Escrita por: web_00
Dia 2: A conversa
Avistei Nate se aproximar de uma das espreguiçadeiras e sentar. Eu já tinha almoçado, mas ele parecia ter acabado de acordar.
— Dormiu bem? — perguntei.
— Vamos conversar. — Ele ignorou a minha pergunta — Você tem muito para me explicar e tentar me convencer. — eu acabei soltando um riso da sua frase. — O que foi?
— Você sabe que já está convencido, Maloley. — debochei.
Era notório que ele havia se abalado com a minha presença. Eu sabia que muita coisa havia mudado nesses três anos, mas ele nunca teria coragem de me abandonar. Ainda mais grávida.
— E por que tem tanta certeza? — Ele abriu um sorriso pequeno enquanto deitava.
— Eu te conheço. — disse num sussurro — Você é uma pessoa boa, nunca me faria mal. Sabe disso.
— Eu mudei, Rebecca. — ele disse dando de ombros.
— Foi um choque pra mim... — disse enquanto alisava a barriga — Sabe, descobrir sobre essa gravidez. — soltei outro riso, agora mais fraco — É engraçado pensar assim, porque eu não queria. Fiquei desesperada quando descobri que tinha um ser dentro de mim, eu mal tinha completado 24 anos. Mas, agora, eu não imagino a minha vida sem essa criança. — Ele suspirou — Não sei explicar, mas eu já imagino como vai ser tudo... Quero que ela viva diferente do que eu vivi, por isso fugi do Luke.
— Mas você disse que o Luke não era o pai... — Ele estava confuso.
— Ele não é. — dei de ombros — O pai do meu filho está morto, Nate. Luke o matou.
Ele me encarou assustado, mal sabendo tudo que aconteceu.
— O que ele fez para irritar o Luke?
— Me ajudou. — suspirei e ele soltou um riso nervoso.
— E você quer que eu seja o próximo presunto? — balancei a cabeça em sentido de negação — Quanto você precisa agora? — ele disse desviando do assunto.
— Não preciso de dinheiro, Nate. — Ele suspirou — Preciso que me deixe ficar aqui.
— Eu sou novo para morrer, Rebecca. — Nate levou as mãos até o cabelo, bagunçando o mesmo.
— Luke não fará nada com você. — disse segura e ele franziu o cenho. — Você é famoso, ele não vai arriscar.
— Por isso você veio me procurar. Eu já te dei 20 mil dólares, Rebecca. — ele disse bravo — E você fugiu! Me fala logo a porra de quanto você quer agora!
— Me ajuda, Nate... Só isso que te peço — disse baixo, sem coragem para olhá-lo — Sabe que eu não voltaria se não fosse importante. Eu não tenho pra onde ir e, se ficar na rua, o Luke me acha e me prende. Dessa vez eu só saio morta. Ele quer essa criança morta! — prendi a boca, tentando segurar o choro.
— Que merda, Rebecca. — Nate se levantou e eu o encarei. — Quanto ele quer?
— Ele não quer dinheiro, Nate. — ele suspirou — Ele me quer.
— E não foi atrás dele uma vez já? — ele soltou um riso debochado — Por que não vai de novo?
— Porque ele não é quem diz ser, Nate. — me levantei para ficar próxima a ele — Luke é perigoso. Eu te disse: ele me quer morta. Eu sei demais e ele não vai se arriscar. Se eu sair da sua casa, você estará assinando meu atestado de óbito.
— Não, Rebecca. — ele disse seco — Você fez isso quando entrou na merda daquele ônibus. Você jogou fora tudo que a gente tinha pra nada. — Nate se aproximou mais do meu corpo, apontando o indicador na região do meu ombro — Você assinou a porra da sua morte sozinha, caralho! Não vem querer jogar mais isso na minha conta não. Você é adulta, porra. — ele estava a poucos centímetros de mim e esbanjava muita raiva enquanto gritava as palavras. — Agora vai ser mãe. Caralho! Você vai ser mãe.
Nate respirou fundo e desceu a mão até a minha barriga, acariciando a mesma por cima do vestido, tentando se acalmar. Seus dedos faziam uma carícia leve, talvez com medo de me machucar. Sua respiração estava voltando ao normal.
— Pega a droga da sua bolsa. — Ele disse ao se afastar, me virando as costas.
