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História Caminhos Cruzados - Capitulo IV


Escrita por: Yoniet

Capítulo 4 - Capitulo IV


Camille

            Não sei onde eu estava com a minha cabeça por ter causado tudo isso a Claude. Vejo Alice correr entre as flores em uma das clareiras de nosso bosque. Ao mesmo tempo em que amo minha filha, meu coração aperta por ter errado com Claude.

          Novamente perco Alice de vista. Essa clareira é uma das maiores que existem aqui. A distribuição de todas as espécies é perfeita, assim como tudo o que os elfos fazem em relação ao equilíbrio com a natureza.

         A clareira tem o formato de meia lua, do lado esquerdo as arvores maiores são os eucaliptos e do lado direito os pinheiros. Um total de trinta e cinco linhas de cada espécie que se prolongam até o outro lado do bosque. Quantos são no total? Não faço ideia, nunca tive coragem e nem curiosidade em contar.

         Nos intervalos de cada fileira de eucaliptos e pinheiros estão todas as espécies de ipês conhecidos ou não pelos humanos. Em frente aos ipês, árvores frutíferas são que compõem as cinco fileiras restantes de árvores presentes nessa meia lua da clareira. Alice é apaixonada pelas mangas, assim como Sophie. Já Chloe e Jean desfrutam das frutas cítricas. Elliot quando vem para cá come todas.

          - Não posso causar ciúmes entre as frutas. – Ele explica enquanto devora uma a uma.

         Ouço Alice gargalhar, ela está entre os arbustos coloridos. Suas folhas são cobertas por uma espécie de pelinhos que fazem cócegas quando se passa por eles, e é exatamente isso o que Alice faz. Eu estou sentada entre algumas pedras que colocamos em alguns pontos para nossos descansos. Entre essas pedras a grama verde e fofa faz com que nossos pés relaxem. Uma sensação gostosa e que não queremos que acabe nunca.    

Sigo ela se perder em meios aos arbustos enquanto meus olhos se prendem aos olhos vermelhos de Jacques que observa Alice a brincar. O vermelho de seus olhos indica o quanto ele precisa se alimentar, porém é somente nesses momentos que ele sai para caçar é que ele pode ver Alice crescendo.

          - Oi tio Jacques! – Alice sorri para ele e o mesmo se abaixa para ficar na mesma altura de minha filha.

          - Olá lobinha! O que você anda aprontando por aqui?

         Durante o diálogo deles observo minha filha, por mais que eu queira acreditar que seus cabelos loiros acobreados são como os castanhos claros de minha mãe e seus olhos verdes como os dos pais de Claude, tudo nela só me faz ter uma certeza: Claude sabe que Alice é filha de Jacques. E meu destino já está selado.

–˜—™

 

Sophie

            - Sophie! Quer prestar atenção minha filha? – Olho para meu pai sorrindo. Não consigo prestar atenção a aula, quando passei a manhã inteira ao lado de Jean. – Tire Jean de seus pensamentos só por alguns minutos.

         - Pai! – O repreendo sentindo meu rosto queimar.

         - Ah Sophie! Só vocês dois acham que nos enganam. Mas é palpável o que vocês sentem. – Meu pai sorri, mas tem um olhar preocupado.

         - Não precisa se preocupar papai. Sabemos que isso não será possível. – O tranquilizo sentindo meu coração se apertar.

         Meu pai senta no chão me oferecendo sua mão. Faço o mesmo segurando a mão dele. Ele me dá um sorriso e eu já entendo o que ele irá fazer: levar-me para algum lugar no passado de nossos ancestrais em meio as suas memórias. Fechamos nossos olhos e encostamos nossas testas. Mais uma vez meu pai irá quebrar uma regra, elfos na minha idade não podem viajar nas memórias de outros elfos, e meu pai faz isso comigo e com Elliot desde sempre. Meu pai é um elfo louco!

