Ficar no hotel não estava fazendo bem a Lucy e se ela tinha que pensar em algo precisava sair dali. A jovem garota não costumava permanecer muito tempo trancada em casa isso a deixava sufocada, mas com a surpresa da noite anterior a loira estava proibida de sair sozinha, por isso os três fizeram questão de acompanha-la seja lá onde fosse. Natsu os seguiu por estar entediado.
Os cinco caminhavam perto do Porto de barcos onde haviam restaurantes, pescadores e a praia para ser admirada. Sentaram-se próximos a uma feira, parando para comer e reorganizar os pensamentos.
- Seu pedido. - disse a garçonete entregando para Erza um bolo de morango.
- Obrigada. - a ruiva agradece, feliz ao enfim comer o doce.
- Bem, agora que todos já tem o que querem podemos começar nossa conversa. - Gray fala e todos concordam. - Pode começar Lucy.
- Andei pensando e precisamos de uma planta do prédio, quero saber como vai ser a estrutura para podermos invadir. - Lucy diz pensativa.
- Posso tentar tirar algumas fotos com uma lacrima. O que acha Luxy?
- Perfeito. - a loira sorri, passando a mão na cabeça do gato. Happy também estava se esforçando para ajudar. - Agora a data... esse é o mais difícil.
- Os soldados não divulgam essas coisas. - Gray diz, cruzando os braços.
- Acho que posso resolver esse detalhe. - Natsu, que até então estava calado, se pronunciou deixando os outros surpresos.
- Como? - a loira pergunta revirando os olhos, com certeza já esperando alguma gracinha vindo da parte dele.
- Interrogando algum idiota. - disse simplesmente.
- E como faremos isso?
- Só deixar essa parte comigo. - o rosado pôs o braço atras da cadeira, relaxando o corpo, sem preocupações. Não parecia estar nervoso como o resto ali.
- Essa é boa. - Lucy riu sarcástica. - Eu não vou te deixar perambulando por aí sozinho.
- Então vamos juntos. - ele sorriu para ela com malícia.
- Eu vou também. - o moreno diz encarando o rosado que nem ligou.
- Ta tudo bem Gray. - Lucy pegou na mão do amigo como forma de apoio.
- Lucy, ele... é traiçoeiro. - sussurrou para que só ela pudesse ouvir, porém Natsu tinha bons ouvidos.
- Você não cansa né, sempre querendo se intrometer. - o rosado retrucou, batendo na mesa e se levantando impaciente.
Gray, sem medo, fez o mesmo. Encarou Natsu nos olhos, pronto para brigar a qualquer instante.
Eles eram completos opostos, não só pelas magias mas pela personalidade também. A única coisa que tinham em comum era não ouvir insultos calado.
- Chega vocês dois. - Erza pede. - Desse jeito vão estragar a única refeição decente que tenho a dias.
- Gray. - a loira chamou o amigo que não relutou e voltou a se sentar. - Senta também, Natsu. Tem gente olhando.
- Espera. - o mesmo cortou a garota, levantando a mão pedindo silêncio.
Ele fechou os olhos se concentrando em seu olfato, estava sentindo um cheiro familiar a algum tempo e agora havia ficado mais forte.
Era um cheiro que fazia seu corpo reagir por instinto e ter os músculos tensos. Vinha de alguém do Castelo.
Natsu abriu seus olhos procurando a sua volta a dona do perfume tão nostálgico. Ao ver uma cabeleira verde passar montada em cima de um cavalo em alta velocidade, ele não pensou duas vezes antes de segui-la.
- Natsu! - Lucy gritou espantada, se levantando de imediato.
- Você não vai atrás né? - Erza perguntou, mesmo sabendo da resposta.
Em poucos dias de convivência a ruiva já tinha pego o estilo de Lucy fazer as coisas.
- Fiquem aqui, eu resolvo isso! - a loira amarra o capuz para que seu rosto fique protegido e corre atras do rosado.
