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História Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Twenty Two


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Quem é vivo sempre aparece, uh?!
Sei que minha demora foi gigantesca. No entanto, me ausentei apenas para fazer uma correção mais profunda na Camouflage que, não estava me agradando num todo. Levei algum tempo para revisá-la, procurar melhorar em alguns pontos aqui e outros ali e, meses depois, estou de volta. Peço perdão por isso, mas não irei abandonar a história antes de dar-lhe por concluída, não se preocupem quanto a isso. Recebi várias mesagens que deixaram-me feliz e incentivaram-me a voltar mais depressa, embora tenha demorado, realmente. Sou grata por tudo, com todo o meu coração. Vocês são demais. E se a Camouflage vem acontecendo, é graças a vocês!
Portanto, sem mais enrolação, vamos a mais um capítulo da nossa reta final. Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

➞ Capítulo sem uma revisão mais profunda. Perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 23 - Chapter Twenty Two


Fanfic / Fanfiction Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Twenty Two

KELSEY DOYLE

Sinto um roçar suave de dedos em meu rosto. Esboçando um mínimo sorriso, aperto meus olhos, permitindo-me abri-los. Pisco algumas vezes, e tenho a cena mais bonita em minha frente. Os olhos de Justin estavam pequenos, e o tom sempre entre o castanho escuro e amendoado, tinham um brilho diferente dos outros dias. Estavam inchados também, assim como o seu rosto e lábios umedecidos por sua própria língua. Com o cabelo bagunçado, e um sorriso de canto, ele conseguia ser uma obra de arte, sem a menor discussão. Era um fato.

— Bom dia... – sopra, e por estar tão próximo, encosta o seu nariz no meu.

— Dia. – fecho os olhos para sentir o seu carinho. — Está acordado há muito tempo?

— Apenas o suficiente para descobrir que você ronca como uma pequena porquinha. – distancia-se para me olhar, abrindo um sorriso maior ao notar minha expressão incrédula.

— Ei! Isso é uma grande mentira. – faço beicinho, e empurro-o pelo peito. — Se no meio da noite se assustou com um ronco, pode ter certeza que foi o seu. Não venha me culpar.

Soltando uma risada muito sonora, ele agarra minhas mãos que lutavam em uma tentativa falha de forçar-me a ficar irritada com seu comentário debochado. Prendendo meus pulsos, une-os em seu peitoral. Conseguia sentir sua respiração soprando em meu rosto.

— Estou mesmo mentindo. Acabei me surpreendendo com outra coisa. – sua voz soa baixa, em uma rouquidão mais intensa.

— O que o surpreendeu, então? – meu olhar vagueia por seus olhos e boca.

Ambos eram convidativos.

— Não fazia ideia de como seria bom dormir e acordar ao seu lado. – engulo em seco, evitando piscar para não perdê-lo de vista. — Seu calor em meu corpo... Eu gostei disso, Kelsey. Muito.

Era perigoso movimentar-me, fosse para esticar minhas pernas levemente dormentes, pois eu sentia algo firme como rocha pressionando contra minha barriga. Arfo baixinho, e inclino-me para frente, apenas o suficiente para alcançar seus lábios. Quentes. Como todo o resto.

Seu sabor e aroma eram únicos. Jamais havia tido a chance de senti-los pela manhã, e eram tão tentadores quanto os momentos em que era capaz de capturá-los no ar, enquanto caminhava pelos corredores da empresa, ou sempre que se colocava ao meu lado para ditar-me alguma de suas inquisições. E também, nas vezes que entrou em minha casa e marcou cada cômodo com sua presença. Depois de semanas, era como se ainda o sentisse.

Ele era como um feitiço inquebrável. Estava em minha mente, e em meu coração.

— Nós temos que voltar? – murmura em meus lábios. — Não podemos ficar o resto do dia aqui, nessa cama?

Arfando, afasto-me algumas polegadas para olhá-lo nos olhos.

— Vero irá chamar a polícia se eu não aparecer pelas próximas horas. – faço uma careta, enquanto minhas mãos brincam com os fios de seu cabelo. — E você tem um filho pequeno em casa, e uma esposa.

Seu semblante escurece.

— Kelsey...

Balanço a cabeça, negando.

— Não estou questionando, Justin. Mas, enquanto nada acontecer, você ainda está casado, e ela é a única mulher que pode ser vista publicamente ao seu lado.

Escova os polegares em meus lábios.

