O dia do festival chegou e nós da equipe estávamos todos muito bem arrumados. Eu estava com uma blusa de manga longa marrom e também com um cachecol listrado entre bege e marrom; achei que meu cabelo castanho claro combinaria com minhas roupas, e então completei com uma calça preta. Sempre bem adiantado, fui o primeiro dos meus amigos a passar pelo portão da escola. O evento estava bastante bonito e também lotado.
Algumas meninas da equipe da Stefanny estavam me observando de dentro de uma sala. Ao perceberem que cheguei, três delas vieram me cumprimentar.
— Oliver, né? — Uma delas diz.
— Sim, sou eu. — Digo.
— A Stefanny quer pedir desculpas para ti. Ela está arrependida de ter sido infantil e ter te derrubado. — Ela diz.
— Tudo bem. — Digo.
As meninas saem andando pelo corredor, até que param e olham para mim.
— Você não vai vir? — Diz a mesma garota.
— Eu não aceito as desculpas. — Digo.
As três ficam bastante preocupadas, como se algo estivesse errado. Logo correram para a mesma sala e avisaram a chefa do plano, que ficou me olhando de relance pela porta.
— Essas meninas nunca aprendem. Sempre querendo me derrubar. — Digo e coço a cabeça.
Dois braços se envolvem na minha barriga e me abraçam forte, me levantando também. Olhei para trás envergonhado e vi que era o André. Estava com uma calça jeans negra e uma blusa de manga longa branca.
— Ei, baixinho. Tudo bem? — Ele diz enquanto me solta.
— Tudo sim! E você? — Digo e me viro para ele, tendo meu rosto corado ao ver seu sorriso.
— Tudo ótimo. — Ele diz. — Os outros ainda não chegaram?
— Não... ainda não. — Digo.
— Vamos andar por aí então. — Ele diz e cutuca a minha barriga com seu dedo indicador, me fazendo cócegas.
Dou um pulinho com a brincadeira dele e logo seguimos andando. A festa da escola tinha lojinhas por toda a parte. Nós tínhamos que esperar o pessoal da cozinha terminar os aperitivos, para então entregarmos todos para o público.
Eu e André passamos por uma barraca de correio romântico. Era gratuito, e qualquer um poderia escrever uma mensagem e colocar o destinatário. Fiquei muito interessado, mas acabei ficando tímido sobre isso.
— Odeio esses correios. Esses alunos não têm mais o que fazer. — Ele diz.
— Sério? — Digo entre risos fracos. — Ás vezes eles podem ajudar os adolescentes a se declararem para outros.
— Ou passar trotes. — Ele diz.
Uma garota dentro da barraca do correio acabou avistando André. Ele era alvo de uma mensagem enviada por alguém, e ela precisava entrega-lo o papel; ele não estava na festa quando escreveram.
— Você é o André?! Alguém deixou isto! — Ela diz e entrega o papelzinho na mão dele.
— Que inferno. Não me mande mais nenhuma mensagem. — Ele diz com olhos frios e ela se afasta assustada.
O bad boy abriu o papel e notou que era mais um trote. Estava escrito para ele abrir a geladeira e encontrar uma vaca de pelúcia dentro. Ri muito, mas não tinha ideia de quem escrevia essas coisas.
— Está vendo?! Eles só enviam essas coisas! — Ele diz irritado.
— Pois é! Mas você merece, senhor brincalhão. — Digo rindo.
Ele me cutuca bem forte na barriga.
— Ai! Isso doeu! — Digo ainda rindo um pouquinho.
— Era para doer! Vou pegar uma bebida. Te vejo depois. — Ele diz com sobrancelhas sérias e segue corredor adiante.
Dei um sorriso de garotinho travesso e corri para a barraca dos correios. Falei com a atendente e escrevi com uma caneta vermelha em um papel de corações: “Você fica muito fofo quando se irrita. De: desconhecido”. Pedi para a mesma entregar para o André, e mesmo ela insistindo que ele não queria mais, acabou aceitando por eu ser seu amigo.
Quando saí da barraca, minhas bochechas coraram imediatamente ao me deparar com Ana e Julie. Fiquei com muita vergonha e sabia que iriam me interrogar sobre ter usado o correio romântico.
