A Dança dos dragões estava prestes a rebentar. A menina sabia perfeitamente o que a guerra poderia trazer consigo, e estava disposta a evitar se o mundo dependesse apenas dela, mas não dependia com grande pesar, pensava sozinha enquanto estava sentado a um canto do bosque sagrado debaixo da árvore coração folheando um livro sobre as histórias de seu antepassado mais renomado e venerado, Aegon o Conquistador.
Maera Velaryon era filha de Rhaenyra Targaryen, assim como os seus três irmãos Jacaerys, Lucerys e Joffrey, era uma menina de cabelos escuros sem qualquer característica da casa valeriana que era conhecida pelos seus descendentes de cabelos prateados e olhos claros podendo possuir coloração violenta, como sua mãe herdara dos seus avós. Lucerys teve a sorte de nascer com os olhos azuis, claros como as águas cristalinas do oceano.
Mas os restantes não, eles os quatro, na boca do povo e para os dois restantes membros da corte e residentes da fortaleza vermelha eram bastardos, fruto de adultério cometido pela princesa com o Sr.Harwin da casa Strong.
Tinham nome graças a Sr.Laenor Velaryon que casou com a herdeira do trono de ferro, por direito de e os criou como um pai honrado que os amava acima de tudo, assim como o pai biológico que fazia os possíveis para proteger aquelas crianças inocentes do resto do mundo.
Jace foi o primeiro a saber,a situação era cada vez mais famosa e vagava as sete províncias do domínio, chegando até aos ouvidos dos povos nortenhos e dos soldados de patrulha da noite passando pelas terras da tempestade e das areias Dornesas.
A princesa Rhaenyra tomou coragem e teve a grande conversa com os filhos mais velhos quando foi questionada numa das manhãs daquela mesma semana, apesar de nem o pequeno Luke e muito menos Joffrey que era apenas uma criança de berço tinham capacidade para entender aquele tipo de questões de paternidade. Eles não tinham vergonha de quem eram, conseguiam orgulhar-se da sua pessoa e da família que tinham, mas era difícil ouvir os burburinhos e as piadas de mau gosto pelos corredores daquela que diziam ser a sua casa desde o seu nascimento.
Até os seus tios, que tinham pouca idade de diferença deles mesmos se juntavam à festa naquelas alturas de difamação. Especialmente Aegon,o mais velho de outros quatro irmãos, filhos de Viserys I com a sua segunda esposa Alicent Hightower, adorava implicar com os sobrinhos. Jacaerys era o alvo mais comum, o que rendia muitos duelos de espada de madeira no pátio onde os rapazes treinavam as suas habilidades de combate e autodefesa. Os dois príncipes do meio, Aemond e Helaena eram os mais quietos e não procuravam confusão.
A jovem colecionava insetos e estudava com muita curiosidade as peculiaridades dos bichos que caçava ou encontrava perdidos pelos cantos do castelo. O rapaz, este também era gozado por não ter uma montaria. Não estamos a falar de cavalos, mas sim de bestas aladas com escamas que lhes cobriam a pele quente e grosseira, dragões. Aemond não tinha um para chamar de seu e voar por aí como Jacaerys e Aegon, que se juntavam para lhe atazanar a vida seguidos de Luke que na inocência se deixava levar.
Maera já o havia apanhado sem querer, escondido a chorar aos prantos na grande biblioteca, encolhido perto das estantes referentes à história da Antiga Valíria. Não se atrevia a incomodá-lo, Aemond mostrava-se muito temperamental quando estava frágil emocionalmente. Lucerys que o diga. O menino bem tentou pedir-lhe desculpas após se dar conta que a brincadeira de oferecer ao tio um porco com asas falsas não teve graça nenhuma para ele. Como o pequeno chorou nos braços da irmã sentados na cama do quarto naquela tarde sem esperança alguma de ter o perdão do seu intitulado tio favorito. Coitado, tanto um como o outro.
Todos eles de cabelos com tom luminoso como as pratas mais polidas já vistas no continente inteiro e as íris suas íris como pedras preciosas de ametistas, à excepção de um deles, o mais novo dos rapazes, Daeron Targaryen o seu nome.
