História Cada Um Faz Seu Destino - Pílula Antedecepcional

-Se tem uma coisa que eu consigo fazer muito bem é...

-Ser chato! -respondo interrompendo-o.

-Nossa...E o prêmio de maldade vai para Cammélia Westie!- Ed bate palmas ironicamente.

-Muito obrigada, meu fã. - curvo o corpo em forma de agradecimento. 

Ed me tira do chão apoiando o meu corpo contra o muro repentinamente. Passo minhas pernas na sua cintura para ganhar estabilidade e caio na gargalhada quando sua barba começa a fazer cócegas no meu pescoço.

-Aí, para com isso,Sheeran! -consigo dizer entre risadas.

-Não deveria, mas estou avistando um táxi.- meus pés tocam o concreto e vejo-o acenar para um táxi. -Salva pelo gongo. 

Já não era sem tempo, estamos andando alguns minutos  em um quarteirão incrivelmente deserto atrás de um táxi. Se eu estivesse sozinha com certeza ficaria com medo de um assalto ou coisa pior. 

-Para Piccadilly,por favor. - Ed diz ao motorista assim que entramos.

-Não vamos para casa?- pergunto confusa. 

Mesmo eu estando poucas vezes em Londres sei mentalmente o seu endereço.

-Não, minha querida. Como eu ia dizendo se tem uma coisa que eu consigo fazer muito bem nessa cidade é andar sem ser reconhecido. - ele dá de ombros completando a frase que ia dizer mais cedo.

-É o que vamos ver. - fecho os olhos encostando minha cabeça no banco. 

Estou incrivelmente cansada. Não dormir muito bem a noite passada e ainda passei o restante do dia andando de um lado para outro tirando fotos. Vida de fotógrafo não é fácil. 

-Conversa comigo ou eu irei dormir. - falo com o Ed virando o rosto na sua direção. 

-Deita aqui, tenho uma história para te contar. - ele bate a mão no seu ombro direito. 

Deslizo a minha cabeça até apoiá-la no seu ombro. Inalo o seu perfume  reforçando as memórias que eu já tenho dele. Um dos seus braços me envolve e imediatamente me sinto confortável. 

-Eu já fui casado. - levanto a minha cabeça sem acreditar no que acabei de ouvir.

Um sorriso aparece no seu rosto deixando evidência que está se divertindo com a minha reação. Sem dizer nada ele segura a minha cabeça delicadamente me colocando de volta no lugar.

-Foi a 2 anos atrás, com uma fã. O nome dela era Katie e tinha 19 anos. - ele começa a contar.

-Era? - pergunto prestando atenção nessa palavra.

-Ela morreu por conta de um câncer cerebral. - noto um tom de tristeza na sua voz. - A Mônica soube da situação por uma campanha nas redes sociais para que ela me conhecesse, não pensei duas vezes e fui realizar o sonho da Katie na Suíça. Nos casamos em uma cerimônia de brincadeira no hospital mesmo e foi muito legal, tivemos padrinhos e tudo mais. Ganhei um anel dela e tenho até hoje guardado com muito carinho, é o simbolo do infinito, pois para ela a vida não tinha fim. E uma semana depois ela morreu ,soube durante a turnê passada por um email da mãe dela. 

-Sinto muito. - é a única coisa que consigo dizer.

-Tudo bem. Fico feliz em ter consigo realizar o último desejo da Katie. - ele apoia a sua cabeça na minha e ficamos nessa por alguns minutos que eu nem me atrevi contar. 

-Ei,chegamos. -Ed faz cafuné no meu cabelo me despertando de um cochilo. 

Levanto a minha cabeça massageando o pescoço e me espreguiçando. Pago o táxi, pois o Ed saiu sem a carteira e deixamos partir recebendo o ar gelado de Londres no rosto, logo eu fico totalmente acordada. 

-Que sorte, ainda está aberto. -Ed diz parando em frente a um estabelecimento.

-Um Pub? Pensei que iria pagar um  chá para você, Sheeran. - digo em tom de brincadeira ficando encantada com a fachada do bar.