— Oliver, olá! O que está fazendo na barraca do amor? — Ana diz.
— Nada! Quer dizer... estava enviando um trote! — Digo.
— Trote? Hum... ok. Os aperitivos já estão prontos? — Julie diz.
— Não... ainda não! — Digo.
Julie estava vestida com uma camisa branca e uma saia cinza. Seu cabelo longo e negro jogado para trás era totalmente destacado. Ana estava com uma trança de lado e uma calça jeans escura com uma camisa xadrez amarela; a camisa combinava com seus fios de cabelo loiro.
— Ok! Nós duas precisamos experimentar aqueles docinhos de chocolate. Assim que fizermos, vamos te procurar! Até mais, amigão! — Ana diz.
— Até mais! — Digo.
Acenei para elas e as avistei de longe comprando e experimentando os melhores doces da festa. Não sabia o que deu na Julie, pois ela sempre estava de dieta. Comecei a me sentir solitário olhando para todos se divertindo.
Um braço é colocado no meu peito, me puxando para trás e me fazendo bater as costas em um peitoral grande e definido. Era Gabriel. Estava com uma jaqueta de couro e uma blusa branca, ambas peças acompanhadas de uma calça esportiva preta.
— Bonito cachecol. — Ele diz.
Inclinei meu rosto para cima e o vi. Sorri e ele me soltou.
— Obrigado! Gostei muito da sua jaqueta também. — Digo.
— Valeu. Os aperitivos já estão prontos? — Ele diz e coça a cabeça.
— Ainda não... o grupo está cozinhando. — Digo.
— Ok. — Ele diz.
Um silêncio permanece enquanto nós dois olhamos um para o outro. Gabriel desvia o olhar e dá de cara com a barraca do correio amoroso. Ele ficou com as bochechas coradas, pois obviamente notei as intenções dele de mandar uma carta. Era fofo de ver o jeito envergonhado do grandão.
Enquanto isso, André estava no bar do refeitório. O bar foi completamente organizado por uma turma inteira, e estava incrível.
— Eu vou querer dois copos de refrigerante. — Ele diz enquanto coça a barba malfeita.
O garçom passa os copos para ele e um menino de boné esbarra com o bad boy. Era um dos entregadores do correio romântico.
— Mensagem para André! De: desconhecido! — Diz o menino, formal.
— Eu já disse que não quero mensagem nenhuma. — Ele diz e levanta, encarando o pobre rapaz com olhos assustadores.
Todos escutaram o barulho do banco do André quando ele se levantou. O entregador ficou tão assustado que acabou colocando a carta na mesa do bar e saiu correndo para a barraca. A atenção do público logo cessou e meu amigo abriu a carta.
— “Você fica muito fofo quando sorri. De: desconhecido”. — Ele diz, lendo.
— Acho que você recebeu a carta de um homem. — O garçom diz, rindo baixinho.
— Por quê acha isso? — André pergunta, observando os coraçõezinhos do papel da carta e a caligrafia.
— Ele se pronunciou como desconhecido, e não como desconhecida. — Diz o garçom, rindo.
— E qual é a graça? Está se intrometendo onde não deve, moleque. — André diz e dá um olhar assustador para o garotinho que estava atendendo.
Ana e Julie estavam experimentando alguns brigadeiros. Elas passavam de mesa em mesa e provavam um pouquinho de cada doce.
— Este parece ser uma delícia! — Ana diz olhando para o brigadeiro feito com amêndoas e morango.
— Parece mesmo! — Julie concorda.
O atendente da locadora de filmes nota Julie e se aproxima da mesma. Ele estava na festa também.
— Menina do filme. Prazer em te conhecer. — Diz sorrindo o garoto.
Ana o encarou com estranheza e também acabou ficando um tanto emburrada. Uma ou as duas haviam se apaixonado por alguém, e escolheram aquele filme específico para descobrir se estavam mesmo amando.
Continuei conversando com o Gabriel. Andamos pelo evento sempre juntos, e ele não saía de perto de mim para ir a lugar algum. As meninas e a Stefanny me observavam da porta da mesma sala, com raiva por eu estar com o ruivo.
— Vamos sujar toda a roupa dele? — Stefanny diz para uma das amigas.
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