{Luan}
Samira veio nos visitar essa manhã de segunda-feira. Ela vende jóias, das melhores qualidades. Ela já se tornou até amiga de Bruna, devido a mesma se esbaldar em suas novidades.
Depois do almoço, me joguei no sofá da sala assistindo algumas séries que estavam atrasadas, Rober está em outro sofá sendo meu parceiro.
Bruna acompanha a moça a porta, até que uma vontade absurda de ver suas peças me tomam conta.
— Samira, chega aí. - digo, ela sempre ri da forma que a trato. Ela segue uma religião diferente. Ela é tão tímida e quieta que as vezes me sinto um grosso ao falar com a moça. Seus pais são judeus, meus pais os adoram.
— Pois não. - Bruna se senta ao meu lado, observando em suas mãos alguns dos anéis que a mesma comprou.
— Deixa eu ver o que você tem aí. - peço, enquanto agilmente a garota se senta ao chão em frente com a mesa central. Ao abrir a maleta, meus olhos brilham ao receber todo o encanto de cada jóia. E após algum tempo admirando, tomo coragem e digo. — Gostei desse. - digo apontando para um em especial. No momento me encontro ansioso, ou talvez até um pouco preocupado. Por esse motivo, enquanto ela pega a peça pela qual escolhi, sinto Rober se sentar ao meu lado.
— Pelo amor de Deus, você não irá pedi-lá em casamento, né? - a voz dele me puxa para a realidade, contudo, eu o olho novamente. Balanço a cabeça de maneira negativa. Arranco um sibilo satisfatório do garoto ao lado, ele esbanja calmaria agora.
— É apenas um anel. - acho que digo mais para mim do que para Rober, visto que meu tom de voz soa baixo, tão baixo que quase não pude ouvir a mim mesmo.
— Eu estou começando a achar que você está se envolvendo demais Luan. - talvez seja verdade, mas não posso evitar. A cada dia mais, eu sinto como se ela fosse a pessoa certa pra mim. E qualquer mulher que não seja ela, se torna completamente substituível. — Isso vai te fazer mal.
— O que te faz pensar assim? - ele me olha fixamente e antes de uma resposta, bufa para que de a entender a gravidade dos fatos.
— Luan, você vai pagar o tratamento todinho da cunhada dela. Tudo bem, isso foi legal da sua parte. Mas fez isso porque quer que a garota fica bem, ou porque quer ver a Isadora bem? - sacudo minha cabeça. Não quero falar sobre isso. Principalmente na frente de Samira. É algo meu, não tem porque dar um motivo específico para que fiz isso. Mesmo assim, não deveria estar sendo julgado.
— Os dois, Rober. - falo.
— Resposta errada. - travo meu maxilar, viro meu rosto e volto a olhar para qualquer coisa que não seja ele. Até seu tom vocal passa a me estressar nesse momento. — Você fez, porque não quer vê-la sofrer. Isso não significa nada pra você?
— Sim, significa. Ela é a pessoa mais incrível que já conheci, e vê-la sofrer me faz sofrer também. E a coisa que mais quero no momento é que a gente de certo.
— Eu entendo Luan, mas isso não vai te fazer bem.
— Porque você não vai direto ao ponto? Eu realmente detesto conversas entrelinhas. - Rober assente com a cabeça, e sem pensar duas vezes, simplesmente fala.
— Você deveria se afastar um pouco. - eu, agora assustado, arregalo meus olhos e faço o mesmo com os arredores da minha boca, sinto as pequenas rachadura dos meus lábios protestarem uma mínima dor. — Você está ficando obcecado.
— Boi, eu estou legal ok? De todas as garotas que já estive, Isadora é a que mais gosto. E quando você gosta de alguém, você não quer se afastar. Eu sinto como se ela trouxesse de volta aquilo que eu sempre fui, mas tive medo de expor. Eu me solto com ela, e ela se solta comigo. Com ela é tudo real demais e eu gosto da forma como eu me sinto.
