1. Spirit Fanfics >
  2. Café Com Leite >
  3. Eu queria que as coisas fossem diferentes.

História Café Com Leite - Eu queria que as coisas fossem diferentes.


Escrita por: lrdschats

Capítulo 108 - Eu queria que as coisas fossem diferentes.


Fanfic / Fanfiction Café Com Leite - Eu queria que as coisas fossem diferentes.

{Isadora}

Eu tranquei minha matricula na faculdade, mesmo sendo motivo de olhares reprovados que não me favoreciam, porém nada que pudesse ouvir ou sentir faria com que minha decisão mudasse. A verdade é que eu não estava preparada para tudo o que estava prestes a enfrentar. Eu sei do que passei quando fui vítima de todos os comentários insensíveis que jogaram sobre mim. Quando souberem que estou grávida as coisas seriam bem piores. 

Pensei também sobre o bebe que agora carrego, e em sua saúde. Eu não quero que nada aconteça á ele, o quero saudável, pois agora ele se tornou a coisa mais importante da minha vida, da qual vou vivê-la em função. Eu não sei ao certo se ele já está sabendo, porém não vou ser eu a pioneira da notícia. Está claro que eu não teria forças se quer de ficar perante sua presença. 

Bom, o Canada me parece um bom lugar para que eu possa construir a minha vida. Mesmo longe dos meus pais, irmãos, Natália, e Caio, sinto que passou da hora de pensar em todos eles, e começar a pensar em mim. Não posso mais abdicar das minhas necessidades para infiltrar as deles no meio. Agora não sou mais sozinha, eu tenho um filho em meu ventre, e eu tenho que pensar no melhor apenas para ele. 

Estou evitando qualquer contato que eu possa ter com o Luan, uma vez que supliquei para todos nunca lhe disserem aonde estou, pois ele seria capaz de vir para cá. E eu sinto que ainda não estou preparada para ter que enfrenta-lo, de certa forma.

Passei a morar em uma ótima área do pais, Cristopher ainda não acabou seus estudos, então só eu e Laís ocupa o perímetro menor do que meu apartamento no Brasil. Você ter a sua melhor amiga do lado, te auxiliando em todas as horas é uma boa forma de começar a se recompor e resgatar aquelas forças que foram embora por algum motivo. 

Nós gostávamos de contemplar o sol poente e fraco que ia afundando cada vez mais até perder de vista. Ele era incapaz de aquecer o clima. Os pensamentos vagavam sem direção consciente. Era assim que relaxava, um hábito que tinha aprendido com meu pai. Eu gostava particularmente, de observar as árvores e suas folhas fortemente verdes. As árvores do Canada são bonitas quando o outono está no auge, tons de verde, amarelo, vermelho, alaranjado e todos os matizes intermediários. E pela milésima vez, me perguntei se os proprietários da antiga casa também passavam seus fins de tarde pensando nas mesmas coisas. 

— Olha o que eu fiz. - ela me tira do transe fazendo sua voz doce ecoar no ambiente. — Está super quente. 

— Que delícia. - digo ao sentir o cheiro de chocolate preencher o meu olfato. — A partir de agora vou ter que começar a ser saudável. - faço um bico, e ela gargalha. 

— As meninas ficam me perguntando como você está toda hora. - ela beberica o líquido fervente. — Pelo o que parece elas estão mais contentes do que você com a notícia do bebe. 

— Não é como se eu estivesse triste. - penso nas palavras certas, embora não tenha as encontrado. — Você me entende né? 

— É claro que sim. - ela sorri para mim. — Vamos deixar isso pra la? - anuo com a cabeça achando essa, a melhor das opções. — Pelo jeito o Ryan se encantou com você. 

— Eu o achei bem petulante. - gargalho. — Mas um fofinho. - volto a atenção ao meu celular, estou numa conversa bem grande com Vicente, já que o mesmo não me deixa se quer um minuto queta. 

— Eles iram vir aqui hoje a noite. - ela ri maldosa. Como se houvesse alguma possibilidade das coisas em que passam pela sua mente darem certo. — Ryan e Cris é como se fosse eu e você. 

— Percebi isso no momento que o Cris o chamou para ir ao banheiro. - gargalho lembrando da cena de ontem a noite.

Ambos fazem faculdade de psicologia juntos, Ryan é canadense nato, já Cristopher nasceu no interior do Texas e está cursando na university of Toronto na província de Ontario. 


