Camila POV
Acordei de mais um sonho abismante, no qual eu corria por entre as árvores procurando ajuda e Lauren aparecia das sombras como feito fumaça. A sensação de prazer e alívio ao nos vermos foi desconcertante e mais desconcertante ainda foi a imagem de seus braços me apertando em um abraço quente, de proteção.
Ainda sentia essa sensação de calor, mas o vazio polar logo me dominou. Sentei na cama e abracei meus joelhos, tinha vontade de chorar compulsivamente. Foi apenas um sonho e percebi que esse era o grande problema. Eu queria que aquele sonho fosse real.
- Mila, o que houve? - Ouço a voz de Mani soar pelo quarto.
Era uma bela manhã e os primeiros raios de sol invadiram a janela do meu quarto, trazendo vida e harmonia. É tão fácil viver sonhando, e enquanto isso a vida vai passando. Não poderia jamais perder o dia por uma fantasia romântica.
- Não é nada demais. - Digo para a tranquilidade de minha amiga, que já estava devidamente fardada, obvio que achei um pouco estranho.
Olhei fixamente para o relógio a minha esquerda, sobre o criado-mudo. Minha constatação era clara: Eu estava atrasada. Rapidamente me levantei e caminhei para o banheiro, precisava estar apresentável para a aula.
Assim que finalmente estava pronta, abri a primeira gaveta do criado-mudo à direita, necessitava checar se havia algo importante para esta data, mas acabei me deparando com uma carta que estava abaixo de minha agenda: A carta que pertencia a Lauren e foi destinada a mim. Ainda não compreendia nenhuma das palavras, melhor dizendo, não entendia o que queria dizer. Era-me estranho seus dizeres, não tinha uma coesão exata e não sabia porque foi escrita, como carta que se assina em vão. Estava confusa e precisava de uma explicação. E de algum modo, não sei como, mas teria resposta para minhas perguntas.
- Em quê está pensando? Ou melhor, em quem? – Pergunta-me Lucy com seu singelo sorriso dualista. - A verdade é que não importa qual seja a situação, ela sempre será a mesma de alguma forma. – Você está com um olhar vago, pensativo. O que lhe deixou assim?
- Aconteceu uma coisa nesses dias que eu não contei pra vocês, na verdade, nem mesmo eu entendi. – Digo virando-me para elas com a carta na mão. Foi seguido o olhar para o envelope turquesa, obviamente ambas sentir-se-iam curiosas sobre o conteúdo. – Uma vez, enquanto Lauren e eu discutíramos, ela deixou sem querer esta carta cair. De início iria devolvê-la, até que vi o destinatário. Tinha meu nome no envelope. – As duas, sem exceção, tinham o olhar completamente confusos. Não me era estranho que esta fosse à reação. Ambas trocaram um olhar significativo, não se era necessário palavras. – Quando cheguei ao dormitório, tomei a liberdade de conhecer o conteúdo da carta.
- E do quê se tratava?
Pergunta-me Mani, com os cenhos levemente franzidos. Segui meu olhar ao envelope entre minhas mãos e permiti-me suspirar pela primeira vez. Por fim, fitei-as novamente.
- Veja você mesma.
Estendo-lhe a carta. Ao final, Lucy a pega de minhas mãos e põe-se a ler junto à outra. A reação foi esperada por mim há alguns minutos, e confesso que suas expressões de confusas moldaram-se para uma que chamei de alegria. O sorriso foi perceptível entre elas. Mas nada eu disse, permaneci quieta até o termino da leitura.
- Isso é ótimo! É praticamente uma declaração. – Pronuncia Mani enquanto entende-me outra vez a carta. Lucy concorda sem pestanejar, com a ausência de algum comentário irônico.
- De fato, é. Mas uma vez a questionei sobre isso, ela negou veemente não ter escrito. Mas reconheço a caligrafia, a letra é da Lauren. No entanto, não consigo compreender o motivo que a levou à isso.
- E não é óbvio? Trata-se de paixão. Entendo que não compreendas, mas quanto a isso, questione-a outra vez. Tire a limpo essa história. – Disse Lucy com ar sério. O fato fez-me repensar minhas opiniões, de tal modo que estariam certas.
- Tens todo o tempo do mundo. Converse com ela e retire a duvida que pestaneja dentro de ti. - Falou Mani.
Lauren POV
Já estava, para começar o dia, vestida. Meus pensamentos corriam sem parar, questionava-me se o que fiz foi prudente, se foi correto. Talvez tenha sido imatura ao mentir alegando que Camila era minha namorada. Mas quando tomei conta, as palavras já tinham sido pronunciadas, não havia modo de voltar atrás. Mas mesmo assim, sentia em mim um pesar no peito. Primeiro, pela falsidade descabida e segundo por temer o conhecimento de Camila sobre isso. O que me vinha a mente era que precisava contar isso a alguém, a Dinah e Vero. Mas antes tinha um trabalho a fazer, com Camila.
Saí do quarto sem ter dito uma palavra, normalmente a Iglesias compreende que às vezes necessito de um tempo à sós. Andei pelos corredores do corredor feminino, precisava falar com a latina a respeito do trabalho, que deveria ser entregue hoje à tarde. Estava andando lentamente quando sinto um corpo quase chocar-se ao meu, minha percepção era que foi proposital.
- Oi, lembra-se de mim? – Disse a garota à minha frente. E de fato, eu a conhecia como a que me abordou em meu primeiro dia de aula.
- Alexa, não é mesmo?