- Ela precisa ser impulsiva assim?! - Gray levou a mão a cabeça. Erza apenas o encarou, suspirando profundamente e voltando a se sentar. Ela sabia que não seria fácil.
Para ter uma visão melhor do bairro, Natsu preferiu seguir o cavalo pelos telhados das casas, assim seria mais fácil. Já Lucy tentava acompanhar seu ritmo pelas ruas, os anos correndo de guardas e monstros serviu para lhe darem uma boa resistência e velocidade.
Quando o animal parou em um beco escuro e sem saída, Natsu e Lucy fizeram o mesmo, os dois se esconderam evitando que a mulher pudesse vê-los. Enquanto o Dragneel se abaixou no telhado a Heartfilia se colocou atrás da sucata espalhada pelo beco.
A moça desceu do animal sacando uma arma para o homem que perseguia a todo custo. Em passos lentos foi se aproximando do pobre coitado que tremia até o último fio de cabelo.
- P-por favor... eu não roubei por mal... - disse o homem, já ajoelhado pedindo por perdão.
- Você tentou me roubar, seu merdinha. - mirou o cano da arma bem no centro da testa dele, fazendo as batidas do seu coração falharem por segundos. - Acha que sou fácil assim?
- N-Não... senhora.
Neste momento Lucy sinalizava para que eles dois saíssem dali enquanto podiam e como esperado ela foi totalmente ignorada.
Natsu se concentrou e pulou do telhado parando atrás da mulher.
- Eu acho. - ele diz em tom sarcástico, assustando a mulher que nem o ouviu se aproximar.
Em um pensamento rápido ela tentou disparar contra ele mas foi impedida por Lucy que prontamente a mobilizou, colocando os braços dela atrás das costas e o rosto virado para a parede.
- Ótimo trabalho em dupla. - ele soltou um sorriso de canto. - Mas só pra constar eu conseguiria desviar da bala.
- Quer me explicar por que saiu feito um doido? - Lucy sussurrou com raiva.
- Não lembra dela? Trabalha no castelo desde sempre. - disse simplesmente. - Mas eu esqueci seu nome... foi mal, não sou bom com isso.
- Me soltem! Quem vocês pensam que são?! - a mulher esbravejo, se contorcendo na tentativa de se libertar.
- Você que é boa de memória Lucy, não lembra? - Natsu pegou o rosto da mulher e retirou a franja esverdeada de seus olhos.
- Karen... - disse ela se recordando.
Karen Lilica, a mulher que contribuiu para que a vida de Lucy no castelo não fosse das melhores. Torturando ela psicólogicamente quanto físico.
- Sabia que lembraria.
- Infelizmente não dá pra esquecer pessoas ruins. - Lucy encarou Natsu com frieza.
- Quem são vocês?? - ela voltou a repetir a pergunta.
- Isso não interessa, só queremos que responda umas perguntinhas. - Natsu diz próximo ao ouvindo de Karen. Ele levantou o olhar para o homem que ainda estava no mesmo lugar e mandou que caísse fora apenas sinalizando com a cabeça. O coitado saiu dali as presas, sem questionar.
Natsu agora tomou o lugar de Lucy, com uma mão apertava os pulsos da mulher e com a outra precionou o pescoço para que olhasse para cima, isso ainda atrás dela. A loira se colocou na frente deles, ela já começava a entender a situação.
- Agora pode interroga-la, madame. - disse humorado, fazendo Lucy revirar o olhos.
- Muito engraçado. - ela cruzou os braços, voltando sua atenção para a mulher. - Então... Karen. Você continua fazendo parte do exército do rei?
- Como sabem meu... Argh! - ela gritou ao sentir ele apertar seu pescoço.
- Não foi isso que ela perguntou. - Natsu fez mais força, sabendo que Karen não falaria tão fácil.
- Eu não... vou... responder... nada... - Karen disse tentando ao máximo puxar o ar de volta ao seus pulmões.
