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História Caçada - Uma Noite para Esquecer


Escrita por: Mrscurly

Notas do Autor


Hey, tigers!
Março chegou e com ele um novo capítulo de Caçada!
Confesso que estava mais do que ansiosa para postar esse capítulo, pois eu estou apaixonada por ele, além de ter muitos mistérios que serão desvendados ao longo da fic.
Como sempre, quero agradecer a todos que comentaram e favoritaram, vocês são os melhores!!
Espero que gostem ;)
Boa Leitura

Capítulo 48 - Uma Noite para Esquecer


Fanfic / Fanfiction Caçada - Uma Noite para Esquecer

 “Podemos usar a arma mais poderosa dele para nos favorecer. Usaremos a chantagem para enganá-lo e o fazer pensar que nos entregamos. Se tivermos sorte, podemos ainda conseguir os amuletos na posse de Lokesh. Para isso acontecer, precisamos ir ao baile para demonstrar que nos rendemos; é fato que ele não acreditará nisso, mas aí entra o papel da Mia: ela precisa fingir que mudou de ideia e está pronta para aceitar se juntar à Lokesh, mas é necessário ser convincente ou ele nunca acreditará.

Para isso, Mia precisa se aproximar o máximo possível de Lokesh e deixa-lo acreditar que ela se entregou a ele, portanto tente parecer confiante e não recuse nenhuma aproximação que ele tente fazer. Todos temos que entrar no jogo dele, ou nada disso sairá certo. Quando Lokesh estiver com a atenção todo voltada em Mia, nós entramos em ação.

É necessário que Ren ou Kishan comecem a fazer uma cena, chamem a atenção de todos e causem uma confusão! Essa será a oportunidade que Mia terá para pegar os amuletos...”

O discurso de Kelsey sobre o plano se repetia em minha cabeça como um CD riscado e eu tentava ao máximo focar-me em suas palavras para não acabar empurrando Lokesh para longe, usando as adagas que esquentavam a pele de minhas pernas e consequentemente, acabar com todo o plano.

Mas eu não podia fazer aquilo ainda, não com tudo dando certo até aquele momento. O máximo que eu podia fazer era rezar mentalmente para que Kishan ou qualquer outro chegasse logo para interromper aquela sensação de asco que começava em meus lábios e tomava conta de todo o meu corpo.

Os lábios de Lokesh eram frios e incisivos como uma navalha e pressionavam minha boca de forma rude e ditadora. Seus braços se enrolavam em minha cintura como cobras peçonhentas e o seu aperto era firme, impedindo-me de me mover ou ter qualquer outra reação.

Tive que controlar minhas lágrimas quando a língua de Lokesh se impôs sobre meus lábios, acariciando minha pele em uma forma de me fazer aprofundar o beijo. Por alguns segundos continuei com meus lábios selados, impedindo qualquer movimento de Lokesh e olhei para o lado, procurando por Kishan em meio à multidão.

Eu havia ouvido o rugido do tigre negro e naquele momento ele já deveria estar perto de nós, ou pelo menos, era o que todo o meu corpo gritava para acontecer e aquela tortura finalmente ter um fim.

Pela primeira vez depois do ataque de Lokesh sobre mim, percebi que uma música alta e com batida eletrônica tomou conta do recinto, fazendo muitas pessoas ovacionarem e levantarem suas taças.

Contudo, algo que chamou minha tenção foi o número de mulheres vestindo trajes indianos que tomaram conta da pista de dança. Todas usavam maquiagens fortes e calças brancas bufantes, juntamente com um top e um xale. As dançarinas se moviam ao som da música eletrônica cantada em inglês e com batida indiana.

Era como se um clip de música estivesse acontecendo bem em frente aos meus olhos, enquanto todo o corpo asqueroso de Lokesh se sobrepunha ao meu.

Não encontrei Kishan nem os outros e contra minha vontade, voltei minha atenção para o beijo que fazia meu corpo todo gritar de agonia. Com muita dificuldade, coloquei meus braços ao redor dos ombros de Lokesh e enquanto tentava pensar em qualquer outra coisa, abri meus lábios e permiti que sua língua frívola adentrasse em minha boca, aprofundando aquele beijo que mais parecia minha sentença de morte.

Nada naquele beijo causava-me prazer e tudo o que eu sentia era como se cada célula de meu corpo morresse enquanto Lokesh tomava conta de minha boca de forma bruta e sem nenhum carinho.

