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História Café Com Leite - Ela queria que eu fizesse terapia.


Escrita por: lrdschats

Capítulo 144 - Ela queria que eu fizesse terapia.


Fanfic / Fanfiction Café Com Leite - Ela queria que eu fizesse terapia.

Acordo assustada, quando o barulho da chamada cômica do iPhone entra em sintonia com o sonho que percorre em minha mente desacordada no momento. Procuro meu aparelho telefônico ainda com os olhos fechados, embora eles queiram ser abertos, minhas vistas teimam em permanecerem embaraçadas, uma vez que o quarto se encontra escuro, dificultando ainda mais qualquer ato criado por mim. 

Alo. - atendo, depois de sentir uma pequena dor nas íris ao olhar no visor cem por cento iluminado, e constatar que a chamada é de Laís. Bocejo ouvindo minha amiga me saudar do outro lado da linha, vejo Maria Clara deitada ao meu lado, coçando seus olhos, isso faz com que seu sono fosse cortado. — Estamos bem amiga, e você? 

— Tudo bem por aqui. - ela me responde. — Estou com saudades, quando vocês voltam? Cadê a Maria? Que saudades da minha pequena. - lamenta. 

Iremos amanhã. - respondo-a sorrindo. — Está aqui do meu lado, vou passar para ela

Maria Clara me encara com ambos os olhos inchados e pequenos, enquanto sussurro que é sobre sua madrinha, da qual reclamou de saudades. Ela se senta apressadamente na cama, afim de se endireitar melhor, e quando o faz, captura rapidamente o celular de minhas mãos abrindo um sorriso lindo. 

Oi didi, to com saudade. - fala com a voz um pouco rouca. Espera um tempo até que a morena a responde devidamente. — Plomete? - vejo Maria fazer um bico de manha, sobretudo passo a mão sobre seus cabelos, deveras desalinhados. 

Me espreguiço, e levanto, quero saber que horas são, quanto tempo dormimos desde que chegamos. Entretanto, ascendo a luz, terminando com qualquer resíduo de sono que pudesse apossar em qualquer dos corpos presentes agora. 

Maria Clara, e Lais conversam por alguns minutos no telefone, quando a mesma me chama atenção, e me direciona o aparelho, me fazendo inclinar-me para pega-lo de volta. 

Oi amiga. - ressalto que agora sou eu na linha novamente. 

Ela está meio amoadinha, né? - Lais se preocupa, e de certa forma, me preocupo também. Encaro Maria Clara, e percebo que seu comportamento não está igual ao habitual. 

Minha gatinha estava dormindo. - aviso-a, pode ser por isso, uma vez que estamos cansados pela viagem que realizamos no fim de semana, contudo quero tranquiliza-lá de que não há mal maior de que possa preocupar-lhe com algo. 

Deve ser saudade de casa, por isso que devem voltar logo. - rimos. — Bom, e o Luan? O neném?  

— Tudo sobre controle. - sorrio ao passar minha palma pela barriga, embora pequena, mas significante para mim. 

Já me decidi, vou passar o natal e o réveillon com vocês. - ela me comunica, e isso me deixa feliz, logo penso malícia, e mordo os lábios ao saber que meu comentário possa irrita-lá de alguma forma. 

Marquinhos também vai. - é evidente as segundas intenções que compõe meu tom de voz ao pronunciar tal frase. 

Para de querer me juntar com ele de novo. - ela exige, me causando risadas. 

Tadinho amiga, você está solteira e ele também. - evidencio. — Que mal tem? 

— Então, eu vou desligar. - ela diz quando percebe que já recolheu todas as informações que precisa, uma vez que matou um pouco da saudade. 

Amolece esse coração, você sabe o quanto ele ainda é louco por você. - insisto, eu sei que os sentimentos são recíprocos, embora seu último relacionamento tenha lhe causado dores profundas. 

Tanto tempo, não vai rolar nada mais. Vou ver outro lugar pra eu passar as festas de fim de ano. - ela engrossa a voz, e tudo o que faço é continuar rindo, sabendo de todas as expressões que compõe seu rosto agora, mesmo que não esteja olhando, esse é o fato que lhe faz ser minha melhor amiga há muitos anos. 