— Sinto muito. – solta um sussurro sôfrego. — Não queria que as coisas fossem assim. Eleanor não me ama mais, e tenho certeza que irá aceitar o divórcio quando se der conta de que não somos um casal de verdade, há muito tempo. Quando tiver os papéis assinados, será você a estar ao meu lado.

— Isso não irá prejudicar sua imagem? – franze o cenho. — Uma separação, e logo a aparição com uma mera assistente. O seu rosto irá parar em tabloides que poderão julgá-lo. Imagine o que Luke não irá sofrer com repórteres o perseguindo...

— Você precisa respirar. – sua voz é mansa, e só então me dou conta de que não estava respirando. Soltando o ar, estremeço sob seu toque. — O mundo pode estar desabando, e sua real preocupação é comigo e meu filho? Você não existe, garota.

Beijando a ponta do meu nariz, ele escorrega as mãos por meu rosto.

— Eu não sou ninguém. Serei taxada como uma mulher ambiciosa e que destruiu seu casamento, mas é você que possui um império para administrar e um filho pequeno para manter em segurança e longe de pessoas mal intencionadas.

— Você é alguém... Para mim, Kelsey. – sua voz é tão baixa quanto rouca. — Se alguém ousar dirigir uma palavra que a ofenda, irá sentir a minha fúria e um belo soco no nariz. Assim como quem ousar machucar Luke. Irei proteger vocês dois, não importa o que tenha que fazer, e aquele que seja necessário enfrentar.

— Não quero que nada ruim aconteça...

— E não vai. Nós vamos ficar bem. – me assegura. — Quando tudo se estabilizar, irei levá-los para jantar, assim, podem se conhecer melhor.

— Tenho medo de que ele não goste de mim.

— Como no mundo alguém poderia não gostar de você? – esboça um sorriso preguiçoso.  — Pare de se preocupar com bobagens, apenas passe o resto do dia comigo.

— Não posso. – pisco algumas vezes. — Tenho que procurar um novo emprego.

— Você sabe que não precisa de um novo emprego. Sua vaga nunca foi preenchida, e não será até que pare de teimosia e retorne para o seu lugar, Kelsey.

Balançando a cabeça, empurro-me para trás e consigo me desvencilhar de suas carícias e respiração calma. Justin poderia, facilmente, induzir-me a fazer o que deseja apenas por me beijar e mimar dessa maneira.

— Isso não é algo que vamos discutir. – cubro meus seios com uma das pontas do lençol. — Se vamos ficar juntos, não posso trabalhar para você. Além de antiético, poderá causar uma série de problemas com Eleanor e seus pais, sem contar as fofocas que os funcionários poderão fazer.

— Demitirei qualquer um que falar de você, Kelsey. – indaga em tom sério. — Quero-a por perto, não apenas por estar pronto para ajudá-la, mas por seu trabalho ser bom. Você é competente e uma ótima assistente. Veja isso como negócio. Posso manter minhas mãos longe até que seu turno termine.

Mordisco o lábio inferior, ainda olhando para sua pose desarmada em cima de uma cama desarrumada, com expressão sonolenta.

— Sinto muito, Justin. Irei procurar por um novo emprego, longe de tamanha tentação. – solto meus ombros e arrasto-me para fora da cama. — Irei tomar banho. Não quer vir comigo para ensaboar minhas costas?

Na ponta dos pés, giro-me para olhá-lo, reforçando a insinuação.

Como um predador avançando sobre sua presa, se desfaz dos lençóis e engatinha na cama, atravessando todo o colchão até estar em minha frente, de pé e completamente nu. Pressionando o seu corpo viril contra o meu frágil e abalado diante sua abordagem pouco cautelosa, sinto o lençol escorregar e tocar o carpete. Pele contra pele. Senti-lo por inteiro era o mais próximo que teria do paraíso.

— Ensaboar suas costas será a última coisa que iremos fazer naquele banheiro. – ditando isso, envolve-me com seus braços e mãos, apanhando-me e carregando-me com facilidade até o cômodo ainda desconhecido.

(...)

Ronrono ao degustar as omeletes que Justin preparou logo após termos saído do banheiro. Como ele declarou, a última coisa que fez foi ensaboar minhas costas, depois de me proporcionar dois orgasmos e uma vontade inegável de voltar para a cama e desistir da ideia de partir. Vesti-me nas roupas da noite passada, e calcei meus sapatos, amarrei o cabelo em um rabo alto e bagunçado. Não me envergonhei de estar sem maquiagem em sua frente, ainda mais depois de ter sido elogiada e beijada como se fosse única.