Três semanas depois. • 
{Luan}
14h21
RJ

Com cuidado, saio do shopping e encaro o estacionamento agitado. Rober diz alguma coisa que sou incapaz de compreender, já que enquanto andamos, apoio o celular entre o ombro esquerdo e a bochecha, para que eu ouça, de forma invicta o que minha mãe tem a dizer. Por outro lado, consigo distinguir seu tom abrangente e o gentil, visto que a preocupação por eu estar de malas prontas, toca até mesmo, a espinha das suas costas.

— Eu vou levar tudo, mãe. - impaciente respondo. Mas não demonstro tamanha indiferença. — É apenas um mês de férias, não é o fim do mundo.

— De qualquer forma eu quero vê-lo antes. Passa aqui para eu dar minha benção.

— Claro, não se preocupe. Eu não vou direto do Rio para Europa. - encaro o relógio em meu pulso direito, um pouco antes de chegar ao nosso veículo.

Todavia, sinto o sol dilacerar meu rosto no minuto em que o levanto para ter uma visão mais clara do céu limpo. Eu ia dizer mais alguma coisa, mas no momento em que volto meu olhar para frente, eu avisto um rosto conhecido no meio de algumas pessoas apressadas. Por isso, meu sorriso é desfeito e eu seguro o celular com a mão logo que imagino mover meu pescoço.

Pedro.

— Mãe, eu preciso desligar. Mais tarde nos vemos. 

— Ta bom filho. Beijos. - não me dou o trabalho de respondê-la, apenas puxo o aparelho, e quando penso que não, corro ouvindo Rober gritar por meu nome desesperadamente. Mas no momento, eu me perco no que é real ou no que a minha mente talvez tenha criado.

— Pedro! - minha voz sai em uma berro. O rapaz vira seu rosto antes de entrar em um carro. E quando nossos olhares se cruzam, um sorriso engrandecido é expresso em sua face que foi capaz de mudar devido o tempo em que não o vejo.

(...)

— Aqui está. Um capuccino com bastante espuma e uma água com gás. - a mulher nos serve.

Pedro move a colher em sua bebida quente e supri o cheiro gostoso que ela nos entrega. Ao reparar bem seu rosto, encontro bastante mudanças físicas, ele está com uma barba mal feita, e os braços mais grossos desde a ultima vez que nos vimos. O corte de cabelo também parece ter mudado, mas nada tão diferente.

— Nem acredito que é você mesmo, cara. - digo cortando o silêncio, Rober está ao meu lado atendo demais a qualquer coisa sem significado no aparelho em suas mãos. — Como andam as coisas por aqui? 

— Está tudo normal. - rapidamente, batuco meus dedos na mesa porque me sinto agitado. Quero questionar qualquer coisa sobre ela, mas não vejo um meio menos apressado. A verdade é que agora temos muita coisa envolvida, um elo forte e para sempre. — Mas e você? Como estão as coisas? 

— Vim resolver umas coisas da viagem aqui no Rio, e do resto está tudo... Tudo indo. - engasgo um pouco. Ele ri, talvez esteja achando engraçado a forma como elevo o assunto a um ponto mais complicado, quando tudo o que poderia fazer, é despejar toda a minha preocupação. — Bom, e ela? 

— Isadora? - só de ouvir seu nome, meu coração bate mais rápido. — Ela foi embora, mas está bem. Nós nos falamos todos os dias. - ele sorri, o fato de ter a irmã como a preferida nunca foi novidade para mim. — Você sabe...

— Sim. - o interrompo. Eu não sei se me sinto um idiota por sorrir, ou me orgulhe por isso. Só que é uma sensação estranha. Se eu olhar para trás, não consigo mais me enxergar. — Eu tentei. E ainda tento de verdade, mas não consigo. Eu não consigo esquecê-la nem por um minuto. Sabe, quando fiquei em turne, eu pensei até ela fosse esquecer tudo e estivesse aqui quando voltasse. Eu pensei que estava dando um tempo para o que tivemos. Pensei que quando voltasse, poderíamos começar do zero. Eu estava disposto, eu sempre estive. Mas eu me enganei. Ela não estava mais aqui, e eu soube do meu filho que ela está esperando. E eu não faço idéia de que lugar do pais ela esteja, porque ninguém me fala nada. Eles me escondem tudo. - eu dou uma pausa, começo a encarar a mesa e minhas mãos juntas. Rober bloqueia o celular e da atenção a nossa conversa, consigo ver por relance. — Difícil, cara. Eu me apaixonei da forma que jamais fiz antes. Eu cai tão fundo nisso, porque jamais pensei que ela pudesse me deixar. E também nunca imaginei que pudesse ser tão doloroso. Eu sei que errei. As vezes me arrependo por ter me envolvido com ela, porém ela mudou minha vida. E agora ela mudou ainda mais. 