É brincadeira amiga. Marquinhos não vai. - minto, apenas para que não desanime-a de forma alguma. 

Mantenho contato com a morena por mais algum tempo, e só nos despedimos quando percebo que Marizete adentra o cômodo com toda a leveza e delicadeza, para que supostamente não nos acordasse, mas nos encontra acordadas.

— Vim vir ver se estavam bem. - ela diz quando feche a porta do cômodo, ainda depositando leveza em seus atos, e se sentando sobre a cama. 

— A Maria só está mais quietinha do que o normal. - digo, me sentando ao lado de minha filha, que volta a se deitar e a se cobrir. 

— Ta sentindo falta da casinha dela, né meu amor? - minha sogra a mima, e eu sorrio vendo a cena ser realizada em minha frente. 

— É, pode ser. - digo, por fim. — Mas ela precisa se acostumar. Ano que vem, já terá escolinha. 

— Ai Isa, tem certeza? - concordo rindo de sua careta. — Meu coração fica na mão.

— Irá ser bom. Ela vai ser mais independente e vai se desenvolver mais também. - afirmo. Embora eu sinta um pouco de medo sobre pensar nessa possibilidade, sei que essa, entre todas as outras alternativas, se torna a melhor, levando em consideração o futuro que penso e almejo minha filha possuir. 

Luan marca presença quando tenta entrar do mesmo modo de sua mãe, mas quando percebe a movimentação dentro do cômodo, relaxa e sorri, quando nossos olhares se esbarram. Contudo, logo atrás, vejo Vicente e Bruna, a mesma entra rindo de algo, e Luan a repreende.

— Ela está dormindo, não tá vendo Bruna? - não, Maria Clara não está dormindo, ela só está quieta demais mesmo. 

— Ela ta sentindo alguma coisa Isa? - Bruna se preocupa quando percebe que a sobrinha não está do mesmo modo como costuma ve-lá. 

— Então, não sei. - mordo os lábios e a olho. — Você está com dor filha? - ela nega com a cabeça, mas continua sem protestar sua voz fina sobre o ambiente, o que é estranho e incomum. 

— Vamos jantar fora? - Vicente propõe. 

Quando Luan ia dizer algo, Marizete pega em sua mão, e isso faz com que o mesmo o olhe.

— Podem ir, se quiserem. Eu fico com ela. - diz gentilmente. 

— Ah, agora eu não sei. - afirmo preocupada, olhando minha filha. 

— Vamos amiga. - Bruna se empolga. — A gente faz um programa de casal. - Luan apoia seu rosto no mesmo travesseiro que Maria Clara, e brinca com seu nariz, ele tenta desperta-lá de alguma forma, mas tudo o que ela faz é, sorrir, sem soltar som algum. Eu o olho, espero encontrar em seu rosto alguma resposta para esse convite, mas tudo o que compõe suas linhas de expressão, é a confiança que deposita em minha decisão. 

— Pode ser. - sorrio. — Mas não vamos demorar. 

(...)

Sinto sua mão grossa se entrelaçar na minha quando saímos do automóvel, a noite de hoje está calorosa, o clima que o país oferece é distinto ao clima do país em que estivemos a vinte e quatro horas atrás. Quando percebo o estabelecimento não tão cheio de pessoas, isso faz meus músculos se sentirem relaxados, uma vez que poderíamos não ter incomodo, por menores que sejam.

Contudo, ele não se sente satisfeito, então passa seus braços em minha cintura, enquanto vamos atrás do casal à frente. Somos recebidos gentilmente por um homem de estatura baixa, onde o mesmo nos aconchega em um lugar confortável, logo o rapaz nos trás o livro de pedidos, mais precisamente, o cardápio.

E sai nos deixando a vontade, depois de levar consigo, um pedido de Vicente junto ao Luan, sobre uma bebida que ambos pedem. 