A mão do mago voou para minha nuca, impedindo qualquer movimento. Por um instante, tive que impedir um gemido de dor devido aos constantes puxões de cabelo que eu recebia de Lokesh. Todo aquele beijo não passava de um ato violento e bruto, e eu queria correr, mas minhas pernas estavam fracas e não respondiam meus pensamentos gritantes.

Fui empurrada para trás, até minhas costas baterem contra uma parede fria, a qual arrepiou minha pele devido ao contato. Aquele ato foi interpretado por Lokesh como prazer e sua resposta vou descer os lábios frios pelo meu queixo, não antes de morder com força meu lábio inferior inchado.

O gosto de sangue tomou conta de mim e eu me remexi o mínimo possível, enquanto sentia um rastro molhado ser deixado em minha pele até o pescoço, onde Lokesh não me poupou de chupões e mordidas.

Aquilo deixaria marcas e minha vontade era chutar o meio das pernas daquele homem e ataca-lo com unhas e dentes, mas eu estava de mãos atadas e tudo o que eu podia fazer era pensar.

Onde estava Kishan? Onde estavam Ren e Kelsey? Onde estavam Nilima e Kadam? Onde estavam todos?

A língua de cobra de Lokesh fazia caminhos molhados da minha orelha até onde o decote do vestido começava, fazendo com que minhas mãos apertassem o tecido do terno do homem.

Eu estava completamente impotente e a nossa volta a música alta continuava a machucar os ouvidos, enquanto as dançarinas faziam belos movimentos ritmados e causavam um alvoroço entre os convidados.

Minha cabeça doía devido a força com que eu era pressionava contra a parede fria, como se fosse possível abrir um buraco para fugir. A mão desocupada de Lokesh desceu por todo o meu corpo várias vezes, explorando lugares que pertenciam apenas para Kishan, enquanto sua boca voltava a dominar a minha com um prazer feroz.

Eu já não sabia mais se tudo aquilo valia a pena, afinal, meus pensamentos já estavam se tornando insanos e meus corpo não respondia às minhas vontades.

Mas, em um movimento brusco, tudo mudou de forma rápida e demorei alguns segundos até entender o que acontecia em minha volta.

A mão de Lokesh foi de forma incisiva até o rasgo lateral do vestido, tocando minha coxa como se procurasse por algo, até o momento em que seus dedos se fecharam em volta de uma das adagas negas presas no coldre de couro.

Arregalei os olhos e encontrei a face transformada do homem em minha frente. Suas órbitas brilhavam e um sorriso mortal deixava suas feições como o de uma cobra pronta para atacar. A mão que prendia minha nuca agarrou meu pescoço com força, fazendo-me tossir e puxar o ar pela boca.

Ao mesmo instante, um rugido alto tomou conta de todo o recinto e pessoas começaram a gritar e correr para longe da pista de dança. O ar em minha volta parecia mais pesado e era como se me prendesse contra a parede fria, enquanto Lokesh apertava meu pescoço com uma mão e brincava com minha adaga negra na outra.

− Você e seus amiguinhos acharam mesmo que conseguiriam me enganar com um truque tão ruim quando este? – perguntou Lokesh com a voz cheia de escárnio, ao mesmo tempo em que limpava os lábios sujos de batom com a manga do terno.

Eu queria rir em sua cara e cuspir na expressão vitorioso do homem, mas tudo o que pude fazer foi me remexer e buscar uma forma de colocar mais ar em meus pulmões.

Você já está caindo em nosso plano, Lokesh, eu queria dizer naquele momento, mas quando abri a boca, tudo o que sai foi uma tosse seca, a qual foi recebida pelo mago com uma risada maligna.

Novamente um rugido alto tomou conta de meus ouvidos e dessa vez, conseguiu capturar a atenção de Lokesh. A alguns metros de nós, o enorme tigre negro nos encarava com os olhos dourados refletindo ódio e todo o seu corpo majestoso estava em posição de luta, como eu nunca tinha visto.

Era uma imagem completamente selvagem e intensa de se olhar.

Ao lado do tigre negro estavam Kadam e Ren, os quais seguravam armas muito bem escondidas por entre as roupas elegantes e atrás dos homens, Kelsey e Nilima se apoiavam uma na outra, cada uma empunhando uma adaga semelhante as minhas.

