1. Spirit Fanfics >
  2. Camouflage (EM PAUSA) >
  3. Chapter Six

História Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Six


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

Capítulo 7 - Chapter Six


Fanfic / Fanfiction Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Six

 No dia seguinte, recebi uma folga inesperada. Recebi um e-mail do senhor Bieber, dizendo que a empresa ficaria aberta com apenas alguns funcionários, e por mais que eu tenha agradecido pela conveniência do meu dia livre, e distante do constrangimento da noite anterior, ficar sentada em meu sofá, afundando minha colher no pote de sorvete, enquanto assistia um filme romântico e recheado por drama, não era a melhor coisa a se fazer, levando em consideração o fato de que o encontraria em algumas horas.

Aquele beijo. Senti-lo em mim, tocando em meu corpo, serpenteando minha boca com a sua língua, em uma linguagem pecaminosa. Eu não dormi bem, nem mesmo o banho frio ajudou-me a apagar as brasas que se tornaram o meu sangue. Eu chorei, também. Chorei pela culpa que crescia a cada vez que minha mente me relembrava dos nossos lábios encaixados, e gritava que eu tinha gostado como nunca gostei de outro beijo antes.

Depois de horas jogada em meu sofá, recusando-me atender ou responder Vero, começo a procurar por uma roupa para vestir. Tinha menos de duas horas para estar pronta, e elegante, deixando para trás a minha tristeza e raiva. Não havia parado para pensar em como seria ter toda a noite ao seu lado, e não queria me martirizar com isso.

Meu celular começa a tocar e eu penso em ignorar a ligação, mas ao olhar para a tela, percebo que era uma ligação da minha mãe.

— Olá, filha.

— Oi, mamãe. - digo com a voz um pouco ofegante.

 Está tudo bem? Só liguei para saber como está.

— Estou bem, mas nesse momento estou à procura de uma roupa.

— Irá sair com alguém? - pergunta esperançosa.

— Não, senhora Dulce. - reviro os olhos. — O meu chefe quer que eu vá com ele em um jantar de negócios, e descobri que preciso aderir a um estoque de roupas elegantes. - brinco, mesmo com toda aflição de não conseguir encontrar nada para vestir.

— Porque não usa aquele vestido que Kyle deu-lhe no seu aniversário de dezenove anos? - ela pergunta e eu faço careta.

— Eu nunca o usei e ele parece ser tão extravagante. - choramingo. — Kyle não parecia me amar quando escolheu aquele vestido.

— Você sequer o experimentou, filha. - diz e eu estreito os olhos, pensando. — Com a maquiagem ideal, ele ficará perfeito em você. Eu tenho certeza que o seu chefe ficará impressionando com a minha bonequinha. - diz eu engulo em seco, me lembrando do seu comentário.

Surpreenda-me.

— Você acha? - pergunto e apoio o celular no meu ombro direito e pressiono o meu rosto sobre ele para segurá-lo, enquanto pego a caixa com o vestido.

 Eu tenho certeza, meu bem. - ouço-a rir fraco.

— Agora, diga-me, como está Kyle? - pergunto e ouço o seu sorriso sendo tomado por um longo suspiro.

 Na medida do possível, ele está bem. Mas você sabe, ele não fala mais como antes, não quer sair de casa e não quer saber de seus amigos. - sento-me em minha cama e fecho os meus olhos cansados, segurando a caixa com força em minhas pernas. — Eles tentam visitá-lo e tirá-lo de casa, mas não adianta. Ele está sempre com um péssimo humor, retraído para o mundo.

— E aquele grupo de apoio que a Madre Heloise recomendou?

— Ele não aceita a sua situação, e teima comigo e com seu pai. Ssempre diz que ele merece morrer em cima de uma cama. - dessa vez eu que suspiro. — Eu não sei mais o que fazer, filha. - mamãe confessa.

— Ele precisa aceitar a situação em que está. Ele é tão forte, bonito e... - abro os olhos. — Bom. Eu darei um jeito de visita-los. Tentarei convencê-lo em ir ao menos uma vez ao grupo e...