— Eu estou faminta. - é o que eu digo. Não havia me alimentado, isso pesa meu subconsciente, e automaticamente meu estômago incha, deliberando sua mensagem. 

— Eu também. - meu marido concorda, visto que folheia o cardápio em sua frente, observando as opções que teremos pro jantar.

— Eu e o Vicente estamos brigando bastante. - Bruna lamenta, assim, do nada. Sua voz se torna vulnerável em minha frente, e na frente do irmão, sem vergonha alguma. O humor se apossa no ambiente, entretanto Vicente se sente incomodado ao seu lado, uma vez que se remexe por cima da cadeira cerca de duas vezes consecutivas. 

— E dai? Casais brigam, Bruna. - talvez Luan nunca tenha usado tanta obviedade em suas palavras. 

— Você já parou para pensar que é irritadinha demais também? Eu não sei porque, mas você simplesmente vive com raiva das coisas. - Vicente se defende das acusações da loira ao seu lado, fazendo-a olhar indignada.

— Essa ultima briga, eu estava com a razão. - ela diz, arrumando sua franja enquanto ele abre a boca por volta de duas vezes. 

— E quando é que você não tem razão Bruna? - o garoto retruca mais uma vez, fazendo-a revirar ambos os olhos e suspirar, esgotada. 

— Porque? - Luan pergunta, dessa vez ele está rindo da situação cômica que se passa diante nossos olhos.

— Ela queria que eu fizesse terapia. - Vicente responde horrorizado. 

— Ah, deixe eu adivinhar... Você disse que não precisava disso. - Luan tenta, fazendo o moreno concordar com a cabeça, ainda com a feição horrorizada que expressa em seu rosto. Isso está sendo mais engraçado, do que sério, o que supostamente, creio eu, deveria ser ao contrário. 

— Só vou precisar fazer terapia no dia em que eu levantar saias e tiver uma coisa rachada no meio de minhas pernas, ao invés de um pau, e duas bolas, entendeu? E mais, estarei tricotando luvas para neve. 

Eu e Luan gargalhamos, chego a um limite que meus olhos lacrimejam, e um estado de falta de ar pelo jeito engraçado que meu amigo profere tais palavras. As sobrancelhas de Bruna se levantam demonstrando que não acha graça em nada, enquanto Luan não se preocupa em demonstrar o branco dos seus dentes em seu sorriso perfeito. 

— Quer dizer que você acha que homens não precisam fazer terapia? - ela pergunta, de maneira seca. 

— Eu tenho certeza de que não preciso. - e de maneira seca, ele responde. 

Não é como se o ambiente estivesse ruim por isso, muito pelo contrário. Eles estão de cara virada um pro outro, mas isso torna o ambiente mais confortável que cogita imaginar. Talvez ambos não riem, pelo orgulho camuflado que carregam. 

— E se considerarmos a questão de maneira geral? - pergunto.

— Como não sou especialista no assunto, não tenho como falar a respeito. - Luan comenta.

— Eu acho que Bruna talvez saiba de alguma coisa. Se você me perguntar, acho que você tem. - me encosto na cadeira, rindo de sua cara. Incontáveis anos de amizades entre Vicente e eu.

 — Vou pensar no caso - disse ele, sabia que não faria nada daquilo. 

O garçom chega em nossa mesa, com nossos pedidos, servindo-nos. Sobretudo, Vicente enche o ambiente com sua voz. 

— Outra cerveja! - pede.

(...)

{Luan}

— Luan a Maria está queimando de febre, e reclamando de dor. Além de tudo, chama pela Isa. Já fizemos de tudo mas ela não acalma. - são as primeiras palavras que meu pai diz do outro lado da linha, quando aceito sua chamada, saindo do banheiro.  

— Tudo bem pai, iremos  pra casa. O que será que é? - pergunto preocupado voltando pra mesa. 

(...)

— Sabia que estava acontecendo alguma coisa, meu coração ta apertado. - Isadoda diz enquanto Vicente guia o carro em direção a casa dos meus país em uma velocidade considerável.  

O caminho até lá foi silencioso, não dissemos mais nada, uma vez que mesmo não sendo exposto, de certa forma, ficamos preocupados com a situação que nos expõe agora. 

