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História Caminho da Discórdia - Em casa


Escrita por: sttardust

Notas do Autor


olá! que saudade de postar pra vcsss

estou de volta do recesso de carnaval com o PENÚLTIMO CAPÍTULO!

nem vou enrolar muito hoje
apenas aproveitem.
boa leitura ♡

Capítulo 59 - Em casa


P.D.V. Eris

Eu deveria estar estudando, porque sei que o que vai garantir meu futuro é uma profissão consolidada e não um cara. Mas eu simplesmente não consigo me concentrar. Nem os livros abertos pela mesa, minhas anotações preciosas ou as mídias disponíveis em áudio conseguem enfiar alguma parte da matéria na minha mente. Nada funciona. Eu só consigo lembrar daquela garota de olhar sério e fala magoada, se dizendo namorada de Guilherme e alfinetando que eles precisavam ter uma conversa de família, como se para me trazer à realidade de que meu lugar não é ali. Que eu não me encaixo. E ainda, dizendo que ele vai voltar para a cidade dele.

Não sei como me deixo enganar tão fácil. Eu sabia desde o começo que ele era uma pessoa inteira e completamente diferente de mim. Eu percebia em nossas conversas, em seus objetos caros, no seu modo de viver e tive a oportunidade de ver fisicamente em sua própria cidade, como que a vida dele realmente funciona. É até como se fosse um outro mundo. Ele é rico, herdeiro, e pessoas como ele só se importam com pessoas como eu nos livros de romance. Então, por quê? Por que eu decidi entrar nisso mesmo sabendo que somos incompatíveis, de mundos diferentes que não se misturam? Deveria ter continuado fugindo desde o começo. Era sempre a opção mais fácil.

Eu percebi desde meu último dia em River que seu pai lhe queria de volta por perto. Aquela conversa não foi a esmo. Agora me parece ter sido um aviso prévio, talvez uma tentativa de me alertar sobre o que aconteceria. E o pior é que eu sabia. Eu cheguei a dizer para Guilherme que ele não voltaria, mas ele prometeu que voltaria. E voltou. E eu me entreguei mais uma vez ao ímpeto sentimental e ignorei que havia um dia seguinte trazendo todos os avisos de volta em forma de fatos crus e doloridos.

E acabou tudo nessa porcaria. Ele está indo embora e eu estou aqui trancada nesse dormitório mórbido, tremendo e ansiosa, pensando se eu deveria sair e fazer uma cena de livro, correr e implorar para que ele perceba que seu lugar é aqui comigo, contrariando todas as convenções e tudo o que ele sempre quis. Mas esse tipo de cena é só uma estratégia de clímax. Eu não estou num livro. E essas coisas, na vida real, não são percebidas no último minuto. Não sou eu que devo ir até lá e lhe dizer para ficar e preservar tudo o que vivemos. Se o que tivemos chegou a ser tão real quanto pensei, Guilherme já deveria saber onde é seu lugar.

Eu vou voltar a fazer o que eu nunca deveria ter parado: fugir disso.

Com raiva, eu abro um livro de capa dura, que faz um pouco dos meus cabelos voarem e doer meus ouvidos com o som do atrito. Mas eu não consigo ler sequer uma palavra.

Começo a suar neste lugar. Passo a mão pelo pescoço e sinto o suor se espalhar, bem como na minha testa e nuca. Meu peito se aperta, é uma vontade inexplicável e desoladora de chorar, mas as lágrimas não vêm.

Deixei isso chegar num nível que dói fisicamente. Você já foi mais esperta, Eris.

Vou até o banheiro e jogo água no rosto. Prendo meu cabelo no alto, tirando os fios grudados de onde a água molhou. Volto para o quarto e fico inquieta andando em círculos. E o pior é que não há absolutamente nada que eu possa fazer pra isso passar. Tenho que lidar com esse vazio.

De repente meu olhar se volta para a mesa onde estão os livros, mas é meu celular que chama atenção, vibrando feito louco. Eu me aproximo e o seguro. Mais uma pontada no coração, afinal é Guilherme quem está ligando.

Respiro fundo. Isso precisa acabar logo. E isso quer dizer que ele precisa sair da minha vida o mais rápido possível. Rejeito a ligação.

Antes mesmo que eu volte para meu ponto de andar em círculos, o celular torna a vibrar. Rejeito a segunda ligação. E depois a terceira e a quarta. Depois da quinta, eu desligo o celular. E está acabado.

Deito-me na cama e fico encarando o teto sem contar mais os minutos e nem pensar em nada, desfrutando a minha dor.

Só que, de repente, batem na porta. Meu coração parece que leva uma batida também.

Eu me levanto e atendo. É uma menina branca com cabelo colorido que cursa Nutrição e dorme no quarto da frente ao meu.

— Oi, Eris! Desculpa se estou incomodando… — Ela sorri meio torto.

— O que foi? — pergunto.

— Eu estou liderando uma campanha aqui no dormitório e quero saber se posso contar com sua assinatura num abaixo-assinado.

— Campanha pra quê?

— Para instalação de ar condicionado nos nossos quartos durante as férias. Ninguém aguenta mais esse calor, não é mesmo? Ontem minha melhor amiga até desmaiou!

— Desmaiou? — Eu me espanto. — Ela está bem?