− Que comovente – disse Lokesh, cujos olhos começavam a brilhar como os de um gato e eu soube que a mudança do ar em nossa volta era controlada pelo amuleto do mago. – Todos vocês tentando proteger essa criaturinha frágil.

Para enfatizar minhas palavras, Lokesh apertou-me com mais força contra a parede, fazendo com que minha cabeça batesse com força contra o concreto e eu gemi, sentindo algo molhado escorrendo pelo meu couro cabeludo.

Vi quando Kishan tentou correr até nós, mas era como se uma barreira de ar nos separasse e tudo o que o tigre fez foi rugir alto de frustração, mexendo a cauda com impaciência.

− Vocês nunca se cansam de tentarem me enfrentar? – gritou Lokesh, voltando sua atenção mais um vez para mim. – Estou bem decepcionada com você, Amélia. Tão inteligente, mas não entendeu ainda que nunca conseguirão me vencer.

− Solte-a. – A voz de Kelsey sobrepôs todo o barulho dos gritos e correria das pessoas a nossa volta e sua expressão era um misto de desespero e raiva.

Era como se Lokesh sentisse prazer com tudo aquilo, pois ele apenas riu baixinho, passando a ponta da adaga pelo meu rosto, pressionando o metal frio contra minha bochecha até a boca, fazendo com que um filete vermelho marcasse minha pele.

− Pequena Kalika. – Lokesh parecia saborear as palavras antes de voltar-se para onde Kelsey estava, séria e estática. – Vejo que seus amigos ainda não lhe contarem, não é mesmo?

− Cale a boca! – Foi a vez de Ren gritar, apertando o cabo de sua faca como se ela fosse o próprio pescoço de Lokesh.

− Você está disposta a proteger Amélia, mas não desconfia que ela esconde um segredo de você. – A voz do mago era como veludo, entrando pelos ouvidos e mexendo com os pensamentos. – Um segredo sobre seu passado, sobre quem você é.

− Eu sei quem eu sou! – rebateu Kelsey dando um passo para frente, até estar parada ao lado de Kadam. Os punhos estavam fechados e o maxilar estava tenso. – Eu sou Kelsey Hayes e não vou deixar que você me engane.

Não consegui mais controlar meus sentimentos e um rio de lágrimas começou a descer por meu rosto, o sal fez com que o ferimento feito por Lokesh ardesse e eu gemi baixinho, debatendo-me enquanto buscava por ar.

O remorso das palavras de Lokesh fizeram-me desviar os olhos de Kelsey, pois eu sabia que naquele momento, as palavras do mago nunca foram tão verdadeiras.

− Acho que já estou muito cansado dessa brincadeira de gato e rato – disse Lokesh de uma forma entediada, girando a adaga negra entre os dedos como se não passasse de um palito para os dentes.

Em um movimento rápido, Lokesh tomou meu corpo no seu, colando-me de costas para ele e pressionando a adaga fria contra meu pescoço com uma mão enquanto puxava meus cabelos com uma foça descomunal com a outra.

Gemi baixinho, tentando mover braços e pernas, mas era como se o ar em nossa volta me prendesse completamente.

− Eu estava mesmo interessado em você, Amélia – sussurrou Lokesh contra minha orelha, fazendo seu hálito quente me causar enjoo. – Mas depois de tudo, não vejo a hora de ver essa adaga lhe cortar o pescoço.

Ele iria me matar.

Com os olhos embaçados pelo choro consegui ver o tigre negro se jogando contra o escudo invisível que nos separava, mas seus movimentos eram impotentes contra o poder de Lokesh.

− Mia! – A voz de Kishan fez meu peito doer e eu me tentei me libertar do mago quando meus olhos capturaram o corpo do meu príncipe jogado ao chão, esmurrando o ar com força enquanto encarava Lokesh de forma mortal.

− É engraçado como as coisas se repetem não é mesmo, Kishan? – perguntou Lokesh de forma leviana, como se todos ali estivesse em uma simples conversa. – Mais uma vez você terá de assistir alguém que você ama morrer em minhas mãos.

Eu gritei em fúria no momento em que um rugido raivoso saiu do peito de Kishan e ambos os sons se misturaram como um só. Era como se eu sentisse toda a mágoa que acertava o coração do príncipe de olhos dourados.

− Solte-me! – resmunguei enquanto tentava morder  a mão de Lokesh, a qual pressionava a adaga contra meu pescoço. – Solte-me, agora!