Este diferia, dava-se bem com os sobrinhos homens até determinados limites impostos pela mãe e o desdenhoso do avô. Para que isso não acontecesse com Maera, o príncipe fazia questão de isso não acontecer, pois adorava a companhia da Velaryon. Eles eram a frágil corrente que ainda unia os dois lados, verdes e pretos, daquela caótica família. Por esse mesmo motivo ambos adoravam exibir vestes de lados opostos e muitas das vezes mantinham o gosto ao usar o branco e o cinza juntos no dia a dia, ou azul em ocasiões especiais em homenagem à casa do Lorde das Marés. Era uma pequena afronta e um sinal para o mundo que ainda existia união entre os membros que pertenciam à Casa Targaryen.
Nenhum dos herdeiros de Viserys do seu segundo casamento puxou a Rainha para felicidade da mesma e do seu pai, a atual mão do rei,Otto. Mal encarando a maioria do tempo,com uma barba de tom castanho-claro a puxar para o ruivo como os esplêndidos cabelos que também tinha a atual rainha consorte, sempre bem penteados e ornamentados por ganchos ou tiaras douradas.
Passos leves foram ouvidos a pisar a erva do bosque e um sorriso se fez presente nos lábios de formato de coração da jovem ao saber de quem se dispunha a visitá-la naquele momento de reflexão.
— Achei que te encontraria aqui.
Sem tirar os olhos das páginas, Maera supôs aos 4 ventos.
— Um palpite,presumo.
— Tenho uma intuição forte quando se trata de procurar-lhe, princesa — disse o loiro de fios platinado, continuando a sua aproximação até ficar ao lado dela em pé com a lateral esquerda do corpo ancorada na árvore sagrada. — Que estás a ler?
— A Conquista de Westeros… — respondeu diretamente ainda a contemplar as belíssimas ilustrações nas páginas do enorme livro de folhas amareladas pelo tempo, feitas pelos mestres da Cidadela.
— Não te cansas desse assunto? Se não me falha a memória seria a oitava vez que estais a ler essas palavras massacrante. — questionou passando os dedos pelo cabo da espada que transportava no cinto,com um sorriso tipicamente fácil, levantando as sobrancelhas espantado com a quantidade de horas que a donzela perdeu a reler aquele livro velho.
— Pelo menos eu não fujo aos meus estudos para brincar aos cavaleiro Sr.Daeron, o ousado. — Disse olhando para cima e encontrado aqueles olhos azuis, diferentes dos do irmão, estes eram ligeiramente pigmentados com verde, mas só dava para notar se a pessoa quisesse muito se perder naquele olhar que transbordavam ternura e afeição que o rapaz nutria pela sobrinha. Daeron só conseguia sorrir mais com a afronta. Era fácil demais.
Quem os via de longe, achava estarem de compromisso marcado, já que os Targaryen tinham fama por seus estranhos costumes incestuosos. Muitos da fé não concordavam com tais práticas, mas não se permitiam rebelar contra o poder da coroa. Exemplo mais recente disso era Daemon Targaryen,que apesar de casado pela segunda vez seguida e pai de duas lindas gêmeas com Laena Velaryon, continuava a ter olhos apenas para o Deleite do Reino, a princesa Rhaenyra. E a mesma parecia retribuir os sentimentos.
Eles não, de longe, pensam dessa maneira. As raízes da longa amizade prevalecem acima de qualquer vestígio de desejo. E a rainha sua mãe nunca o permitiria.Para Daeron era já um hábito afastar os pensamentos mais tentadores na presença da jovem princesa, ver aquele sorriso todos os dias. Era uma bênção dos sete e, ao mesmo tempo, um castigo por nascer na família que nasceu. Podia ter sido um Tyrell senhor de Jardim de cima, ou um senhor do Vale, ou até mesmo um Stark e ser condenado a viver nas terras gélidas do norte. Infelizmente não era nenhum deles e tinha que conviver com tal fardo.
Muito novos com a repentina mudança para Vila Velha em crianças que os torna próximos e unidos, pois era a única família presente um do outro. Maera mal se despediu da mãe e dos irmãos quando Otto Hightower,a mão do rei Viserys, os arrastou para aquele fim de mundo repleto de templos sagrados da fé e campos férteis o suficiente para o povo não ter dificuldades com a fome, ambos agora apelidaram lar depois de tanto tempo presos àqueles muralhas e ruelas de mercados e infestadas de mestres que espalharam a sua doutrina e mandamentos. Desde da maldita noite em Derivamarca.