— Ah, sim, só foi um probleminha de pressão. Mas eu me assustei porque ela demorou a reagir. Está fazendo muito calor e eu não quero que aconteça de novo com ninguém.

— É, você está certa…

— Você fica para o ano que vem? — ela pergunta.

— Espero que sim. — Sorrio triste.

— Então, quem sabe, a gente já possa ter o ar nos quartos!

— É, quem sabe… — Dou de ombros. — O que eu tenho que fazer?

— É só assinar aqui! — Ela me entrega uma folha de papel apoiada numa prancheta dura, com mais da metade preenchida com nomes das meninas que dormem aqui. — É só pra colocar seu nome, matrícula e curso.

— Tá.

— Eu já volto para pegar — ela avisa. — Vou ver a lá de cima, porque estou com folhas rodando em todos os andares.

— Tá, então eu vou assinando — eu concordo e fecho a porta quando ela sai.

Vou caminhando até a mesa para pegar uma caneta enquanto penso na improbabilidade dos diretores se juntarem e conseguirem verba para ar condicionado nos quartos dos alunos que moram longe. Todos falam pela universidade como os diretores são difíceis. Se o resto for como o diretor Edward, estamos ferradas. Mas não custa nada tentar.

Assino na folha como a menina pediu, e fico somente aguardando ela voltar para recolher. Batem novamente na porta poucos segundos depois. Levo a prancheta comigo e atendo mais uma vez.

Tomo um susto quando vejo que não é a menina do abaixo-assinado na minha porta e não consigo reagir. Guilherme entra com pressa em meu quarto, me arrastando junto, e fecha a porta atrás de si. E só depois de alguns instantes eu compreendo porquê tanta afobação.

— Como entrou aqui? — sussurro brava. — Está louco?

— Foi a única maneira de falar com você! Muito obrigado por desligar na minha cara! — Ele parece não se importar tanto com o volume da voz.

— Fala baixo! Eu não quero ser suspensa de novo! — repreendo. — Por que não foi falar comigo na rua?

— Por que você acha que eu estava te ligando?

Que ódio. Ele está coberto de razão e eu não tenho qualquer argumento para replicar.

— Vai embora! — peço e aponto para a porta.

— Eu sei, já vou. Mas antes você vai me ouvir.

Um momento de menos tensão e eu reparo que ele segura pela alça a sua mochila preta. Ele, literalmente, vai embora. E essa pode ser minha última chance de ouvir e de dizer o que for preciso.

— Eu ouço, então — digo fingindo indiferença. Viro-me de costas para ele e cruzo os braços. Minha garganta começa a queimar. Agora as malditas lágrimas querem aparecer e tenho que lutar contra elas.

— Eris, eu adoraria dizer que todas aquelas coisas que a Laura disse eram mentira e birra de ex namorada, mas infelizmente não é assim. Eu sei que eu errei. Eu deixei ela sozinha achando que foi culpa toda dela, mas só depois, mais calmo, eu pude perceber que todo mundo errou e tinha parcela de culpa. Eu também. Mas eu só continuei deixando essa merda toda pra baixo do tapete porque achei que estava mudando meu comportamento de uma forma boa aqui.

Ele faz uma pausa para respirar e fico me perguntando como alguém pode ter um tom de voz tão calmo em meio a uma situação dessas. Eu limpo uma lágrima do canto do olho antes que escorra para o rosto.

— Você estava certa ao dizer que quem merecia um pedido de desculpas era a Laura. Eu pedi e ela já me desculpou. Ela não veio aqui pra me jogar praga nem tentar te desmerecer, mas ela estava com raiva e eu entendo e lhe dou razão. A culpa é toda minha. — Ele para, dando a entender que quer me ouvir, mas eu não tenho nada a dizer e ele prossegue. — Bom, mas eu acho que você merece um pedido de desculpas também. Desculpa pela forma que a Laura falou, e desculpa por eu não ter sido totalmente sincero. Você não merecia saber disso dessa forma. Você despertou em mim uma coisa tão boa que eu não queria nem lembrar que eu fui esse cara babaca. Na verdade, eu não queria que você soubesse que essa parte minha existiu. Você só viu o melhor de mim e não queria te assustar. Eu… praticamente sou uma pessoa nova depois desse tempo que eu passei aqui com você.

No tempo que passei. Ele está falando no tempo passado. Eu fecho os olhos e não impeço que as lágrimas escorram dessa vez e molhem minhas bochechas.

— Será que você já pode falar alguma coisa? — ele me cobra, soando impaciente. — Aqui tá quente pra porra, hein? Tô até com sede.

Respiro fundo e tento disfarçar minha voz de choro. As palpitações em meu peito mal me deixam falar.

— Tá legal — digo e balanço a cabeça rápido várias vezes. — Que bom que você se esforçou pra não ir embora sem se despedir dessa vez. Talvez tenha aprendido alguma coisa mesmo. Agora é melhor você ir logo, tá ficando tarde e sua mãe tá te esperando — solto.

Ouço um suspiro pesado seu.

— Eris, eu não vou voltar.

Minhas pernas tremem e meu coração se aperta tão forte no peito que meu corpo se contrai. Eu olho para trás, para Guilherme, deixando que ele veja minhas lágrimas e toda a minha confusão.

