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História Caçadora de estrelas -- Jotakase - Capitulo 13


Escrita por: ani__

Notas do Autor


hoje é só a perspectiva da Mara ok?

Capítulo 14 - Capitulo 13


17

Mara

O que que eu fiz? Não, essa não sou eu, não pode ser. O que quer que estivesse dentro daquele menino que atendi na escola deve ter me possuído. Saio da casa de João desnorteada, envergonhada e muito ressentida por ter sido rejeitada.

Eu ia mesmo beijá-lo? Não, não ia. Bom, a ideia bem que passou pela minha cabecinha recheada de coisas, mas eu não teria coragem. Será que não? Não sei mais. Não sei de mais nada.

Assim que passo pelo portão de casa, ouço gritos histéricos. Não consigo distinguir muita coisa, então entro com cautela, na pontinha dos pés, como uma boa abelhuda, para ouvir melhor.

— Aquela vaca estava quase beijando o João, mãe. Como você quer que eu fique calma? — Amanda berra. Paro no meio do caminho e continuo escutando atentamente, com um misto de ansiedade e culpa, porque não tenho dúvida de quem é a “vaca” e estou começando a me sentir mal pelo que aconteceu.

— Você não vai falar da minha filha nesse tom, mocinha, não importa o que você viu ou acha que viu — meu pai se intromete, bem rude. Isso aí, pai! Me defende! Não que eu chegue a merecer, mas enfim...

— Calma, Fernando! — Clara pede, em meio ao desespero de não saber de que lado ficar. — Filha, os dois são amigos há muitos anos. Pode ser que o que você viu não seja nada de mais. Por que você não entrou e conversou com eles?

— Eu sei o que eu vi, mãe. Ela ia beijar o João! — Amanda grita mais uma vez, sem paciência. — Aquela que todo mundo mima porque não tem mãe ia beijar o meu namorado!

— Amanda — alerta meu pai.

— Não é verdade? Pois foi isso que o João me disse, que a Mara é assim porque vocês dois sempre a mimaram. Devem se sentir culpados pelos segredos da mãe dela que vocês escondem.

Meus olhos pinicam imediatamente com a maldade impregnada nessas palavras. Não compreendo como o fato de eu não ter mais uma mãe se relaciona com a minha aparente falta de caráter em quase beijar o namorado dela. E que história é essa de segredo?

— Amanda, que fique claro. Este é o meu último aviso para você parar de falar — meu pai adverte, com uma fúria que eu nunca tinha visto antes. Nunca consegui deixá-lo bravo assim, e olha que eu aprontei bastante. O comentário da garota e a reação estranha do meu pai me atingem em uma ferida que nunca cicatrizou, por isso me escoro na porta e espero que a dor diminua antes de entrar e quebrar a cara dela por falar da minha mãe com aquela boca suja.

— Ela tem mãe, Amanda. A mãe dela faleceu; isso não quer dizer que não tenha uma, então não fala assim, pelo amor de Deus! — implora Clara, alarmada.

— A mãe dela se matou, mamãe. Quem sabe, se tivessem contado para a Mara em vez de transformá-la em um bibelô de vidro, a menina não teria todos esses problemas de comportamento.

Não demoro mais que poucos segundos para absolver seus julgamentos infundados. Ela está errada. Minha mãe se afogou. Ela me amava, nos amava demais para tirar a própria vida. Uma sensação latente de desespero e impotência toma conta de mim. Sinto o medo, a saudade e o abandono me cercando e pouco depois me atingindo fundo por todos os lados. São tão fortes que tenho a impressão de que, se esticar as mãos, posso agarrá-los. Quero mais que qualquer coisa ensiná-la a nunca mais falar da minha mãe, fazê-la engolir cada uma de suas palavras e calar sua maldita boca.

— Se a Mara é tão problemática assim, por que você está tão insegura, Alice? Tem medo do João te trocar? — Juliete surge do nada e se intromete na conversa. Ela está me defendendo, tomando minhas dores. Está contra a própria irmã por mim.

— Por que você contou para ela, Maria Clara? — meu pai berra.

Pouco depois escuto algo se quebrar. Não me importa o que seja, porque algo dentro de mim se quebra também. Meu pai nunca eleva a voz. E ele não contradiz Amanda. Pelo contrário, parece preocupado, extremamente decepcionado e muito, muito puto.