Digo um pouco incerta, mas sou contemplada com seu sorriso, digamos, “malicioso”, se é que se pode dizer assim. A verdade é que mal lhe conhecia, poderia ser esse seu sorriso natural.
- Exatamente! Sabia que não iria me olvidar, ninguém se esquece de Alexa Ferrer. – Suas feições permaneceram na mesma, de modo que, estava cada vez mais perto de mim. Similar a outra ocasião em que encurralou na parede. – Sabe, nós poderíamos sair algum dia. O que me diz?
Falou mexendo em meus cachos capilares. Preferido por mim, a reação foi um sorriso forçado e o máximo de afastamento que consegui.
- Na realidade, Alexa, tenho várias coisas a fazer o fim de semana inteiro, perdão.
Sua expressão foi de felina à raivosa, pelo que se pode perceber, não era de sua espera meu contragolpe.
- Como ousa? Ninguém nunca me deu um fora. – Pensei cuidadosamente em responder, mas um outro alguém o fez por mim.
- Para tudo tem uma primeira vez, Alexa. – Rebateu Keana, suas feições estavam duras, frias, se me permitem dizer. Sérias demais para alguém que sempre está a sorrir pelos quatro cantos do mundo. – Oi, Lauren. – Disse sorrindo simpática.
- Oi, Kea.
Não me recordo exatamente do momento em que proferi este apelido pela primeira vez, mas o que sinto pela Issartel é um carinho digno de irmãos.
- Posso falar com você? – Apenas me permito a assentir vagamente. Deixei para falar com a Camila em outro momento, tínhamos tempo até a entrega.
Deixamos uma Alexa confusa e ao mesmo tempo raivosa para trás. Não conseguia imaginar motivos para Keana necessitar dialogar comigo, não deveria ser algo sério, e sim qualquer coisa descontraída e sem importância elementar. Subimos um considerável lance de escadas, que levava até uma sala intitulada como “sala de estudos providencias”, que era basicamente quando alunos reuniam-se para falar de questões escolares, como por exemplo os intercolegiais.
- Eu gostaria de me desculpar por minha amiga. – Ela juntou as sobrancelhas, visivelmente descrente. Fez uma pausa de dúvida. – Parece que você chama a atenção de muitas pessoas, como a dela, por exemplo.
- Não estou reclamando de suas desculpas. – Censurei-a. – Apenas lhe digo que é desnecessário. Não teve culpa.
- Reconheço isso, mas... Só achei o comportamento dela supérfluo.
Ficamos mergulhadas em nossos próprios pensamentos pelo restante do tempo e continuávamos em silêncio quando uma Camila parou ao meu lado esquerdo, com feições claras de cólera.
- Palmita, eu estava lhe procurando. – Usa seu eventual epíteto comigo. – Preciso falar contigo. – Ela esticou os olhos para ver melhor a pessoa atrás de mim. – A sós.
- Kea, você pode...
- Não se preocupe, já estou de saída. - Afirmei com a cabeça. Keana foi muito gentil, como imaginei que seria. Hesitante, plantou gentilmente um beijo em minha bochecha. - Nos vemos depois.
Seus olhos castanhos, levemente esverdeados, brilharam na luz e por um segundo aquele rosto pareceu envergonhado, deparando-me com sua insegurança. Segundos depois ela se vai.
- Será que pode me explicar o que é isto?
Mostra o envelope turquesa em sua mão, rapidamente o reconheci como sendo o sobrescrito que escrevi. Obviamente não iria confessar nada, nem poderia, não se quisesse manter a paz entre irmãos. A não ser que fosse de extrema urgência.
- É uma carta. Não conhece? – Sabia que precisava me acalmar, mas sua proximidade não estava ajudando meu sistema nervoso.
- Quero que me explique o conteúdo da carta.
Completou, indignada com minha ousadia. Podia sentir o calor em minha garganta empurrando as palavras apressadas.
- Não sabe ler?
- Comigo não banque a desentendida porque não combina com você. Porque escreveu isso para mim?
Desta vez ela me intimidou, o sangue subiu para meu rosto e senti um calor familiar. Estava constrangida, mas também incomodada com sua atitude.
- Não sei do que você está falando. Não escrevi nenhuma carta, muito menos para você.
Camila passa as mãos pelo rosto latino, era seu mau gênio aflorando conforme a paciência diminuía. A bela mulher a minha frente arfou em uma expressão de incredulidade. Seus olhos castanhos brilharam surpresos e prenderam os meus, depois de uma rápida analise ela levou as mãos aos cabelos e bufou mais uma vez.
- Ah, não? – Pergunta-me retórica, com deboche.
- Bom... É que... Tudo bem, fui eu... Eu escrevi, mas foi por causa do meu irmão. O Chris é apaixonado por você e me pediu auxílio com as palavras. Ele queria saber se teria alguma chance contigo e eu... Tentei ajudar.
Camila desviou os olhos para o andar de baixo, como se indagasse internamente meus dizeres. O vento balançou seus graciosos cabelos e sua essência chegou a mim, embriagando-me completamente.
Encarei a jovem latina a minha frente, nada seria mais esplêndido e majestoso quanto ela, podia desviar a visão e mesmo assim admirar a paisagem que era sua face. Cada mísero fio de cabelo que caía por sobre seus olhos, cada centímetro de seu ser me prendia em um frenesi inacabável, feito especialmente para mim.