{Isadora}

Vejo minha filha deitada no colo de sua avó paterna, se encontra toda encolhida e vermelha, e ao passar minhas mãos em sua pele deixando que nossos tatos entrem em contato, constato que o motivo, é febre. Sobretudo, ela abre os olhos lentamente, e se remexe se sentindo um pouco incomodada. 

— O que foi filha? - me sento ao lado de ambas, e automaticamente ela senta, levando seus braços a mim, me impulsionou a pega-la. — Fala pra mamãe onde dói? 

— Aqui. - ela apoia a mão na cabeça e eu olho pro Luan. 

— Demos um banho e um remédinho mas não abaixa. Ela não melhora. 

— Vamos levar ela ao médico Luan! Dor de cabeça pode é perigoso. - digo firme, visto que ele assente sem sombra de dúvidas. 

— Aí meu Deus, vou pegar as coisas dela, Isa. - Bruna diz subindo as escadas, enquanto Vicente já está pronto para guiar o carro outra vez. 

— Trás roupa quente Bru, por favor. - grito de uma maneira suave ao ponto para que Bruna escute de forma perfeita, enquanto isso vou em direção ao carro, pois é o que todos fazem. 

— A mamãe te ama tá? Você vai ficar boazinha logo. - sussurro em seu ouvido baixinho enquanto agilizo meus passos depositando forças em meus braços, já que ela não é mais a mesma que retiro do hospital a três anos atrás. 

— Ta doendo mãe. - sua voz está fraca e baixa, e dessa vez entendo todas as vezes em que meu pai ficou em desespero quando ficava doente e ele saia em apuros correndo para o hospital, ele nunca quis prolongar minha dor, de alguma forma. 

— Teu pai ta vindo, e nós iremos ao médico, e ele vai fazer o dodói sarar.

Ela nada mais diz, está mole em meu colo, o que a torna um pouco mais pesada, mas isso acaba em menos de quatro segundos, pois Vicente abre abre a porta, e a ajeito na cadeirinha atrás do nosso carro. 

— Amor deixa que eu travo ela aí, enquanto isso ajuda a Bruna com as coisas dela, e se senta, eu vou com Vicente na frente. Meu pai vai atrás com você. - Luan diz, chegando ao meu lado, invadindo o espaço em que ocupava, fazendo-me afastar para que o mesmo pudesse travar os cintos da cadeira de Maria Clara.

— Deixa eu no colo da mamãe, papai. - ela reclama quando ele a trava.

— Não pode filha, a mamãe já te pega. - ouço-o falar, e quando olho para trás vejo quando ele lhe deposita um beijo na testa. 

(...)

Uma semana depois. 

{Luan} 

— Me diga mais uma vez porque eu concordei em ajudá-lo com isso. - Marquinhos diz resmungando com o rosto vermelho, continuamos a empurrar o furo em direção ao buraco recém-cortado no lado mais distante da chácara. 

Seus pés escorregam, e vejo seu suor escorrer da testa para os cantos dos olhos, fazendo com que eles, com certeza, ardessem. 

Esta quente, quente demais para a semana do Natal. Extremamente quente para fazer isso, com certeza.  

Empurro a pesada caixa com Marquinhos, mas encontro forças para resmungar. 

— Porque você achei que seria divertido - digo. Abaixo os ombros e dou mais um empurrão; o furo que devia pesar quase 200 quilos, avança mais alguns centímetros. Nesse ritmo, ele talvez chegaria ao seu devido lugar... Na semana seguinte.

— Isso é ridículo - Marquinhos reclama mais uma vez, apoiando seu peso na caixa, penso que o que realmente precisávamos é de uma tropa de mulas. 

Marquinhos lamenta pela suas costas. Por um momento, imagino que a sua cabeça irá explodir através das orelhas, lançando destroços em ambas as direções, como os foguetes feitos com garrafas que nós costumávamos disparar quando crianças.

 — Você já disse isso.

— E não tem graça - resmungo mais uma vez. 

- Você disse isso também.