— Minha mãe se matou? — Não sei se só pensei na pergunta ou se a fiz em voz alta, mas quando dou por mim já estou no meio da sala, olhando para um vaso despedaçado no chão, sem ao menos ter notado que me movi.

Viro o rosto e encaro meu pai. Sua expressão de agonia e terror dizem tudo.

— Pai...

— Mara... Não, filha... — ele implora, arrasado. Então me dou conta: ele não vai admitir. Posso ver sua batalha interior. O que quer que esteja escondendo de mim está guardado há muito tempo e dói demais para ser libertado.

— Você. — Olho para Amanda com ódio. — O que você sabe sobre a minha mãe?

— Ela quis entrar no mar. É isso o que eu sei. Desculpa por ter escutado... — pede para o meu pai, meio sem jeito. Antes que eu possa questioná-la mais, Clara agarra seu punho e a arrasta para a escada, sem tirar os olhos do meu pai, que se sentou no sofá e cobriu o rosto com as mãos, destruído.

— Sobe! Eu não quero mais ver a sua cara hoje, Amanda — ordena Clara. Mas não a intimida. Amanda sobe apenas alguns degraus antes de virar para me olhar.

— Você não é boa o bastante para ele — decreta, afundando meu coração no peito antes de subir o restante do caminho em disparada. Sinto mãos nos meus ombros e olho para o lado. Juliete limpa meu rosto com carinho com uma das mãos e me envolve fortemente com a outra, e só neste momento me dou conta de que estou chorando. Seguro seu braço, porque realmente preciso me agarrar a alguém ou alguma coisa para não despencar no chão.

— Pai... — imploro, em um choramingo sentido. — Por favor.

— Não consigo, Mara — ele lamenta, levantando o rosto coberto de lágrimas que suas mãos escondiam. — Não consigo, filha — repete, com uma avalanche de dor cobrindo seu olhar.

— Você mentiu para mim todo esse tempo?

Por que estou surpresa?

— Quem sabia?

— Todo mundo sabia, Mara. — Ele pula do sofá e caminha ao meu encontro, mas me afasto dando um passo para trás antes que me alcance.

— Não toque em mim! — murmuro com raiva, vendo suas mãos antes erguidas para me envolver caírem rentes ao corpo. Sei que estou sendo cruel, mas não me importo. Eu tinha o direito de saber algo assim sobre minha própria mãe.

Ignoro sua dor para lidar com a minha. Saio correndo e voo pelas escadas atrás da minha mala ainda feita, sem realmente pensar no que estou fazendo. Eu a abro e jogo dentro dela, de qualquer jeito, o que encontro pela frente. Assim que termino, fecho a mala e saio correndo de casa com ela nas mãos. Meu pai, Clara e Juliete apenas assistem quando saio pelo quintal atrás do meu gato, procurando-o em todos os lugares, sem encontrá-lo. Meu Deus, eu perdi o gato também! Volto arrasada para dentro, e o que vejo termina de me aniquilar.

Olho descrente para uma família que deixou de me incluir há muito tempo e me sinto vazia. Vazia e solitária. Eu me sinto enciumada e triste por meu pai ter a esposa agarrada a uma de suas mãos e uma nova filha agarrada à outra, ambas fazendo carinho nele.

Não há mais espaço para mim aqui.

— Para onde você vai? — meu pai pergunta, desviando os olhos de sua esposa e mirando na mala em minhas mãos e depois em meu rosto coberto de lágrimas.

— Não sei, mas não posso ficar aqui agora. Não sabendo o que eu sei. Eu tinha o direito de saber, pai. Eu passei anos, anos, me culpando pela morte dela — sussurro, mortificada.

Ele se surpreende e se levanta, fazendo menção de vir até mim novamente. E então eu saio correndo de casa com a mala nas mãos. Antes de ir embora, porém, decido olhar para trás. Vejo Clara tentar acalmá-lo e ser empurrada para longe antes que ele suba a escada correndo. Meu peito se comprime. Por mais que eu me culpe por sua dor, não suporto pensar em sua mentira.

Não tenho para onde ir nem dinheiro para ir a lugar algum, então vago sem rumo, com lágrimas vertendo desenfreadamente dos olhos, pensando nela.