Sentia-me feliz tendo uma refeição tão comum de frente para ele que, olhava-me atencioso e, vez ou outra, estendia-me sua colher recheada por frutas e eu recebia-as de bom grado. Seu sorriso brilhava mais que o sol do lado de fora da bela casa que, tive alguns minutos para explorar. Era muito grande e cheia de cômodos e portas. A decoração não era extravagante quanto deduziria vendo-a de fora, mas, com certeza, cada objeto custava muito dinheiro. Em um dos corredores, deparei-me com uma fotografia de Justin, seu pai e Luke, os três sorrindo abertamente, enquanto seguravam um enorme peixe em seus braços, na beira de um lago bonito e cercado por muito verde.

— Não precisa fazer isso. – alerta-me assim que começo a retirar a louça da mesa, levando até a pia.

— Eu quero fazer. – replico, olhando-o por cima dos ombros. — Vero não ligou para você?

— Não. Nossa última conversa foi apenas um alerta para que eu não ferisse você. – mordisca o lábio inferior. — Creio que não será fácil ganhar a confiança dela.

Sorrindo, balanço minha cabeça e começo a lavar os pratos e talheres que utilizamos em nosso café da manhã.

— Ela é apenas cuidadosa.

— Não a culpo. – balbucia, e sem que possa me preparar para senti-lo tão próximo, abraça-me por trás, enlaçando minha cintura com seus braços, enquanto seu nariz roça em minha nuca. — Me tornaria sanguinário para proteger você e o seu coração.

Sorrindo bobamente, inclino a cabeça para lado, arrepiando-me com o beijo seco em meu ombro direito.

Lutando contra o anseio por receber o seu carinho ao invés de continuar lavando a louça para ir embora, esfrego os copos com a esponja macia e cheia de espumas de sabão.

Demoramos mais que o necessário na beira da pia. Justin ajudou-me com a louça, e limpamos tudo antes de nos colocarmos para fora do prédio que, enquanto saiamos, contou-me que era uma das construções de sua empresa e que ainda não havia sido vendido ou alugado, pois ele mesmo pensou em ficar com o resultado que mais lhe agradou em todos os seus anos no ramo. Permiti-me sonhar com uma nova vida para ele, morando nesse prédio com o seu filho. E, por alguma razão, não parece tão estúpido colocar-me dentro desse sonho, ao lado dos dois rapazes que eu poderia facilmente me acostumar a viver por perto.

Insisti para que fossemos em carros separados, pois eu estava com o de Vero, mas o homem impassível não aceitou as condições, e garantiu que um de seus seguranças entregaria o carro antes do dia acabar. Dentro do luxuoso carro sendo conduzido pelo próprio empresário que estava vestido casualmente nessa manhã, não consegui desviar os olhos de sua figura relaxada atrás do volante, enquanto cantarolava uma música qualquer que tocava no rádio. Seus olhos cobertos por óculos escuros estavam fixos na estrada, mas em alguns momentos, caiam para mim e causava-me um misto de sensações doces e tempestuosas. Era como se estivesse em um sonho bom demais e, logo iria acordar e voltaria a me sentir vazia.

 — Eu não quero que vá embora. – resmunga, assim que estaciona o veículo em frente ao meu prédio. — Nós podemos fazer o caminho de volta. Desmarco todas as minhas reuniões e compromissos. Podemos fazer o que quiser.

— É uma oferta tentadora. – inclino para frente, ficando um pouco mais perto de seu rosto. Retiro seus óculos e coloco-os em algum canto do painel de controle.

Amava o tom amendoado e intenso que ele carregava em seus olhos sempre brilhantes e cheios de emoções segregadas.

— Mas, você não pode abandonar o seu trabalho para se aventurar as escondidas. – toco o seu maxilar com as pontas dos meus dedos. — Enquanto as coisas estiverem assim, vamos seguir com cautela.

— Não desista de nós, Kelsey. – sussurra, e aproximar-se um pouco mais, virando-se de lado. — Porque eu não vou desistir de você. Serão tempos difíceis, mas não irei deixá-la sair sem ao menos tentar.

Sorrindo, embora com os olhos já marejados, continuo tocando o seu rosto bem desenhado, olhando para seus lábios cheios e rosados.

— Você tem certeza que é isso que deseja? – umedeço os lábios depressa. — Abandonar a sua vida, por mim?

Quebrando a distância que restava entre nós, pousa sua testa contra a minha e roça os lábios nos meus. Suas mãos agarram o meu rosto como se fosse um bem precioso, algo raro que tinha entre os dedos.