Os Hightower protegiam as terras em nome da coroa, e eles de certa forma eram a própria coroa. Não era difícil para Daeron tomar as rédeas na ausência do seu estimado avô. Era divertido brincar de nobre, montar estratégias militares de batalhas com os velhos mapas e dar-lhes o uso devido, gostava de sentar e ouvir as pessoas do seu pequeno conselho,para saber das novidades de Porto Real das demais províncias e os problemas a serem resolvidos na sua. Mas o auge dos seus dias eram os treinos de cavaleiro e torneios em que se metia, no fim deles sempre recebia a visita da princesa, fosse para lhe ralhar, parabenizar ou tratar dos ferimentos ligeiros. Quando o mestre era dispensado sempre tinha Maera para cuidar de si.
Daeron recorda de ter sido ela a tratar-lhe da febre uma vez que uma ferida feita pela espada de Sir Edmund Waters. A menina passou noites em claro do lado da cama a ensopar panos em água gélida para lhe molhar a testa insistentemente para baixar a temperatura e a trocar as ataduras com as devidas indicações médicas. Obrigava-o a comer mesmo que a vontade fosse nula e rezou tanto ao Estranho para não o levar e a Mãe para o proteger.
— Que quereis afinal? O sol ainda não se pós, achei que estaria com Tessarion a atazanar a paciência dos pastores na colina.
— Pensei genuinamente em fazê-lo, mas não hoje que teremos visitas.
Com uma expressão confusa virou-se para o tio deixando o livro de lado ainda sobre as pernas.
— Não me recordo de me falares de tal evento.
— Também fui informado tardiamente, esta manhã para ser exato. — expôs o facto enquanto a curva dos lábios ia se desvanecendo a pouco e pouco.- meu avô.
— O que levou Otto a deixar a fortaleza vermelha para vir visitar o não tão adorado neto?
— Não sei, mas coisa boa não deverá ser, aliás suponho que ele não veio nem por mim, nem sozinho.
Não gostando nada das coisas que ouvia, Maera finalmente fechou o livro e levantou do chão sem se designar a sacudir a poeira da saia do vestido, ficando de frente com o olhar temeroso do tio que engoliu em seco.
— Quem e por que motivo?
— O motivo eu não sei Maera, mas para além da mão do rei teremos que receber a Rainha consorte e…
Em poucos segundos a luz do pátio foi coberta por uma sombra e rugidos ferozes e imponente de dragão foram ouvidos nos céus. Ambos olharam para cima e no alto avistaram o maior dos dragões alguma vez existentes em Westeros, era Vhagar.
— Amond… recuso-me a aparecer no jantar se eles ainda estiverem aqui.
— Maera por favor,o assunto deve ser sério para a vinda deles aqui
— Eles nunca vieram aqui, por que agora?
— Tem calma — o rapaz segurou a mão da princesa deixando um carinho suave com o polegar de modo a acalmar a sua fúria pelos "verdes". Pode ser que tragam notícias de pedra do dragão.
— Duvido!
Daeron não pôde conter o suspiro tristonho ao ver o abalo da amada sobrinha.como costumeiro levou a destra até as fartas bochechas da velaryon e a confortou forçando se a sorrir mais uma vez para passar um resquício de confiança.
— Correrá tudo bem, em breve seremos nós dois outra vez, sem lagartos gigantes, velhos rabugentos e mães controladoras a solta nos dois longe do mundo.
Acompanhando o positivismo do outro, a jovem apertou a mão do príncipe em concordância.
— Não tão distantes como pensamos… como se diz no norte, “o inverno está a chegar”
— Somos fogo e sangue, o que é uma muralha de gelo para um dragão feroz?
— Hehehe… não sabes de nada Daeron Targaryen.
Sem se despedir, a morena soltou-se do toque alheio sendo lentamente acompanhada pelo braço estendido e pontas dos dedos esticadas quase implorando para ela ficar um pouco mais,e caminhou em direção ao seu aposento para se preparar para a batalha que seria aquele encontro familiar.
Nas suas costas o príncipe mais novo dos verdes a observava partir,suspirando mais uma vez ao temer o que o destino tramava.
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