 Não, querida. Você está trabalhando, fazendo faculdade e está trilhando o seu caminho. Pare de se preocupar conosco e vá ser feliz.

— Como posso ser feliz sabendo que vocês não estão? - nego com a cabeça. — Eu darei um jeito, mãe. Eu sinto falta de cada um de vocês. - digo baixo, sentindo as lágrimas picarem meus olhos.

Eu já tinha chorado tanto por esse mesmo assunto.

— E nós sentimos muito a sua falta, meu amor. - ouço-a fungar. — Vá se arrumar e fique ainda mais bonita. Se isso for possível. - ela me faz rir com seus elogios.

 — Tudo bem, mamãe. Mande um beijo para o papai e outro para Kyle, e peça para ele me retornar ou me mandar mensagens. - digo. — Eu te amo.

— Fique tranquila, meu anjo. Eu te amo mais. Cuide-se, e boa festa.

— Obrigada, mãe. - encerro a ligação e jogo meu celular na cama.

Passo as mãos pelo meu rosto e bufo com irritação.

Ainda queria resolver todos os problemas dos meus pais e de Kyle, mas, infelizmente não era possível. Não consigo mantê-los inatingíveis, pois quando algo está entrando nos eixos daqui, o outro lado volta a despencar, e meus braços são curtos demais para alcançar tudo de uma única vez. Apenas temo me preocupar em segurar apenas um lado, e permitir que tudo desabe por não ser tão forte quanto gostaria de ser.

E quando eu disse que daria um jeito de ir vê-los, eu não menti. Farei de tudo para conseguir visitá-los, talvez se eu esperasse as férias da universidade, mas agora tenho o meu emprego que com certeza não terei férias tão cedo. E por pensar nisso, preciso me arrumar depressa.

Levanto-me e coloca a caixa sobre a cama. Tiro a sua tampa e vejo o tecido vermelho, quase no tom sangue, dentro da caixa. Eu não podia negar que era um belo vestido, mas o seu modelo e a sua cor chamavam muito atenção, e eu nunca gostei de coisas assim.  Mas essa era a minha única opção, no momento.

Havia adianto-me em tomar banho e lavar o meu cabelo. Precisava apenas me vestir, cuidar da minha maquiagem e dos acessórios. Se fosse rápida, conseguiria terminar em poucos minutos.

Em momentos como esse, eu queria ser habilidosa como Verônica. Minha amiga era capaz de fazer coisas incríveis bem depressa, e funcionava como mágica. Nunca levei jeito para coisas assim, pelo fato de não ter explorado meu lado vaidoso, isso era com o meu irmão. Kyle sempre zelou de sua aparência, era sempre impecável e atraente. As garotas do colégio suspiravam por ele, e todas as minhas amigas se sentiam no céu quando o encontravam em minha casa. Seu sorriso galanteador as fazia suspirar, e eu achava que era por isso que todas as lideres de torcida se aproximavam de mim e pediam para me visitar em casa, ao menos três vezes durante a semana.

Sendo prática e realista sobre meus conhecimentos limitados, junto os fios do meu cabelo para trás, sustentando-os em um rabo no alto da minha cabeça, suspenso por um elástico transparente. Inicio minha maquiagem cuidando da minha pele, fazendo o básico de todos os dias em que me aprontava para o trabalho. Opto por preencher meus cílios com a máscara escura, e traço dois riscos finos de delineador, rente aos meus cílios. Meus lábios não teriam tanta cor, pois escolhi um batom levemente rosado. Ao terminar de passar a última camada, contornado ao redor, encaro meu reflexo no espelho.

Dou as costas e salto para os lados, e puxo para fora da gaveta de peças íntimas, um conjunto de lingerie branca. Apanho o vestido de dentro da caixa, e visto-o com facilidade. Era um modelo sem alças, assim como o meu sutiã. Olho-me no espelho, e consigo sorrir. Não era de todo mal. Muito pelo contrário, sua simplicidade dava-lhe uma beleza cativante, tanto quanto o seu tom vivo que destacou a minha pele clara.