— Eu fiz a minha escolha. – mais uma vez, sussurra as palavras em minha direção. — Escolhi você. Sempre será você.

Era uma promessa.

Assinto e esboço um sorriso emocionado. Contudo, em meu íntimo, temia que essa promessa não pudesse ser cumprida. Porque, infelizmente, promessas são quebradas o tempo todo, e corações também.

— Posso vir até aqui essa noite? – sua questão assusta-me, mas, também me deixa feliz.

— Não precisa pedir permissão. – beijo a ponta de seu nariz arrebitado. — Mande-me uma mensagem quando estiver vindo. Não posso recebê-lo como se estivesse voltando da guerra.

— Você é linda até mesmo quando acorda. – sorri. — Tive essa prova e, pode apostar, desejo repeti-la.

— Você é louco.

— Por você.

Mais uma vez, beija-me com luxúria e paixão. Um beijo que mostrava o quanto ele me queria e, retribuindo, tentava mostrar-lhe como o queria também. De todas as maneiras que fossem possíveis. Todavia, o meu subconsciente alerta-me que era hora de afastar-me, pois não podíamos nos arriscar tanto. Ele ainda era um homem casado e, se alguém nos flagrasse, sua vida estaria arruinada.

Afastando-o com as mãos pousadas em seu peitoral firme, distancio nossos lábios, respirando com dificuldade, seguro meus sapatos e bolsa, saindo do carro antes que suas mãos me prendessem de volta, e não sabia se teria autocontrole suficiente para continuar evitando-o, para a nossa segurança. Uma vez fora, empurro a porta com o joelho e curvo-me para olhá-lo pelo vidro aberto.

— Dirija com cuidado. – alerto-o.

Esfregando os dedos de sua mão esquerda em seu rosto, assente e ergue as sobrancelhas.

— Vejo-te mais tarde, senhorita Doyle. – cantarola de forma confiante.

Incapaz de proferir qualquer palavra para retrucá-lo, ou desafiá-lo, viro-me e dou a volta pela traseira de seu carro chamativo. Abaixando a cabeça e sorrindo minimamente, entro em meu prédio, aliviada por não deparar-me com vizinhos, ou quaisquer pessoas que pudessem analisar-me dos pés a cabeça, podendo pensar diversas coisas ruins ao meu respeito.

Subindo as escadas um pouco mais depressa e feliz que os outros dias, chego em meu andar, saltando pelo corredor, mantendo-me na ponta dos pés. Umedecendo os lábios com a ponta da língua, procuro pelas chaves no vaso de plantas e encontro-a, sendo uma resposta de que Vero não estava em minha casa. Encaixando a chave na maçaneta com uma mão, enquanto mantinha os sapatos e bolsa na outra, com o quadril, empurro a porta já aberta, colocando-me para dentro. Sopro os fios que desprendem do amontoado bagunçado que fiz no topo da cabeça e, girando-me após fechar novamente a porta, perco o fôlego por notar uma presença humana do outro lado da sala, encostado na beira da janela, trajado em roupas caras e escuras. E, por cima dos ombros, olha para trás.

— Olá, senhorita Doyle. – diferente da forma sensual que essa mesma frase soava na voz de Justin, dessa vez, causa-me os mais estranhos arrepios.

Engolindo em seco, não consigo mover-me para frente ou para trás. Completamente imóvel no mesmo lugar em que parei.

— O que... Você...

— Creio que não precisemos ser apresentados novamente. – indaga a contragosto. — Tenho certeza que lembra-se de mim.

— Como entrou aqui? – olho para os lados, encontrando o silêncio absoluto da minha casa.

Sorrindo de escárnio, vira-se completamente para me olhar de maneira inquiridora.

Havia um brilho maldoso em seu olhar.

— Quando se tem influência, torna-se fácil conseguir alguns privilégios. – analisando-me de cima a baixo, tenho certeza que há desgosto em seus olhos escuros. — Imagino que a noite tenha sido boa.

Sentia o ar preso em meus pulmões, dificultando a minha respiração.

Em minha vida, lidei com muitas pessoas blindadas pelo poder e ganância. Abel Bieber não o primeiro que teria que enfrentar e, nem mesmo seria o último. Não precisava de muitas palavras ou ações para saber exatamente a razão de ter invadido a minha casa e me acusado de adultério, ainda que não tenha dito, realmente.