Pedro suspira, mas não deixa de prestar atenção em tudo o que tenho que falar. Talvez eu esteja dizendo a ele tudo o que queria dizer a ela. Ele é o mais próximo da Isadora que eu poderia estar. 

— Eu até tentei seguir em frente mas eu não consigo, entende? Não consigo me relacionar com outra pessoa, porque sempre comparo essa pessoa, com a Isadora. Nenhuma outra é tão boa quanto ela. Nenhuma outra é tão bonita quanto ela, e nem tão diferente quanto ela. E sabe o que é pior? É que ela nem deve se importar com mais nada disso, e penso que deve ter o maior da cisma com a criança. 

— Eu disse que ela está bem, mas não que ela não sente falta. - eu engulo o seco, travo minha mandíbula a espera de uma resposta melhor. — Ela mudou. Digo, não é como se ela sentisse raiva de você por alguma coisa. Erros são cometidos, todos nós erramos, mas nem todos se arrependem. Ela sabe disso e talvez, mesmo que ela se negue todos os dias, ela tenha te esperado. 

— Eu queria que as coisas fossem diferente.

— Luan, as coisas acontecem como tem que acontecer. Ela mudou a sua vida mas você também mudou a dela. - Pedro mexe seu café e volta a encarar o movimento a nossa volta. — Eu a amo muito. E mesmo que estejamos milhas de distância longe, ela continua sendo a minha pessoa favorita.

— A minha também.

— Então não fique se correndo por um erro do passado. Acabou. É tipo eu e Natália, minha filha nasceu maravilhosamente bem. Hoje, ela mora com meu pai em São Paulo. Estou morando com mamãe no apartamento antigo da Isa. Nós criamos a Lara juntos, mas não estamos juntos. - ele diz calmo. — Tem certas coisas que não foram feitas para darem certo por incrível que pareça. Talvez seja o caso de vocês, vocês se gostam mas as vezes o amor não é o suficiente. Vemos tantos casos de casais separados que conseguem criar os filhos bem. Não precisa ser marido e mulher para serem pai e mãe, entende? 

No momento em que assinto num movimento de cabeça, observo Pedro se levantar e sorrir de maneira gentil. Ele respira fundo e estica a mão. Entretanto, fazemos um toque comum. Eu percebo que talvez eu não volte a vê-lo tão cedo.

— Eu preciso ir. - explica-se. — Até algum outro dia. 

Dito isso, vejo ele acenar para Rober e se afastar. Então, quando me encontro sozinho com ele, suspiro fundo afundando minha mão em meus bolso, puxando com está, minha carteira de couro preta. Após abri-la, a primeira coisa que vejo é a nossa primeira fotografia danificada, nela eu estou junto com a garota dos meus sonhos. 

— Senhor? 

Respiro fundo e encaro a moça que nos servirá há algum tempo. Ela sorri de maneira gentil. Mas estranho quando assisto sua mão se erguer e nela haver um simples pedaço de guardanapo. 

— O garoto que acabou de sair deixou isso aqui para você. - ela explica educadamente, esperando que eu reaja e recolha o papel fino. 

E quando o faço, a moça simplesmente se vira, e meu amigo se inclina na tentiva de poder ver o que está escrito no pedaço de papel, então eu o abro.

11401 Canadá 12th St, Toronto, ON 33172 

"Amar pode doer 
Amar pode doer às vezes 
Mas é a única coisa que eu sei é que quando fica difícil...
Você sabe que pode ficar difícil às vezes 
É a única coisa que nos mantém vivos  
Nós mantemos este amor numa fotografia 
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos 
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos 
E o tempo está congelado para sempre  
Então você pode me guardar no bolso do seu jeans rasgado 
Me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem 
Você nunca estará sozinha 
Espere por minha volta para casa
Amar pode curar 
Amar pode remendar sua alma 
E é a única coisa que eu sei 
Eu juro que fica mais fácil 
Lembre-se disso em cada pedaço seu 
E é a única coisa que levamos conosco quando morremos  
E se você me machucar, tudo bem querida 
Apenas as palavras sangram 
Dentro destas páginas, apenas me abrace 
E eu nunca te deixarei ir 
Você poderia me colocar dentro deste colar que você usou 
Quando tinha 16 anos 
Perto do seu coração onde deveria estar 
Mantenha isso no fundo de sua alma  Quando eu estiver longe 
Me lembrarei de como você me beijava 
Embaixo do poste de luz da 6ª rua
Ouvindo você sussurrar pelo telefone 
Espere por minha volta para casa."
(Photograph - Ed Sheeran) 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...