Ando até minha cômoda, e tateio meu porta-joias. Não tinha muita coisa, pois não era uma grande fã de acessórios. No entanto, o colar que ganhei do meu avô alguns meses antes dele falecer, era o que eu tinha de mais valioso e especial. Coloco-o e prendo o pequeno encaixe em minha nuca, sentindo a peça gélida de encontro a minha clavícula. O pingente singelo de estrela era lindo e delicado. Coloco também um par de brincos de perola, completamente discretos.

O meu celular alerta-me de uma nova mensagem de texto. Pensando que poderia ser minha mãe novamente, aproximo-me e desbloqueio a tela.  

21h00min

Senhor Bieber: Tive um imprevisto e precisei vir mais cedo, espero que não se importe. Mas, não tenha pressa. Ficarei aguardando em frente ao prédio.

Jogo o celular na cama novamente e corro até os meus sapatos, não vistorio entre os pares, apanho o primeiro que encontro e calço-os. Eram pretos, confortáveis e não alteravam muito em minha estatura, o que era bom, ocasionalmente. Minha bolsa estava jogada em minha cadeira de bagunças, apenas puxo-a pela alça fina e saio do meu quarto. Não penso em levar o meu celular, então, deixo-o no lugar em que o joguei.

Deixo meu quarto em passos rápidos, me lembrando de que do lado de fora do meu prédio, o homem que eu queria evitar me esperava. Saio do apartamento, apagando as luzes da sala e trancando a minha porta. Deixo minha chave no lugar de sempre, meu esconderijo que, Justin também conhecia.

Desço os degraus, ouvindo meus saltos encontrarem o piso um pouco empoeirado. Dean não se encontrava atrás de seu balcão, nem mesmo do outro lado, sentado em sua cadeira de balança. Ao colocar meus pés na entrada do prédio, sinto todas as sensações da noite passada borbulhando em meu sistema. Lá estava ele, encostado na lataria de um veículo extremamente luxuoso, com as pernas cruzadas por sua posição relaxada, e em seus lábios tinha o filtro de um cigarro. Ele estava fumando, e estava incrivelmente provocante ao fazer isso.

Seu rosto estava virado para o lado esquerdo, enquanto ele assoprava a fumaça para o mesmo lado, mas, como se eu estivesse fazendo sons ruídos apenas por respirar diante a cena, ele me olha, e eu posso jurar vê-lo sorrir minimamente, antes de seus olhos avaliarem-me. Eu o avalio também. Seu smoking era escuro, o único destaque era sua gravata vermelha, como se estivéssemos combinando na escolha dessa cor para destaque. Seu cabelo estava penteado para trás, e um pouco para o lado, diferente do que costumava usar na empresa. Seu rosto parecia limpo; sem culpa, arrependimentos ou raiva. Era apenas o homem inalcançável que era CEO de uma empresa.

— Eu sabia que ficaria surpreendido, mas... - balança a cabeça, olhando-me, pedaço por pedaço, até chegar a meu rosto. — Você está perfeita.

Sua voz. Seu elogio.

Eu preferia continuar deitada em meu sofá, lamentando-me por horas e horas.

— O-Obrigada. - digo e abaixo a cabeça.

Desço os poucos degraus. Estava rumando em direção a ele que se afasta de seu carro, e também dá alguns passos até mim. Ele estava vindo ao meu encontro. E isso era assustador.

— Eu falo sério, Kelsey. - ele diz e eu sinto o seu perfume mais próximo. Ele toca o meu queixo e me faz olhá-lo nos olhos. — Você está linda.

— O senhor também. - digo e franzo o cenho. — Não linda, quero dizer... O senhor está... - fecho os olhos com força. — Está ótimo.

Ótimo? Ele está muito além disso.

Ouço sua risada fraca, e seu toque se distanciar do meu rosto, fazendo com que uma careta involuntária tome conta de mim. O seu toque me eletrizava da maneira mais estranha possível, e por mais que eu odiasse sentir isso, eu gostava também.

Eu nunca fui tão contraditória em minha vida.