— Está doido?! — pergunto com raiva.

— É bem provável.

— Isso não era o que você mais queria?

— Era. Quando minha mãe disse que eu podia voltar fiquei balançado, cheguei a pegar umas coisas, mas... Mudei de ideia. Tive que tirar um tempo só e pensar de verdade. Não só pensar com a cabeça, mas com meus sentimentos também. Tive que admitir algumas coisas pra mim mesmo e… Eu percebi que… — Ele dá um passo para frente. — Voltar pra casa não é mais a coisa que eu mais quero.

— Como assim?!

— Estou apaixonado por você.

Silêncio mortal.

— O quê? — pergunto incrédula e balanço minha cabeça em negativo.

— Eu cansei de jogar, Eris. Eu tô há muito tempo me segurando para não sair por aí falando tudo o que sinto por você. Eu na verdade fiquei mais afastado esses últimos dias porque eu tava com medo de quão longe estávamos indo. Estava com medo de errar ou até de que você não gostasse de mim da mesma forma, porque às vezes não dá pra saber. — Ele pausa e engole em seco. Seus olhos quase transbordam de emoção. — Mas já chega disso, vou deixar tudo claro de uma vez por todas: eu completamente apaixonado por você! E parece que as únicas pessoas que não sabem disso somos nós dois. Minha avó viu, sua irmã viu, a Rebeca, o Nico, até meu pai viu! É por isso que ele sabia que eu não queria voltar pra casa!

Olho para ele assombrada. Tanto por seu tom de voz agoniado quanto pelas coisas que ele diz. É como se de repente fosse uma cena de livro sim, mas de terror.

— Você me intrigou desde que te vi pela primeira vez entrando naquela sala. Que eu sentei no seu lugar, lembra? — Sorri. — Depois a gente começou a conversar e você me entendeu como ninguém. Você ia me taxar de louco se eu contasse, mas a verdade é que eu só pensava em te beijar desde aquele primeiro sábado no parque. E mesmo que a gente tenha se perdido depois e mesmo que eu estivesse com a Rebeca, era você quem eu queria. Sempre foi.

Não consigo nem mesmo piscar mais. Todo o meu corpo só consegue prestar atenção em cada palavra que Guilherme fala.

— Eu juro que queria te dizer essas coisas há muito tempo, mas eu não queria te assustar. Não queria te apressar. — Ele olha para mim parecendo magoado. — E você pode até pensar que é fácil pra mim admitir tudo isso, mas não é. Eu lembro de prometer pra mim mesmo que não deixaria nada me prender nessa cidade, e olha como estou agora: preso! E eu não tenho saída, porque minha casa não parece mais minha casa. Eu volto pra River e fico sentindo que algo está faltando. Não tem mais aquele alívio de chegar em casa, sabe? Esse alívio eu senti quando voltei de River semana passada e vi que você estava me esperando. Quando você me abraçou… foi como voltar pra casa.

Eu me viro novamente de costas e olho para o chão. As lágrimas voltam a escorrer e eu seguro um soluço. Ponho a mão sobre a boca.

— Então, Eris, eu quero ficar aqui, mas só se for pra ficar com você — ele diz calmamente. — Minha mãe disse que meu pai pode me ajudar com todas as coisas do estágio e da transferência, se eu quiser. Então nem o trabalho me prende aqui. Posso escolher, mas, sinceramente, preciso que você me diga alguma coisa. Eu não quero mais ter dúvidas. Eu sei que tenho os meus defeitos, mas… Quero tentar com você. Quero saber se você pode me dar um voto de confiança. Se não for o que você quiser, eu vou entender, mas não terei mais motivos para continuar aqui.

Sinto minhas pernas tremerem e vacilarem mais uma vez. Eu então me arrasto de volta para a mesa com meus livros e me sento. Passo a mão pelo meu rosto, tentando aliviar minha tensão e fazer minha mente voltar a funcionar, mas agora ela é uma folha em branco. Não consigo pensar em nenhuma merda para dizer.

— Era isso que eu queria que você soubesse — ele fala mais baixo, como se me lembrasse que ele está aqui e que eu tenho algo para responder.

Mas eu não penso em nada. Eu me esforço, mas não funciona. A verdade é que eu estou profundamente tocada, emocionada, surpresa, aflorada por emoções que eu nunca senti antes. E estou com medo, assustada e nervosa. Saber de tanta coisa de uma só vez é pra deixar qualquer um sem reação.

Não sei quanto tempo passa enquanto eu continuo tentando assimilar meus pensamentos, mas o silêncio se mantém. Guilherme interpreta isso da sua maneira.

— Eu… — Ele pigarreia. — Acho que… ficou tudo bem claro, né? Então é melhor eu ir embora.

Meu coração dispara sem precedentes. Olho para trás e vejo Guilherme decidido a ir. Está andando até a porta. Segurando a maçaneta. Girando a maçaneta. Abrindo a porta.

E então eu percebo que essas coisas não funcionam com ensaio, com preparação. Essas coisas são resultados das nossas emoções, elas são espontâneas, imprevisíveis, elas não podem ser calculadas. É a surpresa que garante a sinceridade.

Eu me levanto com pressa e corro até Guilherme. Eu o alcanço antes que ponha o pé para fora.