Com flores e um toque vintage, a decoração do lado de fora é muito aconchegante e com certeza eu entraria no The Lion Red sem pensar duas vezes. Fico muito curiosa para descobrir como é por dentro.

-Esse era o intuito, mas mudei de ideia. Espero que não se importe. - Ed passa o braço em meus ombros me puxando para perto. 

-Tudo bem. - respondo sorrindo. 

-Ótimo. Gosto muito daqui e é um dos poucos lugares que ninguém me acha. - ele diz enquanto entramos. - Você está descobrindo os meus lugares secretos, Cammélia. 

-Me sinto muito privilegiada, Edward. - e realmente me sinto importante diante deste gesto. É sinal que ele confia em mim. 

-Olha só quem resolveu aparecer! - um senhor, que eu deduzir ser o dono do pub, vem nos receber deixando de lado a limpeza de uma das mesas. 

-Não posso vim abusar da sua companhia constantemente. - Ed comprimenta abraçando-o e pelo visto eles são velhos amigos. 

-Hoje não vai precisar, pois está muito bem acompanhado. - o senhor aponta a cabeça na minha direção.

-Está é a Lia, Goseph. - Ed recoloca o braço no meu ombro me apresentando.

-É um prazer conhecê-lo, senhor. - estendo a mão na direção do senhor.

-O Senhor está no céu, me chame apenas de Goseph. - gentilmente ele aperta a minha mão. -O que vão querer? E aproveitem o bar é só de vocês.

Literalmente o bar é só meu e do Ed. Não há ninguém além de nós três, talvez por conta do horário de fechamento. 

-Duas cervejas por gentileza, Goseph. E aquela coisa especial que você sabe qual é. - misterioso Ed diz e entendendo o recado Goseph vai para o bar fazer o seu trabalho. 

Sentamos em uma mesa ficando um na frente do outro. Olho em volta matando a minha curiosidade. 

-Sinto vontade de morar nesse lugar. - falo retirando uma câmera da mochila e fotografando o ambiente.

-Sei como está se sentindo, eu amava trabalhar aqui. - Ed responde meio nostálgico.

-Qual era a sua função? - pergunto deixando a câmera de lado e lhe dando atenção. 

-Cantor. - ele responde rindo e eu o acompanho.

-É tão obvio. - reviro os olhos. -Quando foi?

-No período em que mudei para cá. Tocava nas praças, metrôs, shopping durante o dia e a noite eu vinha para cá. Meus salário era 50 dólares e eu gastava na comida e bebidas daqui, ou seja ficava sem nada. - tento não deixar transparecer a minha tristeza. - Mas Goseph me cedia o seu sofá sempre que podia. 

Eu o entendo muito bem, quando me mudei para Nova York passei meses dormindo no sofá da Nora.

-Espero que esteja do agrado de vocês. - Goseph interrompe a nossa conversa depositando na mesa dois copos grande de cerveja e uma porção de batata frita extremamente cheirosas. -Qualquer coisa é só chamar.

Fecho os olhos inalando o cheiro da comida e percebo a minha barriga roncar baixinho. 

-Eu sabia que estaria com fome, não vi você comer quase nada durante o dia. - abro os olhos quando esculto Ed falar e começo a rir.

Seu rosto está escondido atrás do copo da sua cerveja deixando-o com três olhos. Aproveito a câmera do meu lado e sem vacilar focalizo e em seguida bato uma foto sua.

-Essa foto vai ser a do ano! - respondo passando a câmera para que ele veja. 

-Ficou demais! - Ed rir da própria cara e acho isso demais, pois poucos tem essa capacidade.

-Obrigada. - agradeço e ele me olha sem entender. -Pelas batatas, foi muito atencioso da sua parte e realmente estou com fome. 

Sem nenhuma cerimônia devoro umas cinco batatas de uma vez saboreando a crocância e sabor único. 

-Não precisa agradecer. -Ed responde imitando o meu gesto. -Podemos retomar a nossa conversa de hoje cedo?