Pensando no dia em que a perdi...

Eu estava sentada no chão do meu quarto, penteando distraidamente o cabelo loiro da minha Barbie favorita, que vinha acompanhada do Ken e de um carro cor-de-rosa cheio de glitter. Os dois iam sair para jantar e eu queria que ela ficasse bonita para ele. Mas, antes que Ken viesse buscá-la, alguém bateu à minha porta.

— Princesa? — chamou minha mãe, se encostando no batente.

— Você está chorando, mamãe? — perguntei assim que vi duas lágrimas descerem pelas suas bochechas. Acho que ela nem tinha percebido, e as secou rapidamente e sorriu.

— Claro que não. — Seu sorriso era triste, e ela de imediato soube que não foi o bastante para me convencer. Eu me levantei e fui até ela, abraçando sua cintura com as mãos. Ela me abraçou de volta por um momento, fungou e me soltou, saindo em direção ao seu quarto. Escondeu o rosto para que eu não visse mais as lágrimas, mas eu via. — Por que você não vem comigo? Vamos olhar as estrelas no jardim.

Ela não precisou repetir. A noite estava serena e agradável, com um céu repleto de estrelas cintilantes. Eu me deitei ao lado dela em uma manta no meio do gramado dos fundos e encostei a cabeça em seu ombro. Lembro-me de me sentir feliz e realizada e de pensar que não havia nada no mundo que eu gostasse mais do que estar com a minha mãe.

— Sabe o que elas são, princesa? — perguntou ela, apontando para o céu.

— Estrelas, mamãe — respondi, olhando para cima com fascínio.

— Não, querida. Elas não são só estrelas — me contou, com a voz embargada. — São muito mais que isso. Elas são amor. Puro e simples amor.

— Como assim? — perguntei, curiosa, me virando para olhá-la nos olhos, mas minha mãe não me encarava: só tinha olhos para os minúsculos pontinhos brilhantes acima de nós.

— Eu vou te contar uma história...

“Muito tempo atrás, antes de o amor ser encontrado em qualquer esquina, ofertado de bom grado a qualquer pessoa, e de os casais serem livres para escolherem quem seus corações realmente desejavam, existia um reino.

Um reino comandado por um rei que nunca acreditou nesse sentimento tão belo. Ele se casou muito jovem com uma princesa que seus pais lhe impuseram. Nunca a amou verdadeiramente, nem sequer tentou. Mas dessa relação nasceu um príncipe que ouvia todas as noites antes de dormir, na doce voz da rainha, que o amor era possível, que somente ele era capaz de trazer a felicidade plena e que uma vida sem ele não valia a pena.

Embora a rainha nunca tenha sido amada pelo marido, nem mesmo em seu leito de morte, fez uma coisa importante e memorável pelo jovem príncipe. Algo simples, mas que mudou sua vida: ela lhe deu amor. Ensinou a ele sobre os sentimentos e o valor de cada um deles, e o ensinou a nunca se contentar com menos se pudesse ter mais. Fez o menino, que não passava de uma criança, prometer que lutaria para tê-los.

Foi um erro. Foi uma sentença.

A rainha quis proteger o filho de uma vida infeliz como a que ela mesma viveu, mas infelizmente não levou em conta que o rei jamais pensaria como ela, ou como aquele jovem príncipe cheio de sonhos...

Anos depois, o príncipe Henrique estava quase se tornando adulto. Em pouco tempo teria idade para se casar, e isso o assustava mais que assumir o reino no lugar de seu pai. Na época todos os casamentos ainda eram arranjados, e o rei já estava trabalhando na tarefa de encontrar uma esposa para seu filho. O jovem não era ingênuo; ele lia muitos livros e sabia sobre o amor, mesmo sem nunca tê-lo sentido por outra pessoa além da mãe. Ele se lembrava de cada uma de suas palavras sábias e havia feito delas uma meta de vida, uma busca, um sonho.

Ele queria esse sentimento, queria passar o resto da vida ao lado de uma mulher que pudesse amar e que o amasse também, não com uma estranha que convinha apenas ao rei. Mas a cada dia esse sonho lhe parecia mais improvável e distante de ser realizado.

