Susan
Uma semana. Uma semana havia se passado desde que descobri que meu irmão caçava monstros. Queria saber mais sobre isso e pensei em pergunta-lo, mas no dia seguinte ele havia saído numa viajem e apenas deixou um bilhete avisando que iria demorar.
Estava sentada em frente à televisão assistindo um filme de ação e comendo pipoca. Era tarde de sábado e não estava muito afim de sair.
A porta foi aberta e por ela passa meu irmão, analisei bem suas condições e logo encontrei um arranhão em seu braço esquerdo já que usava uma regata. Ele sorriu ao me ver e se aproximou de mim me dando um beijo na testa.
- Como foi a viajem?
- Foi tranquila.
- O que foi fazer? - perguntei sem tirar meus olhos da televisão.
- Eu fui ajudar um amigo com o trabalho dele. Ele mora um pouco longe. - disse risonho. Claro que eu esperava uma mentira de sua parte. - Estou cansado, viu tomar banho e dormir um pouco.
- Hm. Está bem.
- Aconteceu alguma coisa? Está estranha.
- Não, não, não aconteceu nada. - sorri e ele também.
Ouço seus passos se afastando e respiro fundo.
- Não tem nem vergonha de mentir pra mim.
David
Susan estava estranha, pode ter se passado muito tempo desde que nós vimos mas sei quando ela está escondendo algo.
A criatura que enfrentei dessa vez quase conseguiu me matar, parece que elas estão ficando cada vez mais fortes e preciso descobrir o porquê.
Assim que tranquei a porta do quarto, tirei minhas armas de dentro da mochila e caminhei até a parede camuflada, ao lado do guarda roupa, ali ficava uma porta secreta onde guardo algumas armas, as outras ficam em outro lugar secreto da casa. Depois de guardar tudo vou para o banheiro e tomo um longo banho, ao terminar, me visto e me jogo na cama pra descansar mas meu celular começa a tocar.
- Alô? - falo num tom cansado.
- David? Sou eu seu pai. - me sento rapidamente.
- Pai? Onde vocês estão?
- México. Não tenho muito tempo. Quero que venha pra cá daqui a dois dias.
- Mas para que?
- Eu explico quando chegar aqui.
- Tudo bem.
- David... diga a Susan que estamos com saudade. - podia sentir em sua voz que ele ficou triste. Imagino a falta que Esta o sentindo.
Ele desligou e eu respirei fundo. Ótimo, mal chego de um perrengue e já vou pra outro. Afasto essas preocupações da minha mente e tento dormir um pouco.
Dylan
Já era noite e eu estava entediado, escutava música enquanto encarava o teto. De repente um grunhido chama minha atenção, era Lilith que parecia tão entediada quanto eu.
- Lilith, quer dar uma volta? - sorri ladino e ela parecia ter gostado da ideia já que pôs a língua pra fora e sacudiu a cauda. - Vamos. - apenas pus uma jaqueta, meu coturno e sai pela janela para não acordar meus pais. Corri para a floresta. Tudo estava muito calma e pra mim isso era ótimo. - Que tal treinar voce hum? - ela fez um barulhinho estranho e voou em volta de mim.
Apesar de não saber nem mesmo como treinar um cão, não foi tão difícil fazê-la obedecer aos meus comandos. A um tempo descobri que podia falar em uma língua antiga e bem estranha, a língua das criaturas do sobrenatural e foi nessa língua que ensinei formas de ataques para ela. Isso durou por vários minutos, ou talvez uma hora tenha se passado, ela parecia cansada e eu também estava já que treinei também.
- Hora de voltar hum?
- Ou talvez não? - uma voz masculina me fez paralisar no lugar. Não somente pela sua forte energia maligna, mas por saber a quem pertencia aquela voz. - A quanto tempo... Dylan. - virei para ele e não podia acreditar, apesar de estar usando uma máscara preta e um boné, aqueles olhos eram inconfundíveis para mim.
- Não... não pode ser... - Lilith rosnou para ele e o mesmo a encarou e a fez ficar encolhida.
- Você estava a minha procura... por que parece surpreso? - ele se aproximou cada vez mais, não sabia o que dizer. - Você sempre foi um garoto esperto Dylan, te observei por todo esse tempo.
- Por que... por que não voltou já que estava vivo?!
- Não era hora... ainda não é a hora. Você ficou mais forte desde a mordida. - como ele podia saber?
- Como...
- Como sei disso? Ora irmãozinho, já deve ter percebido o que eu sou não é?
- Foi você que me transformou nisso?!
- Vamos dizer que tive participação.
- Como pôde? Eu podia ter matado alguém por não saber controlar!
- Eu sabia que você ia se virar, assim como eu me virei, mas vamos deixar essa conversa de lado. Você está forte mas não o suficiente Dylan, você está longe de se tornar o que eu quero que se torne e isso graças aos seus amiguinhos.
- Do que está falando Josh?
- Você faz parte do meu objetivo mas ainda não está pronto. Deixe-os de lado.
- Só pode estar louco! - ele riu nasalado e me deu uma joelhada no estômago de repente.
- Não pense que sou o mesmo Dylan, sou tão forte que outros demônios temem a minha presença, isso graças aos laços que cortei. Você fará o mesmo garoto, não espere que eu tome a frente do contrário você ver a o sangue dos seus amigos jorrarem.
- Não vai encostar em um dedo deles.
- E quem irá me impedir? Você? Sua força perto da minha é nada. Como é mesmo o nome dela... ah sim, Susan. Qual será o sabor do sangue dela? O que me diz de dividi-la com seu irmão mais velho? - naquele momento eu avancei em sua direção já transformado, acertei ele varias vezes mas no fim fui direto ao chão. - Patético. Uma garota humana é seu ponto fraco e também seu ponto forte. Se desfaça disso Dylan! Pare de se apoiar em uma âncora, pare de fazê-la de gatilho para liberar sua força!
- Se... eu deixar... vou me perder... - falei com dificuldade para respirar.
- Eu não irei deixar você se perder... mas se você insiste em se apoiar em alguém, terei que lhe dar um bom motivo para abandonar tudo. - ele tirou seu pé de cima das minhas costas, quando me levantei não o vi mais. - Te darei um prazo irmãozinho, melhor tomar a decisão certa.
Apenas ouvia a sua voz ecoar pelo local e depois sua presença desapareceu. A vontade de chorar me veio mas me contive. Meu irmão estava diante de mim, completamente diferente, sombrio, e eu não pude nem ao menos abraça-lo. Ouvi o ronronar de Lilith e a mesma cutucou meu braço.
- Vamos pra casa Lilith. - retornei para casa e mal consegui dormir, fiquei olhando para a casa de Susan a noite inteira, por um lado pensando no que fazer e por outro fiquei de guarda com receio de acontecer algo. Não sei o que meu irmão esta planejando mas não me parece algo bom e temo que não terei opção de escolha.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.