-Pensei que estivesse tudo resolvido. - franzo a testa confusa e dando um gole na cerveja.

-Não, minha cara. Ainda tem uma questão e ela é a mais importante.- Ed arqueia a sobrancelha dando um sorriso de lado.

-Qual? - apoio o meu queixo em uma das mãos encarando-o fixamente.

-O que somos? -demoro alguns segundos para entender a sua pergunta. - E por  favor não venha com essa de ''colegas de trabalho'' por que não costumo sair beijando minhas colegas de trabalho, a não ser que você...

-Não! Claro que não seu besta. - interrompo-o batendo no seu braço de brincadeira.

-Então...- ele deixa a frase no ar esperando que eu complemente. 

-Ed, sinceramente não sei se somos algo além de amigos. Claro que ficamos algumas vezes, mas...

-Sempre tem um ''mas''. - ele me interrompe. - Ok, Cammélia, eu aceito sua amizade, desde que você não beije a boca de mais ninguém.

Ed me dá um sorriso caracteristico seu e se eu pudesse fotografaria todas as vezes em que ele faz esse gesto. 

-Eu tenho uma proposta para lhe fazer. - ele continua me trazendo de volta a realidade. 

-Pode falar, estou sempre aberta a propostas. - cruzo os braços me encostando na cadeira como se eu fosse uma mafiosa fazendo um acordo mega importante.

-Que tal a gente ir se conhecendo e ver no que dá? Isso inclui encontros, conversas sobre qualquer coisa e alguns beijinhos. - um biquinho se forma nos seus lábios me fazendo rir. - Diz que sim, por favor. 

-Tudo bem, Sheeran. Vamos ver no que dá. - dou de ombros comendo mais batatas fritas. 

-Espera aí, só isso? Você topou mesmo? - Ed arregala os olhos muito surpreso. 

Sou assim tão dificil?

-Sim, como eu te disse estou sempre aberta a propostas, não custa nada tentar. Aliás quero que você me surpreenda. - pisco na sua direção. 

-Te surpreender? Pode deixar. - ele pisca de volta. -Já temos o  álcool em comum.

Ele levanta o seu copo ainda cheio para um brinde. Antes de encostar o meu copo no seu me vem uma coisa na mente.

-Você terá uma semana para me conquistar. - aviso aprimorando o nosso acordo.

-Fechado.- Ed responde sem exitar. -E no final eu irei te fazer uma pergunta que você terá que responder sinceramente, Cammélia.

-Feito. - digo empolgada por ele estar disposto a entrar nessa. 

E com um brinde selamos o nosso acordo.

-Posso te fazer uma pergunta? - Ed pergunta depois de beber quase a metade da cerveja de uma só vez.

-Acabou de fazer. - respondo dando risada pela sua expressão de bravo forçada. - Mas vou deixar fazer mais uma. 

-Porque você é tão fechada e não se entrega ao que quer? - seriamente ele pergunta.

Respiro fundo algumas vezes tentando pensar por onde começar. Por fim, resolvo ser sincera com ele e deixar as palavras virem.

 -Não tenho uma resposta concreta para esse questionamento. Eu aprendi que a melhor saída para não ter seu coração partido é fingir que você não tem um. - dou um sorriso contido passando o dedo na borda do meu copo. -Eu acho que nunca fiquei. Quando começava a ficar sério eu ia embora, não me apego a nada, é como se eu só estivesse viajando entre os corpos das pessoas, conheço que me mostram e pra mim está bom, não quero me prender a elas. E não quero que elas se aproximassem tanto de mim. Sempre mantive uma regra: “Não deixe chegarem tão perto, não entregue seu coração.”

Faço uma pausa comendo mais batatinhas e pacientemente Ed aguarda.

-Porém. - começo depois de engolir tudo. - Agora eu quero ficar, não me importo mais com essa regra. Mas eu me sinto tão confusa em relação a nós dois. E eu sei que não posso prometer ficar, Edward, como eu te disse você não merece que eu te trate dessa forma. 