— Vamos? - pergunta, já a dois passos de distância.

Eu não consigo responder, apenas balanço a cabeça, assentindo. Ele abre a porta para eu entrar no carro e eu entro quando consigo mover as minhas pernas. A porta se fecha ao meu lado, e logo ouço e observo sua porta ser aberta, e Justin se coloca para dentro, se acomodando.

O caminho foi silencioso, uma verdadeira tortura. Não sabia o que dizer, o que perguntar, ou como agradecê-lo. Eu sentia que lhe devia um agradecimento, só não sabia pelo que iria agradecer, realmente.

Não me arrisquei olhar para o lado que não fosse o que eu estava, encarando a janela por todo o caminho. Paramos em frente a um luxuoso salão de festas alguns quilômetros de distância da cidade, e só então me dou conta de que se tratava de um jantar onde apenas pessoas ricas estariam presentes. Como se estivesse me sentindo doente, começo a me sentir culpada por correr o risco de constranger o senhor Bieber por estar vestida de forma tão simplista.

Era tarde demais para pedir para que me levasse de volta para casa. Justin abre a porta, e eu sei que teria que fazer o mesmo. Um manobrista nos saúda e apanha a chave do carro. Afasto-me, mas aguardo o meu acompanhante. Várias pessoas bem vestidas adentravam pelas portas de madeira lustrosa, todas bem acompanhadas por homens e mulheres deslumbrantes. Seguranças caminhavam pelas calçadas, enquanto outros faziam verificação de nomes logo na entrada.

Justin para ao meu lado e, com o queixo bem desenhado para o seu rosto, aponta para frente, como se me incentivasse a caminhar. Subimos os degraus cobertos por um tapete vermelho. Assim que nossos nomes são aceitos pela segurança, entramos no ambiente e eu sinto o frescor de um ambiente que nunca havia frequentado antes. Andando, vagarosamente, sinto uma mão grande cobrir uma parte das minhas costas, e não preciso olhar para o lado para saber a quem pertencia. Ele estava me tocando.

Enfrentamos mais alguns degraus, apenas quatro deles, descendo-os. Mesas ocupavam uma parte do salão, enquanto a outra estava ocupada por pessoas caminhando de forma tão elegante que pareciam todos estrelas de cinema. Garçons estavam espalhados por todos os cantos, carregando em suas mãos bandejas de prata com bebidas, oferecendo-as aos convidados, e boa parte deles estavam com taças. Havia música ambiente, e soava tão suave, e sofisticado.

Era tudo novo para mim, e muito assustador.

— É bom vê-lo, Drew. - um senhor diz ao se aproximar de nós.

Justin dá um passo a frente, e sorri gentilmente para o homem que tinha um largo sorriso ocupando seu rosto.

— É bom te ver também, Peter. - contempla e sorri um pouco mais. — Essa é Kelsey Doyle, minha assistente. - nos apresenta.

O homem se aproxima um pouco mais, e antes que eu possa questionar, segura uma de minhas mãos e beija as costas da escolhida, sem tirar os olhos do meu rosto. Ele se endireita, e volta a sorrir abertamente.

— É uma moça encantadora. - olha para o meu chefe. — Onde encontrou essa preciosidade?

Sinto-me corando.

— Não posso revelar, amigo. - o senhor Bieber diz e solta uma risada fraca, como se quisesse quebrar o clima estranho que havia pairado no ar.

— Bom, irei receber mais alguns convidados. Sintam-se a vontade. - diz e me olha novamente. — Espero vê-la em breve, senhorita Kelsey.

Não tenho tempo de lhe responder, ou agradecer pelo elogio, pois ele se afasta e parece ir atrás de outras pessoas para saudar. De soslaio, olho para Justin e noto-o travando o seu maxilar, parecendo tenso.

— Está tudo bem?

— Está. - ele sorri de maneira pouco convincente. — Desculpe a petulância de Peter. Ele é assim sempre.

— Oh! Tudo bem. Ele é gentil. - digo e dou um sorriso, com os lábios trêmulos.