— Não vai embora. — Eu o puxo de volta pelas pontas dos seus dedos. — Fica comigo. Eu também estou apaixonada por você — admito.

— Está? — ele pergunta.

— Estou. Eu não quero ficar sem você.

Eu sinto sua postura relaxar e a porta bater de volta no batente. Ele chega mais perto de mim e me segura. Vejo seus olhos também marejados, ele está prestes a chorar.

— Olha… — Seguro seu rosto enquanto penso nas palavras. — Eu também queria ter te falado antes. E também queria entender o que era essa coisa boa e forte que eu estava sentindo… mas eu não sabia, não sou boa com isso. — Eu tento olhar para baixo mas Guilherme imediatamente levanta meu queixo, colando nossos olhos. — Você sabe que é a minha primeira vez com isso tudo. Eu estou confusa e, talvez, a única coisa que eu saiba é que eu quero continuar passando meus dias com você, porque eu nunca me senti tão sozinha do que quando eu fiquei longe de você.

— Sério? — Ele sorri enquanto olha pra mim.

— É, é muito sério. — Mais uma lágrima escorre pelo meu rosto.

— Posso continuar atrapalhando seus estudos?

Eu rio.

— Você nunca me atrapalhou.

Guilherme segura na minha nuca e sela nossos lábios. É o beijo mais intenso que trocamos. Ele toma minha boca com urgência enquanto nossas mãos percorrem o corpo um do outro, querendo acabar com qualquer espaço que nos separe. Ele suga meu lábio inferior e, em seguida, roça sua língua na minha, num movimento tão sutil mas que deixa meu corpo inteiro em ardência. Eu me sinto sensível, e a cada toque seu eu sinto que vou me desfazer em seus braços.

Entretanto, somos interrompidos por batidas na porta. Afastamo-nos e nos entreolhamos preocupados.

— Merda. Quem pode ser? — Guilherme sussurra.

— Acho que eu sei. — Aponto para o banheiro no canto do quarto. — Se esconde lá!

Ele anda devagar e some dentro daquele cômodo. Eu vou até a mesa e pego novamente a prancheta com minha assinatura. Quando abro a porta, fico aliviada de ver que é quem eu esperava que fosse.

— Assinou?

— Assinei! — Sorrio e lhe devolvo a prancheta.

— Ok! Obrigada! Qualquer novidade eu te aviso!

— Obrigada. E boa sorte! — digo. Ela se afasta e fecho a porta, mas continuo parada tentando ouvir os sons de seus passos cada vez mais distantes.

Mas meu corpo se arrepia quando eu sinto duas mãos descendo pelas minhas costas e parando em cada lado da minha cintura.

— Quem era? — ele sussurra próximo a minha nuca, fazendo-me tremer.

— Nada suspeito… — Fico de frente para ele, apoiada contra a porta. — Alguém te viu subindo?

— Claro que não. Não quero que a gente seja suspenso de novo.

— Mas a semana que a gente ficou suspenso até que foi boa… — Eu sorrio.

— Foi ótima. — Ele se inclina e beija de leve o meu rosto. — Mas eu tenho medo de te prejudicar de novo. Agora acho que é melhor eu dar o fora daqui!

Penso por alguns segundos.

— Tenho uma ideia melhor. — Seguro a gola da camisa dele. — Por que você não fica aqui comigo… — Abro um botão de sua camisa. — E a gente escapa quando escurecer, sem ninguém ver? — sugiro e olho para ele com um sorriso nos lábios.

— Estava brincando sobre atrapalhar seus estudos — ele sussurra.

— Mas acho que você tem razão — sussurro de volta e deixo um beijo no canto de sua boca. — Eu já sei a matéria. Vou revisar no fim de semana.

— Uau! — ele se surpreende e aumenta a voz.

— Shh! — Arregalo os olhos e apoio meu dedo indicador em seus lábios. — Mas você tem que falar baixo! — sussurro.

— Tá bom! — ele cochicha. — Não se preocupe que eu vou manter minha boca muito bem ocupada.

Mordo meu lábio inferior quando Guilherme vem mais perto e beija meu pescoço. Fecho os olhos e inclino a cabeça, dando-lhe mais espaço.

Minhas mãos tentam acariciar suas costas, mas sua mochila agora pendurada nos ombros atrapalha. Tento tirá-la pelas alças e Guilherme se afasta para fazê-lo.

— Por que está com isso? — pergunto. — Tá parecendo mesmo que está indo embora.

— É que eu queria te mostrar uma coisa, mas não estava com cabeça para procurar. Só sei que está aí dentro.

Eu rio baixo.

— E o que é?

— Depois — ele sussurra e sorri. — Agora a gente tá ocupado.

Ele volta a me deixar contra a porta e põe suas mãos também apoiadas na madeira, de cada lado da minha cabeça; inclina o rosto e beija lentamente meu pescoço, resvala a ponta da língua pela minha clavícula e mordisca meu ombro.

O pequeno espaço entre nós permite que eu alise minhas mãos pelo seu abdômen. Em seguida, começo a abrir cada um dos botões de sua camisa e, apesar das mãos trêmulas, chego até o último. Tiro o tecido pelos seus braços e este escorrega até o chão. Beijo lentamente seu peito, deslizo pelo abdômen e olho rapidamente em seus olhos antes de começar a lambê-lo também por ali. Ele suspira, satisfeito e aliviado.