-Um nós dois já é um começo, Cammélia. - ele sorrir.  -Primeiro, não prometa ficar, apenas, fique. Segundo, se abra um pouquinho comigo, eu posso te ajudar a entender tudo isso. Sabia que tentar entender o outro é o ponto de partida para saber como ele é por dentro?

Em resposta nego com a cabeça e permaneço calada ponderando se devo confessar o que sinto por ele.

-Eu não vou pedir para você me contar o que aconteceu no seu passado, sobre quem fez você ficar assim. O problema é saber em quem confiar e eu espero que algum dia você confie o suficiente em mim para contar. - sendo compreensivel ouço-o dizer.- Eu tenho a vida baseada em dar conselhos para os meus amigos e não saber dar para mim mesmo. 

Sua mão passeia pela mesa e para até encontrar a minha. Observo o seu movimento e sorriu quando os nossos dedos se cruzam tão facilmente. Essa é a resposta que eu preciso para me abrir com ele, ou melhor em relação a ele. 

-Eu posso repetir cem vezes que não sinto nada por você, mesmo não sendo verdade. Porque se eu gostar ainda mais de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não aguento mais ninguém indo embora,Ed. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque, se você sentir uma urgência em mim, vai é correr urgente daqui. -consigo arrancar uma risada sua, só ele para deixar essa situação leve. -Acho que não consigo amar, tenho medo de me magoar novamente e sei que se acontecer  irei me destroçar ainda mais por dentro.

Abaixo os olhos olhando para as nossas mãos unidas, delicadamente ele faz carinho na palma da minha. 

-Cammélia? - volto atenção na sua direção, com seus olhos azuis  buscando os meus. -A gente junto é mais bonito. É só olhar em volta pra ver. A lua fica maior, o céu cheio de estrelas, o ambiente mais leve.

Ed termina de dizer apontando para a janela, onde a lua cheia está incrivelmente linda e o céu muito estrelado algo que nunca vi acontecer com nitidez em Nova York, por exemplo. 

Permanecemos por um tempo em silêncio aproveitando a vista, mas sem desgrudar nossas mãos. A tranquilidade que ele me transmite, realmente não possuí preço. Não é exagero, mas ele consegue me tranquilizar mais do que ficar observando o pôr-do-sol em uma praia. E olha que eu amo essa paisagem e a energia que passa. 

-Como o nosso acordo foi feito hoje, eu espero que esse encontro conte. - Ed começa a falar e eu afirmo com cabeça. - Ótimo! Estou ansioso para te conhecer melhor. 

-O que o Ed Sheeran quer saber sobre a Cammelia Westie? - arqueio a sobrancelha. 

-Jamais se interesse por alguém que não queira escutar sua música, assistir seu filme e ler seu livro favorito. Então pode ir falando os seus gostos. - brincando ele abana a mão solta fazendo pouco caso de mim.

-Eu não me sinto nem um pouco interessada em saber sobre você, basta eu colocar seu nome no google ou ligar para Nora ou Nina. - dou de ombros. -Minha música favorita é dificil dizer, mas gosto muito de Let Her Go do Passenger, nunca sai da minha playlist e olha que eu mudo ela constantemente.

-Hmm... sabia que eu conheço o Michael? Fizemos parcerias musicais e tudo mais. - fico boquiaberta com a sua declaração. - Vou pensar se apresento vocês dois. 

Abro um sorriso enorme só em imaginar  conhecê-lol pessoalmente. 

-Mesmo que não tenha perguntado eu irei responder qual é a minha música favorita. Assim como você também não tenho, mas costumo Everytaime da Britney no banheiro. 

-Poderia te zoar agora, mas você canta então deve ser  maravilhoso. - resmungo. 

-Talvez, quem sabe role um show particular, entretanto você vai ter que vim junto comigo. - trocamos um sorriso malicioso. e muitas coisas se passa na minha mente. -Filme?

Balanço  a cabeça focando na conversa central.

