou. Um selar de lábios deleitoso, sem movimentos bruscos. Investiu a língua contra a boca já pronta para recebê-lo. Faziam movimentos graciosos, sem pressa alguma. Hinata afagou os fios negros sedosos, perpassou na nuca tocando no osso cervical axis, deslizando os dedos da mão direita na coluna procurando os ossos que se ressaltavam na pele. Amava as curvas que as costas do moreno fazia, tão delicadas e másculas. Passou a mão nas vértebras lombares e por fim apalpou levemente sua bunda firme com as duas mãos percebendo o arrepiar de seu corpo quente.

O moreno friccionou seu corpo ao do pequeno, um roçar com carência de contato de seus membros, que situavam-se despertos. Tentavam respirar entre os lábios ocupados, mas os pulmões reclamavam.

—Tire logo isso. -pediu o ruivo tentando retirar por conta própria, mas falhou na tentativa. Separaram os lábios vermelhos, Kageyama beijou o canto da boca dele e depois beijou-lhe a bochecha corada.

—Ok. -murmurou sentando-se nas próprias pernas, deslizou a cueca pelo osso Ilíaco que se ressaltava no quadril acetinado. Hinata também amava aquela parte de seu corpo, era agradável ao toque, e obviamente descia em uma linha que levava-o á loucuras.

Mas Kageyama parou por um momento. Um choque percorreu sua coluna vertebral, nos ossos. Fez uma careta de dor apertando as mãos no tecido da cueca. O que foi aquilo? , perguntou-se. Fechou os olhos por um momento concentrando-se. Hinata aparentemente não havia notado, pois quando abriu os olhos um tanto embaçados, o pequeno avançara para beijar sua barriga.

Não se recordava de ter sentido dor na coluna quando aconteceu isso realmente. Então porque em seus sonhos sentira aquilo?

—Kageyama. -chamou traçando uma linha imaginária com beijos e a língua entre os gominhos da barriga do moreno, puxou o que restava da cueca deixando o membro ereto livre de incômodos.

—Espera. -pediu baixo, entretanto a voz saíra como em um sussurro, sua língua parecia estar com algodão e a fala não saía corretamente. Suas mãos formigava então quando tentou empurrar Hinata não tinha forças o suficiente.

O formigamento prosseguiu atingindo a coluna no lugar onde a pouco havia levado um choque. Fez outra careta, estava enjoado. O que estaria acontecendo?

Eu gosto de garotos.

Ecoou a sua própria voz ao redor do quarto. Ao se dar conta já estava em cima de Hinata, penetrando-o com volúpia. As pernas dele dobradas de encontro com o peito de Kageyama, gemia alto com o rosto todo vermelho, olhos semicerrados tentando permanecê-los abertos para visualizar o moreno. As mãos agarrando os joelhos e quando podia as coxas do maior.

—Kageyama... -gemeu.

Como em uma interferência de rádio, o som mudou e outra voz tomou lugar do ambiente. Uma voz familiar.

Eu não aceito isso!

Não conseguia parar, sua mente estava assustada, mas seu corpo não o obedecia ao comando. A interferência, como se estive mudando de estações de rádio ficava entre os gemidos de Hinata e a voz a pouco escutada.

Ficou sem ar. Asfixiado e a visão turva. Quando pensou que acordaria ou que passaria a terrível sensação. Aconteceu a pior das cenas, que odiava se lembrar. E seu sonho lhe proporcionou essa desagradável visão.

Similar a uma tv que perdia o sinal, seus olhos ficavam turvos mudando de cores e ficando idêntico ao preto do piche. Voltou a respirar aproximadamente quando conseguiu focalizar a visão em cores corretas.

—Então Kageyama, não está saindo com nenhuma garota? -perguntou um homem de voz grave de meia idade.

—Não. -respondeu roboticamente, estava olhando para seu prato de comida. Levantou a cabeça e os olhos encarou uma versão mais velha dele mesmo, só os olhos que eram de outra cor. Era seu pai.

O sonho lhe levou para o pior pesadelo. Odiava lembrar daquele dia. Tanto que havia esquecido por alguns anos esse acontecimento. Porque se lembrara agora?

—Ora não seja tímido, sabe que pode contar para mim essas coisas. -gargalhou e comeu mais um pouco da sua comida.