- E não vai ser fácil instalar isso.

- Claro que vai - discordo. Me levanto e aponto para as palavras impressas na caixa. — Está vendo? Bem aqui, "fácil de instalar". 

Marquinhos pragueja, tentando tomar fôlego. Ele detesta quando eu assumo essa postura. E ele gosta do meu grande entusiasmo de amigo. Mas hoje, não. 

Definitivamente, hoje não.

O mesmo pega um lenço que estava no bolso de trás. O pano estava encharcado de suor, e havia deixado suas calças num estado lastimável, com os fundilhos encharcados. Ele enxuga o rosto e amarra o lenço ao redor da cabeça com um movimento rápido. O suor escorre pelo tecido em direção ao seu tênis, pingando como uma torneira quebrada. 

Ele olha para aquilo fixamente, como se estivesse hipnotizado, antes de sentir que o tecido do tênis absorvia aquilo, provavelmente causando-lhe uma sensação suave e pegajosa nos dedos do pé. Algo completamente inusitado, não é?

— Pelo que me lembro, você disse que Rober estaria aqui para nos ajudar com o seu "pequeno projeto", e que Bia e a Isa viriam preparar um almoço, e que tomaríamos umas cervejas, e que... Ah, sim, que instalar este troço levaria no máximo umas duas horas.

— Logo eles estarão aqui - digo.

 — Você disse isso há quatro horas.

— Talvez eles tenham se atrasado.

— Talvez você nem tenha ligado para eles.

— Claro que liguei. É sério.

— Quando?

— Logo, logo.

— Aham - responde ironicamente. E enfia a bandana de volta no bolso. - E, por falar nisso, caso o Rober não chegue logo, como você imagina que nós dois conseguiremos colocar esta coisa no buraco?

Minimizo o problema com um aceno ao virar-se novamente para a caixa. 

— Daremos um jeito. Por enquanto, pense no progresso que já fizemos até agora. Já estamos quase na metade do caminho.

O moreno fecha a cara novamente. É sábado 

Sábado! Semana do Natal, tenho o privilégio reservado para descanso e divertimento, minha chance de escapar do trabalho, a folga que fiz por merecer depois de um ano todo de trampo, o tipo de folga de que precisava. Pelo amor de Deus, é um ano todo de shows sem parar! O trabalho me envolve e me inspira, mas às vezes o corpo implora por uns dias de descanso! 

Poderia estar jogando uma partida de vídeo game! Poderia estar jogando sinuca! Poderia ter ido à praia! Poderia ter ficado na cama até tarde antes de sair, mad acordei com a ideia louca de vir para a chácara, precisamente para pescar.

— Não preciso disso. - eu não aguento mais a voz desse gordinho irritante, por favor. — Não preciso mesmo.

Finjo não escutar o que ele diz. Minhas mãos já estão pousadas sobre a caixa, e ele estava se posicionando novamente. 

— Está pronto?

Marquinhos abaixa o ombro, contrariado. Suas pernas estão tremendo. Tremendo! Já sabe que irá precisar de uma dose dupla de Advil para aliviar as dores que irá sentir na manhã seguinte. Ao contrário de mim, Marquinhos não é de se movimentar muito, talvez vai a academia quatro vezes por semana, mas não é isso que faz ser suficiente, ele também não faz shows todos os finais de semana.

— Isso não tem graça, sabia?

Pisco para ele.

 — Você já disse isso, lembra?

(...)

— Uau! - comentou Rober, levantando uma sobrancelha enquanto anda ao redor do perímetro do furo. 

Nesse momento, o sol está iniciando sua trajetória descendente, com raios dourados refletindo na água da piscina. Ao longe, uma garça decola do meio das árvores e graciosamente voa por cima da água, dispersando a luz. 

— Está uma beleza! Vocês fizeram tudo isso hoje?

Faço um sim com a cabeça, com uma cerveja na mão. 

— Não foi tão ruim - comento. - Acho que o Marcola até gostou de fazer força.