A lâmina fria ficou cada vez mais forte contra minha pele e caso em engolisse com um pouco mais de vontade, eu seria cortada. Depois de algum tempo usando as adagas para minha segurança, sabia o quanto elas eram mortais.

− Você não me tem mais serventia, Amélia – rosnou Lokesh contra meu rosto. – Mas a usarei para conseguir o que realmente quero.

Em nossa volta não haviam mais pessoas ou garçons, tudo estava silencioso e imaculado, com algumas taças de vidro jogadas ao chão e sapatos de grife perdidos. Por um segundo me permiti imaginar o que todas aquelas pessoas tinham visto para fugirem tão desesperadas.

− Faremos o que você quiser, apenas deixe Mia – disse Kadam de forma pacífica, colocando as mãos em frente ao corpo como se mostrasse que estava sem ação.

− Por causa disso – disse Lokesh, ignorando completamente senhor Kadam, enquanto passava a língua asquerosa lentamente por onde a adaga havia cortado minha pele, lambendo meu langue e me fazendo gemer de agonia. – Sei que ela não está com amuleto, então, meu pedido é simples: quero os dois amuletos que estão com vocês.

− Não! – gritei em protesto, tentando ao máximo lutar com o ar em minha volta, que me prendia com força. – Não entreguem os amuletos!

Saber que Lokesh era quase invencível com dois amuletos já era algo ruim, agora deixar ele com a posse dos quatro elementos seria a assinatura do final do mundo.

Gritei palavras desconexas quando vi Kishan olhar para Kadam e assentir a cabeça lentamente, para logo em seguida, ver o velho homem retirar o amuleto da água de dentro da camisa social e entregar nas mãos do príncipe de olhos de pirata.

Se eu pudesse me mover, teria corrido até Kishan e lhe estapeado no rosto, mas tudo o que eu podia fazer era gritar, mesmo que minhas palavras fossem inúteis para a determinação que refletia nas órbitas douradas.

Kelsey abriu a pequena bolsa de mão e pude estudar o rosto da garota ficar cada vez mais branco à medida que os segundos passavam. Ela voltou os olhos chocolate para mim em uma fração de minuto e procurou mais uma vez o amuleto na bolsa

− Sumiu – ela sussurrou, jogando todo o conteúdo do acessório para o chão e percebi quando um tubo de gloss e um grampo de cabelos caíram no chão solitários.

− Como assim, Kelsey? – perguntou Ren exasperado, dando passos apressados até a menina, apenas para conferir por si mesmo o vazio dentro da bolsa de mão.

− Você o perdeu? – rugiu Kishan, completamente a ponto de perder a razão. Seus punhos estavam serrados e o peito subia e descia velozmente. Ele parecia muito maior do que realmente era e os músculos estavam todos inchados.

O puxão em meu cabelo se tornou mais forte até Lokesh ter pendido minha cabeça para trás, deixando toda a região de meu pescoço à mostra e pronto para ser cortado pela adaga negra. Tudo dentro de mim gritava para que eu chorasse e gritasse, mas apenas sorri de forma vitoriosa, sabendo que o homem nunca colocaria as mãos no poder dos amuletos.

− Sendo assim – disse Lokesh um tanto entediado, sua postura era teatral e ele roçava a lâmina em minha pele branca de forma provocativa. – Digam adeus à Amélia, pois não terão uma segunda chance.

Antes mesmo de Lokesh terminar suas palavras, o caos mais uma vez tomou conta do recinto e eu tive que obrigar meus olhos a captarem todo os movimentos que aconteciam em nossa volta.

Kishan rugia e gritava, deixando que sua forma humana se misturasse com a animal enquanto chutava e batia contra o escudo de ar invisível. Ren parecia em uma batalha interna sobre o que fazer: pensar em uma solução ou acalmar o irmão completamente perdido.

Kelsey havia caído de joelhos no chão, olhando uma última vez para a bolsa vazia antes de me encarar com lágrimas nos olhos, como um pedido de desculpas. Naquele momento em queria ter ido até a menina de cabelos castanhos e lhe tomado nos braços, mas Kadam chamou minha atenção.

− Nilima, cuidado! – O velho homem gritou, puxando o braço da neta com força no momento em que enormes labaredas de fogo passaram por onde a garota estava segundos antes.

Ofeguei quando as chamas bateram contra o escudo de ar, deixando-o em pedaços a cada nova investida feita pelo fogo. Minha mente trabalhava em uma velocidade absurda e eu não conseguia entender de onde tudo aquilo tinha vindo.