— Nate, eu não posso sair daqui. — Disse correndo em sua direção, segurando firme em seu braço — Por favor, não faça isso comigo.
Ele respirou fundo, tentando não me encarar.
— Só pega sua bolsa, Rebecca. — Ele soltou seu braço — Vou te levar na porra do médico pra saber como está esse bebê. — Ele virou rapidamente para me encarar. — Você tem o resto dessa gravidez pra tomar rumo. A criança nasceu, você vai embora. E eu espero nunca mais te ver.
Sem esperar mais nada, Nathan se soltou das minhas mãos e voltou para dentro de casa. Ele foi para a sala e eu segui até o quarto em que dormi, indo atrás do meu documento falso. Não iria arriscar usar o verdadeiro, não agora.
Desci e Nate estava fumando. Seu olhar passou rapidamente por mim enquanto se levantava e caminhava para a área externa. Eu o segui em silêncio até o carro.
Durante o caminho ele discou para alguns números e marcou um agendamento para mim. É muito fácil conseguir as coisas quando se tem dinheiro e ele deixava isso à mostra, sem o menor problema. Nate parou o carro em frente a um prédio grande de vidro e desceu, me fazendo acompanhá-lo.
Caminhamos em silêncio até a recepção, onde ele deu seu nome e fomos liberados para uma outra sala. O local era grande, mas só tinham outras quatro grávidas, com a barriga maior que a minha. Até o momento ninguém tinha perguntado o meu nome ou pedido meus documentos, o que foi um alívio.
— Skate? — Uma garota um pouco mais nova que eu o chamou.
Nate sorriu enquanto eu encarava sua barriga. Ela não deveria ter 20 anos. Imaginei a minha vida se tivesse engravidado nessa idade. Provavelmente o pai seria o Jacob e minha vida seria diferente. Eu tenho certeza que seria mais feliz do que sou hoje. Voltei a prestar atenção na realidade quando Nate se levantou para tirar uma foto com a menina, que estava radiante ao conhecê-lo.
— Quem é essa? — Ela apontou para mim.
— Minha prima. — Nate disse sem demora e a menina concordou.
— Você é ainda mais lindo pessoalmente... — Ela disse mordendo os lábios enquanto o abraçava — E gostoso.
Essa última parte ela disse num sussurro, mas foi alto o suficiente para que eu ouvisse. Nate deu uma risada rouca que eu tenho certeza que fez a menina se arrepiar. Eu soltei um suspiro, indicando estar impaciente, mas ele nem se moveu. A menina só se afastou quando ouviu seu nome ser chamado por uma das médicas.
Nate voltou a se sentar ao meu lado e manteve um sorriso no rosto. Babaca. Eu revirei os olhos enquanto observava aquele local.
— Gostei desse lugar. — Ele disse baixo.
— Você é nojento, Nathan. — disse sem encará-lo.
— Você nunca reclamou.
— Eu não tinha muita escolha. — rebati e ele soltou outra risada.
— E agora têm? — Nate levou a mão até minha coxa, apertando de leve perto do joelho — Rebecca, você nem da minha casa pode sair. Vai dar pra quem? Ninguém lá vai ser doido de encostar o dedo em você não.
— E por que não? — o fitei e ele franziu o cenho.
— Ué... — ele deu uma pausa e encarou meu corpo. — Porque não. Você está grávida.
— Tem gente que não se importa com isso, Maloley. — fiz uma careta enquanto o encarava.
— Mas todo mundo acha que essa barriga aí é por minha causa. — Ele deu de ombros — Ninguém vai encostar em você, Rebecca.
— E por que está falando que o filho é seu? — rebati e ele franziu mais o cenho.
— Não interessa, Rebecca. — eu sorri com isso e ele desviou o olhar — Agora presta atenção se vão chamar meu nome.
Levei minha mão por cima da sua e acariciei de leve. Nate retirou a mão dali, colocando as duas dentro da sua blusa de moletom.
— Você sabe que não consegue nem disfarçar, certo? — Disse num sussurro e ele me encarou confuso — A forma que fica quando está perto de mim. Você não consegue manter a pose de superado.
— Rebecca, você está... — Nate começou falar, mas fomos interrompidos pelo médico nos chamando.
Levantei rapidamente e o tatuado me acompanhou, entrando no consultório comigo.
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