-Amo todos do Harry, principalmente Cálice de Fogo. - viro a cerveja terminando-a.  -Ah e detesto terror, sou medrosa.

-Sério? Eu também pelo Harry e pelo terror! - trocamos uma palma no ar. -Mais uma coisa em comum, estamos indo muito bem. Você precisa saber que sou fanático pelo Star Wars. 

-Não gosto dessa saga, acho muito chata mesmo sem ter assisto. Nina é louca pelos filmes, talvez seja por isso. - respondo fazendo uma careta. 

-Qual é o seu problema? - Ed fala pausadamente. - Eu sabia que alguém não podia ser tão perfeita, mas isso é inadmissível, Cammélia! Quem nesse mundo não gosta ou nunca viu Star Wars? Se eu não estivesse apaixonado por você, tudo acabaria aqui! 

''Se eu não estivesse tão apaixonado por você'' . Não consigo não sorrir ao ouvir isso.

-Eu só não vou incluir isso nos meus planos desta semana, porque não quero correr riscos. - ele bagunça o cabelo e eu adoro quando ele faz isso. -Mas me aguarde, Cammélia Jennie Westie. Vamos pular esse tópico antes que eu fique mais assustado.

Controlo a minha risada e penso na resposta seguinte.

-Meu livro favorito é Assassinato no Expresso do Oriente, da Agatha Cristie, gosto muito das obras dela. Pela mesma forma as do Charles Bukowski, principalmente o poema  Suicídio é que nem uma mulher bonita. -respondo da mesma forma que sempre falo sobre literatura, demais.

-Uau, gosto muito interessante. Devo confessar que não gosto de ler, nunca consegui terminar um livro. -ele dá de ombros. 

Começo a trabalhar a minha mente em busca de um livro que ele certamente iria gostar... talvez devo começar apresentando Harry Potter...

-Série? - Ed pergunta dando continuidade. -A minha é Game Of Thrones.

-É a do Jonny tembém! - recebo um olhar confuso seu. - Eu sei é estranho eu dizer isso, mas ele assiste como uma pessoa. 

-Preciso assistir com ele, vamos maratonar todas as temporadas! - ele bate palmas empolgada.

-Já até imagino essa cena. - reviro os olhos. -Mas voltando ao interesse central, a minha série favorita é How I Met You Mother, traduzindo é a melhor do universo!

-Não mais do que GOT, isso eu posso te garantir...

-Endoidou? Diz esse absurdo porque nunca teve oportunidade de assistir HIMYM. - digo interropendo ele. 

Ficamos nessa ''discussão'' por um bom tempo, tanto que retomamos sobre Star Wars, mas como tudo que é bom dura pouco tivemos que ir embora, pois o Goseph estava exausto e tinha que fechar o pub. Pegamos um táxi e desta vez tratei de ficar bem acorda e aproveitar o restante da noite ao seu lado.

Por conta do horário a casa estava incrivelmente silenciosa e poderia ter permanecido assim se o Ed não tivesse derrubado um jarro decorativo do Hall de entrada. 

-Vamos acordar todo mundo, Sheeran!- alerto quando ele esbarra em uma mesa pequena, onde fica as contas da casas, pressionando o meu corpo até eu sentar nela. Sem ligar para o que acabei de dizer, Ed fica entre as minha pernas segurando a minha cintura. 

Tarde de mais... uma luz se acende no segundo andar iluminando a nossa silhueta.

-Edward? É você?- escultamos a voz estrondosa do Stu.

-Qual é, tinha quer agora? - rangendo os dentes e descansando a cabeça no pescoço Ed resmunga. - Sou eu!

-Já não era sem tempo! Sobe aqui, preciso acertar uma coisa com você. - Stu diz ainda sem aparecer.

-Me espera aqui, eu vou ver o que é e volto o quanto antes.- seguro seu braço impedindo que ele saia.

-Melhor não, já passei muito tempo com você hoje, já cansei da sua presença. - aperto suas bochechas com delicadeza. 