− Como isso é possível? – sibilou Lokesh, ainda segurando-me contra si com um força sobre-humana.

Percebi que seus olhos brilharam mais uma vez e o ar em nossa volta se revoltou, como se tentasse refazer a barreira que as labaredas destruíam, contudo, o poder do fogo parecia muito mais forte que o de Lokesh e aos poucos, o mago foi recuando.

Meus olhos buscavam encontrar a pessoa por trás das paredes de fogo, mas Kishan chamou minha atenção, vindo em nossa direção com Ren ao seu lado, empunhando mais uma vez sua faca longa e mortal.

Kelsey segurava Nilima pelos ombros e percebi que o vestido negro da garota estava aos pedaços, queimado na região da perna e chamuscando pedaços de pele. Kadam olhava para as paredes de fogo e parecia atônito, sem acreditar nos seus olhos o mostravam e desconfiei que ele sabia quem era a pessoa por trás da magia.

− Mia, não! – A voz de Kishan chamou minha atenção para a lâmina negra que começara a cortar a pele de meu pescoço e rapidamente meu corpo entrou em ação.

Senti que o poder de Lokesh já não me prendia mais e em um movimento milimétrico, bati com o cotovelo nas costelas do mago, jogando meu corpo para frente enquanto sentia o golpe certeiro da minha adaga contra algo atrás de mim.

Foi como se minha cabeça perdesse algumas gramas e me senti mais leve. Sem pestanejar, levei a mão até a outra adaga solitária no coldre de minha perna e a empunhei com fúria, voltando-me para Lokesh apenas para descobrir o que ele havia cortado de meu corpo.

Em sua mão um chumaço de cabelo castanho era apertado com força e quando percebi de quem aqueles fios pertenciam, levei minha mão vazia até onde o corte havia sido feito, aparando minhas madeixas e as deixando na altura de meus lábios.

− Mia! Você está bem? – perguntou Kishan, tirando-me do torpor antes de me puxar para seus braços firmes e seguros. O cheiro do perfume amadeirado do príncipe me invadiu e me permitiu não pensar em nada por breves segundos antes de voltar minha atenção mais uma vez para Lokesh.

A expressão do mago era de puro desespero, algo que nunca imaginei ver dele. Seus olhos brilhavam como nunca e ele parecia em uma batalha com as labaredas de fogo, e perdia. A mão que segurava o que antes eram meus cabelos se abriu, deixando os frios caírem lentamente no chão.

− Não é verdade! – ele gritou, lançando minha adaga solitária contra as labaredas, mas o fogo rebateu a arma como um simples inseto e não tardei a tomar a lâmina preta para mim quando ela caiu aos meus pés.

− O que está acontecendo? – perguntou Ren, intercalando seu olhar entre nós e Lokesh, sem saber ao certo o que fazer.

Nem mesmo eu sabia como agir.

Senti gotículas de água se formando em minha testa e quando olhei em volta, tudo estava completamente tomado pelas chamas, as quais avançavam em direção ao mago assustado. Kelsey já içava Nilima pelos ombros, prontas para fugirem com Kadam ao lado.

− Temos que ir! – gritou Kelsey, esperando uma ação de nós três antes de correr para a saída.

− O prédio vai começar a pegar fogo – sussurrou Ren, apontando para o teto que começava a queimar e expor as vigas de sustentação.

Mesmo sem entender o que acontecia, segurei o braço de Kishan e o puxei, contudo, o corpo enorme do tigre não se mexeu um milímetro e percebi que toda sua atenção estava voltada para Lokesh, pronto para atacar.

− Vamos, Kishan – murmurei contra o peito do príncipe para que apenas ele pudesse me ouvir. – Teremos outra chance, eu prometo.

Não podia negar a enorme sensação de vingança que queimava em meu peito e assim como Kishan, tudo o que eu queria era poder acertar minhas adagas em Lokesh da mesma forma como ele faria comigo, mas caso ficássemos mais um segundo naquele lugar, seríamos presos pelo fogo.

Olhei para Lokesh uma única vez, encurralado na parede em que antes eu estava. Seu rosto era um misto de ceticismo e raiva. Nossos olhos se cruzaram uma única vez antes do mago sumir como o ar.

Senti a mão de Ren na minha e fui puxada para fora do salão de baile, levando no braço Kishan, que parecia tão perdido como eu.