         Estamos em uma floresta diferente da qual vivemos. Nessa a mata é mais fechada e o som dos pássaros são em maior quantidade e mais altos que estou acostumada. Seus cantos são suaves e intermináveis, como se os pássaros não perdessem o fôlego. Ouço barulho de água, o som de correntezas fortes. É para essa direção que seguimos, até chegarmos ao pé de cinco salgueiros nas margens de um rio, onde se é possível ver as várias quedas das cachoeiras.

         - Pai! Que lugar maravilhoso é esse? O senhor nunca nos trouxe até aqui. – Digo ainda maravilhada pela transparência daquelas águas.

         - E nem o deveria ter feito. – Ele me olha de canto sorrindo.

         Ele senta em baixo de um dos salgueiros e pede para que eu faça o mesmo. Ele pega uma das flores presas no tronco do salgueiro.

         - Você se lembra dessa flor Sophie? – Meu pai gira a flor em seus dedos. Conforme ele a gira pode-se ver várias cores em suas pétalas, como um arco íris. Porém quando ela fica parada, suas pétalas variam entre vermelhas, rosas e azuis, com as laterais de cada pétala branca. A base que segura as pétalas são de um verde bem clarinho, quase transparentes, e o verde vai se acentuando por todo o caule.

         - O senhor a usou quando Alice nasceu por causa da hemorragia da tia Mille. – Meu pai assentiu.

         - Essa flor é conhecida por todos os curandeiros em nosso meio, mas são poucos os que a utilizam. – Meu pai suspira. – Ela ainda nos é desconhecida em seus efeitos colaterais e em toda sua capacidade de cura. Por incrível que pareça, essas flores são como um fruto desse salgueiro nessa região. Não conseguimos ainda determinar as origens dela.

         Encaro meu pai de uma forma curiosa. Não podemos utilizar de plantas que não temos a certeza de que ela será o suficiente ou ideal para a cura. E meu pai fez o que? Utilizou a planta quando duas vidas estavam em risco. Que meu pai quebrava algumas pequenas regras eu sabia, mas desse nível? Ainda estou processando.

         - Sophie, não é porque algo é proibido que ele também seja errado. Muitos proíbem aquilo que é desconhecido. A sobrevivência vem sempre em primeiro lugar. Mas o novo pode nos trazer a solução para o que buscamos e não encontramos naquilo que conhecemos. – Ele passa a mão pela minha cabeça como um cafuné. - Por isso minha princesinha, não precisa fugir de Jean.

Olho de repente para o meu pai. O que é que ele está dizendo? Continuo o encarando sem acreditar no rumo dessa conversa. Meu pai está me encorajando a ficar com Jean? Um sorriso brota em meu rosto ao mesmo tempo em que ele foge quando as cenas do nascimento de Alice dominaram minha mente.

- Preciso sim pai. – Agora não tenho mais controle sobre as lágrimas. – Tia Mille foi a primeira e ela quase morreu. E se eu também morrer? Não sei se estou preparada para ser a primeira.

Não conseguimos entender exatamente o que houve quando Alice veio ao mundo. Mas ela quase matou tia Mille pela quantidade de sangue que ela necessitava para se alimentar. Porém, depois de completar 5 semanas nunca mais teve a necessidade do mesmo. O que houve de diferente? Tia Mille foi a primeira loba a ter um filho hibrido com vampiro. Antes dela, somente mães vampiras tiveram filhos híbridos.

- Sophie! Não precisa temer. Se nunca tentarmos jamais saberemos. – Ele me abraça forte. Agora me sentia pior. – Você não está disposta para ser a primeira, mas está disposta a viver toda uma vida longe da pessoa que ama somente por temer o que o futuro te reserva?

Meu pai me dá um beijo em minha cabeça e na minha testa. Ficamos na mesma posição antes de chegarmos aqui, testas coladas. Antes de voltarmos ele enxuga minhas lágrimas.

- Você tem todo o poder de escolher seus caminhos, da mesma maneira que terá que encontrar o poder de viver as consequências. E qualquer que seja suas escolhas estarei sempre aqui para te apoiar e te ajudar.

E o que eu decidi fazer? Acho que vocês já sabem não é mesmo?

 

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