Kageyama era novo, com seus 13 anos, quase fazendo os seus 14 anos. Suspirou e largou os hashis no prato, apertou as mãos na bermuda preta e olhou para sua mãe que sentava a sua direita, ela sorrio e balançou a cabeça positivamente, dando coragem a ele. Olhou para seu pai sentado a sua frente com as sobrancelhas erguidas e disse convicto.

—Eu gosto de garotos. -disse coerente. -Estou namorando um garotO e não uma garota.

—O quer dizer com isso? -perguntou confuso largando os hashis e encarando Kageyama sério.

—Que eu tenho atração sexual por homens e não por mulheres. Acho que sempre foi assim. -disse olhando ligeiramente para sua mãe que agora segurava a mão do moreno por baixo da mesa. -Eu amo o garoto com quem eu estou. Enfim, eu sou Gay se é isso que quer saber.

Seus olhos negros nem piscaram. Fitava atentamente a reação de seu pai, afinal sua mãe já tinha noção dos sentimentos dele e levava tudo tranquilamente, apoiando-o fielmente. Em um estalar de dedos seu pai bateu com os punhos na mesa. Fez-se um baque alto que assustou tanto o moreno quando sua mãe que arregalaram os olhos. A versão mais velha de si ergue-se da cadeira quase derrubando toda a comida no chão sem se importar, olhando de cima Kageyama com um ar de desprezo e com olhos de puro nojo.

—Você só pode estar de brincadeira. -rosnou entre os dentes.

—Não estou brincando! -quase gritou, revoltado com a reação de seu próprio pai. -Como se fosse algo para brincar, falo muito sério!

Aconteceu outra interferência alta o suficiente para que Kageyama tampasse os ouvidos. Posteriormente escutou ao longe o estrondo da cadeira de encontro ao chão. Levantou-se e desnorteado derrubando seu copo com água no chão. Apenas no momento em que sentiu seu colarinho sendo agarrado com brutalidade voltou a ouvir nitidamente o ambiente presente.

—Eu não aceito isso! -vociferou- Não aceito que meu filho seja um viado, sabe o que os outros irão falar?!

—Você não tem que aceitar nada! A escolha é minha! -gritou na cara dele segurando firme as mão que quase o estava estrangulando. -Eu não me importo o que os outros irão falar!

—Ora seu pirralho de merda!

A ânsia de vômito voltou com a mesma intensidade que um soco foi-lhe desferido no seu rosto do lado esquerdo. O mais velho empurrou-o sem dó alguma e o moreno caiu para o lado direito de encontro com a mesa. Não teve tempo de colocar as mãos em proteção, a dor na barriga, na cabeça, nas costas o estavam deixando desnorteado demais para alguma reação. Bateu com um estrondo a cabeça na beira da mesa, e logo em seguida de encontro com o chão.

Caído em posição fetal com a mãos na cabeça e no rosto que ardia intensamente. Sentiu o cheiro de sangue que saia pelo nariz e pingava no chão, sentiu também o gosto de aço do sangue em sua boca machucada. Tossiu cuspindo no chão gotas carmins.

Nos momentos seguintes, seus ouvidos ficaram mudos, os olhos escureceram. As dores permaneceram tão densas e horríveis que queria chorar desesperadamente, mas não conseguia, seu corpo não obedecia. Sentiu as mãos de sua mãe tocando-lhe no ombro, talvez gritando, assim como se lembrava.

Por fim, desmaiou.

 

Próximo Capítulo:

—Você não é casado?

—Eu não sou corajoso o suficiente. Não quero ouvi-lo dizendo coisas horríveis de novo. Eu não quero.

—Talvez eu seja o único que pode satisfaze-lo, então?

—Kageyama! Hmm... nngghh! -cantarolou agarrando-se loucamente nos lençóis amassados. -Ai! Que bom! Ahhhn... Kage...

                                Você não pode morrer.

 

 

 

 


Notas Finais


Parece confuso, mas vocês sabem né? Tudo vai se encaixar em breve.
Não se preocupem, vai ter lemon mais elaborado sim \o/ kkkkk ai ai, eu adoro escrever <3
Vamos ter ao total 3 capítulos e 1 Extra/Epílogo.
Aww muitíssimo obrigado a todos que gostaram das outras fics que escrevi <3
Bom, até o próximo capítulo *u*


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