Eu gostaria de ter coragem de dizer mais, porém me calo e um silêncio constrangedor é transferido de ambos os corpos lado a lado. É quase como se Rober tentasse raciocinar o que eu dissera, mas não conseguisse demonstrar tudo aquilo que passa em sua mente nesse segundo. Por essa razão, escolhemos nos afastar de uma conversa insignificante, pois assim como eu, ele sabe que nada fará com que, de certa forma, me afaste da Isa. Isso não aconteceria mesmo se eu quisesse.
— Aqui. - Samira diz assim que nossa pequena discussão tenha sido encerrada. Pego a jóia e analiso bem, a achei perfeita.
— Acho que ela vai gostar. - afirmo para mim, tentando me convencer de que este é um bom presente. Eu quero que ela veja o quanto gosto dela.
Por trás do meu ombro direito, observo Rober. Ele mantém um semblante sério, mas pensativo. Por alguns instantes, me olha, porém não se da o trabalho de permanecer com toda a sua atenção por cima de tudo o que me complementa.
{Isadora}
Estava sozinha em casa, depois de chegar da faculdade, vesti um pijama e fiquei fazendo a melhor coisa do mundo: comendo!
Laís disse que viria, eu estou esperando-a. Dei folga par Ruth, ela trabalhou demais no casamento de Isabela, correu atrás de muita coisa. Aliás, a casa está em ordem. Mamãe voltou para Petrópolis, junto com Pedro, ele ainda tem alguns dias de aula antes de entrar de férias.
Natália, está em São Paulo com papai e Flávia. Achamos melhor deixá-la por lá, uma vez que Flávia está sempre em casa para auxiliar em todo o momento se ela precisar. Henry consentiu, dizendo que pela melhora que a mesma teve, daria para agüentar mais um mês, até dar exato nove meses de gestação.
Caio viajou com Isabela e Vinicius. Eles foram para Orlando passar a lua de mel. Mandam fotos de segundo em segundo, a felicidade é exposta em cada marca de expressão.
Ouço meu celular vibrar e vejo a mensagem de Laís dizendo que está subindo. No entanto começo rir sozinha, lembrando do dia do casamento, e da paciência que Luan teve comigo. Não que isso me fizesse ter um pensamento melhor sobre ele, muito pelo contrário, eu não acredito mais em nada do que ele faz ou diz. E de todas as vezes que ele me tratou diferente, eu só consigo concretizar que foi igual... Igual a todas! Deveria saber o hobby que ele tem de iludir todas que passam por seu caminho.
Cuidadosamente, ela abre a porta e me vê jogada no sofá comendo e assistindo algumas séries das quais não dou a mínima atenção.
— Que folga, em. - ela diz rindo, depois de me dar um beijo na bochecha, se jogando no outro sofá.— Passa o doce pra cá. - jogo, e me levanto em direção a cozinha saciar um pouco da sede que sinto.
— O Christopher já foi embora? - pergunto.
— Sim. - ela faz bico, enquanto me sento novamente no sofá. — Viemos ver os últimos acertos da minha mudança, já está tudo devidamente encaminhado. - ela sorri.
— Pois eu não estou gosto de nada disso, você sabe né? - ela gargalha tombando a sua cabeça para trás. — E também não há nada de engaçado.
— Você sabe que pode ir pra lá me visitar quando bem quiser. - ela da de ombros ao meu ciúmes.
— O duro é ir né minha filha? - ironizo. — Acha que Canada é só atravessar a rua? - ela ainda continua rindo, a verdade é que esse assunto realmente me incomoda, e não consigo achar requisitos de graça sobre isso. — Dizem que namoro virtual, e a distância dura mais do que físico.
— Para de drama. - ela gargalha. — Exagerada.
— É verdade. - afirmo e só agora solto um riso, devido as gargalhadas que a morena da. Meu celular vibra, dessa vez é o Luan. E ela sabe, pois involuntariamente sorrio, logo fechando a cara. Ela observa tudo.