Tudo o que sentia estava muito além do que viam meus olhos, era a visão dada a uma natureza complacente, mais belo que a lua e mais perigoso que o próprio mar. Um eclipse de emoções que não se prendiam do mesmo modo em meu peito, uma chama flamejante que aquecia meu pobre e enamorado coração. Estava apaixonada, nada mais sábio foi dito pela humanidade.
Os segundos se passavam e ao final Camila os olhos levantou para mim. Senti-me enternecer, estava febril e nenhum remédio no mundo faria isso sumir. A alma enamorada é aquela que transmite em sua essência o amor. Tolo é realmente aquele que ama, descobri que sou tola por Camila.
Minha mão evidentemente criou sua própria vida e tocou o rosto da mulher à minha frente, não sei de onde tirei este ato de coragem, apenas o fiz. Não consigo me arrepender, não conheço a culpa, não sinto nada além da vontade de beijá-la novamente. Era como o ar, eu precisava se quisesse me manter viva.
- O que está acontecendo aqui?
Soa uma voz feminina ao nosso lado, o timbre era estritamente versado. Ergui o olhar e me deparei com a senhorita Gomez de braços cruzados e expressão mútua, de poucos amigos.
- Nada. Apenas essa garota que me tira do sério. – Disse Camila com ar indefeso. A professora simplesmente franziu o cenho, com um sorriso sádico.
- Quer dizer que além de insultar uma mentora você ainda perturba a paz de uma aluna? – Sua pergunta foi retórica, não se era necessário resposta. – Irei passar um trabalho muito especial, mas só para você.
- Já arrumei a biblioteca, não sei mais o que posso fazer.
- Tem muitas coisas que pode fazer, mas se não tiver eu invento. – A professora disse de maneira atroz. Seu sorriso era desumano, como se fosse um deleite ver a desesperança do outro. – Quero que me entregue um relatório de dez laudas sobre o que é respeito, ética e moral no ambiente docente. O trabalho é manuscrito e quero que seja entregue amanhã de manhã.
- Hoje é dia de treino e terei que auxiliar as líderes de torcida depois, não terei tempo. Fora que tenho que fazer outro trabalho, que será entregue hoje à tarde. – A mentora riu secamente e descruzou os braços, adotando uma postura prepotente. Camila nos fitava chocada, culpada, me arrisco a dizer.
- É lamentável, mas o problema não é meu.
Ao proferir isso, ela se retirou rapidamente. Não vi para onde foi, mas lembrava que a sala dos professores ficava para trás. Mordi meu lábio inferior para aplacar a fúria que havia dentro de mim. Cada gota do meu sangue fervia e minha vontade era de arranca-lhe muito mais que os cabelos.
- Tinha conhecimento que me odiavas, mas não imaginava que era tanto. Tudo o que eu queria era ganhar mais castigos. Obrigada, Camila. – Digo irônica. Mas ao fitar a expressão da latina ao meu lado, senti em meu ser uma vontade abusiva de retirar o que havia dito. Porém de nada poderia culpa-la, não conseguiria. – Olha... Nós temos que fazer o trabalho da professora Lovato. Ele precisa ser entregue hoje à tarde.
- Mas e as aulas?
- Eu pensei que poderíamos faltar o turno da manhã. Assim temos mais tempo. – Ela se conteve em apenas assentir, nada foi pronunciado.
Alejandro POV
Esta manhã estava sendo estupenda, o sol brilhava mais que o normal e as ondas de calor encontravam-se harmoniosas. Hoje, pode-se dizer que era um dia importantíssimo, não somente para mim, como também para meu honorável amigo Mike.
O motivo era simples, estava agendada para esta manhã a reunião de acionistas e advogados de ambas as empresas em prol de trazermos ao público a fusão da Jauregui’s Engineering Group e a Cabello Architects. Era o que podemos dizer de “primeiro passo” para a sondagem de ambos os negócios.
É fato que fundir negócios “divergentes” tem um determinado risco. Isso significa que se a empresa “A” e a empresa “B” passam por um processo de fusão, elas vão resultar na empresa “C”, que é uma terceira componente diferente das outras duas. É exatamente isso que diferencia esse processo de uma incorporação. Na incorporação, uma empresa deixa de existir, mas a outra se mantém, só que agora de forma expandida. Assim, a fusão significa um processo de mudança para todas as partes envolvidas, gerando uma empresa que mantém as obrigações e responsabilidades de suas originárias, mas que não segue, necessariamente, os mesmos processos de uma ou de outra.
Neste momento exorbitante todos estavam sentados na grande mesa da sala de reuniões para discutirmos o assunto sem possibilidade de intromissão. Mike, tenho que confessar, estava um pouco preocupado com algo que não tenho conhecimento, mas espero que não atrapalhe o rendimento da afluência. Depois de alguns segundos, tomo parte, marcando o inicio desse agrupamento. Desmond levanta-se e reuni os papéis que estavam a sua frente, dispondo e distribuindo as cópias para cada membro.
- Este é Desmond Styles, nosso advogado. Ele estava morando em Londres durante certo período, mas aceitou retornar à Miami quando expliquei a situação que criaríamos. – Introduzo-o, que animadamente cumprimenta todos os presentes com singelo aperto de mão.
- Essas folhas que estão na frente dos senhores é nada mais, nada menos que o marco para a fusão das empresas Jauregui’s Engineering Group e a Cabello Architects. – Todos se vêem de boca aberta e olhos arregalados, simulando surpresa. – Sei que devem estão se questionando o porquê de só termos lhes comunicado agora. Mas isso foi uma proposta que Alejandro Cabello fez há pouco tempo ao seu amigo, Michael. Embora seja um processo complexo e que muitas vezes leva um tempo maior para ser executado, a fusão pode ser benéfica para as participantes dessa etapa.