Certa noite, após mais uma briga com o pai por causa de seus ideais, o príncipe resolveu sair dos muros do castelo para ir pensar na solidão da floresta, longe de olhares e ouvidos. Ele queria paz, um plano, uma solução, um milagre. Foi até os estábulos e selou Tempestade, seu alazão e melhor amigo, o único de quem ele recebia algum tipo de afeto naquela linda masmorra  feita de pedra que era obrigado a chamar de lar. Tudo o que ele tinha de verdade era um belo cavalo, um amigo fiel.

Perdido em pensamentos, o príncipe não prestou atenção por qual caminho seguiu e acabou saindo da trilha na mata que levava à cidade. Ele não se assustou. Sua desolação era tanta que nem ao menos se importou: continuou a cavalgar, olhando, sendo engolido pelas árvores e pela noite, até ser surpreendido por uivos que chegaram aos seus ouvidos.

De trás das árvores saíram três lobos brancos. Em expectativa, olharam para o príncipe, farejaram-no e expuseram os caninos, rosnando guturalmente. O príncipe soube de imediato o que aquela emboscada significava: o fim. Não só para ele, mas para Tempestade também. Não havia tempo para  pensar. Se eles corressem, os lobos não tardariam em alcançá-los. Se ficassem, seriam devorados. A decisão não foi difícil: ela sempre esteve ali, debaixo da pele, dentro do coração. Ele não sacrificaria seu único amigo por medo; não lhe restava muito na vida de qualquer maneira. Se alguém viveria, seria Tempestade. Foi a forma que o príncipe encontrou de lhe agradecer por ter sido o único a ficar do seu lado desde a morte de sua mãe.

O que o príncipe não sabia é que detrás de uma árvore ele era observado por alguém que tinha o poder de salvá-lo, mas que não o faria. Meredith nunca respeitara a realeza; pelo contrário, sempre a abominara. Fora banida para a floresta, com a mãe, quando ainda era criança, acusada de bruxaria pelo rei. Não que ele estivesse errado: sua mãe mesma contara o segredo delas para o rei, na  esperança de que este acreditasse e a deixasse salvar a rainha da morte certa. Ele acreditou, mas não se interessou em salvar a esposa. Em vez disso, o rei as baniu para sempre do reino. Elas foram exiladas e obrigadas a viver na mata, sem recursos e abandonadas.

Ela não salvaria o filho daquele homem.

Ele era o culpado por tudo o que tinha dado errado em sua vida, principalmente a morte prematura da mãe, que nunca aceitou a ideia de ter podido salvar uma alma tão bondosa como a da rainha e não ter agido para de fato fazê-lo. A culpa a devorou, pedaço a pedaço.

Meredith assistia à cena com certo remorso, mas resoluta em sua decisão. Até que o jovem príncipe a surpreendeu pulando do cavalo e correndo em direção aos lobos.

Rapidamente ela entendeu qual era o plano, quando ele mandou que o cavalo fosse embora e este, assustado, obedeceu. Ele deu sua vida pela do animal. Os olhos de Meredith se encheram de lágrimas e, antes que o lobo mais próximo arrancasse a carne do príncipe com a primeira mordida, ela sacudiu a mão e um vendaval envolveu a criatura, rodopiando-a no ar, arremessando-a para longe e fazendo os outros lobos se assustarem e fugirem. Estava feito: ela tinha salvado a vida do homem que mais odiava e não soube de imediato o porquê de tal ato benevolente. Porém, assim que os olhos do príncipe cruzaram com os seus, ela soube que jamais seria a mesma novamente.

Henrique sabia muito bem quem era a moça envolta no capuz negro. Soube assim que olhou para ela. A bruxa. A história para dormir que o rei contava ao filho, para que este nunca saísse do castelo sem permissão e sem escolta. Ele nunca acreditou, até pôr os olhos nela, tão arredia, tão arisca e tão linda...

Meredith levou o príncipe, assustado e ferido por ter caído em cima de uma pilha de galhos espinhentos, para sua cabana na floresta. Ela cuidou dele e o amou. Amou o príncipe como ele jamais fora amado. Como sempre desejou ser. Por incríveis e maravilhosos sete dias. O sentimento chegou à vida dos dois arrombando portas e janelas, sem dar espaço para perguntas, muito menos hesitações. Eles se entregaram àquela emoção sem medo e sem pensar nas consequências. Mas, como acontece em toda linda história de amor, naquela também existia um vilão.