Sempre quis fazer isso nele, não posso fazer nada se as bochechas dele são tão convidativas a isso.

-Aí, agora você pegou pesado,Cammelia. - Ed coloca a mão no coração fazendo drama. -Stu!

-Oi? - ele grita de volta. 

-Eu vou resolver uma coisa e daqui a pouco eu subo! - Ed diz tudo isso sem desviar o seus olhos dos meus.

-Não demore. - Stu responde bufando.

 -Pronto, resolvido. - um sorriso de satisfação surge nos seus lábios. -Voltando a nossa conversa,eu passaria 24 horas com você e nunca me cansaria. 

-Diz isso porque nunca me viu de TPM. - sério, Cammelia? O cara te diz algo muito fofo e você responde assim? 

-Não deve ser pior do que a Lia mega irrita que já tive oportunidade de ver duas vezes. - Ed deposita uns beijos no meu pescoço. - Vamos estender essa noite. 

-Tenho que acordar cedo amanhã - respondo entre suspiros.

-Por quê? Tem outro casamento? - subitamente ele se afasta e eu quase o puxo de volta. 

-Não, irei correr. Faz alguns dias que isso não acontece, meu corpo e mente está precisando. - cruzo os meus braços no seu pescoço e ele se aproxima novamente.

-Esse corpo eu te garanto que não. - ele sussurra no meu ouvido causando arrepios. -E eu não vou mentir, te quero todo dia.

Sem avisar ele encosta a sua boca na minha e só percebo agora como eu estava ansiosa para que isso acontecesse logo. O universo escultou a minha prece. Ed explora cada canto da minha boca enquanto passa as mãos pela o meu corpo e a cada toque seu sinto uma energia eletrizante nas minhas veias. E quando paramos, ficamos incrivelmente sem fôlego. Fecho os meu olhos aproveitando esse momento.

-Posso te fazer companhia nessa corrida? - Ed faz carinho no meu rosto.

-Sério? Eu pago para ver o Ed Sheeran correndo. - brinco abrindo os olhos e lhe dando um selinho. 

-Só para constar eu corri quatro quarteirões só para te encontrar.- ele retribui o selinho. - E além disso não posso perder nenhuma oportunidade, temos uma acordo. 

-Tudo bem, vou gostar da sua presença. Acorde no máximo 6:30.  -quando percebo que ele vai reclamar, começo a beija-lo de novo. 

-Se eu ganhar um beijo desse ao amanhecer, irei acordar sem reclamar. -Ed responde sorrindo.

Trocamos mais alguns beijos e com muita relutância nos separamos indo cada um para um canto, antes que o Stu voltasse a chamar por ele. 

Decido antes de dormir, tomar um banho de banheira para relaxar. Repasso o meu dia  na mente sem acreditar em tudo que aconteceu e que finalmente me ''declarei'' para o Sheeran. Pensando nisso pego meu celular para enviar uma mensagem para Nora para contar a novidade, entretanto há uma mensagem dela que foi envida hoje pela tarde: 

''Eu preciso de uma pílula antedecepcional.''

Isso significa que ela brigou com o Toni de novo, por conta disso deixo para contar sobre o Ed depois, a minha amiga precisa de mim.  

Uma notificação surge e vejo que é uma mensagem da Nina pelo direct  do Instagram. 

''Quando você volta? Necessito te contar algo importante! Mas tem que ser pessoalmente, então não me responda! Apenas me avise quando  pôr os pés em NY. ''

Seguindo a sua instrução visualizo o recado com uma certa curiosidade. O que será que minha querida irmã aprontou? 

Vou para cama mandando uma mensagem para Nora, como os nossos fusos-horários são divergentes espero a mensagem dela mais tarde. Eu não sei onde esse casal vai dar no meio de tantas brigas. 

Aquieto a minha mente e antes que eu perceba caiu em um sono profundo. 

*****

Diferente dos outros dias acordo espontâneamente e pontualmente ás 6:00. Mas o motivo do meu despertar foi um felino peludo que poderia ter me matado de susto, entretanto durmo com um cão gigante que quase sempre me mata por asfixiamento. 