Seguindo para o projetor que havia a pouco tempo sido ligado. A imagem era um gráfico sobre a abrangência de marca.
- Como há a união de dois públicos-alvo, a empresa criada pela fusão normalmente tem uma aumento da abrangência de marca. Como as empresas em questão não compartilham totalmente o mesmo público, há um ganho importante e completamente orgânico no alcance de patente. Por si só, isso ajuda na robustez do negócio, que tem um número maior de pessoas a serem atingidas. Com mais capacidade de mercado e exposta a um público maior, a nova empresa tem mais oportunidades de negócio. Daí, não é de se estranhar que a taxa de conversão também seja maior do que das outras duas empresas, separadamente. Esse processo, inclusive, colabora para resolver o rotineiro problema de saturação do mercado por parte das empresas, individualmente falando.
- A proposta é bastante viável, mas não sei o porquê de tentar nos convencer. São donos do próprio negócio, nossa opinião não mudará em nada.
Disse Manuel Mendes. O motivo dele estar aqui é simples, ele é responsável pelo banco de contraste em interesse com a Cabello’s Structural Engineering, em outras palavras, minha empresa tem negócios e contas o JPMorgan Chase & Co., e Manuel Mendes era presidente e CEO. Desmond assente com a cabeça para o que ele afirmou, ajeitando em seguida a gravata.
- Certamente. Michael Jauregui e Alejandro Cabello fizeram questão de que eu cuidasse do processo de fusão e apresentasse a proposta a vocês. Mas os senhores têm negócios com essas empresas respectivamente, e isso afeta de forma direta no lucro.
A grande maioria consente. Manuel maneia a cabeça, entediado. O silêncio que se estendeu foi cortado por um pigarro de meu advogado.
- Prosseguindo... A fusão é sinônimo de sinergia em busca de objetivos comuns. Como é necessário que haja uma completa reestruturação para que surja a nova empresa, os processos tendem a ser otimizados, os desperdícios são eliminados e os gargalos, corrigidos. Como resultado, a nova empresa começa com uma estrutura mais enxuta, eficiente e com uma benéfica redução de custos. Além de aumentar a margem de lucro isso também permite o aumento de investimento e o ganho de vantagem competitiva.
Neste momento o gráfico muda de figura, onde mostra o produtivo lucro da junção. A atenção de fronte muda de formato.
- Levando em conta que a fusão permite uma união de esforços, a nova empresa se torna muito mais robusta às diversas modificações de mercado e passa a ser mais forte do que as duas, separadamente e antes da fusão. O resultado disso é que a nova empresa corre menos riscos de mercado já que consegue ter uma tomada de decisão mais estratégica, know-how das duas empresas que existiam antes do processo. Quando duas empresas se fundem, a terceira que se forma normalmente é maior do que as duas outras. Com melhores perspectivas de mercado e com os riscos reduzidos, a sua atuação também fica mais facilitada. Com isso, as duas empresas conseguem se livrar de possíveis dificuldades que estivessem limitando o seu crescimento de maneira geral.
O ato seguinte foi uma batida na porta, sinalizando que acabara de chegar meus convidados.
Vero POV
Estávamos no meio tempo de aula do turno da manhã, e agora faltava pouco mais de duas horas para que o sinal tocasse, felizmente eu não estava na sala tendo que aturar as trocas de humor constantes da professora Gomez. Eu me encontrava na biblioteca, tinha a necessidade de concluir o trabalho proposto pela senhora Lovato, e obviamente não tive outra opção senão faltar ao turno da manhã, juntamente com Lucy, já que ela é minha dupla.
Uma das milhares de coisas que se passavam por minha cabeça era se Lauren estaria também fazendo o trabalho, porque que eu me recorde, ela não havia feito. A mesma coisa me questiono sobre Dinah e Mani, que até onde me foi confidenciado, estão se evitando desde o episódio do beijo. Tudo o que posso dizer é que é pura criancice, de ambas minhas amigas. Afinal, a Cabello e a Kordei são lindas, qualquer um se sentiria honrado em beijar uma delas. Apesar de minha pessoa preferir Lucy Vives.
- Você não acha estranho as duplas que a professora separou? – Pergunta a pessoa ao meu lado esquerdo, com sua voz melodiosa e harmônica. Óbvio que olha-la tão de perto não foi um estímulo bom pra meu cérebro, pois acabei me perdendo com tamanha perfeição. Não sei o que há, não tenho idéia do que houve, apenas tenho a convicção de que ela me faz bem. – Vero? Está tudo bem?
- Sim, perdão. Acabei me perdendo em pensamentos. – Chacoalho a cabeça, voltando em si. Ela apenas assente com um sorriso de lado. – Do que estava falando?
- Sobre as duplas que a professora separou. Você não achou suspeito? Digo, ela separou com seus pares: Camila e Lauren, Mani e Dinah, Harry e Louis.
- O Styles e o Tomlinson?
Perguntei interessada. Então, ao Lucy afirmar que a professora nos ligou com os pares românticos, dá indícios que Harry e Louis possam ter tido algo mais íntimo. O que faz com que eu e DJ ganhemos a aposta.
- Eles eram namorados antes do Styles ir para Londres. Você não sabia disso? – Ela pronuncia, franzindo o cenho em dúvida. Apenas resolvo negar com a cabeça, mas tinha um sorriso contido em meus lábios. – É mera impressão minha ou você de alguma forma ficou feliz com a notícia?