Levanto meus olhos para ver sua reação quando meu toque chega ao cós de sua calça. Ele fecha os olhos e entreabre os lábios, indicando que já está bastante afetado. Então eu abro a calça e o toco por cima da cueca preta. Sua dureza enche minha mão. Um primeiro gemido escapa de seus lábios.

— O que você quer me provocando assim? — pergunta com voz de dor.

— Quero você — sussurro.

— Também quero. Muito.

Ele reage e me toma em seus braços, beijando-me com desejo enquanto me arrasta pelo quarto. Entrelaço as pernas em sua cintura e só volto a sentir algum espaço quando ele me deita na cama.

Ele fica de pé abaixando sua calça enquanto eu tiro minha blusa pela cabeça e também me livro da calça. Jogamos tudo no chão. Eu me sento para tirar o sutiã, mas antes de conseguir, Guilherme chama meu nome e, pelo seu tom, desconfio que algo esteja errado. Olho para ele.

— O que foi?

— Eu preciso que você tenha qualquer camisinha por aqui…

— Você não tem?

— Eer... Não. — Ele ri forçado. — Saí de casa com muita pressa pra pensar nisso.

— Foi pressa ou você pensou que ia levar um chute na bunda? — brinco.

— Não descartei, sabia? Você sabe como dar um fora.

— É mesmo? — finjo surpresa enquanto me aproximo dele.

— Sua moleca! — Ele me segura sorrindo e me dá um selinho.

— Posso ver, mas acho que não tenho. — Coço a cabeça enquanto penso onde posso procurar. — Distribuíram algumas nas aulas do semestre passado, mas eu não pegava nenhuma. Não ia usar mesmo. — Rio.

— Pensa bem. Por favor. — Ele beija meu ombro e depois meu pescoço. — Preciso de você.

Nós ficamos por longos minutos procurando uma mísera camisinha em qualquer lugar que podemos procurar, até eu encontrar uma perdida entre meus absorventes de precaução. Não podemos comemorar muito alto mas acho que, se pudéssemos, soltaríamos fogos.

Mas tem uma diferença…

— Eris… é feminina! — Guilherme resmunga.

— Claro que é! — falo o óbvio.

— Mas… Você consegue? — Ele me olha hesitante.

— Não sei. Eu nunca tentei… — Sento-me na beira da cama. — Mas eu uso absorvente, deve ser quase a mesma coisa.

— Acho que sim. — Ele se senta ao meu lado. — Talvez seja melhor a gente parar por aqui. Não vamos arriscar.

— Não, calma… Acho que eu quero tentar.

— Quer mesmo?

— Sim. — Balanço a cabeça. — Deixa eu ver como funciona isso.

Seguro a pequena embalagem branca em minhas mãos e leio no verso as instruções para inserir o anel e ajustar a borracha. Vejo também a data de validade, o que é bem importante. Está no prazo. Sinto uma leve tensão entre nós dois, evidenciada no silêncio, mas esta desaparece quando rasgo o plástico e puxo o conteúdo para fora. Deveríamos ser mais maduros que isso, mas nós rimos devido a exuberância do produto. Muita borracha, muito comprimento, muita largura, muito tudo.

— Isso parece um coador de café — digo.

— Fala sério, por que essas coisas têm que ser tão complicadas? — Ouço-o resmungar.

— Ainda quero tentar — falo. — Estou curiosa!

— Isso não vai te machucar?

— Não sei.

— Espera — ele pede, me puxando pela mão e me fazendo deitar no colchão. Ele fica sobre mim. — Deixa eu fazer isso em você antes. Quero que você se sinta bem, pelo menos um pouco.

Guilherme se inclina entre minhas pernas e retira minha calcinha. Ele separa minhas coxas e beija lentamente a parte interior delas, entrando até quase chegar em minha intimidade. Eu estremeço. Tenho uma lembrança bem boa daquela única vez que ficamos e ela rodeia minha mente e me encanta como uma fantasia. É claro que eu quero tudo de novo, e nunca deixaria de querer só pela camisinha aparentemente desconfortável.

Não consigo ficar firme quando ele me toca, o meu corpo todo se contorce e treme. Sinto tudo à flor da pele. Nem eu mesma consigo tocar qualquer parte boba do corpo, como os meus braços. Não os sinto; estou bem sensível.

— Deixa eu beijar você todinha. — Sua voz chega baixa aos meus ouvidos mas já é o suficiente para fazer com que eu me arrepie inteiramente.

— Deixo você fazer o que quiser — respondo sorrindo.

Sua língua firme desliza pela minha entrada molhada e pelos meus lábios, uma intensidade tão absurda que nem consigo manter os olhos abertos. Respiro ofegante pela boca aberta. Seguro em seus cabelos tentando me manter firme e não deslizar pelo lençol.

Ele sobe um pouco mais e passa a chupar e mordiscar meu clitóris. Sufoco minha boca tentando segurar meus gemidos. É tanto tesão que dói. Minha outra mão cai até suas costas e as arranham na mesma intensidade que ele me trata lá embaixo.

— Puta merda, você é tão gostosa — ele reclama com a voz trêmula, e solta um ar quente entre minhas pernas antes de prosseguir me chupando.