Ele passa a língua por seus lábios, os umedecendo e olhando diretamente em meus olhos.

— Preciso cumprimentar alguns acionistas. - aponta para a direção de vários homens reunidos, conversando. — Vem comigo?

 — Claro. - ele sorri.

Caminhamos por quase todo o salão, parando em frente a mesas, ou ao lado de um grupo de pessoas reunidas. Todos recebiam Justin como se ele fosse algum tipo de celebridade, e introduziam-no em suas conversas que antes eram apenas deles. Fui apresentada a cada um deles, e senti-me incomodada com alguns olhares, tanto de homens quanto de mulheres que não pareciam satisfeitas com minha presença. Notando isso, e um pouco cansada de caminhar, afasto-me discretamente e me sento em um dos sofás, cruzo minhas penas e tento relaxar por alguns minutos, olhando para as pessoas que circulavam pelo saguão.

Muitos dos elegantes homens pareciam estar acompanhados por esposas, noivas ou namoradas. Não compreendia o motivo de Justin não estar acompanhado por sua mulher como fazia em muitas ocasiões. Eles formavam um casal bonito em fotos, e imaginava que formariam um par ainda mais bonito ao vivo e a cores. Um casal que tinha uma união e pertenciam ao mesmo mundo.

Suspirando, levanto-me e caminho em busca de um banheiro. Segurando minha bolsa, dou a volta pelos sofás e sigo em direção a um corredor estreito, avistando as pequenas placas na parede. Dobro para o lado feminino, e encontro-o. Empurro as portas e entro, ficando em frente ao largo espelho em cima da pia de mármore claro, como todo o detalhe ao redor do banheiro. Deixo minha bolsa em um canto, e ando até uma das cabines. Termino, e ajeito meu vestido, ao retornar para perto da pia, lavo minhas mãos e balanço-as no ar antes de puxar algumas folhas das toalhas.

Pego a minha bolsa e saio do banheiro, voltando para o saguão. Esboço um sorriso para algumas pessoas pelo caminho, e continuo caminhando, mas meu corpo se contrai quando eu avisto o meu chefe conversando uma ruiva extremamente bonita, vestida em um longo preto e com uma fenda em sua perna direita. Eles sorriam um para o outro, e ela parecia muito empolgada com sua conversa, até que os olhos dele encontram os meus assustados.

— Kelsey. - sua voz me chama. — Onde esteve?

— Estive no toalete.

— O jantar será servido. - ele diz. — Essa é Holland, ela já foi a minha secretária na empresa, logo que eu estava começando a assumir a presidência.

— Prazer em conhecê-la. - ela diz com um sorriso torto. — Justin estava me falando muito bem de você.

— Oh... - e é tudo o que consigo balbuciar.

Como se fossem amigos de longa data, ou algo semelhante a isso, se despdem com um abraço e beijos no rosto. Meu estômago revira. A ruiva acena para mim, e dá uma última olhada em Justin. Minhas sobrancelhas unem-se em um ato instintivo.

— Tem algo lhe incomodando?  pergunta, se colocando ao meu lado.

— Não. - minto.

Eu minto para ele e para mim.

— Venha. - ele diz e me olha desconfiado, mas guia-nos até as mesas.

Sentamo-nos ao lado de dois homens e uma mulher bem apessoada e muito elegante. Cumprimentamos a todos e o jantar começa a ser servido.

(...)

O jantar passou quase que em câmera lenta. Ao redor, podia ouvir os murmúrios das conversas entre os homens de negócio. Um homem de meia idade subiu no palco, e fez um brinde junto a seus colegas. Justin fez um breve discurso e foi aclamado por todos que estavam presentes. Ele sorria e conversava com todos, havia nascido para isso.

— Quer ir embora? - uma voz sopra em meu ouvido esquerdo.

— Apenas se o senhor quiser. - digo formalmente.

Estávamos dançando no meio do salão, acompanhados por casais que se embalavam e pareciam se divertir. Justin convidou-me por algumas vezes, neguei como se estivesse sendo intimada para fazer algo negligente. Mas, por fim, acabei aceitando sua mão e o acompanhei na pista.