- Só responder certo que eu te solto. - falou de maneira fria.
O rosto de Karen estava ficando vermelho pois sua respiração falhava a cada tentativa de buscar por ar. Seu peito subia e descia aos poucos, indicando que ela iria desmaiar a qualquer instante.
Lucy batia os dedos no braço, demonstrando estar nervosa com a situação, ela não aguentava mais ver aquilo.
- Chega. Ela não vai abrir a boca. - a loira pediu, aquela cena era desconfortável, tanto para Karen quanto para ela.
- Então vamos mata-la. - ele diz e Lucy arregalou os olhos. - Pra servir de lição.
- O que?... - Lucy sussurrou assustada e ela não era a única assim ali.
- Eu... falo... - Karen finalmente disse, temendo pela vida ao ouvir aquilo.
A esverdeada quase chorou ao ser finalmente liberta e ter o ar de volta em seus pulmões. Ela abaixou um pouco a cabeça, tossindo muito, tentando se manter de pé pois estava muito zonza.
- Senta ela. - a loira pediu e o rosado obedeceu. - Pode falar agora?
- Ainda pertenço... ao exército... - respondeu ainda com dificuldade.
- Bom, então tem informações sobre a tal execução. - Lucy diz, então Karen a encara confusa. - Queremos saber de tudo.
- Eu não... - novamente iria recusar, mas ao sentir os dedos de Natsu voltarem a sua garganta engoliu em seco, reformulando a resposta. - Daqui a três dias... no quartel... meu grupo ficará responsável pela segurança...
- Okay. Serão muitos guardas?
- Muitos... pessoas importantes vão comparecer...
- Quem exatamente?
- A guarda não sabe desses... detalhes... - Natsu passou o dedão pelo pescoço de Karen, a assustando. - S-sério... Não sei mais que isso...
- Então vamos esperar por surpresas. Ótimo. - disse Lucy, bufando de raiva.
- Amo surpresas. - o rosado diz, soltando Karen. - Melhor não contar que nos viu.
- Vamos embora logo. - a loira diz passando pela mulher e tomando a frente. Natsu a seguiu, mas não antes de ameaçar Karen passando o dedão pelo pescoço, como se fosse corta-lo se ela abrisse a boca. - Francamente, você é algum tipo de monstro? Não viu que ela estava sufocando??
- Quer salvar sua amiga não quer? - ele respondeu simplesmente enquanto ajeitava a capa. - Fiz isso pra ser rápido.
- Você disse que ia matar ela!
- Acreditou mesmo? - ele riu sem humor. - Você tava lá, eu não ia fazer uma coisa dessas.
- O que? - perguntou confusa pelo que ouviu.
- Eu estava blefando. - respondeu simplista.
- Ah... Mesmo assim, foi bruto até demais. Não faça de novo.
- Okay, madame.
- E para de me chamar assim! - disse passando em sua frente, o deixando para trás.
- Eu paro se parar de ser mandona. - riu quando viu Lucy andar mais depressa pela raiva.
~*~
Gajeel se encontrava andando pelos corredores vazios do Castelo, ele estava indo ver uma pessoa que lhe agradava só de olhar.
Chegando no calabouço, foi direto para a cela da pequena fada - apelido dado pela beleza e delicadeza da pequena mulher.
Levy estava toda machucada e deitada no chão, tremendo de frio. Estava de costas para ele. Eles não entregavam colchões para os prisioneiros obrigando a mulher a dormir no chão podre.
Gajeel mandou que abrissem a porta e assim foi feito. Ele se abaixou e pegou Levy no colo, indo para fora da cela.
- É agora? - ela perguntou, com medo que um "sim" viesse como resposta.
Ele não disse nada, sua garganta havia formado um nó, apenas admirou a delicada face da azulada relaxar e voltar ao sono. Nos braços dele ela se sentia quente e estranhamente acolhida.
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