Erguendo o queixo e o nariz, ouso-me a aparentar estar confiante, embora meus joelhos e mãos estivessem trêmulos.

— Se o senhor não retirar-se agora mesmo da minha casa, irei chamar a polícia e denunciá-lo por invasão de domicilio.

Sorrindo de escárnio, ele balança a cabeça e arrasta a língua por entre os lábios, exatamente como Justin fazia sempre que debochava de acionistas prepotentes e empresários egocêntricos. Ou todas as vezes que debochava de algo, mentalmente.

 — Não me faça ameaças, senhorita. – sua voz é baixa, mas firme. — Sabemos que não está em posição de impor limites. Pois todos eles, foram derrubados por sua falta de ética profissional e cobiça por dinheiro fácil.

— Desculpe-me?

Tinha certeza que meus olhos estavam arregalados.

— Não precisa mais fingir. Estamos sozinhos. Sua atuação precisa ser mantida apenas enquanto estiver na presença do meu filho que, é tão ingênuo quanto estúpido. – semicerra os olhos. — Diga-me um valor, e o terá em sua conta antes que o dia termine.

— Eu não sei aonde quer chegar. – elevo minha voz em alguns tons. — Primeiro, invade a minha casa. Em seguida, ofende-me, e para terminar, oferece-me dinheiro?

— No meio dos negócios, qualquer ação é válida. Por isso estou aqui. – indaga calmamente, como se estivesse repleto de razão.

— Não estamos falando de negócios, e sim da minha vida! – giro os calcanhares e alcanço a maçaneta da porta, puxando-a para abri-la. — Faça um favor a si mesmo e saia da minha casa. Irei fingir que isso nunca aconteceu, porque tenho certeza que o seu filho não sabe disso.

O homem não se move, nem mesmo se intimida.

— Tem razão. Justin não sabe que estou aqui, mas irá agradecer-me depois que tirar mais uma de tantas outras oportunistas que precisei me livrar para mantê-lo onde se encontra.

— O senhor está me ofendendo e...

— Fale o seu valor e eu irei embora. – descolo os lábios, chocada demais para reagir de outra maneira. — Todos possuem uma quantia que desejam ver em um cheque. Diga-me o seu, e irei assiná-lo e enviar-lhe tudo, centavo por centavo. Desde que desapareça dessa cidade e prometa nunca mais procurar o meu filho.

— Eu não quero o seu dinheiro! – eu grito, e não me importo com quem ele seja, ou o poder que possuí.

— Mentira! – avança dois passos, mas para no caminho, ficando atrás da poltrona. — Você é como qualquer outra mulher que seduz um homem casado. Todas querem dinheiro!

— O senhor... – inspiro fundo. — Está completamente fora de seu juízo perfeito. Além de estar me disparando calamidades, como ousa chamar-me de interesseira? Eu nem mesmo penso no dinheiro da sua família, ou em qualquer coisa que Justin possua. – sorrindo com os lábios trêmulos e vacilantes, procuro manter-me estável. — Quando nos envolvemos, eu nem mesmo sabia quem ele era ou do que era dono. Isso jamais me importou.

— Não sei o que uma garota como você tem para atrair alguém como o meu filho. – murmura em um tom baixo e rouco. — Talvez sejam seus olhos, ou esse rosto de menina. Mas você... – aponta-me o seu indicador esquerdo. — Irá sair do caminho daquele garoto tolo. Seja por bem ou por mal. Estou dando-lhe a primeira opção de sair beneficiada com quanto desejar.

— Eu já deixei claro que não quero dinheiro. Quero apenas que... – viro o rosto para a porta, sentindo meus olhos arderem como brasa. — Saia do meu apartamento.

A última frase me escapa como um sussurro suplicante.

— Não irei deixá-la arruinar o que lutei para conquistar.

— O senhor não lutou por absolutamente nada. – volto a olhá-lo, encarando-o com repulsa. — Tudo o que Justin conquistou foi por mero esforço próprio. O seu sobrenome foi apenas um empurrão, o restante, foi feito por ele. Tudo foi feito apenas por ele. Não diga como se tivesse carregado-o em suas costas a cada passo. O homem bom e determinado que se tornou, foi por ele, não por você.

Seu olhar que, não era amigável, torna-se nebuloso e assustador.