Rober da uma olhada no amigo já que estranha meu comentário conhecendo a pessoa que ele é, sobretudo o mesmo se encontra esparramado em uma espreguiçadeira, com um pano encharcado em água gelada ao redor da cabeça e até mesmo da barriga. 

— Esse animal sempre teve alguns quilos a mais. - Rober brinca. 

— É muito pesada? - Isadora pergunta. 

— Igual a um sarcófago egípcio! - responde Marquinhos. — Aqueles feitos de ouro, que só podem ser movimentados com guindastes.

— Já podemos entrar nela? - ela volta a perguntar, depois de rir de seu comentário exagerado.

— Ainda não. Acabei de enchê-la, e vai demorar um pouco até que a água esquente. Mas o sol vai apressar as coisas. - respondo.

— O sol vai esquentar a água em alguns minutos! - assegurou Marquinhos, com a voz lamuriosa. — Em alguns segundos!

— Então quer dizer que o dia foi difícil, Marquinhos? - Bia pergunta para meu amigo jogado sobre a rede.

Marquinhos tira o lenço que esta ao redor da sua cabeça e lança um olhar duro para a loira.

— Você nem imagina. - volta sua atenção a Rober. — Filho da puta, só tenho uma coisa para te dizer. Obrigado por aparecer na hora marcada.

— Luan me disse para vir às cinco. Se eu soubesse que vocês precisavam de ajuda, teria vindo mais cedo.

Marquinhos lentamente fixa o olhar em mim. Realmente me detestava às vezes.

Bia esta conversando com Isadora na mesa, do outro lado.

— E aí como está sendo as noites? Estão dormindo melhor? - pergunto para Rober. 

— Um pouco. A Bia não está mais conseguindo dormir à noite novamente, mas às vezes penso que ela não está mais programada para dormir. Pelo menos não desde que descobriu a gravidez. Ela se levanta mesmo que não tenha nada de dor. É como se o silêncio a despertasse.

— Será uma boa mãe - afirmo. 

— Onde está Lais? - Rober pergunta para Marquinhos, que o fuzila com os olhos.

— Ela vai chegar a qualquer momento... De paraquedas. - o garoto o responde, com uma voz macilenta que parecia emanar de um cadáver. Gargalhamos. — Rober, você gosta de zoar com os outros mas acho que me lembro de uma vez que você disse que, se tivesse de escutar mais uma das histórias do seu sogro sobre o câncer de próstata que ele teve, ou escutar a sua sogra tagarelar sobre ele ser demitido mais uma vez mesmo que não tenha sido culpa dele, você enfiaria a cabeça no forno e ligaria o gás. - ele brinca, e se endireita na rede com certo esforço. 

— Eu nunca disse isso! - Rober protesta. 

—  Disse sim - Rober pisca quando Bia, se aproxima com passos hesitantes a sua frente. Enquanto Marquinhos ri maliciosamente. — Mas não se preocupe, não vou contar isso a ninguém. - os olhos de Rober estavam agitados.

Quando ela se senta ao lado dele, e vê que passamos a falar de outra coisa, vejo Rober respirar aliviado. É como até, se ele sorrisse baixo com o tom de sua voz. 

(...)

Mais tarde, o sol ia se pondo. Todos nós nos deliciamos com o jantar. Enquanto ouço o barulho da natureza ecoar lá fora, sinto uma onda de satisfação tomar conta de mim. Este é o tipo de tarde que adoro, desfrutada ao som de risos compartilhados e conversas bem-humoradas. Em certo momento, Bia estava conversando com Rober; no momento seguinte, estava conversando com Isadora, e depois com Marquinhos e assim por diante, com todos que estavam sentados ao redor da mesa do quintal. 

Sem pretensões, sem tentativas de impressionar, ninguém tentando menosprezar ninguém. Minha vida se parecia com um comercial de cerveja, e, na maior parte do tempo, me contento em simplesmente curtir essa sensação boa.