— Não me chame de senhor. - diz e se afasta para me olhar. — Estamos fora da empresa, uh?

— Eu não sei se me agrada a ideia de... - limpo minha garganta. — Tornar isso pessoal.

— Me chame apenas pelo nome, Kelsey. - ele dá ênfase em meu nome. — Eu gosto que as pessoas que trabalham comigo se sintam bem e não forçadas a serem profissionais o tempo inteiro.

— Então, podemos ir? - me afasto dele, interrompendo a nossa quarta ou quinta música que usamos para rodopiar.

— Claro. - me olha um pouco confuso. — Vou apenas me despedir de Peter e dos outros acionistas. - diz e se distancia.

Despede-se dos homens que passou a noite conversando, e volta até mim, guiando-me com sua mão intrusa apoiada no meio das minhas costas. Ao deixarmos o salão, aguardo por um instante na calçada, abraçando meu próprio corpo. O veículo não tarda a parar na beirada, e o manobrista recebe alguns trocados de Justin.

Entramos no carro em silêncio, e permanecemos assim. O aquecedor foi ligado em algum momento, mas os arrepios que corriam por meus braços não deram-me descanso. Puxo o trinco da porta assim que paramos em frente ao meu prédio.

— Espera! - olha para ele, sou surpreendida, mais uma vez, por seus lábios sedentos.

Eu retribui, como havia feito na noite passada. Estava indo contra tudo, derrubando as barreiras que tentei reerguer em meio a cada lágrima que derramei na noite passada, mas eu não conseguia não ceder. Queria senti-lo mais. Queria ter o seu gosto em meus lábios, suas mãos em meu corpo, seu calor aquecendo-me por inteira.

Um gemido me escapa. E um celular começa a tocar, não era o meu, e sim o dele. O transe acaba, junto com a magia do momento que poderia ter me levado a entregar-me completamente a ele. Afasto-me depressa, o mais rápido que consigo sentindo meu corpo em erupção. Eu salto para fora do carro, não olho para trás. Não sei se estou correndo ou apenas apressando-me na fuga, mas chego depressa nas portas de entrada do prédio. No entanto, uma mão que parecia ter essa mania incontrolável, me faz parar.

— Kelsey, não me deixa assim de novo...

— Eu não serei mais uma das suas assistentes usadas como objeto para a sua diversão de trair sua esposa, Justin. - digo amargurada e não ouso olhar para seu rosto.

— Espere ai, Kelsey! - ri sem humor. — Você acha que...

— Que você usa suas secretárias? Sim, eu acho. - digo e tento me soltar de seu aperto, mas ele é mais forte e consegue me virar para ficarmos frente a frente, fazendo com que nossos olhos travem uma batalha por posse.

— Você acha que eu e Holland já tivemos algo? - desdenha e eu estreito os olhos, sentindo raiva. — Eu nunca traí a minha esposa. Pelo menos não até te conhecer.

— Eu... Eu não... - não consigo dizer nada, apenas tento me soltar, mas sou calada por seus lábios nos meus.

Ele solta meus braços e segura minha cintura, com força. Justin morde meu lábio inferior, raspando seus dentes em meio a um beijo muito quente. Minhas mãos agarravam seus ombros, tentando me manter firme dentro do seu abraço.

— Deixe-me matar a saudade de você, do seu corpo... - sussurra contra a minha boca.

— Isso não é certo... - sussurro de volta, com os olhos fechados e com as unhas cravadas em seus ombros.

— As melhores coisas da vida não são. - começa a me empurrar para trás.

Minha mente estava em branco. Não tinha nada. Nada de bom, nada de ruim. Era puro clarão. E com isso, permito-me sendo levada por ele, guiada para onde ele desejava. Solto uma risada nervosa ao passarmos pela portaria, mas meu queixo cai e minha garganta seca quando meus olhos encontram um par de olhos que eu conhecia bem, olhando para mim e para o homem que beijava o meu queixo.

— O que faz aqui, Nathaniel?

— Atrapalho? - ergue as sobrancelhas.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...