— Você o desculpou né? - pode-se dizer que Laís espera que responde uma coisa ampla, e sem sombra de dúvidas, positiva. Mas meu silêncio é como se nada pudesse existir diante o assunto. Eu não tenho o porque desculpar ele uma vez que não temos nada a sério. Mas ele mexeu com uma parte da minha integridade, quer queira ou não. Eu realmente não sou uma dessas modeletes que juntam o útil ao agradável atrás de segundos de fama. É algo bem mais pessoal do que qualquer pessoa pode imaginar. São os meus sentimentos que estiveram em jogo, e não os dele. — Isadora....
— Sei do que você vai me falar, sei exatamente que você não aprova isso. Mas eu não posso simplesmente fingir que isso não me machuca, é bem pior do que você imagina. Pode parecer um capricho, mas não é. Eu estou tão cansada das pessoas me usarem.
— Só que assim, você está se igualando.
— Eu não estou me igualando, amiga. - pigarreio e me ajeito no sofá. — Quero mostrar a ele que as pessoas tem sentimentos. Ele vai saber disso no momento em que se sentir como eu me sinto... Alguém sem importância.
— Você não percebe que pode se magoar ainda mais com isso? - sua voz está carregada por angústia, porém isso não faz com que eu me sinta menos disposta com tudo o que estive pensando nas últimas horas. — Tentar virar o jogo... Isso.. - ela tenta usar as palavras certas. — Isso vai fazer você se sentir melhor?
— Eu não sei. - não minto. — Mas não é como se é fosse me sentir menos do que eu me sinto agora.
Eu não sei de quem eu pude puxar esse lado vingativo. Minha mãe e nem meu pai, não são dessa forma. Eles sempre fora muito altruístas, posso incluir meus irmãos no meio disso também. Eu sempre fui bem diferente, não em parte, mas ao todo. Impulsiva também, mas não acho que tudo isso seja algo momentâneo. Não acredito que depois, de alguma forma, eu vá me arrepender de algo que possa fazer. Quero dizer, porque me sentiria culpada se caso magoasse a pessoa que me permitiu usar como ferramenta para aumentar ainda mais seu próprio ego? Porque no final, Luan sempre foi a pessoa que eu denominei ser, um cara pegador, que não para com ninguém.
— Isa, não de corda a uma coisa que pode te ferir ainda mais. - ela nega com a cabeça. — Sentimentos é uma coisa que não devemos brincar.
— Eu não preciso de mais uma droga de decepção. - eu falo baixo, olhando para as minhas pernas agora cruzadas, sentindo meu coração bater de uma forma rápida e incomum. Ele parece querer fugir de mim e se esconder em um lugar aonde não tem perigos. — Eu vou ficar bem. Eu aprendi a lidar com perdas.
Laís, sendo compreensível como é, apenas balança a cabeça percebendo que nenhuma de suas palavras serão capazes de fazer com que eu mude algo em relação a tudo o que penso. Eu já fiz minha mente e uma parte intensa dela não permite que qualquer falta de opinião própria seja capaz para molificar alguma coisa.
"Estamos dando voltas e voltas
Nós nunca vamos parar, dando voltas e voltas.
Nós nunca vamos chegar onde nós estamos indo dando voltas e voltas.
Assim você vai me perder porque eu estou ficando tonta.
Dando voltas e mais voltas, voltas e mais voltas!
Você tentou me puxar para perto e sussurrar em meu ouvido,
você sempre me contou mentiras e eu chorei todas as minhas lágrimas.
Eu empurrei meus sentimentos para dentro.
Mas então você os traz de volta.
Agora você me pegou cantando
Me ame ou não me ame
Eu estou olhando para o relógio
Eu pego as pétalas da flor
E então eu as vejo cair."
(Round & Round - Selena Gomez)
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