— Tá tão bom... — murmuro. Mordo meu lábio e gemo baixinho.

Ele introduz dois dedos para dentro de mim. Eles pressionam minha carne enquanto Guilherme não deixa de lamber meu clitóris, formando uma mescla de prazeres e dores e sensações únicas que nunca experimentei e não sei como lidar. Eu sinto falta de ar e palpitações extremas, a endorfina espalhando-se pelo meu corpo deixando seu rastro poderoso de euforia. É a melhor coisa que já senti.

Tento respirar fundo conforme ele tira seus dedos de mim.

— Quer mesmo tentar? — pergunta, os olhos fixos em meu corpo.

— Ai, meu Deus! — exclamo ainda revirada pelo prazer que sentia há pouco. — Vamos ver no que vai dar.

Sento e procuro onde foram parar a embalagem do preservativo e o preservativo. Encontro quase caindo da cama. Então me movo mais para a beira e giro as pernas para fora, deixando-as bem separadas. Lanço mais um olhar suspeito para a camisinha pronta para ser usada, porque por mais óbvio que seja que ela não é igual à masculina, não deixa de ser esquisita.

Minha própria lubrificação e a do preservativo fazem-no entrar com pouca dificuldade em meu canal. Não dói, mas faço uma cara feia. Não é a coisa mais confortável do mundo.

— O que foi? — Ele parece perceber e indaga.

— Isso vai ser esquisito — afirmo, mas vou logo me deitando para ele ver que não quero andar para trás.

Tiro a última peça que ainda resta em mim, o sutiã, e me deito de volta enquanto Guilherme também fica nu. Ele me abraça e nos beijamos mais uma vez. Após isso, seguro o anel do preservativo enquanto seu membro vai entrando e se ajustando em mim. Novamente, não há nenhuma dor, mas…

— É, isso vai ser esquisito. — Ele tira as palavras da minha boca. Mas está com os olhos animados, um meio sorriso se expandindo, também disposto a tentar.

Ele vai beijando meu colo e meus seios conforme seus quadris deslizam para dentro e para fora num ritmo constante e prazeroso. Seus olhos reviram e ele solta suspiros profundos em alguns momentos, sendo esse o principal indício de que está se satisfazendo, do jeito que dá. Brinco com meus dedos em seu cabelo. Aperto os lábios para não gemer conforme ele continua estimulando e brincando com a boca em meus seios. Acho que isso é o máximo que vou conseguir.

Peço para ele sair quando atinge seu orgasmo. Eu amaria ter chegado mais longe, mas só quero me ver livre dessa coisa. Ele me atende, mas continua sobre mim. A cama é tão pequena que não tem como ficarmos lado a lado.

— Tô te devendo uma — ele sussurra e deixa um beijinho na minha boca. Deita sua cabeça em meu colo e fico acariciando seus cabelos suados, vendo também outros pontos de suor em suas costas e pelo braço.

Eu só consigo falar quando meu ritmo de respiração diminui:

— E agora, como é que eu vou tirar essa merda?

Guilherme ri e vira seu rosto pra mim.

— Você não gostou de usar essa sacola, né?

— Não.

— Não vamos fazer mais, prometo.

Assinto e deixo um beijinho em seu rosto. Enrolo-me no lençol branco mais fino e dou um tapinha no ombro dele, que se esquiva de mim, deixando-me levantar de primeira, segurando no anel estranho do preservativo.

— Vou ao banheiro! — aviso.

Lá, eu jogo fora a "sacola" e jogo uma água no rosto. Olho meu reflexo no espelho e vejo uma expressão obscena, minhas bochechas coradas, os lábios inchados e os cabelos bagunçados. Sorrio toda boba antes de voltar para o quarto.

Encontro Guilherme ainda ofegante na cama, agora deitado para cima, seu peito subindo e descendo no ritmo de seus suspiros. Ele está muito gostoso. Ele admitir tudo o que sente e eu também conseguir dizer um pouquinho o que está dentro de mim é como um catalisador, acelera meus desejos, traz tudo à tona. Estou me repreendendo menos, mais solta, nem estou me reconhecendo. É libertador saber que é recíproco, e que tudo que eu disser será bem vindo ou aproveitado; que eu não estou sendo um incômodo.

Volto a me deitar ao seu lado, mas não disfarço o olhar que lanço para seu corpo em meus lençóis.

— Tá tudo bem? — eu pergunto.

— Tá. — Ele olha pra mim, sorri fraco e acaricia meu queixo. — É só… muita coisa pra um dia só.

Eu também sorrio sem força.

— E o dia ainda nem acabou — acrescento.

— É… — Sua mão resvala em meu corpo, sossegando apenas em minha cintura. — Quero perguntar uma coisa pra você.

— Jura, pra mim? O que é? — pergunto sem a menor ideia.

— Já vou falar. É que eu tô nervoso… — Ele fecha os olhos, respira fundo e passa a mão no cabelo. — Tem muito tempo que não faço isso.

— Pode perguntar à vontade… — eu o incentivo falando num tom calmo.

— Tudo bem. — Seus olhos tremendamente escuros de prazer, ao mesmo tempo que brilham de alegria, encontram os meus, transmitindo uma sinergia imediata. — Eris…

— Oi?!