No oitavo dia os guardas do palácio encontraram o príncipe enquanto ele procurava lenha para a fogueira. Ele não ofereceu resistência, pois sabia que, se o fizesse, o rei descobriria sobre Meredith e a puniria. Qual foi sua surpresa ao chegar ao castelo e se deparar com seu casamento marcado. Uma semana foi tempo suficiente para o rei definir a vida do filho, acabar com ela, deixar o rapaz novamente sem esperanças. A noiva chegaria em poucos dias, e não havia nada que Henrique pudesse fazer para que seu pai mudasse de ideia. Ele tentou conversar, pedir, ajoelhar e implorar, mas nada surtiu efeito no coração gelado do rei, que sempre repetia a mesma frase:

— O amor é uma invenção dos fracos para justificar suas falhas. Você não é um fraco, filho.

Sem saída e de coração partido, o príncipe resolveu fugir. Saiu uma noite às escondidas do castelo para ir atrás da mulher amada, que o esperava mais próxima do que ele supunha. Meredith, desesperada, estava prestes a pular os muros do castelo para ver o seu amor. Quando ele lhe contou do seu plano de fuga, não houve dúvida: ela iria para qualquer lugar com ele, por ele. Ficou combinado que os dois se encontrariam ali duas noites mais tarde. Uma antes do tão temido casamento arranjado.

No dia da fuga, tudo estava pronto. O príncipe só não contava que seu pai, o rei, era muito esperto e já tinha notado que o filho, além de ter mudado de comportamento, deixando de ser tão arredio e convicto em suas besteiras, algumas noites atrás havia fugido do castelo. Ele chamou alguns homens e foi atrás do rapaz assim que ele selou o cavalo e saiu pela noite para encontrar sua amada. O rei encontrou o príncipe e Meredith prontos para fugir e levou os dois para o castelo. Ela foi presa na masmorra, e o príncipe foi trancado em seu quarto. No dia seguinte, perto do anoitecer, mandou que o soltassem e o acompanhassem de perto até o jardim do palácio para a cerimônia de casamento.

A bruxa pôde sentir o desespero do homem que amava. Ele chegava em ondas pela janela da masmorra. Tomada por uma fúria brutal, Meredith chamou o vento e com ele derrubou as grades para que pudesse escapar. O príncipe, sem saída, estava parado no altar ao lado de uma moça que ela nunca havia visto. Antes que o enlace estivesse selado, a jovem bruxa apareceu para impedir a cerimônia.

O rei, tomado de fúria, ordenou que a matassem.

— Lance um feitiço sobre mim. Me leve primeiro! — gritou o príncipe. Ele sabia que a amada não sairia viva daquele confronto, mesmo com os poderes que possuía, então decidiu ir antes dela, porque não poderia suportar vê-la ser morta bem na sua frente e viver uma vida sem Meredith.

— Não, meu amado. Eu prometi que jamais jogaria um feitiço sobre você — respondeu a moça, se negando veementemente.

— Eu imploro, meu amor. Não suportaria uma vida sem você!

Antes que ela pudesse responder, um dos homens do rei lhe enfiou a espada na costela, rasgando sua carne e fazendo o sangue jorrar. Ela poderia ter tentado impedi-lo se O rei, tomado de fúria, ordenou que a matassem.

— Lance um feitiço sobre mim. Me leve primeiro! — gritou o príncipe. Ele sabia que a amada não sairia viva daquele confronto, mesmo com os poderes que possuía, então decidiu ir antes dela, porque não poderia suportar vê-la ser morta bem na sua frente e viver uma vida sem Meredith.

— Não, meu amado. Eu prometi que jamais jogaria um feitiço sobre você — respondeu a moça, se negando veementemente.

— Eu imploro, meu amor. Não suportaria uma vida sem você!

Antes que ela pudesse responder, um dos homens do rei lhe enfiou a espada na costela, rasgando sua carne e fazendo o sangue jorrar. Ela poderia ter tentado impedi-lo se tivesse visto que o homem se aproximava, mas tinha olhos apenas para o príncipe.

— Você não terá uma vida sem mim, meu amor. Eu invoco um feitiço, nunca sobre você, mas sobre mim e todas as pessoas que se amam verdadeiramente.