Isadora fica de olho em Maria Clara a todo momento, e eu por vez, resumo minha habilidade paterna em tempos como este a simplesmente levantar minha voz periodicamente, na esperança de acalma-la  ou impedi-la de se machucar acidentalmente. As vezes, ela abre um berreiro ocasionalmente, mas a maioria dos problemas são resolvidos com um beijo rápido em um joelho esfolado ou um abraço tão agradável de se observar a distância quanto deveria ter sido para ela que recebeu da mãe tão carinhosa que possui. 

Rober e Marquinhos levantaram suas garrafas ao mesmo tempo. Vou em direção à caixa térmica antes de hesitar em frente à porta de vidro de casa. Corro para dentro e mudo o CD, prestando atenção nas notas das novas músicas que soavam pelo jardim enquanto volto para a mesa com as cervejas. 

Nesse momento, Bia, Isadora já estavam conversando a respeito de Gisela, a mulher que cuida dos seus cabelos, e que sempre tem boas histórias, muitas das quais versavam sobre as preferências ilícitas dos moradores do bairro. 

Bebo minha cerveja em silêncio, olhando para o piscina. 

-— No que você está pensando? - pergunto para Rober.

— Nada que seja importante. - responde-me. 

— O que é? - insisto, me virando para ele. 

— Já percebeu que algumas cores acabam virando nomes de pessoas, enquanto outras não?

— Do que você está falando?

— White e Black. Como o Sr. White, o dono da loja de microfones. E o Sr. Black, nosso professor de agudo em série. Ou até mesmo o Sr. Green, o tecladista. Mas nunca ouvi falar de alguém chamado Sr. Orange ou Sr. Yellow. É como se algumas cores dessem bons nomes, enquanto outras iriam simplesmente parecer meio bobas. Você entende?

— Acho que nunca pensei sobre isso.

— Também não. Pelo menos, nunca havia pensado nisso até agora. Mas é meio estranho, não é?

— Acho que é - finalmente concordo.

Ficamos em silêncio por um momento.

— Eu disse que não era nada importante. - meu amigo ressalta. 

— É, disse sim.

— Eu estava certo?

— Pode ter certeza de que estava.

(...)

Depois que meus amigos foram embora, volto para onde estava o aparelho de som, escolho o CD Tattoo you, dos Rolling Stones, e aumento o volume. Pego outra cerveja antes de voltar para a minha cadeira, coloco os pés sobre a mesa e me reclino. 

— Maria já está dormindo, vou deixá-la aqui, amanhã a Bruna disse que ficará com ela, as coisas dela estão no quarto. Bom... - ela deposita um selinho em meus lábios, já está com a bolsa em seus ombros. — Vou nessa, qualquer coisa você me liga, boa noite. Eu te amo.

— Eu te amo mais. - digo com toda certeza que há em mim, porém triste, nunca entendi porque Isadoda detesta dormir na chácara. 


"Só uma fração do seu amor preenche o ar e eu me apaixono por você de novo.
Você é a luz que enfrentou o sol no meu mundo.
Eu enfrentaria mil anos de sofrimento pela minha garota.   
De todas as coisas na vida, que eu poderia temer, a única coisa que poderia me machucar, é se você não estivesse aqui...
Eu não quero voltar para ser apenas uma metade da equação 
Você entende o que estou dizendo?
Garota, sem você eu estou perdido
Não posso enfrentar este foco no coração 
Entre mim e o amor 
Você é o denominador comum."
(Common Denominato - Justin Bieber) 


Notas Finais


Quem sentiu saudade coloca um ❤️ No comentário! 🙏😂 hahahahhahaha
Gente!!!!!! Desculpa meus amores!!!!!! Mais uma vez, mas ó só uma coisa a declarar, aguenta que agora as emoções vão aflorar, quem tem coração bom que continue lendo, quem não tem.... Se prepare para a famosa parada cardíaca! Pq vai rolaaaaaaar! 😳😱
Quem presume o que poderá rolar nos próximos capítulos???
UMA COISA EU JÁ ADIANTO: não vai ser demorado, e irá sair ainda essa semana dependendo da animação de vocês!!!!! Um super beijo, não nos matem, nos te amamos, vocês também e assim continuamos felizes não é mesmo amiguinhas?????? 🤓😍


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