— A senhorita é mais petulante e resistente do que eu pensava. – dá mais duas passadas largas, sem precisar se desviar da mesa de centro em seu caminho, curvando-se galanteadoramente, apanha um envelope que estava em cima de outros. Endireitando-se novamente, balança o papel visivelmente rasgado de frente para o seu rosto, abrindo um largo sorriso. — Mas, acredito que não irá durar por muito tempo. O seu apartamento será colocado para alugar em menos de uma semana e, pelo que sei, não trabalha mais para a Empire.

— Não acredito que abriu minhas correspondências... – rosno raivosa, não como se estivesse verdadeiramente surpresa.

— Não acreditaria em muitas coisas que tenho que fazer para preservar o nome da minha família.

— O seu filho se envergonharia se soubesse o que está fazendo. – indago entre dentes.

— Não fale como se soubesse o que somos. – replica em mesmo tom, amassando o papel entre seus dedos. — Meu filho pode ter lhe prometido muitas coisas, simplesmente por estar fascinado demais por você. Encantado pelo que quer que seja que tenha usado para fisgá-lo, mas... Nada do que foi dito será realizado. – mais um passo para frente, dessa vez, um pouco mais ameaçador. — Não enquanto eu estiver vivo.

Lutando contra as lágrimas que queimavam meus olhos, desvio o olhar, fitando seus sapatos bem polidos e, aparentemente, caros.

— Encaminhe-se para fora da minha casa.

— Posso pagar por seu apartamento e dar-lhe a fortuna que não receberá se continuar trabalhando de assistente...

— Eu disse para sair da minha casa. Agora!

Grito como se estivesse fora de controle e, na verdade, estava mesmo.

A adrenalina correndo em minhas veias era forte demais até mesmo para que pudesse manter-me respirando regularmente.

Anuindo, o homem elegante joga os papéis em cima do sofá e caminha em direção a porta. Seus passos cessam apenas quando estamos de frente para o outro. Meu olhar sustenta no seu, e posso observar suas narinas dilatarem.

— Você não irá destruir a minha família.

— Não vou. – pisco uma única vez. — O senhor será o único que irá destruí-la.

Encaramo-nos como se estivéssemos em batalha. Colocando-se para fora com uma única passada larga e confiante, consigo respirar, ouvindo os seus sapatos ecoando pelo corredor e, logo pela escadaria.

Com os dedos trêmulos, empurro a porta, fechando-a atrás das minhas costas. Encosto minha cabeça, e eu choro. Como se nãoo fizesse a anos. Como se esse ato de fraqueza pudesse aliviar tudo o que suportei para enfrentar o pai do homem que eu amo.

Após alguns instantes, entre soluços e lágrimas grossas, abro os olhos e marcho até o sofá, esbarrando na pequena mesa de centro. Sentando-me no tapete, cruzando as pernas, apanho o envelope e termino de rasgá-lo, puxando o papel pardo dobrado. As letras redigidas e impressas arrepiam-me, e causam-me uma tristeza ainda maior. Ele não mentiu. Era uma ordem de despejo.

Mordiscando o lábio inferior, engolindo um lamento que não me ajudaria, abaixo a cabeça, apoiando-a em minhas mãos, enquanto respiro fundo.

No fundo, embora tenha acreditado nas falsas esperanças de ter conseguido marcar algumas entrevistas de emprego, sabia que esse dia poderia chegar. Os salários pelos meses que trabalhei com Justin não seriam o suficiente para quitar todos os alugueis atrasados. Não poderia culpar o sindico, pois assim como eu precisava de um trabalho para sobreviver, esse era o seu. Implorei para que me desse algum tempo extra e, o recebi em diversas vezes. Agora, era tarde demais.

Não me arrependo de ter depositado tanto na conta dos meus pais e no fundo privado de Kyle. Faria tudo novamente. A questão era que precisava de um novo emprego, e longe de tudo o que envolvesse a família Bieber.

Ergo a cabeça ao ouvir o meu celular tocar dentro da bolsa que, nem mesmo percebi ter deixado cair em minhas pernas dobradas. Tateando-a, fungando baixo, puxo o zíper e encontro o aparelho que estava com dez por cento de bateria. O nome que brilha na tela era o que eu desejaria ver em qualquer momento do dia, pois sabia que poderia dar-me paz e afastar-me, ao menos por um instante, dos problemas em minha vida.

Com o choro ainda mais intenso, quase se tornando dor física, solto o celular no carpete abaixo de mim, deixando-o tocar por mais algumas vezes. Eu amava Justin como acredito nunca ter amado outra pessoa. Contudo, precisava manter-me longe para que conseguisse pensar com clareza, sabendo que não tardaria para que tivesse que fazer uma escolha.


Notas Finais




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