-Bom dia, Doritos. - com a voz sonolenta faço carinho nele que se aconchega ainda mais no meu ombro. 

Não sou muito fã de gato, ao contrário da minha irmã e pelo visto o Ed também. 

Ed... Sorrio ao lembrar desse nome e isso é um estimulo para me fazer sair da cama. Vamos correr juntos hoje. Isto é se ele acordar no horário.

Resolvo tomar banho quando voltar. Visto uma blusa cinza, uma calça rosa e um short lilás por cima, por fim calço o meu tênis também cinza pronta suar.

Deixo o quarto com o Doritos ao meu lado, pelo visto ganhei um amigo. Ah se o Jonny souber disso...

Antes de terminar meu trajeto até a cozinha esculto um assobio vindo na direção á frente. Silenciosamente chego até o cômodo e paro me encostando no batente da entrada.Me surpreendo com o que vejo, de costas para mim, e distraído, Ed parece muito ocupado lavando os pratos. 

Ele já está de pé? Uau. 

-Vai ficar aí me olhando? - Ed diz ainda de costas e isso me assusta. 

-Pensei que não tinha me visto, bom dia. - vou na sua direção e recebo um selinho seu. 

-Agora sim, o meu dia ficou realmente bom. - ele me passa uma xícara com chá de camomila e leite, e como sempre está maravilhoso. - Você está linda, mas esqueceu de uma coisa.

-Que coisa?  - questiono confusa me olhando de cima a baixo. Está tudo no lugar ao meu ver.

-Do seu sorriso. - então eu sorri espontaneamente.- Essa é a melhor roupa do mundo, não saia sem colocá-lo. 

Terminamos o café da manhã onde ele me contou que a surpresa de ontem vazou na internet, todavia não causou problemas o Stu super gostou da ideia inesperada. 

-Para onde você vai? - pergunto quando ele procura as chaves de casa.

-Correr ?- uma ruga forma na sua testa. 

-Com um litro de água e uma toalha de banho?- aponto para as peças nas suas mãos.

Não consigo me controlar e caiu numa gargalhada tão gostosa que faz a minha barriga doer.

-Se eu não gostasse tanto desse barulho, você estaria ferrada, Cammelia. - ele finge uma voz de bravo que me faz rir ainda mais. 

-Desculpa...só podia ser você, Sheeran. - respiro algumas vezes tentando não rir de novo enquanto ele deixa a garrafa e a toalha para trás. 

Diferente do que eu tinha em mente, o ruivo até que tem pique ,pediu para fazermos uma pausa apenas 5 vezes. 

-Parabéns, Sheeran fiquei muito surpresa com o seu desempenho. - entrego a minha garrafa de água, de 250 ml e quase esvaziada por ele, para ele. 

-Não sabia que isso era tão cansativo, estou muito sedentário. - Ed reclama enquanto voltamos para casa caminhando.

-Com mais prática isso melhora, relaxe. - passo um braço pelo seu ombro motivando-o.

-Hmmm, isso é um convite para outras corridas? - ele me lança um sorriso de lado galanteador.

-Talvez sim, talvez não. - me faço de dificil. 

-Tenho uma coisa que possa te fazer mudar de ideia. - antes que eu pergunte o que quer dizer, ele adianta os passos indo em direção ao jardim de uma das casas do condomínio.

Fico observando de longe o seu ato. Começo a rir quando ele refaz o seu caminho parando na minha frente e me entregando um ''buquê'' de margaridas. 

-Amo flores, obrigada. - cheiro as flores inalando o seu perfume. 

-Olha, estou indo bem nesse acordo. Mas uma informação sobre você. - Ed abraça a minha cintura. -Então isso te fez mudar seu pensamento.

Em resposta lhe dou um beijo no meio da rua, correndo o risco de sermos fotografados ou do vizinho das flores roubadas nos pegar no flagra.

Diante disso creio que não preciso lhe dizer sim.