- Posso lhe confidenciar um segredo? – Pergunto de maneira marota, ela assente. – Eu, Dinah e Lauren fizemos uma aposta “inocente”. A questão é que a Jauregui acha que o Harry e a Camila tem algo a mais que amizade.
- Sinceramente, isso é um absurdo. O Harry e a Bunduda são somente amigos, aliás, ele é gay demais para sequer beijar uma mulher.
- E isso é ótimo. Porque fez com que a Lauren perdesse a aposta.
- Que seria? – Pergunte-me curiosa. Por um segundo refleti em lhe dizer, mas por outro lado, deixa-la curiosa seria mais impactante.
- Você verá. – Pisco um olho para ela, que apenas nega veemente com a cabeça, sorrindo lidamente.
- E caso você e Dinah perdessem a aposta? O que aconteceria?
- DJ teria que convidar Normani para sair. E eu chamaria você.
Confesso que a última oração falei um pouco enrubescida, em razão disso, abaixei a cabeça. Podia sentir meu rosto levemente avermelhado. Mas por incrível que pareça, ela não pareceu ficar confusa ou com raiva, pelo contrário, seu rosto se iluminou de maneira única e ressaltada.
- Sabe, você não precisa de desculpas quando quiser me chamar pra sair, muito menos de uma aposta.
Minha atenção foi completa, e levantei minha cabeça rapidamente, meus olhos saltaram e por milésimos de segundos minha boca estava seca. Esse é o efeito que Lucy Vives tem sobre mim.
- Você... Aceitaria se eu lhe chamasse?
Ela ri de meu nervosismo, abaixo a cabeça mais uma vez. Passou-se alguns segundos até que senti suas mãos quentes levarem minha face até si. A ansiedade que se apossou de meu corpo me desesperou e senti meu coração acelerar com tamanha proximidade. Sua atitude seguinte foi repousar os lábios nos meus, em um selinho que provocou um enredo completo em meu estômago. E por breves segundos sua boca desencostou da minha.
- Isso responde a sua pergunta? - Ainda estava congelada com suas mãos acariciando meu rosto de forma carinhosa. Resolvi não pronunciar nada, as palavras simplesmente haviam sumido. Meus pensamentos repassavam repetidas vezes a cena de segundos atrás. Certo que foi somente um selinho, mas se apenas isso me provocou o que estou sentindo, imagino que um beijo real e verdadeiro pode me causar uma síncope. – Bem, já que acabamos o trabalho, tenho que ir. Depois nos vemos.
Pousou seus lábios em minha bochecha e levantou-se, seguindo até a porta da biblioteca. Segui-a com o olhar ressaltado. Surpreendeu-me ao lançar um sorriso contido, eu estava tão abobalhada que apenas acenei com a mão, estava aérea. Ao soar de minutos, minhas mãos pousaram em meus lábios, lembrando no que eles se encontraram mais cedo.
- Não acredito no que meus olhos acabaram de presenciar.
Ouço uma voz atrás de mim, assustando-me sem medidas. Mas suavizo as batidas desenfreadas do meu coração ao reconhecer o tom. De imediato viro minha cabeça, seguindo o som, deparando-me com Dinah e Normani. Ambas tinham um sorriso no rosto, de pretensão.
- O que estão fazendo aqui?
- Desde quando você e Lucy estão tendo algo?
Kordei ignora minha pergunta, respondendo com outra, DJ se segurava para não rir de meu jeito nervoso. Mas ao me perguntar isso, meus pensamentos foram invadidos novamente com cenas de minutos atrás. Desta vez, não consegui conter o riso abobalhado.
- E essa cara de idiota, Vero? – Pergunta-me Dinah, despertando-me do um transe chamado “Lucy”. Pus-me de pé rapidamente, recolhendo todo o material usado para fazer o trabalho.
- Quer saber? Tchau pra vocês duas, tenho milhares de coisas para fazer. Não vou ficar aqui, discutindo.
Saí correndo porta a fora. Mas ainda deu tempo de ouvir suas escandalosas e histéricas risadas, que estavam sendo deixadas para trás.
Camila POV
Assim que o trabalho acabou, Lauren se levantou, não disse nenhuma palavra e foi embora. Era fato que ainda estava chateada com o castigo, e de alguma forma a culpa é minha. E só Deus sabe o quanto me arrependo por não ter permanecido de boca fechada. Tentar falar com Selena de nada adiantaria, ela não me ouviria. Mas eu poderia tentar falar com alguém sobre esse abuso de poder. E quem melhor para me ajudar a solucionar esse problema senão a professora Lovato?
E foi pensando nisso que, em menos de uma hora para soar o sino do intervalo, bati em sua sala. Minhas mãos estavam atadas, não sabia como começar o dialogo, quem dirá mais pedir um favor tão grande quanto esse. Todos no internato sabiam sobre o passado de Demi com Selena, um noivado que acabou de maneira trágica. Inicialmente a professora Gomez era sempre uma das preferidas de todos os alunos, até que a briga com sua noiva fizesse mudar suas atitudes tragicamente. Pedir esse auxílio seria o mesmo que ter a convicção de receber um “não” de imediato. Mas foi pensando em Lauren que reuni toda minha coragem e dei duas batidas na porta, que foi aberta segundos depois.
- Camila? Em que posso lhe ajudar? Está com dificuldade em algo de minha matéria? – Perguntou-me Demi com um sorriso acolhedor. Por esse instante, um pouco do medo que eu sentia sumiu.