Ele acaba sorrindo para baixo. Fica em silêncio pelos próximos segundos. Por que é que ele está com vergonha e nervoso? E por que eu acho essa a coisinha mais adorável que já vi?

— Eris… — recomeça. — Quer namorar comigo?

O choque faz meu queixo cair e meus olhos se arregalarem. A minha respiração volta a ficar pesada e, de repente, eu sinto novamente as lágrimas em meus olhos.

— Eu?

— Você.

Tampo o sorriso que surge em meus lábios ao mesmo tempo que as lágrimas acabam escorrendo. Eu não sei explicar o que estou sentindo no meio dessas demonstrações antagônicas.

— Ei, você tá chorando? — Guilherme indaga enquanto tenta me olhar de perto. — Merda, eu sabia que tinha que ter esperado mais! — resmunga. — Olha, tá tudo bem se quiser dizer não.

— Não, não é isso. Eu… só não estava esperando. — Eu fungo. — E também isso parece tão sério.

— Não, não vai ser tão sério — explica. — Quer dizer, vai sim, mas… A gente ainda vai se divertir pra cacete.

Eu dou uma risadinha.

— A gente já se diverte tanto! — Levo minha mão para acariciar seu rosto corado. — Não quero que mude.

— Não vai mudar. Eu prometo. — É sua vez de segurar meu rosto com as duas mãos bem próximo de si, nossos narizes até se tocam.

— E você não tem mais nada mesmo com aquela menina? — pergunto.

— Não, não tenho.

— Hm… — Penso um pouco mais adiante, na minha família. Fiquei escondendo dos meus pais toda carona e tudo que andei fazendo com Guilherme nestes meses, mas como esconder um namoro? Isso é bem sério e não tenho coragem de continuar mentindo. — E… nós vamos contar aos nossos pais? —  pergunto e limpo as lágrimas do rosto.

— Contar pros nossos pais? — Ele me olha em dúvida. — Não sei, acho que eles atrapalham mais que tudo.

— Como atrapalham?! — Fico chocada. — É a nossa família!

— Tá bom, tudo bem! Já entendi que você pensa diferente.

— Penso. Porque… não gosto de esconder nada dos meus pais.

— Mas a gente não tá escondendo.

— Eu sei, mas… mesmo assim, quero que eles saibam por mim. E que eles te conheçam também.

— Tá, então a gente pode visitá-los no fim de semana. Mas a gente precisa ter alguma coisa pra contar, não é? Você aceitou?

Noto que ele me olha apreensivo, como se eu fosse capaz de negar o pedido mais especial que já me fizeram.

— Aceitei. — Sorrimos um para o outro. Mas eu ainda tenho uma dúvida. — E o que a gente faz agora?

— Agora… — Ele me traz para mais perto, colando nossos corpos. — A gente continua da mesma forma que antes, porque eu tô namorando você há muito tempo. Só não te contei.

Rio mais uma vez.

Ele me beija intensamente e vai segurando meu corpo até eu estar montada em si, com as pernas de cada lado de sua cintura. Meus mamilos endurecidos roçam nos seus enquanto nossas línguas macias se tocam urgentemente.

Ele aperta minha cintura, fazendo-me interromper o beijo para gemer baixo. Suas mãos caem até minha bunda, que ele também aperta para cima.

— Você é maravilhosa. Eu vou querer você muitas vezes ainda hoje — revela, e só essa informação faz minha intimidade pulsar.

Ele puxa meu cabelo e deixa meu pescoço aberto para receber seus beijos urgentes. O beijo vai caindo até meu colo, formando um caminho com lambidas suaves e algumas mordidas. Eu, fraca, me apoio em seu peitoral, deixando-lhe leves arranhões.

Eu acabo imaginando como seria permitir que estivéssemos um no corpo do outro sem qualquer tipo de barreira. Somente pele com pele e tudo o que nosso prazer proporcionaria. Mas ele continua me beijando e todos os meus pensamentos somem.

Guilherme tira minhas mãos de seu peito e as segura, entrelaçando nossos dedos.

— Deixa eu fazer uma coisa com você — pede num cochicho.

— Deixo.

— Eu só quero sentir você. Só um pouquinho.

Antes que eu pergunte, ele segura em seu pau com a mão esquerda e vai deslizando-o cuidadosamente pela minha umidade, criando um atrito intenso entre nossas intimidades. Apenas uma provocação, sem nunca ultrapassar o limite, mas mesmo esse contato tão sutil já me deixa fora de mim, faz meus lábios tremerem, bem como o resto do meu corpo. Consigo olhar para Guilherme e reparar em sua expressão de prazer, os olhos apertados e a boca semiaberta. Apesar da inexperiência, eu tento rebolar sobre ele, nos esfregando um no outro com vontade enquanto ele me segura firme.




Tomo um banho depois de tanto calor. Ponho um vestido largo branco de crochê e volto para o quarto. Guilherme também se banha e recoloca sua roupa, mas deixa todos os botões da camisa abertos. Ele me ajuda a trocar o lençol da cama. Depois, ficamos conversando bem baixo para ele não ser percebido por alguém que passe pelo corredor de fora. Estamos apenas esperando anoitecer para sairmos daqui pra casa dele, onde vamos ficar bem mais à vontade e sem riscos. Eu sei que não vou ter outra chance se flagrarem Guilherme aqui de novo. Temos que tomar muito cuidado.