Da mesma forma como começou, as labaredas de fogo cessaram e por um milésimo de segundo pude ver a pessoa por trás daquela magia.

O corpo cheio de curvas denunciava ser uma mulher, a qual se vestia toda de negro e se misturava com o ambiente escuro e quente. Calças coladas e jaqueta de couro negro escondiam toda sua pele, juntamente com um longo xale roxo que lhe cobria todo o rosto, menos os olhos.

A mulher misteriosa, vendo que eu a observava, virou o rosto de forma brusca antes que eu sequer pudesse notar a cor de seus olhos, mas expôs um longo cabelo negro e liso, o qual batia em sua cintura.

Meus olhos captaram algo sendo jogado em minha direção e com um reflexo que nunca imaginei ter, segurei em meus dedos o amuleto do fogo perdido, sentindo uma sensação familiar correr meu corpo, curando todos os machucados abertos por Lokesh.

Pelo menos, os físicos.

Queria correr até a mulher e lhe jogar a enxurrada de perguntas que bombardeavam minha mente, mas como Lokesh, ela sumiu de minha vista como o ar.

− Corram! – gritava Kelsey já na entrada de Toophaan, enquanto nós três pulávamos mesas caídas e cadeiras quebradas, além de desviar de focos de fogo que não haviam se apagado.

Olhando uma única vez para trás, pude ver toda a estrutura do salão de baile ruindo ao chão. O que antes era elegante e cheio de luxo, transformou-se em um amontoado de cinzas e destroços.

Soltei a respiração que não percebi estar presa até o momento em que estávamos do lado de fora do prédio, com milhares de pessoas em pânico. As conversas eram altas e desesperadas; caminhões de bombeiros estavam estacionados na frente do prédio em chamas e alguns carros de polícia interditavam a rua.

− Você tem que acreditar em mim! – gritava uma mulher com cobertores sobre os ombros e um vestido de baile todo rasgado. – Um tigre enorme surgiu no meio da festa e era como se ar em nossa volta tivesse tomado vida própria.

O policial que a ouvia olhou para o parceiro de forma cética, revirando os olhos antes de anotar algumas coisas em sua prancheta.

− A senhora sabe que inalar fumaça as vezes pode causar confusão, certo? – perguntou o policial um tanto rude.

− Eu não estou inventando! – rebateu a mulher, chacoalhando o braço em que se encontrava uma enorme pulseira de diamantes.

− Precisamos ir embora antes que mais policiais cheguem – disse Kadam, tirando minha atenção do debate caloroso entre policial e mulher.

Ren havia ido de encontra a Kelsey, tomando o lugar da garota para sustentar o corpo de Nilima, cujo perna queimada a impedia de andar. A menina de olhos chocolate veio em minha direção, tomando-me em um abraço inesperado.

Seu aperto era reconfortante e não demorei muito tempo para retribui-lo. Mais rápido do que começou, Kelsey quebrou nosso abraço apenas para olhar em meus olhos e sorrir.

− Você fica muito bonita de cabelos curtos – ela disse, tocando nas mexas armadas de meu novo corte.

− É o que eu iria dizer agora mesmo – brincou Kishan com um sorriso de lado, mesmo que esse sorriso não estivesse nos olhos.

− É uma pena que tenhamos passado por tudo aquilo sem ao menos conseguir os amuletos – Prosseguiu Kelsey com um ar desolado, ainda brincando com meus fios curtos.

Todos me encararam quando levei as mãos para o decote do vestido, tirando do vale de meus seios um colar de couro, o qual segurava um pingente lascado que passava-me a sensação de segurança e estabilidade.

Pendurado na frente de meu rosto estava um dos amuletos que Lokesh carregava no pescoço, e eu sorri abertamente, a primeira vez que fazia isso desde o começo daquela noite confusa.

O nosso plano não foi um completo desastre, afinal.

Continua...


Notas Finais


Esse foi o capítulo do mês de Março! Espero que todos tenham gostado assim como eu!
Deixem aqui seus comentários sobre o que acharam desse capítulo, além das suas apostas sobre quem é a garota misteriosa.
Vou deixar aqui o doodle que fiz da Mia com o cabelo curto, para vocês verem como eu imagino ela: https://ap.imagensbrasil.org/images/12833321_954894847920813_1462393157_n.jpg
Até o mês que vem!
Xoxo, Gabi G.


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