- Na verdade, não. Mas preciso falar com a senhora, é urgente.
Sua expressão agora era de confusão, com uma pitada de preocupação. Ela gentilmente mandou-me entrar e sentar, sendo seguida por ela. Minha cabeça estava preparando mentalmente as palavras certas para que sua resposta fosse positiva, mas nada me vinha. Estava perdida.
- Pode começar, estou ouvindo. – Suas palavras me deram uma coragem desigual, botei-me a falar com confiança.
- É que eu e a Lauren...
- Meu Deus, não me diga que está grávida. – Lovato me interrompeu de forma rápida. Imediatamente arregalei os olhos, descrente.
- Não, não é isso. O que eu ia dizer é que sempre que nos encontramos acabamos discutindo, e isso não é segredo para ninguém. Mas a nossa briga de hoje foi um pouco diferente das demais. – Por motivos de constrangimento, abaixei meu olhar até minhas mãos.
- Poderia ser mais específica? Diferente como?
Seu olhar era de atenção e curiosidade. Seus cenhos franzidos em dúvida completavam suas mãos cruzadas sobre a mesa preta, com o corpo inclinado sobre as mesmas.
- Na nossa ultima discussão a professora Gomez apareceu, ela está de marcação com Lauren, isso é fato. E eu acabei dizendo uma coisa que, apesar de ter sido sem ter a intenção, prejudicou a Lauren de alguma maneira.
Assim que o nome de sua ex-noiva foi pronunciado por mim, sua expressão tornou-se indiferente, como se de algum jeito isso ainda a afetasse.
- Creio que estou começando a entender o motivo de ter vindo até aqui. Prossiga, por favor.
- A professora me perguntou o que estava havendo, e eu disse que Lauren estava apenas me importunando. Com isso, Selena passou um trabalho abusivo para a Jauregui de dez laudas, manuscrito e para ser entregue amanhã. E é praticamente impossível porque Lauren terá treino hoje, e depois me auxiliará no ensaio das líderes. Não terá tempo de terminar, mas a professora mesmo tendo consciência disso, não se importou. – Demi assente com a cabeça lentamente, sua mão direita repousou em sua testa, a massageando com calma.
- Deixe-me ver se entendi: Você quer que eu fale com ela para que retire o trabalho. Estou certa? – Apenas assenti com uma pequena dose de medo. Não estava nos meus planos receber uma resposta negativa. A pessoa a minha frente respirou fundo, passando a mão pelo cabelo. - Prometo que tentarei, mas não posso assegurar que irei conseguir.
Meu sorriso foi completamente instantâneo, de felicidade. A resposta foi positiva e eu não poderia estar mais contente que isso. Estava quase soltando fogos de artifício.
Michael POV
De tal modo, assim que o som das batidas na porta foram ouvidos, imediatamente meu amigo se direcionou até a mesma, abrindo-a e nos dando em vista nossos celebres convidados. Alejandro exibiu um exímio sorriso crente de felicidade, o que era recíproco de minha parte. Afinal, nossos convidados eram um pontochave para a junção empresarial do porte que estávamos propondo. Sendo assim, tomei a palavra principal assim que entraram na sala e a porta foi novamente fechada.
- Esses são os integrantes do corpo de funcionários do The New York Times.
- E o que o maior jornal americano tem haver com uma fusão empresarial? – Perguntou Manuel Mendes, com seu nada sutil tom de superioridade. Uma coisa que de todas as formas é asquerosa.
- Essa faço questão de responder. – Disse meu amigo Alejandro. – Estes são Richard L. Berke, editor de notícias, que preparará uma matéria exclusiva sobre a junção e o evento que promoverá a empresa. Andrew Rosenthal, editor de opinião, que vai analisar nossa nova proposta de mercado. E Michele McNally, editora de fotografia, que em conjunto com uma série de profissionais irão fotografar o evento.
- Quanto a isso já está tudo programado?
Pergunta Maura Gallagher chefe do setor de contabilidade. Para um esclarecimento de todos, ela foi esposa de Bobby Horan, um importante publicista, e com quem teve três filhos: Greg, Theo e Niall Horan. Uma mulher bastante responsável, que tem experiência e é admirada por todos.
- Ainda não. Decidimos que a recepção será no Fontainebleau Miami, mas ainda não reservamos a data com o dono. Também não fizemos a lista de convidados e não comunicamos o bufê. Sinu e minha esposa ficaram responsáveis de conversar com Becky Whitesides sobre a decoração, determinamos que será a fantasia.
- À fantasia? Vocês só podem estar brincando com nossas caras. Pretendem fazer o marketing de um grande e novo negócio a base de um baile a fantasia? Isso é patético.
Obviamente quem comentou foi Manuel Mendes, com arrogância. Ele cruzou as pernas, adotando uma séria postura.
- Se me permite, Senhor Mendes... – Desmond tomou a palavra com o levantar do dedo. – Discordo completamente de sua opinião. No meu ver é uma idéia brilhante. Será um evento onde levaremos a família, e com toda certeza nossos filhos irão odiar se for tão monótono. Promovendo com um baile à fantasia, faz com que os jovens se divirtam e criem um ambiente mais leve.
- Fora que é uma idéia antes nunca vista, chamará mais olhares e público para o evento. Decerto que o The New York Times, garantirá uma cobertura completa e em tempo real aos assinantes. – Pronuncia Richard L. Berke, o editor. O resto do seu quadro de funcionários assentem com a cabeça de forma afirmativa.