Ficamos deitados na cama, ele com a cabeça em meu colo recebendo meu cafuné enquanto mexe no celular, olhando as redes sociais enquanto me conta sobre a conversa com sua mãe e sua ex namorada.

— Acabei de lembrar de uma coisa — solto.

— O quê?

— Você disse que queria me mostrar uma coisa que estava na mochila. O que é?

— Ah, é verdade. — Observo ele ir até sua mochila e voltar com um caderno médio de capa dura preta, simples.

Uma das primeiras coisas que ele me contou sobre si foi que adorava desenhar quando era criança e adolescente, mas que acabou parando por conta da implicância de seus pais e também pelas obrigações da escola e faculdade. Mas hoje é a primeira vez que ele me mostra esses desenhos.

É como viajar pela sua história. Os desenhos de criança são tortinhos e coloridos, de animações e coisas que nem ele sabe mais o que são. Quando ele cresce mais um pouco, desenha abstrações, figuras geométricas e paisagens mais elaboradas. E, finalmente, mais velho, ele faz expressões, explora a tristeza e a solidão, que dizem muito sobre sua vida, até desenhar o rosto por inteiro de meninas por quem ele se encantava. Acho muito fofo. Além disso, todo o conjunto característico das meninas é peculiar, um bem diferente do outro. Dá pra ver que ele observou-as demais para representar tudo com precisão, tornando cada desenho único.

Eu me encanto ainda mais pelo artista que tinha ao meu lado esse tempo todo.

— É tão bonito… Você é muito bom nisso! Não devia ter parado.

— Obrigado, mas… Eu já aceitei que não sirvo pra levar isso a sério. Só guardei para manter a recordação.

— Eu entendo. — Sorrio fraco.

Só não entendo porque ele resolveu me mostrar isso só agora. Ou porque exatamente agora. Mas uma resposta começa a se encaminhar quando ele diz:

— Tem uma novidade aqui que eu quero que veja. — Ele folheia as páginas.

— O quê? — A curiosidade animada é evidente em minha voz. — Você voltou a desenhar?

— Não exatamente. Acho que foi mais um pico de inspiração.

Ele vira mais uma página e fico abismada com o que vejo: a minha fotografia no desenho! Está a lápis escuro, representando o esboço da cachoeira, pedras e árvores. A minha primeira fotografia que mostrei a ele, quando só queria sua opinião sobre se estava boa ou não. Como ele pôde guardar todos os detalhes tão bem durante todo esse tempo? É impressionante.

Ele me deixa muda. Nenhum adjetivo parece estar à altura de tanta formosura. Olho para Guilherme sorrindo.

— Como você fez isso?

— Na verdade, foi aqui mesmo. Naquele dia que eu entrei pra te ajudar e acabei virando a noite. Fiquei sentado te olhando e senti tantas coisas… e quando vi, já estava desenhando. Foi você quem me inspirou. Mais do que isso, você fez eu me sentir de novo aquele cara que era mais leve. E foi muito especial. Obrigado por me devolver esses sentimentos, por me fazer sentir que eu valho a pena, pelo menos um pouco.

— Mas é claro que vale! — Eu acaricio seu rosto, mas meu olhar está fixado no desenho. — Essa é a coisa mais linda que fizeram pra mim.

— Você gostou então?

Isso representa muito. Além da atenção sincera que sempre dedicou a mim, essa arte representa um outro lado nosso, o nosso lado mais íntimo e oculto, que só revelamos um ao outro. É o nosso segredo, nossa combinação. Nós.

— Eu amei! — exclamo. Finalmente olho para ele. — Sei que agora você é meu namorado, mas… Você é o melhor amigo que eu já tive. É a pessoa mais incrível que já conheci — revelo.

— Você também. Você virou minha vida de cabeça para baixo. Tudo o que eu queria, o que eu tinha certeza… Nada mais é o mesmo.

— Você também fez isso comigo. — Sorrio. — Deve ser por isso que eu estou toda feliz.

— Eu também.

Guilherme se aproxima e me beija. Nós continuamos abraçados juntos, conversando sobre seus desenhos e esperando chegar a hora de sair. Embora eu queira ir logo, também é bom que o tempo passe devagar.


Notas Finais


eu estou muito muito muito feliz de postar esse capítulo hoje.

CONSEGUI ENGANAR VCS NO ÚLTIMO CAPÍTULO KKKKK estava rindo tanto dos comentários de raiva do guilherme. TADINHO GENTE, ele ficou confuso, mas pensou um pouquinho e tomou sua decisão!

que bom que está tudo bem né, mores?

MENTIRAAAA, falta o último capítulo.
vai que eu mato todo mundo kkkk
vocês precisam vir ler pra saber como vai terminar mesmo
LEMBRANDO QUE A SEGUNDA TEMPORADA É LOGO ALI irraaa

esse é o capítulo mais especial e eu espero que tenha escrito de uma forma que tenha aquecido o coração de vcs. muito obrigada por acompanharem até aqui, esse momento é pra todos vcs.

até o ÚLTIMO CAPÍTULO da primeira temporada, ainda essa semana.
espero vcs! beijos!!


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