Ela olhou para cima, para um céu escurecido e apagado, e sorriu.

— Assim que o ar fugir por completo de meus pulmões e eu não tiver mais vida, em um ponto cintilante no céu eu me transformarei, e todas as noites você poderá me ver. Bastará olhar para o céu e poderá matar a saudade de mim quando quiser — sussurrou a bruxa antes de fechar os olhos para sempre. — Eu estarei brilhando para você. Será assim com todas as almas que se amam. Nunca ninguém mais precisará partir por completo.

Assim que seu corpo caiu sem vida no gramado, um brilho ofuscou o céu. Depois desse dia, milhares de outras estrelas surgiram, mas aos olhos do príncipe uma brilhava mais, como se fosse reluzente apenas para ele.

Ele foi obrigado a seguir com o casamento, mas nunca chegou a tocar na esposa. Poucos meses depois, foi a vez de o rei partir e o filho assumiu seu lugar. Sua primeira ordem foi de que sua esposa poderia ir embora se quisesse, e ela assim o fez, pois também havia deixado um amor esperando em sua terra natal.

Todas as noites, o príncipe se sentava no jardim e comtemplava o céu e sua Meredith.

A vida do então rei foi longa, mas ele nunca esqueceu a sua estrela. Ele a contemplava todos os dias, até se juntar a ela no céu.”

— Não gostei dessa história, mamãe — choraminguei.

— Ninguém gosta, querida. Mas ela é importante, porque foi assim que surgiram as estrelas — ela disse, afagando meu cabelo. — Essa é a nossa realidade, e hoje eu quero que você me prometa uma coisa.

— O quê, mamãe? — perguntei, ainda me sentindo triste pelo príncipe e sua bruxinha. Lembro como se fosse hoje que eu estava a ponto de chorar por causa de uma historinha. Dali a algumas horas eu teria muitos motivos para isso.

— Prometa que você vai procurar a estrela, Mara — ela pediu, me apertando entre os braços. — Prometa que você jamais vai deixar de procurá-la. Prometa, filha — implorou, com a voz embargada. Achei que ela também tinha ficado triste com a historinha.

— Eu prometo, mamãe.

Ela então sorriu, se sentou e pegou um envelope no bolso do cardigã. Abriu minhas mãos e as juntou, depositando-o entre elas e fechando-as novamente.

— Fique com isso e dê ao papai quando ele chegar em casa. Ele vai saber guardá-lo até a hora certa. — Ela me deu um beijo na testa e outro na bochecha. — Eu te amo, princesa. Nada muda isso. Me desculpe.

— Tudo bem, mamãe. Não precisa me pedir desculpa. — Eu achei que ela estivesse se desculpando por me deixar triste, mas hoje entendo que era muito mais que isso.

Ela estava se desculpando porque...

— Eu já volto. Você fica aqui e me espera — pediu, antes de se levantar e entrar em casa. Ela não voltou e eu não saí do lugar por muito tempo. Horas depois, Spok acordou depois de um pesadelo e começou a chorar no berço. Ele não parava mais, e eu não encontrei nossa mãe em lugar nenhum, então liguei para o papai.

Minha mãe foi encontrada dois dias depois pela equipe de resgate. Seu corpo voltou à praia, foi devolvido para nós. Papai me disse que ela saiu para dar um mergulho e se afogou, que decidiu ir sem me contar para que eu não quisesse ir junto, porque o mar era traiçoeiro à noite. Eu então passei a odiar o mar, mas também a ter medo dele. Desde aquele dia, nunca mais pisei na água. Desde aquele dia, nunca mais vi a minha mãe. Desde aquele dia, não parei por um só minuto de tentar cumprir aquela promessa: encontrar a minha estrela.

Sem ter para onde ir, coloco a mala no chão e me sento, me recostando no muro de uma casa. Ainda não consegui parar de chorar, e é neste momento que a chuva cai, a princípio na forma de minúsculos pingos de água gelada, depois o céu desaba, me encharcando e levando consigo minhas lágrimas enquanto me encolho de frio e dor.

Sozinha.

Eu precisava tanto dele aqui.


Notas Finais


choremos
nunca desejem uma estrela ok?
hj tem mais hehe


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