- O baile será daqui a suas semanas, em um sábado. Dará tempo suficiente para darmos entrada nos papeis. Por conseguinte, decreto que a reunião está encerrada por enquanto.
Disse Alejandro com um sorriso gentil. Consequentemente todos se retiraram da sala para voltar a seus respectivos serviços. Menos Manuel Mendes, que precisava voltar ao JPMorgan Chase & Co.
Demi POV
Em minha mente se preparava um pequeno discurso como defesa contra as acusações de minha ex-noiva, Selena. Por quem ainda sou ternamente apaixonada. Apesar de ela ser agora comprometida perante a sociedade. Estava reunindo uma imensa coragem para enfrentá-la, mas ao mesmo tempo contraria-la não estava em meus planos. Desde o fim oficial de nosso envolvimento que nos evitamos ao máximo que se é permitido.
Decerto que, se minha aluna está precisando de ajuda, com toda certeza irei auxiliá-la. Digo não somente por Lauren, mas também por Camila, por ter se redimido com sua colega. Dou duas batidas fracas na porta, ouvindo em seguida a permissão para entrar. De fronte avisto-a mexendo em certos papeis, sentada em sua mesa milimétricamente arrumada. Quando a mesma eleva a cabeça leva um choque, paralisando em surpresa.
- Podemos conversar?
- Não temos nada para conversar. Então, por favor, se retire. – Disse apontando para a porta pela qual entrei. Simplesmente a ignoro e me sento na cadeira a sua frente. De imediato ela joga os papeis com violência sobre a mesa. – És surda, por acaso? Mandei se retirar.
- Eu sei, eu ouvi muito bem. Mas acontece que não sairei daqui até termos uma conversa civilizada. Pode demorar o tempo que for, você sabe que sou bastante paciente.
Termino o discurso com um sorriso de lado, para amenizar o clima pesado que se instalou sobre nós. Seu olhar queima sobre minha pele, flamejante, faiscante, fulgurante.
- Demetria, entenda de uma vez que mais nada há entre nós.
- Não é disso que quero tratar. – Atrapalho-a antes que se dê inicio seu eventual monólogo. Ela me olha surpresa e confusa do mesmo modo. Como o silêncio se estendeu por alguns segundos, resolvi iniciar o diálogo. – O motivo de eu estar aqui é simples e plausível. Você passou um trabalho para a aluna Jauregui sem motivo evidente. Isso é abuso de poder, você mais do que ninguém sabe disso.
- Ela já foi reclamar? Que intriguista. E você como a boa salvadora da pátria irá defende-la.
- Primeiramente, ela não me disse nada.
- E quer que eu acredite nisso?
- Você já foi uma das poucas defensoras dos alunos, eles lhe adoravam, lhe veneravam.
- Isso até que alguém me quebrasse por dentro.
Interrompeu-me duramente. Eu sabia à que ela se referia. Tinha conhecimento de seu passado, de seu presente e tinha mera idéia de como seria seu futuro ao lado de seu marido, Justin. Eu conhecia seu sofrimento, pois também vivia em um inferno particular. Estava fadada a ser infeliz, já que estava sem ela ao meu lado para chamar de minha. Reviver esse assunto reabre feridas que um dia pensei que estavam cicatrizando, mero engano meu.
- Só quero que você retire o trabalho. Entenda o lado dela. Fora que uma atividade de dez laudas e manuscrita é impossível se fazer em tão pouco prazo de tempo. – Falo calma. Selena apenas passa as mãos pelo rosto, como se tentasse esquadrinhar a paciência que já não existia.
- Quer que eu retire o trabalho? Pois bem, lhe darei minha resposta: Não. – Deu uma pausa. – Agora se retire da minha sala, e não volte mais aqui se não tiver um assunto realmente importante. – Sem mais delongas, levanto-me da cadeira e antes de sair precisava deixar um simples, mas significativo comentário.
- Esta não é a Selena que eu conheço. Não é a mulher que foi minha noiva, com quem pensei em um dia me casar e constituir uma família. Não é a pessoa que eu amei.
- Eu já não acredito mais em amor, Demi. Você fez questão de matar esse sentimento dentro de mim. Você me fez te renegar tanto, que eu me olvidei da sua voz, do seu rosto, de você. – Tudo o que eu sabia fazer era negar com a cabeça, não reconhecendo a mulher a minha frente.
- Você está fria, calculista, egocêntrica, egoísta. Ninguém muda em tão pouco tempo.
- Mas eu mudei. E agora chega dessa conversa. – Selena se levanta e vai andando até a porta, a abrindo de forma bruta. – Quero que saia da minha sala agora.
Meu coração estava se esmagando com suas palavras, e mesmo assim não conseguia me livrar do amor que reina dentro de mim. Fui andando, e quando finalmente saí empaquei na sua frente, olhando-a nos olhos com toda sinceridade que há em mim.
- Eu ainda te amo, Selena.
- Problema seu. – Disse e fechou a porta em um baque ensurdecedor.
Lauren POV
A aula da professora Lovato foi simplesmente um tédio, o que surpreendeu os alunos. Seu olhar estava vago, sem brilho. As apresentações foram deixadas para a próxima aula da semana seguinte devido a sua indisposição em avaliar. Durante parte do tempo olhares de Camila, a mulher que me tira do sério. Tentei ao máximo não retribuir, mas é simplesmente impraticável a força atrativa que reina sobre nossos corpos. É impossível resistir a seus olhos. O machucado feito por Shawn, mesmo que sem ter a intenção, já estava praticamente sarado, quase insignificante. Poderia dizer que estou com raiva dela, mas não, apenas uso o que ela fez como pretexto para evitá-la.
Ao tardar das horas, agora nos encontrávamos no campo, treinando compulsivamente. Até que quando todos estavam cansados, suados e quase explodindo de sede, o treinador Bieber nos deu dez minutos de descanso. Não tinha palavras para explicar minha tamanha gratidão.
- Está tudo bem contigo?
Pergunta-me Dinah assim que termina de beber água. Nós duas, juntamente com Vero estávamos sentada na arquibancada esperando o descanso acabar, o que não demoraria a acontecer.
- Não muito. A professora Gomez passou um trabalho pra mim de dez laudas e manuscrito, para ser entregue amanhã de manhã. – Digo e depois dou mais um gole de água, observando o campo.
- Essa mulher é chata para caralho, parece que não transa.
Respondeu Vero, que estava basicamente deitada sobre a arquibancada com o braço esquerdo tapando seus olhos. Óbvio que com seu comentário eu e DJ acabamos rindo, talvez até mais alto do que imaginamos.
- Você acha que a Selena só é chata porque não transa? – Perguntou Dinah ainda em meio ao riso.
- Por que outro motivo seria? Sexo é a coisa mais normal do mundo, a sociedade é que o vê como um tabu. Ninguém nunca viu alguém que é sexualmente ativo de mau humor. Sabe por quê? Porque sexo é vida. Todo mundo que transa é feliz.
- A Lucy sabe que esse é o seu pensamento? – Questionou-a DJ com um sorriso de lado, pretensioso e cínico.
- Cale a boca, Dinah.
Disse Vero retirando o braço do rosto e se sentando normalmente na arquibancada, fuzilando nossa amiga com os olhos. Fitei as duas confusa.
- Ainda não entendi o comentário.
- É bem simples, Laur. Hoje mais cedo eu e a Mani vimos a Vero e a Lucy aos beijos na biblioteca.
- Não acredito que perdi essa cena.
- Afinal, onde você estava? A Ally acabou comentando mais cedo comigo que você não foi à aula.
- Eu estava aqui com a Camila.
Digo como quem não quer nada, um comentário normal. Mas pelo visto para minha amiga Vero tem algum outro significado pela sua expressão maliciosa.
- Praticando indecências em pleno campo de futebol, Jauregui? A gostosa da Cabello sabe que você está contando suas intimidades para as amigas?
Questiona-me Vero, tirando-me do sério com seu sorriso sem vergonha e nem pudor. Dinah estava calada, apenas observando nossa interação.
- Para de chamar a Camila de gostosa. Que coisa! – Esbravejo, mas isso pareceu lhe dar um “gás” para continuar com as provocações descabidas.
- Mas ela é gostosa. Dinah, você não acha a Cabello gostosa? Todo mundo acha a Camila gostosa. Inclusive o Shawn, que arrasta um tanque de guerra por ela.
- Veronica, se você não parar de graça eu juro que quebro a sua cara.
De nada adiantou a ameaça, pois só aumentou seu sorriso que ia de orelha à orelha, e suas sobrancelhas subiam e desciam ritmicamente.
- Tudo bem, parei. Mas a Camila sabe que toda vez que tem treino você fica observando a bunda dela?
Faço menção de me levantar e se pôr a correr, e isso faz com que minha se afaste alguns metros de mim.
- Não sei o que a Lucy viu em você.
- Nem eu o que a Camila viu em você. Se bem que esses seus dentes de castor até que são fofos.
Abro a boca incrédula, escutando a risada histérica de DJ, que a qualquer momento morreria asfixiada. Passei rapidamente o olhar ao meu redor, a procura de algo que acertasse Vero em cheio, até que por fim resolvi lançar minha garrafa de água, que atingiu-a no joelho. Caiu ajoelhando derrotada sobre o gramado, com uma expressão de dor.
- Da próxima vez que me chamar de dente de castor eu acerto os seus dentes com uma pedra.
- Muito bem, pessoal. Acabou a moleza, de volta para o campo.
Gritou o treinador, soando o apito brutalmente. Saí correndo pelo gramado. Ouço Vero resmungar algo inaudível e DJ rir ainda mais.
Camila POV
Faltavam poucos minutos para se dar por encerrado o treino de líderes. Eu estava precariamente avoada, imaginava a todo o momento sobre o trabalho que Lauren teria que fazer caso a Demi não conseguisse convencer a professora Gomez. Mas apesar de tudo, consegui fazer meu papel de líder com êxito. Felizmente, ou não, o treino de futebol terminou um pouco antes do planejado devido à reunião que haveria sobre os intercolegiais, o que necessitava da presença do treinador Bieber.
O Resultado foi o término antecipado e os jogadores foram se banhar, para em seguida seguir para seus respectivos dormitórios. Obviamente, com exceção de Lauren e Shawn, que como castigo imposto do diretor Cowell, teriam que auxiliar-nos no treino.
Ao passar de poucos minutos, a Jauregui e o Mendes terminara o banho e seguiram em nossa direção, de modo óbvio estavam a metros de distância um do outro.
- Oi, Mila.
Disse Shawn simpático, em seguida plantou um singelo beijo em minha bochecha. Lauren, que estava um pouco mais atrás revirou os olhos verdes e cruzou os braços fortes, adotando uma postura temível.
Pode-se dizer que esse tempo que passaremos os três juntos irá dar o que falar.
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